Pov Tobias
Mal consegui dormir de noite de tanta ansiedade; Não via a hora de poder chamar a Tris de namorada e de poder ouvir aquela voz doce e marcante me chamando de namorado.
Fui ao shopping de manhãzinha, escolhi um anel lindo que combina muito com minha baixinha. Depois de ensaiar um pouco mais o discurso fui a academia.
Quando cheguei, tomei um banho bem tomado, coloquei uma roupa bem bonita e passei um perfume bem cheiroso; fui a floricultura e comprei Rosas brancas, delicadas e lindas como a Tris.
Às sete da noite já estava em frente ao seu prédio, acho que nunca estive tão nervoso assim. Subi de elevador e me olhei no espelho, está tudo certo. Exceto pelas minhas mãos que estavam trêmulas e minha barriga que parecia ter alguém dentro dando vários socos e chutes.
O elevador para e abre a porta, saio de dentro dele e vou caminhando até seu apartamento. Antes de bater fico parado e respiro fundo, vai dar tudo certo. Vai dar tudo certo. Repito para mim mesmo.
Toco a campainha e deixo o buquê de flores encostado na parede para que ela não veja.
– Boa noite! Nossa parece que alguém caiu da cama- digo olhando Tris que parece muito abatida, mas ainda sim continua linda. Ela dá as costas e então eu entro na casa, deixo a porta aberta.
– Não estou com humor hoje - diz séria.
– Nossa como você é sem graça.
– Tobias qual seu problema? - diz parecendo uma alma penada.
– Nenhum. Qual é o seu problema? Será que dá pra ser mais gentil? Parece até que alguém morreu - ela me olha incrédula e sorri sarcástica. Começa a balançar a cabeça e morder o lábio inferior.
– É... cadê sua mãe?- pergunto
– Faleceu, Tobias - diz cabisbaixa.
– Então é assim? Eu venho aqui na sua casa, ensaio um discurso pra falar pra sua mãe, pra te pedir em namoro, pra acertar as coisas entre a gente e é assim que você me trata? Tudo bem, eu não vou mais te incomodar se é assim que você quer! Boa noite Beatrice - exploro com ela que me encara parada. Estranho o fato dela não ter falado nenhum desaforo ou de ter continuado a discussão. Dou as costas e vou embora deixando o buquê de Rosas onde havia colocado antes de fazer todo esse papel de trouxa.
Entro dentro do carro e se passa cada palavra que ela me disse; meu sangue ferve em pensar que ela brincou comigo mais uma vez.
Alguém bate no vidro do carro e eu me assusto. Logo saio de dentro dele.
– Você ficou maluco!?
– O que faz aqui Christina? - ela me olha transtornada
– Eu estou cuidando dela, não posso deixa-la sozinha nesse momento difícil.
– O que aconteceu? - fico confuso. É meio difícil imaginar a Christina aqui cuidando da Tris.
– A mãe dela morreu Quatro... Eu ouvi tudo, eu estava lá. Estava no quarto trocando de roupa e pude ouvir toda sua indelicadeza, deixei ela chorando lá em cima - diz nervosa apontando para o prédio.
– O que? Não. Meu Deus que idiota! Fala pra mim que isso é mentira Chirs. Por favor não brinca com umas coisas dessas não.
– Eu não estou mentindo Quatro. Isso lá é coisa de se brincar? - soco o teto do carro.
– Eu achei que ela estivesse... Christina porque você não me ligou falando isso? - digo quase fritando
– Como eu ia ligar, foi tudo muito corrido. Achei que você soubesse! - ela grita mas logo abaixa a cabeça. Coloco a mão no rosto e tento imaginar que isso é tudo mentira, que não está acontecendo - Me desculpa - diz quebrando o silêncio, dessa vez ela demonstra delicadeza em sua voz - Você não teve culpa, você não sabia. Não tem porque eu te crucificar.
– Tenho que me desculpar- vou em direção ao prédio mas ela me para.
– Ei agora não!
– Christina! - digo furioso
– Não Quatro! Não é um bom momento agora; Amanhã vai ser o enterro, aparece lá e depois vocês se resolvem. Hoje não por favor!
– Mas eu preciso conversar com ela, ela precisa de mim...
– Nesse momento ela só precisa descansar, a coitadinha passou o dia chorando, não sabe o que fazer com vida, não para de pensar na mãe... Está sendo tudo muito difícil, se você subir lá agora vai rolar outra DR, não acho que agora seja uma boa hora. Vai pra sua casa, descansa e amanhã vocês conversam.
– Tudo bem. Eu vou pra casa eu vou tomar banho mas eu duvido muito que vou dormir- digo entrando no carro cabisbaixo.
Faço o que Christina pede e vou para casa. Ainda não consigo acreditar no que está acontecendo... Meu Deus porque com ela? Como eu fui um idiota... Era pra eu estar ao lado dela, consolando ela, mas não, deu tudo errado.
Pov Tris
Depois que Tobias saiu daqui, me apertou ainda mais o coração. Tento sentir raiva dele, mas eu não consigo. Sei que ele é um cara muito idiota e atrapalhado, mas também sei que não fez por mal. Ele não deve estar sabendo da desgraça que me aconteceu então eu não o culpo por isso.
Christina desceu e foi falar com ele, e enquanto isso eu pedi que tia Clary e Tori fossem para sua casa descansar, eu precisava ficar sozinha e não aguentava mais ouvir "Você está bem? " ou "Não chora" ou "Vai ficar tudo bem".
Elas estavam na cozinha enquanto Tobias apareceu aqui, Christina estava no quarto e elas ouviram tudo.
Subi para o quarto da minha mãe e me deitei em sua cama. É estranho sentir o seu cheiro e não poder senti-la aqui comigo, me abraçando, mexendo em meus cabelos, perguntando como foi o meu dia.
Daqui pra frente vai ser eu e eu; vão ser noites vagas e cheias de solidão. Todos os dias quando chegar o período da noite, quando eu estiver sozinha de verdade, sem mais ninguém para ficar comigo, eu vou chorar. Vou chorar e vou me lembrar de todas as vezes que ela abria a porta com um lindo sorriso no rosto me dando boa noite, me chamando de filha ou dizendo que me amava. Vou chorar porque isso nunca mais vai acontecer, vão ser apenas lembranças da minha mente. Vou chorar, até o dia em que eu me acostumar com a ideia de que eu nunca mais irei ver minha mãe novamente; ou talvez eu apenas fique com tudo guardado pra mim.

A ficha ainda não caiu, como assim eu perdi minha mãe?