Tudo O Que Eu Não Falei escrita por Strange Bird


Capítulo 1
Nina


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!
Então, eu tive a ideia inicial de Tudo O Que Eu Não Falei já faz um ano, mais ou menos, ela é bem importante para mim. Mostra muitos aspectos diferentes de como algumas pessoas vivem. Espero que você se identifique com pelo menos alguém ^^
Nina é a primeira ser apresentada, todo capítulo de apresentação do personagem e a situação que ele ou ela enfrentará sempre será mais curto. Os outros, serão, acreditem, maiores.
É isso mesmo.
Espero que gostem!
Beijos e Abraços,
Strange Bird ♥



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Falar que os seus sentimentos estão em seu coração é a afirmação mais errada que um ser humano um dia pode inventar. A única coisa que o seu coração faz é pulsar o sangue pelo seu corpo, mesmo sendo apenas isso ainda tem uma grande importância, você não sobreviveria sem ele. Sangue não contém sentimento algum. O seu cérebro sim. Mas por que então quando estamos com medo ou apaixonados sentimos o nosso coração pulsando mais forte? Não faz sentido algum.

Caindo no assunto de paixão e se apaixonar. Algo que é assegurado que acontecerá com todos um dia uma hora. Você pode se apaixonar pela primeira vez dependendo de você, pode ter sete, dezesseis ou até mesmo sessenta e cinco anos, ainda será doloroso, e todos afirmarão que o seu coração pulsará mais do que o normal. Você terá vontade de vomitar mais de uma vez. Sentirá um vazio que somente será preenchido com aquela única pessoa. Parecerá o pior e o melhor sentimento do mundo.

Esse sentimento apenas me atingiu aos meus quinze anos e meio, por mais que eu evitava, ele tinha de chegar uma hora como todos me disseram. É como uma profecia da vida.

Meus dias sempre são os mesmos. Eu gosto disso. É mais simples. Tudo é mais fácil quando esquematizado.

Eu acordava pontualmente cinco e meia da manhã, dez minutos antes de minha mãe entrar em meu quarto. Eu sorria para ela e ela para mim. Era só eu e ela. Tomávamos café da manhã com nossos olhares virados ao noticiário. Eu pegava o ônibus seis e meia, chegava ao colégio sete e dez, cinco minutos antes do sinal. Eu ia para a aula, anotava tudo que achava que precisaria um dia, no futuro. No intervalo eu lia no canto da biblioteca, fechava o livro um pouco e olhava para os outros pensando como deve ser ter uma vida desorganizada. Voltava para aula. Em vez de ônibus, minha mãe me buscava sempre uma da tarde. Almoçávamos. Eu tomava um banho. Fazia a minha tarefa de casa. Jantava. Dormia. Era tão simples.

Naquele dia em especial eu acabei acordando atrasada. Eu tentei não me abalar com aquilo, minha mãe não compartilhava o mesmo desespero do que eu. Eu estava atrasada. Ela continuava sorrindo. Eu me arrumei mais rápido do que todos os dias, naquele dia eu não fiz uma trança como sempre fazia, nem um rabo de cavalo que eu fazia todo dia que tinha aula de educação física.

Meu ônibus foi o único que não me decepcionou naquele dia. Foi o melhor momento do meu dia, para falar a verdade.

A garota que sentou do meu lado acabou perdendo a sua parada, estava muito cansada dormiu quase o caminho todo até o meu colégio. Acordou desesperada, correu até o motorista implorando para que ele voltasse. Senti-me bisbilhoteira quando a vi entregando uma quantidade de dinheiro considerável para que ele voltasse. Ele não aceitou o dinheiro. Acho que ele é uma das poucas pessoas que faria o que ele fez. O mundo ainda tem algumas boas pessoas.

Eu não anotei nada na aula daquela manhã. Achei nada útil, mas memorizei, eu teria de escrever isso em um papel se eu quisesse ser alguém da vida em um dia do futuro.

No intervalo eu fui direto para a biblioteca, o livro que eu estava lendo no momento estava chegando ao seu auge, era quando eu nunca prestava atenção nas pessoas. Eles nunca prestaram atenção em mim. Até aquele dia.

— Ei, — uma voz me chamou — você poderia me ajudar?

Eu levantei a cabeça, um garoto dos olhos castanhos estava na minha frente. Seu cabelo não era arrumado, ele caia em seus olhos. Ele tinha um sorriso cativante. Eu gostava quando as pessoas sorriam.

— No quê? — perguntei de volta.

— Sei lá, eu queria começar a ler. — ele disse se apoiando na estante. — Você sempre está aqui lendo, pensei que poderia me ajudar.

Eu comecei a dar um sorriso, mas o apaguei de uma vez.

— Do quê? — respondi. Ele me olhou confuso. — Que tipo de livro?

Ele sorriu. Mas acabou ficando pensativo, eu acho que ele não tinha pensado naquela questão antes de me abordar.

— Eu lia muito mangá quando pequeno— eu o interrompi.

— Livros e mangás são diferentes, você sabia, não é?

— Sim, sim. Mas tinha um que eu li que tinha várias continuações, que eu saiba continua até hoje, não continuei lendo e tal, mas, enfim, eu quero algo cativante como— eu o cortei mais uma vez.

— Como Agatha Cristie, você começa a ler tem de terminar. — dei um sorriso e continuei a leitura.

— Sabia que é rude parar de falar com alguém no meio do nada? — o garoto falou, eu senti um sorriso formando nos seus lábios.

— Desculpa, não é o melhor dos dias.

Eu estava certa, sempre estou. Ele estava sorrindo. Bateu uma palma. Esfregou as mãos e anunciou.

—Eu sou Heitor, aliás. — quando disse o seu nome comecei a pensar em que diferença a minha vida teria se esse momento nunca tivesse ocorrido. Seria ótima, eu teria finalmente terminado o livro, sabendo que final o autor teria escolhido, se fosse com o qual sonhei não seria um bom. — E você é?

Fiquei confusa por um tempo... Ele estava falando algo sobre nomes... então ele queria o meu nome.

Fiz como a minha mãe me ensinou: levantei-me do chão, estendi a minha mão ainda com o sorriso, ele apertou a minha mão por um breve tempo.

— Nina.

— Ni-na — falou estalando a língua— Vai ser fácil de decorar. Acho que nos vemos por aí, Nina. — ele disse indo embora.

— Acho que não. — respondi baixo.

Ele olhou para trás confuso.

— Por quê?

— Porque eu tenho tudo esquematizado. Não tenho muito tempo.

— Eu acho que vou bagunçar esse teu esquema um pouco.

E ele cumpriu essa promessa.

Eu não estava mais sozinha naquele canto da biblioteca. Mas ele começou a cumprir a promessa dois dias depois de cumpri-la. Eu pensei que ele teria desistido de mim. Mas eu estava errada. Pela primeira vez na vida. Eu tomei coragem para falar que errei.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo será da Ana Teresa.

Espero que tenham gostado!

Beijos e Abraços,
Strange Bird ♥



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