Adaptação escrita por paular_GTJ


Capítulo 7
POR QUE ME SINTO ASSIM?




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Acordei no dia seguinte com um sorriso de orelha a orelha. Hoje finalmente é sábado! O que significa: o fim do meu catigo, com isso estava definitivamente livre para ir onde eu quisesse. E, eu só tinha um lugar em mente: La Plush.

 

Levantei-me 10h da manhã, e analisei o tempo pela janela. Parecia que estava frio, contudo eu estava, estranhamente, sentindo calor. Acho que o quarto está fechado há muito tempo, então ficou abafado aqui dentro.

 

Abri a janela até onde era possível, esperando uma corrente de vento gelado me arrepiar, mas ela não veio. O tempo estava agradável, nem frio nem quente. Milagre!

 

Coloquei uma regata azul, uma calça jeans e uma rasteirinha. Deixei meu cabelo solto, hoje ele estava bonito, o que era raro depois que eu acordava. Felizmente tudo parecia estar colaborando hoje.

 

Desci para tomar café, e Ingrid já estava lá.

 

- Bom dia tia! - saudei-a animada.

 

- Isso tudo é animação para ir a La Plush? - ela riu.

 

Minha expressão, com certeza, deve estar me entregando.

 

- É, estou com saudades daquela praia! - dei de ombros, tentando soar indiferente, mas sem sucesso.

 

- Eu também estou! - Ingrid se perdeu em pensamentos distantes.

 

- E por que não vai comigo? - perguntei fazendo-a voltar à realidade.

 

- Não posso, tenho que trabalhar! - comentou tristonha.

 

- Você trabalha demais, sabia? Eu já lhe disse isso! - balançei a cabeça, indignada.

 

Ingrid riu, e comemos em silêncio.

 

- Que horas vai voltar? - ela perguntou enquanto retirávamos a mesa.

 

- Ahm... não sei... mas não se preocupe, antes do jantar estou em casa! - encaminhei-me para o banheiro.

 

- Certo, vou ir trabalhar então. Divirta-se e juízo - ela pegou a bolsa que estava pendurada na cadeira, e rumou para a porta de entrada.

 

Eu estava no meio da escada quando a ouvi perguntar nas minhas costas.

 

- Samy, você não está com frio? - Ingrid estava encarando-me com uma mão na maçaneta da porta.

 

Franz a testa ao reparar sua roupa. Ela vestia um casaco grosso, e uma blusa que eu sabia ser de manga longa. Isso era estranho, normalmente eu é que era a friorenta da casa.

 

- Não, estou bem assim! - dei de ombros retomando minha subida, e a deixando estagnada no hall de entrada.

 

(...)

 

Vinte minutos eu estacionei minha picape em frente à casa de Jacob. Comecei a me senti meio apreensiva. Eu não havia avisado à ele sobre a minha visita. E se ele não gostasse de me ver? E se ele tivesse planos marcados para o dia de hoje, e eu estivesse estragando seu sábado?

 

Eu já estava refletindo que o melhor a fazer era simplesmente dar ré, e voltar para casa, quando o avistei saindo da casa de madeira, com um lindo sorriso de boas-vindas cheio de dentes brancos.

 

- Samy! Que surpresa boa! - Não pude deixar de abrir um sorriso em resposta enquanto ele vinha na minha direção com os braços abertos.

 

Jacob usava uma blusa de mangas comprimas, mas mesmo assim, ainda era possível ver os músculos de braço um pouco salientes. Usava uma calça jeans gasta, chinelos e seus cabelos estavam presos em um rabo-de-cavalo baixo. Sinceramente, nunca gostei muito de homens com cabelo comprido, mas Jake era encantador!

 

- Olá Jake! - cumprimentei-o, quando ele abraçou-me, me tirando um pouco do chão.

 

Ele havia crescido desde a última vez que o vi. Senti um cheiro amadeirado maravilhoso, que me deixou ligeralmente hipnotizada. Era divino! - Andou fazendo academia? - brinquei, dando um tapinha leve em seus braços.

 

Jacob gargalhou, negando com a cabeça.

 

- Olha quem fala! - ergueu uma sobrancelha, analisando-me de cima a baixo.

 

Não preciso nem dizer que corei feito louca, não é?! Era verdade que eu havia reparado nesses últimos dias uma certa melhora no meu corpo. Assustei-me um pouco ao ver que minhas pernas estavam tonificadas, elas sempre foram flácidas. Jake riu da minha cara vermelha.

 

- Mas então, a que devo a honra de sua visita? - perguntou formalmente.

 

- Nada demais, estava com saudades da praia! - dei de ombros - Desculpe-me não avisar sobre minha visita! Você tinha algum plano para hoje? - perguntei meio envergonhada.

 

- Não, não - sorriu animado - Eu só lamento dizer que não tem muita coisa para se fazer por aqui.

 

- Deve ter mais do que na minha casa! - franzi a testa.

 

- Uau, deve ser um tédio mortal por lá então - fez cara de assombro, fazendo-me rir - O que quer fazer Samy?

 

Eu adorava ouvir sua voz rouca pronunciar meu nome. Meu Deus, o que estava acontecendo comigo? Eu nunca fui assim, tão... boba!

 

- Hum... o que você estava fazendo antes da minha nobre visita? - modesta, eu sei!

 

- Estava na oficina trabalhando numas motos... Mas podemos fazer outra coisa se quiser...

 

- Não, não! - apressei-me em interrompê-lo - Eu quero conhecer sua oficina! - abri um grande sorriso, recebendo um maior ainda como resposta.

 

Começamos a caminhar dando a volta na casa. A oficina de Jake era bem atrás da casinha de madeira.

 

- Como você soube que eu cheguei se estava aqui? - franzi a testa. Ele é um vampiro com super audição, por acaso?

 

- Com barulho que a sua picape faz, provavelmente toda La Plush sabe que você está aqui. - falou sarcasticamente.

 

- Ha-Ha, hilário - dei-lhe um soco no ombro. - Onde está Billy? - perguntei me lembrando de seu pai pela primeira vez.

 

- Foi pescar com Charlie! - Jake respondeu indiferente.

 

Charlie é o policial de La Plush, que mora sozinho em uma casa próxima à de tia Ingrid. Eu nunca falara com ele em todos esses anos que morei aqui, apenas o conhecia de vista.

 

Entramos na pequena oficina, e logo um Rabbit preto estacionado chamou minha atenção.

 

- Legal! - admirei-me com o veículo. Eu adorava carros, apesar de não entender muita coisa. - Comprou este daqui com a venda da minha picape?

 

- Não, na verdade eu o montei. - tentou parecer modesto, mas sua voz entregou o seu orgulho.

 

Encarei Jacob completamente boquiaberta, fazendo-o gargalhar.

 

- Você montou esse carro? Está brincando! Você é superdotado, ou o quê? - agora eu analisava o carro em todos os detalhes, dando a volta por ele. Era simplesmente perfeito!

 

- Hum, não sei... Apenas gosto de mecânica. Acho que sou bom nisso! - deu de ombros, observando-me com divertimento.

 

- Bom? Você é demais! - estava incrédula - E funciona?

 

Agora ele pareceu ofendido, lançou-me um olhar de reprovação.

 

- É claro que funciona. Que pergunta! - ri da sua expressão facial, e ele me mostrou a língua, ainda revoltado.

 

Foi então que meus olhos cairam em uma moto ao lado do Rabbit. Aquilo sim parecia que nem o ferro velho faria mais uso.

 

- Você vem falar da minha picape, olha isso daí - apontei a moto, desprezando-a. Jake arqueou uma sobrancelha.

 

- Quando eu a terminar, ela, com certeza, vai ser mais rápida que a sua picape. Pode acreditar!

 

- Não acho que seja possível. - Ri com desdém.

 

- Quer apostar? - Jake sorriu malicioso.

 

- Hahaha! Você já perdeu! - estendi a mão para ele, soberba.

 

- Então tá, vamos ver! - ele segurou minha mão, e no mesmo momento uma corrente elétrica passou por todo o meu corpo, fazendo-me arrepiar.

 

Jacob abriu a porta do Rabbit para eu sentar-me, enquanto assistia à ele trabalhar. Ficamos a manhã inteira ali conversando e rindo, sem ver o tempo passar. De repente ouvi meu estômago roncar, e olhei para o relógio no meu pulso esquerdo.

 

- Uau, já são 14h! Como o tempo passou tão rápido? - espantei-me.

 

- Sério? Acho que nunca perdi a hora do almoço! - Jake levantou-se em um pulo. - Vamos! Depois podemos ir dar uma volta na praia.

 

- Isso seria ótimo.

 

A casa dos Black era pequena e simples, assim como a de Sue. Achei-a muito confortável e agradável de se ficar. Passava-me a sensação de ser familiar, e aconchegante.

 

Almoçamos rapidamente, e fomos para a praia.

 

- Seu pai fica o dia inteiro fora quando vai pescar? - perguntei retirando as minhas rasteirinhas para caminhar na areia com os pés descalços.

 

- Sim, normalmente volta só de noite. - falou, observando o mar por um momento, e de repente sua expressão ficou dura.

 

Olhei na direção que ele fitava, e avistei quatro figuras no mar, mergulhando e se jogando água. Não estávamos muito longe, contudo eu era capaz de reconhecer quem eram. Sam, Jared, Paul e... Embry? Achei aquilo estranho. Embry no dia do jantar de Sue pareceu gostar tanto de Sam e seus amigos quanto Jacob.

 

- A água deve estar congelando, ele são loucos, ou o quê? - franzi a testa. Apesar de eu não sentir frio nenhum, eu tinha absoluta certeza que a água deveria estar um gelo!

 

- Provavelmente só querem se mostrar - Jake sibilou seco, desviando o olhar, e se encaminhando o mais longe possível daquela cena.

 

Tive que correr, literalmente, para acompanhar seus longos passos rápidos.

 

- Você não gosta deles, não é? - falei o óbvio. Eu queria muito entender aquelas reações estranhas dele, e nada como uma abordagem direta, certo?

 

- Está tão evidente assim? - rosnou bravo.

 

Encarei-o um pouco espantada. Ele nunca havia usado aquele tom comigo, e sinceramente, aquilo me magoou um pouco. Jakepareceu perceber que foi grosso de mais, e se apressou a dizer.

 

- Desculpe Samy! É só que eu não aguento mais eles! - suspirou - Não sou covarde, mas eles me assustam um pouco.

 

Aquilo deveria estar atormentando muito ele, para admitir que estava com medo.

 

- Assustam em que sentido?

 

- Eu não sei, Sam me olha estranho como se... esperasse algo de mim. Jared e Embry também não gostavam dele... antes, pelo menos. - chutou uma pedra para descontar sua raiva.

 

- Jared e Embry não gostavam deles? Mas por que estão andando com ele agora então? - estava curiosa, e completamente confusa.

 

- Eu não sei. Embry começou a ficar estranho de repente, e faltou a aula essa semana inteirinha. Depois disso não falou mais comigo ou com Quil, e agora não sai mais de perto de Sam. O mesmo aconteceu com Jared... Provavelmente com Paul também. - Jake olhou-me com a testa franzida. - Eu tenho medo de ser o próximo! Não sei o que ele faz para que as pessoas se tornem, de repente, seus amigos.

 

Ele parou de andar, e eu imitei seu gesto, largando minhas rasteirinhas no chão. Peguei sua mão para tentar consola-lo de alguma forma. Surpreendentemente aquela sua expressão de dor estava me incomodando profundamente, e eu queria muito tirá-la de sua face.

 

- Já falou com seu pai sobre isso?

 

Jake, que fitava o chão, olhou-me parecendo sentir raiva.

 

- Sim.

 

Esperei por mais, mas ele calou-se.

 

- O que foi que ele disse?

 

- Não se preocupe Jacob, é besteira da sua cabeça! - bufou olhando para cima - Grande conselho!

 

- Ah, Jake! - não resisti e o envolvi com meus braços, abraçando-o fortemente - Não se preocupe, eles não podem fazer nada com você!

 

Jake abraçou-me de volta, e apoiou a cabeça na minha, respirando fundo.

 

(...)

 

- O que vai fazer amanhã? - Jake perguntou enquanto me acompanhava à minha picape três horas mais tarde.

 

Já eram quase sete horas, e infelizmente, Ingrid já devia estar chegando em casa. Eu não estava nem um pouco afim de ir embora, porém eu prometera para minha tia que chegaria em casa cedo. Eu tivera o melhor dia dos últimos tempos hoje!

 

Depois da conversa sobre Sam, Jacob se recompôs, e ficamos caminhando pela praia, conversando e fazendo brincadeiras. Jacob se tornara meu melhor amigo, o melhor que eu já tive até hoje! O mais estranho é que tinhamos nos conhecido não fazia nem um mês, e passamos apenas dois dias juntos.

 

- Não sei, acho que nada. Quer fazer alguma coisa? - perguntei ansiosa. Queria muito vê-lo logo. Quanto antes, melhor!

 

- Minha irmã, Rachel, vem nos visitar essa semana. Billy quer fazer uma janta com o pessoal da reserva. Seria legal se você e sua tia viessem também! - sorriu, abrindo a porta do carro para mim.

 

- Você não me disse que tinha irmãs! - falei pensativa.

 

Na hora em que me dei conta das palavras que falei, senti um grande vazio me preencher por dentro. Saudades! Respirei fundo, deixaria para chorar mais tarde, agora não.

 

- Pois é. Gêmeas! - respondeu sorrindo. Seu sorriso me deixava ligeralmente sem fôlego.

 

- Legal! E onde elas estão?

 

- Rebecca está... Casada e mora do Hawaii - fez uma careta - E Rachel faz faculdade fora, e muito raramente volta para nos visitar.

 

Franzi um pouco a testa, se uma faz faculdade quer dizer que elas eram novas. Novas para se casar, a meu ver, pelo menos.

 

- Quantos anos elas tem?

 

- Um ano a mais que eu. Dezoito.

 

Fiquei boquiaberta. Rebecca tinha apenas dezoito anos, e estava casada? Eu nunca me casaria tão cedo, só ali pelos trinta... Aquilo, porém me fez pensar em outra coisa.

 

- Você tem dezessete? Pensei que tinha menos, tcom essa carinha de bebê.

 

Na verdade, eu pensava que ele tivesse a minha idade, mas eu queria provocá-lo. Sua expressão foi simplesmente impagável.

 

Jake revirou os olhos.

 

- Você é uma comediante, alguém já lhe disse isso?

 

- Não! - sorri abertamente entrando no carro - Até amanhã, bebezinho.

 

Gargalhei alto com expressão indignada pelo seu novo apelido.

 

(...)

 

Cheguei em casa, e Ingrid já estava lá.

 

- Já estava ficando preocupada! - disse-me, assim que coloquei meus pés na cozinha. Ingrid fazia torradas para a janta. Acredito que seja a única coisa que consiga produzir naquele cômodo.

 

- Perdi um pouco a noção do tempo! - comecei a arrumar a mesa. Estava morta de fome! - É tão bom ficar em La Plush!

 

- Também acho! - Ingrid sorriu para mim.

 

Deve ter ficado feliz que eu gostei de sua cidadezinha pacata.

 

- Jake falou que Billy dará um jantar amanhã porque a sua irmã vai vir visitá-los. E ele nos convidou. - falei apreensiva, rezando para que ela não tivesse que trabalhar e pudesse ir.

 

- Ah, que ótimo! Qual das gêmeas vai vir? - seus olhos brilharam de expectativa.

 

- Rachel! - respondi contente em ver sua expressão, com certeza ela iria quer ir. Uma alegria incontrolável tomou conta de mim, quando percebi que veria Jacob em breve. Estava ficando viciada naquele garoto.

 

- Ah, que maravilha! Rachel é um amor de pessoa, morro de saudades dela. - Ingrid começou a colocar as torradas prontas na mesa, e eu já tratava de devorá-las.

 

- Então vamos? - indaguei, com a boca cheia.

 

- Claro! Não perderia isso por nada! - ela sorriu, mas logo franziu a testa ao me ver comer tão desesperadamente. - Credo Samy, você não vê comida há quantos dias?

 

Revirei os olhos para ela, sem parar de comer aquela torradas deliciosas. Estava com fome, oras!

 

(...)

 

Domingo passou irritantemente lento. Parecia que as pilhas de todos os relógios do mundo estavam fracas. Eu estava nitidamente ansiosa para o jantar em La Plush, e sinceramente não me entendia. Eu nunca tinha sido assim, tão neurótica com alguma coisa. Porém, aquele lugar simplesmente me fazia bem, eu não sabia explicar. Talvez fosse apenas a presença de Jake, mas tinha alguma coisa a mais naquela praia que fazia com que eu me sentisse em casa.

 

Hoje o dia estava frio, segundo Ingrid, mas para mim a temperatura estava agradável. Entretanto, para não precisar aguentar os olhares e comentários irritantes de minha tia, resolvi vestir um casaquinho para disfarçar minha falta de frio. Isso era algo que eu nunca pensei ser possível de acontecer antigamente.

 

Fomos conversando animadas o caminho todo até a casa de Billy. E quando chegamos lá, ela já estava absurdamente cheia.

 

Jacob estava sentando em um degrau em frente à casa, conversando com Quil. Ele estava mais sério do que o normal, aliás, ambos estavam. Achei aquilo estranho, pensei que estaria animado por sua irmã estar em casa.

 

Sai do carro, e encaminhei-me em direção à ele com um largo sorriso no rosto.

 

Sua expressão mudou de séria para alegre assim que me viu. Aquilo me deixou mais feliz ainda. Ele estava feliz em me ver!

 

- E ai, baixinha! - abraçou-me, me erguendo do chão.

 

Aproveitei para inalar seu cheiro amadeirado maravilhoso, sentindo prazer nisso.

 

- Bebê! - sussurrei enquanto ele me abaixava, mas só para ele ouvir.

 

Jake revirou os olhos, rindo de leve.

 

- Olá Ingrid, como vai? - ele virou-se para minha tia, que estava ao meu lado.

 

- Muito bem, e você Jacob? Feliz que sua irmã está de volta? - Ingrid sorria afetuosamente para ele.

 

- Claro, claro - Jake deu um sorrisinho amarelho, que não me enganou.

 

Ele parecia não gostar de alguma coisa. Franzi a testa para ele pronta para perguntar o que estava errado, mas Ingrid puxou-me para dentro da casa, a fim de cumprimentar o pessoal que estava ali.

 

Todos vieram para o jantar. Billy, Sue, Harry, Sam, Emily, Jared, Kim, Paul, acompanhado por uma garota morena muito bonita, Leah, Seth, Embry, um homem que eu não conhecia e, para a minha surpresa, Charlie, o policial.

 

- Rachel! - Ingrid exclamou entusiasmada para a garota que estava acompanhada por Paul.

 

Então aquela era a irmã de Jacob! Claro, eu era cega? A garota era uma versão feminina dele, muito bonita assim como o irmão.

 

O aborrecimento de Jake fez sentido para mim agora. Sua irmã ficou amiga dos garotos que ele menos gostava na reserva. Paul a olhava tão intensamente quanto Jared e Sam olhavam para Emily e Kim.

 

- Prazer, eu me chamo Samanta! - cumprimentei-a com um beijo em cada lado do seu rosto.

 

- Ah, você é a Samanta então? Jake fala muito de você. - Isso me deixou surpresa, e muito contente ao mesmo tempo. - E sabe, ele fez jus quando falou na sua beleza, você é linda! - Agora eu corei violentamente, fazendo algumas pessoas rirem baixinho.

 

- Ah, obrigada! - agradeci envergonhada - Você também! Aliás, as garotas daqui devem tomar alguma água especial - comentei pensando em Emily e Leah. Emily, apesar de ter uma grande cicatriz no rosto, não deixa de ser bela. - Acho que vou començar a tomá-la também!

 

Todos gargalharam, e voltaram as suas conversas anteriores. Eu queria ir lá fora conversar com Jacob, mas Billy impedira-me, dizendo que serviria o jantar agora, uma vezque todos chegaram.

 

Ingrid e o homem que eu não conhecia até então, descobri sendo o avô de Quil, conversavam baixinho em um canto durante o jantar. Ingrid parecia nervosa, e o tal homem, curioso. Uma ou duas vezes percebia o olhar dele em mim, analisando-me.

 

Eu já achei estranha sua reação assim que eu o cumprimentei. Ele olhou-me em choque, como se não acreditasse no que estava vendo. E agora essas conversinhas e olhares misteriosos? O que estava acontecendo ali?

 

Jacob se manteve mais sério do que o normal durante o jantar, limitando-se em responder as perguntas direcionadas à ele, normalmente feitas por Seth, que parecia ter uma adoração obsessiva pelo garoto.

 

Leah continuava com sua expressão amarga no rosto. Uma ou duas vezes, eu a via lançar um olhar frustrado, e irritado para Emily e Sam. Era o mesmo olhar que Jake lançava para Rachel e Paul de vez enquanto, menos intenso, é claro!

 

Paul estava tratando a menina como uma verdadeira rainha. Sempre querendo saber se queria alguma coisa, e se oferecendo para ir buscar o que ela desejasse. Ele não era tão mal assim, por que Jake se estressava tanto afinal?

 

Quando terminou de comer, ele saiu silenciosamente da casa, e eu o segui disfarçadamente.

 

Sai da casa, e encontrei Jake sentado em um degrau na frente da casa, o mesmo que estava quando cheguei, com a cabeça baixa.

 

- Ei, que desanimo é esse? - sentei-me ao seu lado, dando-lhe um empurrãozinho com o ombro.

 

Jake abriu um sorrisinho triste.

 

- Que desanimo? - se fez de desentendido.

 

Eu o olhei com uma sobrancelha arqueada, e ele resolveu se abrir.

 

- Ao que parece todos admiram muito Sam e seus seguidores, mas eu não consigo gostar deles, sabe? O Sam continua me olhando estranho, e para mim ele só se exibe! Mas ao que parece para o resto do mundo ele e seus 'discípulos' - fez uma careta - são cativantes, as melhores pessoas do mundo! - suspirou pesadamente - Até a Rachel agora está pra cima e para baixo com eles, principalmente com aquele Paul idiota. Foi assim desde que eles se viram, e isso é estranho, Samy! O que eles fazem para conquistar as pessoas assim, do nada, e tão de repente?

 

Ele desabafou tudo isso rápido. Jake estava realmente com medo, e eu me sentia mal em vê-lo assim.

 

Passei meu braço por cima do seu ombro, tentando de alguma forma confortá-lo.

 

- Calma Jake, vai dar tudo certo, ok? Eu estou aqui.

 

Ele olhou-me por um momento com os olhos angustiados. Fiquei um pouco apreensiva ao perceber que nossos rostos estavam muito próximos um do outro. Minha respiração acelerou imediatamente quando seus olhos abaixaram para minha boca. Eu não conseguia mais raciocinar direito com seu hálito quente batendo no meu rosto.

 

Estava quase fechando os olhos, quando ouvi passos se aproximando de onde estávamos.

 

Retirei meu braço dos ombros de Jake, e virei-me para frente. Pelo canto do olho percebi que ele olhou-me um pouco magoado, mas entendeu logo minha reação repentina, quando viu Quil sair da casa.

 

- Seus ouvidos são bons, hein - brincou rindo sem graça.

 

Pisquei para ele, e ri um pouco constrangida refletindo o que poderia ter acontecido se Quil não tivesse aparecido. Ao mesmo tempo, eu estava um pouco irritada com o garoto. Será que ele não podia ter esperado míseros minutos para sair, não?

 

Ficamos ali os três conversando, e rindo. Não era a mesma coisa sem os comentários idiotas de Embry, como no jantar de Sue. Contudo Jake pareceu um pouco mais animado quando nos despimos mais tarde, me deixando mais aliviada. Não queria deixá-lo com aquele sofrimento interno.

 

- Obrigado por ficar comigo... E olha, não vai achando que eu sou um covarde não, viu? - olhou-me envergonhado.

 

Eu ri baixinho, e revirei os olhos.

 

- Por que homens têm tanto medo de mostrar o que sentem? Que é isso Jake, eu sei que você não é um covarde. E eu vou estar aqui sempre, prometo! - ele abriu um grande sorriso ao ouvir minhas palavras, e me abraçou forte.

 

- Não-Consigo-Respirar - sussurrei ofegante, sentindo que minhas costelas iriam quebrar a qualquer momento.

 

- Ops! - colocou-me no chão, com cara de quem pede desculpas ao mesmo tempo em que acha graça.

 

Despedi-me de todos, e mais uma vez o avô de Quil olhou-me de modo estranho. Para a minha surpresa, Sam tinha o mesmo olhar que o velho quando me despedi dele.

 

Agora eu entendia o que Jake queria dizer... Aquilo dava medo mesmo! Mas qual era desses olhares afinal?


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