Caminho a seguir escrita por Franflan


Capítulo 9
Capitulo 9




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A roupa lhe pesava e o corpo queimava com destreza ela se livrou das peças e deixou o corpo vagar em meio à imensidão azul, os peixes se aproximavam sem medo e brincavam com a garota, que se divertia como nunca.

Sentia-se livre, viva, feliz, aquele era seu mundo, seu lugar, dentro da agua, não na terra, não em um navio, mas sim em meio ao oceano, com os peixes, com a vida marinha. Seus pés tocavam a areia do fundo da terra, seus cabelos flutuavam e a paz lhe inflava. Porem sabia que deveria voltar, tinha mistérios para resolver e problemas lhe esperavam Kallel lhe esperava.

O dia amanhecera e novamente anoitecera e Salácia ainda não havia voltado para o navio. Andrew tranquilizava Sophie dizendo-lhe que Salácia estava bem. Kallel não pregara os olhos o resto da noite, esperando que a ruiva voltasse e eles pudessem conversar de verdade, porem ela não voltara naquela noite, e nem durante o dia, o moreno começava a ficar novamente uma pilha de nervos.

A noite voltara a cair e a lua já ia alta no céu, quando a ruiva voltara à superfície, totalmente nua e totalmente confortável com sua falta de roupas. O navio estava vazio, os homens ou estariam dormindo, estariam nas tavernas ou bordéis da cidade. Lentamente ela se encaminhou para a cabine, sem olhar envolta para ver se estava realmente sozinha.

— Com você assim é difícil manter minhas mãos longe de seu corpo!

Salácia o encarou por cima do ombro e o ignorou, voltando a pegar sua roupa e vestindo-se.

— Onde estão suas roupas?

— No fundo do mar!

Salácia se virou e sentou-se no colchão enquanto encarava o moreno que não parecia nada feliz.

— Porque voltou desta forma?

— De que forma?

— Nua!

A ruiva sorriu lentamente, totalmente alheia da forma sedutora que agia em frente ao moreno.

— Não consegui achar minhas roupas e pensei que não haveria problema voltar sem ela, afinal era mais que provável que o navio estivesse vazio, graças ao Lótus!

— Mas não está e você poderia ser vista desta forma pelos tripulantes!

— E qual seria o problema, não é como se eles nunca houvessem visto uma mulher da forma em que ela viera ao mundo!

— Mas nunca viram você assim!

— Meu corpo é igual a de qualquer outra mulher, as única coisas que mudam é a cor da minha pele e o tamanho, mas mais nada!

— Eles irão cobiçar seu corpo e começaram a não mais se segurar!

Lentamente a cabeça da ruiva tombou para a direita e seu sorriso se estendeu.

— É bom saber que sou desejada, mas você melhor do que ninguém sabe que por mais que eles cobicem meu corpo jamais o terão, sou forte e tenho poderes, o que eles podem fazer contra isso?

— Nada!

— Exato e assim como você, eles nada podem fazer, enquanto um homem não conquistar meu coração nenhum poderá tocar em meu corpo!

A ruiva levantou-se e partiu para fora do navio, Kallel a seguiu por um tempo, mas se desviou para o manche, onde ficou a espera de ver o sol nascer.

Seus olhos estavam presos no horizonte enquanto seus pensamentos viajavam por mares dominados pela ruiva que não saia de lá. O moreno estava tão concentrado neles que não percebera a aproximação de sua mais nova e temporária tripulante.

— Se não fizer nada você acabara por perdê-la Kallel!

— Não sei do que você esta falando!

— Se continuar a manter esse seu orgulho deixara escapar sua alma gêmea!

— Eu não acredito nessas bobagens!

A morena riu ruidosamente e ao final se debruçou sobre o parapeito e observou seu dragão que mais uma vez estava com a Salácia.

— Sabe, eu também não acreditava!

— E o que lhe fez mudar de ideia?

— Uma velha história!

— Qual?

— Minha antepassada passou por muitos problemas e em meio a eles, ela conheceu um rapaz, ele não lhe inspirava muita confiança, porem no fundo de seu coração um estranho sentimento crescia. Juntos eles eram incríveis, quase invencíveis, mas separados não eram nada, sentiam-se vazios, nada fazia sentido se não estivessem juntos, mas ela não conseguia por seu orgulho de lado e ele não conseguia convence-la de que a amava. Em meio a uma guerra ele se sacrificou por ela e morreu, ela não aguentando uma vida sem ele deu fim a sua própria vida!

— E porque ela faria isso? Era só seguir em frente!

— Para ela não havia sentido em continuar viva se ele não estivesse com ela, ela seria como uma concha vazia!

— Era só encontrar um substituto!

— Nada pode substituir algo que lhe é realmente importante ou vai me dizer que mesmo estando tão perto da sua ruiva, mas não podendo tê-la, seguindo a vida que leva você ainda não se sente vazio ou perdido?

— Não sei do que você esta falando!

— Sim você sabe Kallel, só não quer ver! Voltando a história, o dragão de minha antepassada vivia uma vida igual a sua, vazia, sem um proposito, então ele se rendeu aos vícios, ele bebia e se entretinha com tantas mulheres quanto podia, mas o vazio persistia, até que em um baile ele conheceu minha antepassada, ela lhe deu um proposito, preencheu o vazio que ele sentia, mas o amor que sentiam nunca fora consumado, ela não se entregou a ele, eles nunca foram realmente completos e um dia ele morreu fazendo o que nascera para fazer, protege-la, mas morreu sem saber o que ela sentia, um destino trágico para duas almas que se completavam e que possuíam muito medo de se entregarem a um amor predestinado. Não deixe que o ciclo continue Kallel, lute pela mulher que você ama, não deixe que outro assuma uma posição que lhe pertence, não a perca, pois se a perder nunca mais ira se encontrar, sua felicidade depende da dela, e a dela da sua, pense nisso!

Sophie encarou o moreno por alguns segundo até que lhe deu as costas e sumiu de sua vista.

Andrew mais uma vez estava com Salácia, a ruiva ria de alguma de suas piadas, até que um suspiro escapou de seus lábios, enquanto observava o horizonte.

— O que foi ruiva?

— Não sei, só me sinto pesada!

— Pesada ou vazia?

— Como?

— Você se sente pesada ou vazia?

— Um pouco dos dois talvez!

— Por quê?

— Não sei!

— Quer que eu lhe explique?

Salácia encarou o moreno curiosa.

— Você saberia?

— Anny você é um dragão, assim como eu, infelizmente nos apaixonamos verdadeiramente por apenas uma vez e eu sinto que seu coração já foi dominado por alguém, você sente falta dele e sem ele você não vai se sentir completa nunca!

— Começo a odiar ser um dragão, isso se eu realmente for um!

— Você vai descobrir o que realmente é, mas pense pelo menos você não tem uma maga em sua mente vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, trinta dias por mês, trezentos e sessenta dias do ano dentro da sua mente e que não lhe permite ter um único pensamento pervertido sobre ela, isso sim que é um saco!

— Eu não posso ficar com ele Andrew e isso dói!

— Porque não Anny?

— Porque ele vai me machucar, não tem palavra, não tem escrúpulos, usa as mulheres ao seu bel prazer e depois as descarta como lixo, eu não vou passar por isso, não serei mais uma em sua lista!

— Uma hora Anny ele vai acordar, vai ver o que esta perdendo e ira começar a se manter na linha!

— Creio que nesse dia sera tarde de mais Andrew!

— Por quê?

— Pois nesse dia creio que minhas perguntas terão sido respondidas e para ele será tarde demais, eu já cansei de esperar, e quando encontrar minha mãe irei sumir junto a ela, desaparecer e terei de aprender a conviver com meu vazio!

— Não seja assim Anny, sua felicidade só será possível com ele por perto, eu sei como é triste e desesperador essa verdade e imagino como Sophie sofreu no período em que eu era um cafajeste, mas se eu melhorei Kallel também pode!

— Não Andrew, você melhorou porque ama a Sophie, Kallel não me ama, sente desejo por mim, mas não é amor e eu não quero isso para mim!

Andrew suspirou e olhou para o céu.

— Você não sabe o que se passa na mente dele Anny, não pode afirmar que ele não lhe ama, no máximo pode dizer que ele ainda não percebeu!

— Porque diz isso?

— Porque ele não tira os olhos de você um único instante, sente um ciúmes descomunal e quer lhe monopolizar!

— Nada disso quer dizer que ele me ama!

— Muito se engana Anny, ele quer lhe monopolizar, sente ciúmes, céus ele nem suporta que eu esteja tão próximo de você, tudo isso indica que no fundo da mente dele algo lhe diz que você o pertence, que você é dele e toda essa possessividade só quer dizer que ele sente algo a mais do que só desejo, entenda Anny, homens não são tão bons com os sentimentos quanto as mulheres, agimos mais pela razão ou pelo instinto reprodutor masculino e não ria não, somos assim mesmo, e se pudéssemos jamais admitiríamos que estamos realmente amando uma única mulher, porem sentimentos são traíras e nos pegam desprevenidos, por isso não sabemos lidar com eles e fazemos coisas estupidas, como nos distrair com outras mulheres!

A ruiva só faltava rolar no chão de tanto rir, de seus olhos lagrimas já escorriam e sua barriga já doía.

— Não... Consigo... Parar...

Sophie logo chegou perto dos dois e observou a ruiva com uma sobrancelha erguida.

— O que aconteceu com a garota?

— Ela deve achar que eu sou um palhaço, diferente de certas pessoas que não dão uma risadinha do que eu falo!

Sophie revirou os olhos.

— Nasci assim e vou morrer assim, então supere. Agora pegue suas coisas, estamos de partida!

— Porque tão cedo?

— Vovô e Keitan já devem estar se descabelando por nossa causa, eu ainda estou em treinamento e já matei mais aulas do que deveria!

— Mas você odeia aquilo!

— E que diferença me faz odiar ou não? Serei eu que assumirei o trono em alguns meses, não tenho escolha!

— Certo! Anny apareça em minha dimensão algum dia e eu lhe ensino mais alguns truques!

A ruiva respirou fundo e se recompôs, apesar de o ar de riso se manter em sua face.

— Pode deixar, assim que toda essa aventura acabar eu passo por lá e vou te cobrar esses truques!

— Pode cobrar e por favor pense no que eu lhe disse!

— Vou pensar!

— Ótimo, assim vou partir mais tranquilo!

Andrew a abraçou forte e foi retribuído por Salácia, mas foram interrompidos por Kallel.

— Quer fazer o favor de tirar suas patas de cima da minha ruiva?

Andrew apenas revirou os olhos e se voltou para o moreno.

— Se meu abraço possuísse algum pingo de malicia há essa hora já me encontraria desacordado no chão por causa do potente soco que minha amada e idolatrada maga teria me dado, então controle esse seu ciúme possessivo!

Salácia cruzou os braços e encarou Kallel com os olhos mais frios que a calota polar.

— Não interfira Kallel, eu abraço quem eu quiser pelo tempo que quiser e você não pode dar um pio, não é meu dono, não é meu namorado e graças aos céus não é meu marido, então desinfla esse ego porque ele está muito cheio. E só para desencargo de consciência eu só estava-me despedindo do Andrew, ele já está indo embora com a Sophie!

Salácia fervia de raiva por dentro e para não causar algum dano saiu de perto do moreno. Porem ele ficou no mesmo lugar, sentindo-se perdido, até sentir uma pequena mão feminina tocar-lhe o ombro.

— Você a esta perdendo Kallel, se não fizer algo para evitar isso perdera o amor da sua vida!

O moreno encarou os olhos da garota e viu ali seu próprio reflexo.

— Eu estou a afastando, não é?

— Temo que sim!

Um suspiro escapou de seus lábios.

— O que eu faço?

— Se você realmente a quiser para si, como eu tenho certeza de que quer, largue mão da sua vida boemia, esqueça as outras mulheres, ame-a incondicionalmente e a faça feliz, com isso você a terá para sempre meu caro!

— Obrigado Sophie!

— Não há de que Kallel, mas saiba que o fantasma de seu passado sempre ira assombra-lo e ela nunca vai esquecer o quanto você já a magoou, apesar de não parecer Salácia é uma garota delicada, se magoa fácil e é rancorosa!

— Eu sei disso Sophie, mas agradeço pelo conselho, creio que se você não tivesse aparecido eu iria perder minha ruiva para sempre!

— E sempre iria sentir-se vazio, eu sei, mas não precisa me agradecer, agradeça ao destino que nos pôs em seu deque quando você precisou!

A morena lhe abraçou levemente e sorriu levemente para o homem, por fim saiu sendo seguida por Andrew que encarou o homem por alguns segundos com um rosto pouco feliz.


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