Adaptação escrita por paular_GTJ


Capítulo 9
EXPLICAÇÕES




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Eu estava sonhando. Definitivamente eu estava em algum sonho maluco, e surreal. Tirei essa conclusão assim que reparei onde eu estava correndo. Eu já havia sonhado com isso antes. O mesmo sonho, no mesmo lugar.

 

Corria, ou melhor, voava pela floresta, ouvindo vozes indecifráveis na minha cabeça. Eu não queria prestar atenção naquilo, eu só queria continuar o que estava fazendo. À medida que deixava minhas pernas se movimentarem extremamente rápido, e vislumbrava as árvores ao meu redor passarem como um borrão por mim, a dor que me sufocava momentos antes, desaparecia. Aquilo era um alivio, como se enfim eu estivesse livre.

 

As vozes ficaram cada vez mais insistentes dentro da minha cabeça agora, mas eu não queria ouvi-las. Eu deveria estar louca mesmo, ouvindo vozes. Lembrei-me então, aquilo era um sonho, certo?

 

- Pare Samanta! - ouvi uma voz alta.

 

Meus pés pararam involuntariamente, como se aquela voz tivesse ordenado a eles.

 

Deja'vú! A sensação tomou conta de mim, e entrei em pânico momentaneamente assim que lembrei o que era.

 

Eu sonhei exatamente isso. Corria numa floresta, ouvia vozes, e do nada, meus pés pararam de me obedecer. Assim que me virava eu encontrava dois grandes lobos olhando-me.

 

Ok, isso é um sonho! Provavelmente é o mesmo, e eu logo vou acordar. - disse a mim mesma.

 

Eu não sabia porquê, mas a sensação de que aquilo era mais real do que parecia não parava de me atormentar. Porém, era impossível que aquilo fosse de fato real. Eu NUNCA conseguiria correr naquela velocidade.

 

- Samanta, vire-se. - a mesma voz soou, e sem ordem minha meu corpo virou-se.

 

Eu estava certa. Dois grandes lobos encaravam-me correndo na mesma velocidade inacreditável que eu estivera antes.

 

Vou acordar agora. AGORA! - gritei mentalmente, observando aqueles monstros cada vez mais próximos. Eu continuei ali, que nem uma ótaria, olhando-os apavorada, sem conseguir nem ao menos mexer a cabeça.

 

Ouvi risos na minha mente, seguida por uma voz repreendendo-o. Definitivamente, eu estou louca!

 

- Samanta, nós não vamos machucá-la. - a voz mandona soou dentro de mim. Aquela voz me parecia estranhamente familiar. Onde eu havia a escutado antes?

 

- Olhe para baixo, garota! - uma outra voz, totalmente desconhecida por mim, soou na minha mente.

 

Não olhei. Estava com medo de desviar os olhos dos lobos. Sinceramente, não sabia o que os mantinham ali parados, sem me atacar. Estava com medo que se me distraísse, eles pulassem em cima de mim.

 

Mais risos na minha cabeça. Que saco!

 

- Chega Jared! - a primeira voz repreendeu-o. Aquilo parecia uma ordem, assim como quando me mandaram parar de correr, e me virar.

 

Pera ai... Jared? Amigo de Sam? Claro! Era a voz de Sam que me parecia familiar! Cara, que sonho maluco!

 

- Isso não é sonho, Samanta. Sou eu mesmo o Sam. Sou o lobo preto, e esse ao meu lado é o Jared.

 

O quê? Agora foi a minha vez de gargalhar! Os lobos são aqueles meninos que Jacob odeia? Acho que eu deveria parar de beber em festas. Apesar de que... eu bebi?

 

- Olhei para você também. - a voz de "Sam" soou novamente.

 

Muito relutante, não acreditando no sonho idiota que estava tendo, olhei para baixo.

 

Definitivamente eu estava sonhando. Eu tinha PATAS. Isso mesmo, pa-tas! Eu, aparentemente, virei uma loba. Meus pelos era muito compridos, e cor de bronze.

 

Refleti que isso era uma evolução do sonho antigo. Agora eu estava um pouco mais alucinada do que nos outros. Será que me droguei na festa ontem, e estava sentindo os efeitos agora?

 

Eu queria correr. A dor estava começando a voltar, e aquilo voltava a sufocar-me.

 

O lobo preto fez um movimento brusco, e eu tentei recuar, mas não consegui. Pânico.

 

- Quer correr? - a voz de Sam perguntou na minha mente.

Ele nem esperou a minha resposta, e passou como um raio ao meu lado. O outro lobo o imitou. Eu estava sonhando mesmo, por que não correr com eles também?

 

Não prestei atenção em nada que "falavam" dentro da minha cabeça, só concentrei-me em minhas... Patas, e nas árvores que voavam ao meu redor. Estava esperando acordar a qualquer momento, mas o estranho é que eu tinha impressão que não iria acordar. Aquilo não podia ser real, que maluquice!

 

Não sei quanto tempo corri, apenas vi que o dia estava começando a clarear quando, enfim, paramos.

 

- Vamos voltar Sam? Tô precisando dormir. - Jared reclamou dentro de mim.

 

O lobo preto olhou-me por um momento, e ouvi a voz de Sam mais uma vez.

 

- Está pronta para voltar agora, Samanta?

 

Fiz que sim com a cabeça e já me pus a correr de volta. Também estava cansada. Demoramos o mesmo tempo para chegar no local onde partimos, e já deviam ser umas oito horas agora.

 

Acorda Samanta, ACORDA! - gritei para mim mesma. Por que aquilo não acabava logo?

 

- Samanta eu já disse que isso não é um sonho. Preste atenção nisso!

 

A voz de Sam falou, e em seguida eu vi em sua mente as lendas. As mesmas lendas que Jacob contou-me no dia que nos conhecemos. Agora uma coisa em particular chamou minha atenção. Lobisomens.

 

Era isso? Eles eram lobisomens? E... eu também? Gargalhei mentalmente. Aquilo só podia ser uma piada, e de muito mal gosto.

 

- Olha, vamos voltar à forma humana, e então eu lhe explico com calma, ok? - Sam despertou-me para a realidade de novo. Voltar a forma humana? O que ele queria dizer com isso?

 

- É bem simples Samanta, é só você se concentrar bastante. A sensação de sufocamento já passou, porque você correu bastante, então aquela dor não vai mais aparecer. Se você for atrás daquela árvore ali. - vi em sua mente a árvore ao meu lado - Irá encontrar uma muda nova de roupas. As que você usava, provavelmente, se rasgaram com a sua transformação repentina.

 

- O quê? A minha blusa preferida já era?

 

Sam revirou os olhos na minha mente. Ok, de fato tinham coisas mais importante para me preocupar agora do que com isso. Aquilo era detalhe.

 

Fiz o que Sam disse, mas senti dificuldade em uma coisinha básica. Iria me concentrar em quê para voltar ao normal?

 

- É um pouco difícil no começo, mas veja como eu e Jared fazemos, e tente nos copiar.

 

Concentrei-me no que Sam fez, e depois em Jared. Eu agora eu estava sozinha. Ainda ouvia a voz deles conversando ali perto, mas não estavam mais dentro da minha cabeça.

 

Imitei os garotos, ou melhor, lobos, mas nada aconteceu. Tentei mais três vezes, e nada. Aquilo estava me angustiando. Iria ficar em quatro patas para sempre? Somente na décima quinta vez eu tive sucesso. Senti minha coluna endireitar, e eu estava em cima de duas pernas novamente.

 

Senti-me um pouco constrangida ao reparar que eu estava nua, mas logo avistei uma sacola encostada na árvore. Encontrei as roupas que Sam se referiu, e me vesti. Era um vestidinho muito bonito, um pouco acima dos joelhos, e um par de chinelos.

 

Eu ainda podia ouvir vozes ali por perto, mas fiquei um tempo ali atrás da árvore pensando. Aquilo não parecia ser um sonho, e além do mais, se vampiros são reais porque lobisomens não podem ser?

 

Uma coisa era saber que vampiros, e lobisomens existem. Outra, muito diferente, é saber que você faz parte deste mundo. Por mais que eu não quisesse acreditar, isso explicava muitas coisas. Meu calor inexplicável, minha coordenação súbita, minha repulsão por vampiros, e porque eu não me atraia por eles e vice-versa.

 

Claro que eu sempre soube que era anormal, mas assim já é demais!

 

Respirei fundo tomando coragem, e sai de trás da árvore.

 

Sam e Jared estavam a alguns metros afastados, cochichando. Ao ouvirem meus passos, viraram-se e sorriram, me encorajando. Pelo menos Sam parou com aqueles olhares bizarros.

 

- Então não vou acordar mesmo? - brincar, mas minha voz estava nervosa.

 

Eu sou uma loba! - repetia constantemente, tentando acreditar de uma vez naquela loucura.

 

- Não, acredito que não. - Sam coçou o queixo - Você parece confusa!

 

- Pareço? - ironizei.

 

Jared riu, e revirou os olhos para Sam.

 

- Com certeza ela não estava achando isso normal, não é uma coisa que acontece todos os dias! - sorriu amigavelmente para mim.

 

Talvez Jake exagerasse um pouco ao falar deles. Jared, pelo menos não parecia tão mal assim. Nem Sam.

 

Sam deu uma risadinha sem graça.

 

- Vamos Samanta, temos muito o que conversar. - disse caminhando para fora da floresta.

 

- Me chame de Samy. Odeio Samanta. - fiz cara de nojo, e eles riram - Mas... tenho que ir para casa - parei de repente,  lembrando-me de minha tia.

 

- Sua tia está na minha casa, e ela sabe de tudo. - Sam falou como se tivesse lendo meus pensamentos. Fez sinal para que eu continuasse. - Avise Paul e Embry - Sam ordenou para Jared, que pegou o celular do bolso e começou a digitar rapidamente.

 

Chegamos à casa de Sam em pouco tempo. Nem ao mesmo coloquei um pé dentro da sala direito, e Ingrid veio correndo me abraçar, perguntando como eu estava. Apenas respondi que estava bem, ainda não acreditava muito naquela loucura toda.

  Billy, o avô de Quil, Emily e Embry também estavam ali.

 

- Cadê o Paul? - Sam perguntou para Embry.

 

- Foi levar a Rachel para o aeroporto, deve estar chegando.

 

Rachel iria embora hoje, como podia ter esquecido! Jake deve ter ido ao aeroporto também.

 

Ao me lembrar dele, cenas da noite passada vieram a minha mente. Porém não consegui me lembrar de muitas coisas, e Sam logo me interrompeu.

 

- Sente Samy. Primeiro vamos falar tudo que sabemos, e depois nos pergunte o que quiser.

 

Ouvi com atenção tudo que me contaram. Meu bisavô era lobo também, segundo Billy, por isso estava no meu sangue ser descendente de lobisomem. Como meu pai não viveu aqui em Forks muito tempo, ele não desenvolveu o lobo que havia dentro dele. Eu morava aqui quase a mesma quantidade de anos que meu pai morou, mas na época dele não haviam vampiros em Forks, e isso era o que contribuía para que a transformação acontecesse.

 

- Foram culpa dos Cullen então? - franzi a testa pensando nisso. Eu havia gostado deles, apesar de seus cheiros repugnantes. Pelo canto do olho vi Sam se mexer desconfortável na cadeira.

 

- Sim. Ingrid ligou para nós no mesmo momento em que soube que eles haviam se mudado para cá de novo. - Billy respondeu. - Ela sabia o que poderia acontecer se você se aproximasse de vampiros.

 

Então foi por isso que Ingrid ficou tão preocupada quando soube que os Cullen estavam morando aqui em Forks de novo? Foi por isso me fez prometer que me manteria afastada deles? Por isso sua reação tão exagerada quando viu Edward saindo lá de casa? Eu pensei o tempo todo que era por medo, acreditando que eu corria risco de virar jantar de vampiro! Mas não, ela só não queria que meus genes de lobo se manifestassem, e eu acabasse me transformando.

 

- Aparentemente, não fez diferença nenhuma! - Ingrid comentou tristonha ao meu lado - Mesmo ela se mantendo longe, ela se transformou. Acho que a distância não importa muito.

 

Corei com aquele comentário, e todos me encararam. Que saco! Desse jeito eles iriam se dar conta que eu havia quebrando a promessa que fiz para Ingrid.

 

- Samy? Você se manteve longe deles? - o avô de Quil perguntou sabiamente com sua voz rouca.

 

- Eu... - me mexi desconfortável com aquela pressão, e o olhar de Ingrid me deixou mais nervosa ainda.

 

- Samanta Abott, me diga que cumpriu o que prometeu! - Ingrid cruzou os braços, indignada.

 

- Olha, eles não são tão ruins assim, ok? E eu pensei que você estivesse com medo por eles serem vampiros, não por meus genes anormais! - dei de ombros, recuando um pouco com seu olhar raivoso - Eles me disseram que eu não era nem um pouco atrativa para eles, então porque não podia virar amiga deles? Qual é - acrescentei revoltada assim que ela deu um muxoxo alto - agora não faz mais diferença. Está feito!

 

Ingrid respirou fundo, e balançou a cabeça.

 

- Na verdade nós já estávamos esperando isso acontecer logo. Ficamos observando suas mudanças com muito cuidado. Sua temperatura, sua coordenação motora, sua alimentação em grandes quantidades... - Billy continuou sua explicação.

 

- Então por que não me avisaram que isso aconteceria? - agora foi minha vez de lançar à Ingrid um olhar mal-humorado. Iria ser mais fácil se eu já estivesse esperando por uma transformação dessas!

 

- Eu não quis contar. Achei que com as férias as coisas iriam se normalizar. - ela suspirou, decepcionada.

 

Contaram-me mais coisas bizarras de lobo, como por exemplo: ouvir os pensamentos dos outros quando estávamos transformados - aquilo não me agradou nenhum pouco, que nos curávamos muito rápido, para não precisar ir a um hospital. Seria muito difícil um médico achar normal uma pessoa ter a temperatura corporal próxima aos 42 graus. Supostamente você deveria estar morto nesse estágio.  

Eu era a única fêmea da existência na história. Nunca houve relatos de mulheres que viraram lobisomens antes. Legal, agora que eu estava entendendo um pouco porque eu era tão diferente das outras pessoas, me vem essa. Mesmo sendo anormal, eu continuo conseguindo ser um pouco a mais que todo mundo.

 

O avô de Quil também me explicou sobre o impriting, que era como se fosse um "amor a primeira vista". Era o que havia acontecido com Sam, Jared e, levei um susto quando soube, com Paul pela irmã de Jake. Fiquei pensando se aquilo poderia acontecer comigo e com Jake, afinal sua irmã era o objeto de impriting de um lobo. Aquela idéia me agravada muito.

 

Eles me explicaram com o pacto que fizeram com os Cullen, e Sam prometera que me levaria para conhecer a nossa área do pacto assim que eu fizesse a minha próxima transformação.

 

Fiquei um pouco contente com isso. Passaria mais tempo em La Plush com Jake do que eu podia imaginar, e agora eu tinha a desculpa perfeita para vir aqui sem que Ingrid achasse que eu tinha segundas intenções. Estava até gostando da ideia de ser uma loba. Quer dizer, eu agora era mais forte, mais rápida e muito mais coisas do que os humanos normais.

 

Antes, porém de ficar muito animadinha, Sam cortou meu barato.

 

- Samy, você deve guardar esse segredo com você. E seria bom que não ficasse muito próxima das pessoas normais por um tempo! - disse isso lentamente.

 

- O quê? Por quê? - franzi a testa indignada. Não poderia mais sair com Jake?

 

- Quando se é muito jovem, você pode se descontrolar e acabar... Machucando as pessoas perto de você. - Sam olhou para baixo, e suspirou fundo.

 

Não entendi aquela reação estranha, e nem prestei muita atenção também. Eu não poderia mais ver Jake? Meu coração se apertou um pouco, e minhas mãos já estavam tremendo.

 

- Sam, eu posso me controlar!

 

- Estou vendo! - ironizou fixando as minhas mãos. Concentrei-me para que aquela droga de tremor parasse, e ele confiasse em mim.

 

- Você não pode contar isso para NINGUÉM, e não pode colocar ninguém em risco! - usou seu tom alfa.

 

Sam era o líber do bando, e quando ele dava uma ordem, como essa, a pessoa era incapaz de desobedecer mesmo que quisesse.

 

- Emily e Kim sabem sobre vocês, e elas não fazem parte do bando! - cruzei os braços para esconder as minhas malditas mãos traidoras.

 

- Elas são os impriting dos garotos, não precisa se ter segredos com eles. - Billy respondeu no lugar de Sam.

 

Eu agora fazia parte da alcatéia de La Plush, e o nosso dever era proteger a reserva, principalmente de vampiros.

 

Fiquei o encarando com cara feia até que Paul, que chegou correndo no meio da reunião e se mostrara muito interessado na minha transformação, falou me distraíndo.

 

- Acho que nós podemos ir fazer a ronda agora, certo? - olhou para Sam, que concordou com a cabeça uma vez.

 

Paul e Embry saíram da casa, e Ingrid colocou as mãos em meu ombro.

 

- Acho que vamos ir para casa também, Samy precisa descansar. - olhou-me preocupada.

 

- Sim, pode ir. Depois volte aqui Samy, para saber seus horários de ronda. - Sam falou agora um pouco mais calmo.

 

Dei um tchauzinho para todos, antes de ir embora com minha tia.

 

Que mundo é esse? - eu não parava de repetir mentalmente. Isso tudo é tão louco que eu ainda custo a acreditar.

 

No carro, perguntei a Ingrid uma coisa que estava me matando de curiosidade agora.

 

- Tia, por que o Sam ficou daquele jeito quando falou em se descontrolar perto das pessoas?

 

Ingrid me olhou triste por um momento, respirou fundo e contou.

 

- Sabe a cicatriz no rosto de Emily?

 

- Sim. - arregalei os olhos com o pensamento que me veio a mente.

 

- Foi Sam que a fez. Ele nunca se perdoou por isso, mas no momento ele ficou muito irritado, e era jovem. Não era capaz de se controlar ainda! - disse com a voz pastosa.

 

É, eu havia pensando certo, mas queria tanto estar errada.

 

- Que loucura! Então, eu poderia ter machucado alguém se estivesse perto de mim no momento em que me transformei ontem? - engoli em seco pensando na sorte que tive por sair da festa a tempo.

 

- Sim, foi por isso que te levei para a floresta. Quando Jake me ligou eu sabia o que estava acontecendo, liguei para Sam imediatamente, e ele me disse que esperaria você na floresta. Eu queria ficar com você, mas ele disse que seria perigoso - disse, com a testa franzida.

 

Aquilo me fez sentir mal em vários sentidos. Primeiro: eu poderia ter machucado qualquer um ontem na festa, podia ter machucado Jake no carro, e poderia ter machucado Ingrid no caminho para a floresta. Estava agradecendo a Deus por ter chegado a tempo, e ficado sozinha.

 

Segundo: eu realmente teria que me afastar de Jake, e talvez até das minhas amigas da escola. Aquilo apertou meu coração de um modo muito horroroso, mas eu não iria arriscar. Nunca me perdoaria se fizesse uma cicatriz como a de Emily em nenhuma das pessoas que eu amo.

 

Ingrid me contou no caminho para casa que sabia do segredo, porque uma vez meu bisavô se transformou na sua frente para lhe salvar de um vampiro.

 

Cheguei em casa, e ouvi que o telefone estava tocando, fui correndo atender. Se não fosse tão rápida certamente não chegaria a tempo.

 

- Alô? - eu só queria ouvir UMA voz. Uma voz rouca, mesmo sabendo que nunca mais seria a mesma coisa entre nós agora. Não era Jake, era Emma.

 

Aquilo me doeu também, seria outra mudança na minha vida.

 

- Samy? Ah meu Deus, graças a Deus! Eu liguei umas quarenta vezes para ai, como você está? - ela parecia aliviada, e nervosa.

 

- Tô bem, Ingrid cuidou de mim direitinho. Não sabemos o que foi direito ainda, mas me sinto melhor! - tentei parecer descontraida, mesmo me sentindo pior a cada instante.

 

- Ah, que bom! Você deu um baita susto em nós ontem, e Jake não nos ligou para dizer como você estava... - ela ia tagarelando, mas eu estava com muito sono, e resolvi interrompê-la.

 

- Emm, eu to um pouco cansada, preciso dormir. Não se preocupe comigo, ok? Tô legal! - ela ficou em silêncio por um momento, e depois falou.

 

- Claro, claro! Você precisa descansar mesmo. Mas escuta,  pode sair amanhã?

 

- Não! - respondi muito rápido, resolvi explicar para não magoá-la - Ingrid não me deixaria sair nem morta depois de ontem.

 

- Hum... - fez uma pausa – Ah tá, era só para nós nos despedirmos mesmo. Estou indo para Itália amanhã, mas então a gente se fala quando eu voltar.

 

- Claro! - concordei mesmo sabendo que isso não seria possível. - Boa viajem, divirta-se!

 

- Obrigada! - parecia estar sorrindo - E se cuida, viu?

 

- Sim, sim - respondi com garganta seca - Adeus Emm! - Aquele adeus tinha mais significados do que ela imaginava.

 

- Tchau amiga, adoro você!

 

Permaneci ali com os olhos fechados, e com o telefone na orelha, ouvindo a linha muda. As lágrimas começaram a cair pelo meu rosto sem que eu percebesse. Respirei fundo, acalmando-me. Aquelas eram as consequências dos meus atos, se tivesse escutado minha tia, talvez isso não estivesse acontecendo agora.

 

Coloquei o telefone no gancho, e quase no mesmo momento ele voltou a tocar. Atendi-o rapidamente, um pouco surpresa.

 

- Alô?

 

- Samy? Ahh, você não sabe como é bom ouvir a sua voz!

 

Agora sim a minha garganta fechou, e eu senti as lágrimas voltarem. Era ele. Eu não conseguia achar a minha voz para responder, só queria que ele continuasse falando.

 

- Samy? OI? - falou devido ao meu silêncio.

 

- Oi Jake! Eu estou bem, não se preocupe! - tentei soar normalmente, pelo menos ele não conseguia ver meu rosto.

 

- Está mesmo? Ontem você parecia que ia... - Jake parou, e eu o ouvi engolir em seco - Onde você se meteu?

 

- Estou sim! E o que quer dizer com isso? - perguntei receosa.

 

- Eu passei ai hoje mais cedo e você não estava, e quando fui para o hospital a moça me informou que Ingrid não fora trabalhar para ficar em casa com você.

 

Droga, o que eu iria dizer agora? Pensa, pensa...

 

- Ah sim... É que ela me levou em um amigo dela que é médico... Ele é o melhor que tem mas estava de folga... - torci para que ele acreditasse na minha mentira deslavada.

 

- Ah... - suspirei aliviada, ele parecia acreditar - Bom, já que está em casa vou pra ai...

 

- NÃO! - gritei. Ele ficou em silêncio, e eu me arrependi instantemente. Um pouco de tato ia bem Samanta! - Escuta Jake, a Ingrid acha que eu não estou bem para receber visitas, ninguém sabem ainda o que eu tenho...

 

- Você acabou de dizer que está bem. - ele aparecia desconfiado.

 

- Eu estou, mas é só precaução! - Não vou chorar, NÃO vou chorar! - Eu te ligo ok?

 

- Samy...

 

- Tchau Jake.

 

Desliguei o telefone sem esperar mais respostas dele, agora as lágrimas eram incontrolável.

 

- Malditos genes de lobo - sussurrei, subindo em uma corrida para o quarto.

 

Joguei-me na cama chorando conpulsivamente, já não achando mais aquela vida idiota tão legal quanto antes. Fiquei ali pensando em como tudo seria diferente agora, e mais uma vez eu teria que me adaptar. Amaldiçoei os Cullen por existirem.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por quem le =)))
queria também aproveitar e anunciar a minha nova fic
—> http://fanfiction.nyah.com.br/historia/66408/Algo_que_chamam_de_AMOR
=DDD
bjsss