Apenas escrita por Bella Wonka


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Depois de um longo tempo sumida por questões familiares e particulares... Finalmente apresentai o capítulo:



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Pov. Elena.

Eu não podia acreditar no que eu estou prestes a fazer. Estava parada enfrente a porta da mansão Salvatore, uma de suas mãos subiu ate a campainha engenhosamente feita, que puxou a pequena corda que nela havia; recuei um passo sentindo meu coração martelar dentro de meu peito.

Estava esperando ansiosa, inquieta. Olho novamente a porta que não é aberta por ninguém. Finalmente, quando decido que não há ninguém em casa, me viro para ir embora quando um vento forte abrindo a porta de madeira maciça, que se escancarou agora nas minhas costas.

Estava intrigada por esse acontecimento de cinco segundos atrás, mas, recibo isso como um convite. Voltando-me para a porta, adentrei a grande sala cuidadosamente.

–Damon? –Sussurrei seu nome e me veio à lembrança da noite passada, falei num chamado que eu sabia que só ele escutaria.

Mas não houve resposta, então ando um pouco mais para ter visão da sala ao lado, onde imaginava ter visto algo de meu interesse das vezes passadas que havia visitado a mansão. A teoria era especulação, pois eu nunca tinha visto a peça descoberta, mas talvez se ela pudesse levantar o pano preto que cobria o lindo piano preto.

–Olá Elena -Sinto meu coração parar por um segundo.

–Desculpe por entrar assim, a porta abriu sozinha –Aponto pra porta que agora estava fechada.

–Deve ter sido o vento –Ele falou de um jeito fazendo parecer que o vento não tinha nada a ver com a abertura da porta.

Damon andou em minha direção, com passos arrastados e olhar morteiro.

–Stefan não chegou ainda.

–Eu sei...

Ele parou de andar a apenas alguns passos de minha distância; seu rosto perdeu as curvas de sarcasmo que geralmente apresentavam e me olhando com curiosidade sincera e até um pouco frustrada continuou.

–Então por que está aqui, Elena?

–Ah, sabe, é bem difícil saber o que você está fazendo quando não está escondido na árvore em frente ao meu quarto.

–Elena o imitou numa tentativa de humor.

Damon sorriu genuinamente.

–Você não tem ideia de quanto.

Sorri e fui em direção ao belo piano, contornando Damon pelo outro lado da sala. Levei a mão até a madeira da cauda e escorreguei um dedo para as teclas. O mi de uma oitava alta foi tocado, tirando um sorriso de minha boca e de Damon, que já estava atrás de mim, me observando. O piano tinha um som incisivo mesmo com a tampa da cauda abaixada.

–Gostou?

–Sim -me viro e respondo sem se alarmar com a proximidade de Damon.

–é seu?

Um sorriso crepitou em seu rosto momentamente- Agora seu... –Ele soou sério.

–O quê? Você não pode me dar um piano, simplesmente.

–Ah, mas eu já dei. Não tenho como voltar atrás... Mas -Damon passou a mão nas teclas e se sentou na banqueta.

–Já que você está tão relutante em aceitar meu presente, nós podemos fazer um acordo.

Sabia que vinha algo por aí, mas decidi ouvi-lo sem julgá-lo.

–E que acordo seria esse? –Perguntei me encostando de lado no piano, para olhá-lo melhor.

–Hum, o piano já é seu –Ele começou, enquanto suavemente pressionava algumas teclas pausadamente, soltando notas delicadas numa melodia desconhecida para mm.

–Mas você só pode tocá-lo aqui, na minha casa. -Damon terminou me encarando com um sorriso malicioso nos lábios.

–Esses são seus termos? -Perguntou soando lasciva.

–Sim.

–Termos aceitos, então. Mas quero perguntar uma coisa antes de balançarmos mãos. -Andei para trás de Damon, ficando de costas para ele.

Damon esperou a pergunta, enquanto ainda brincava com as notas da música agradavelmente misteriosa mim.

–Por quê? –Disse esperando a resposta quieta e pensativa.

Sem me olhar, ele parou de tocar, e sorriu tristemente.

–Ah, você sabe, tenho certeza que fará melhor uso dele do que eu. Afinal de contas, eu sou inconstante por natureza. Quem sabe quanto tempo vou demorar em voltar uma vez que eu deixar essa cidade de novo. -Ele tocou a nota sicomo um finalizante de sua sentença, e ela soou erroneamente adequada.

Não quis transparecer a ponta minúscula de desapontamento que senti no fundo de meu peito, mas descobri que aquilo já não era mais possível para eu controlar.

–Você está indo embora? -minha voz saiu num sussurro forçado e quando me viro, eu o vi ainda de costas.

–Não hoje. -Foi só o que ele disse, deixando incerteza no ar e receio dentro de mim.

Damon, em movimentos sutis, abriu espaço na banqueta e bateu na almofada de camurça vermelha num pedido silencioso para eu ir se sentar ao lado dele. Eu não precisei de um segundo chamado e já estava ali do lado do Salvatore mais velho.

–Então temos um trato? -Ele a lembrou de que ainda falavam do acordo prévio que discutiam. Seus belos e brancos dedos se estenderam para ela, enquanto seus olhos pousavam-nos no dela.

–Sim -Eu levei minha mão até a dele, e num contraste do quente e frio, eles selaram o acordo com um aperto de mãos.

Damon e eu, lado a lado, ombros se tocando, encaramos o piano imóvel por inúmeros segundos, esperando qual seria o primeiro a fazer um movimento ou quem sabe sair dali. Mas nenhum deles sequer se moveu.

–Então –Esbarro no ombro de Damon, tentando me descontrair de todos os sentimentos que corriam dentro de mim naquele momento de nossa proximidade.

–O que vai tocar para mim?

–Ah, esse piano não é mais meu, se lembra? -ele se virou para mim com uma sobrancelha arqueada e um sorriso nos lábios, mostrando Damon a mim como sempre seu malicioso e inquietante gênio.

–Mas eu dou permissão para você tocar.

–Hum, não sei... -Ele fazia seu charme costumeiro.

–Ah, vamos lá Damon! -O encorajei.

Ele virou os olhos nas órbitas, fingindo falta de apreço com o pedido, mas cedeu.

–Tudo bem, tudo bem...

Bati palmas suavemente em comemoração e já ia me levantando para dar lugar a ele, quando uma mão pousou delicadamente em minha perna.

–Não, fique.

A mão que estava ali não usou nenhuma força física para me manter onde estava, mas no momento em que me tocou, mandou uma onda eletrizante de calor pelo meu corpo, comandando-me não sair do lugar, e de fato, eu não quis sair. Acenando a cabeça uma vez, concordei com o pedido e o vi tirar a mão de mim com muita relutância.

Os dedos extremamente habilidosos pousaram nas teclas do piano, mas antes de pressionar qualquer uma delas e fazer com que a melodia enchesse a sala, Damon se virou uma última vez para encontrar os meus olhos e com expressão indecifrável ele correu com o rosto para falar em minha orelha, mas foi impedido por ela, que o fez encará-la, narizes quase se tocando.

Ele entendeu que eu queria olhá-lo, e me permitiu por um momento. Mas antes que Damon traísse seus próprios bel-prazeres com a proximidade inesperada, ele sussurrou somente para eu ouvir, com um hálito gelado, o nome da música, fazendo-a fechar os olhos num piscar de olhos mais demorados.

–Fur Elise

As notas se apresentaram metódicas no início da música, do jeito que eram, mas havia algo diferente. A brandura com que Damon tocava fazia com que a música de Beethoven se tornasse outra completamente diferente. Ele dançava entre as oitavas fazendo com que a repetitividade calculada da composição ganhasse um toque especialmente pessoal. Eu me vi desviando os olhos das mãos de Damon e somente olhando para perfil de seu rosto, enquanto ele tocava absorto. Ele sorriu, sabendo que fazer isso também me faria sorrir.

As notas foram da melancolia da solidão para o júbilo do conhecimento e então para o peso da partida e por fim a revolta e o consentimento. Um ciclo que se fechava. O belo de tais melodias era que você poderia interpretá-las como bem quisesse. E eu, apesar de pensar que sua interpretação fosse bastante peculiar, discorria também que a minha e a de Damon não eram muito diferentes.

A música terminou, trazendo-os de volta para a realidade não tão esperada. Damon a olhou e viu luz brilhando dela. Uma aura de serenidade pairava ao seu redor. Eu ainda não havia desviado os olhos dele e vestia uma expressão de ambos surpresa e encantamento.

–Lindo...

Ele respondeu somente com um sorriso convencido e se levantou, deixando-a hipnotizada.

–Está com sede? -Damon perguntou se afastando devagar sem olhar para trás, sabendo que eu o seguiria.

Eu balancei a cabeça afirmativamente sem nem ter ouvido a pergunta e me levantou para segui-lo aonde quer que ele fosse. Nós dois entramos na ampla cozinha e Damon encheu um copo de cristal com água para mim e entregou a para mim, seus dedos se tocando no processo.

Não pude fazer nada senão olhá-lo com um sorriso suprimido nos lábios. Damon não deixava nada escapar de seus olhos; se ele somente quisesse e pudesse... Mas não. Ele me sentia diferente.

–Agora é sua vez.

–Minha vez? -Pareci não seguir a linha de pensamento que ele tinha.

–Sua vez de tocar algo para mim.

Ri fracamente.

–Como se diz não em italiano?

–Hum, essa é uma palavra que eu não vou te ensinar. -Ele balançou um dedo no ar negativamente.

–Mas se quiser saber qualquer outra... -Damon sugeriu.

Elena pareceu ponderar a oferta e com um sorriso nos lábios continuou.

–Tudo bem, então me ensine qualquer coisa que quiser e se eu achar que valeu a pena, eu toco para você.

Eu sei como afrontar Damon do jeito certo, e isso nos tornavam mais próximos sem nem nós próprios realizarem. Ele precisava ser confrontado, desafiado, pois isso o tirava da rotina pegajosa que sua vida se tornava quando ele ficava no mesmo lugar por muito tempo. E eu, Elena, precisava de um desafio, algo que me fizesse esquecer-se de minha vida por algumas horas, e que me fizesse rir sem que fosse forçado, e não mentir.

Pousei o copo na mesa ali ao lado quando percebi que Damon andava em minha direção com uma expressão no rosto que não se podia rotular como outra senão desejo. Não sabia o desejo pelo que ele tinha, mas se contentava em reconhecê-lo lá presente.

Com olhos estreitados sob as grossas e negras linhas de cílios, pupilas dilatadas a ponto de suas íris quase desaparecerem, e rosto sensualmente sério, Damon deslizou até mim e ali parou a apenas alguns centímetros antes de nossos rostos se tocarem. Eu estava imóvel, imaginava ter até parado de respirar, mas um suspiro escapou por minha garganta traindo minha invulnerabilidade de fachada.

Sentia algo emanando de Damon, algo tão real que conseguia sentir o gosto. Era picante e com um toque açucarado, e por mais que eu tentasse negar, nunca sentira algo a atrair tanto quanto aquilo. Damon, com sentidos mais aguçados do que nunca, sabia o efeito que ele fazia em mim. Então, depois de tantos anos, muito devagar e cuidadosamente, ele baixou a guarda.

Damon levou um dedo até a minha bochecha e por uma, duas, três vezes acariciou a minha pele de cor oliva que ganhava tons rosados com o toque tão candente.

Colore vivace–a voz dele não passava de um sussurro, mas era tão clara e penetrante que eu tinha certeza que se tentasse, eu conseguiria tocá-la

–cor exuberante.

Ele não parou, e a mesma mão subiu até o arco que circundava os meus olhos e num pedido silencioso embutido nos movimentos de suas mãos, Damon me comandou a fechar os meus olhos. Eu o fiz sem hesitar senti e meu corpo responder ao ato com meus pelos eriçando; o perigo de fechar os olhos em frente a um predador.

–Ad occhi chiusi -ele encostou os lábios em cada uma das pálpebras, que permaneciam constantes mesmo com toda a situação, numa tentativa de selá-las debilmente

–de olhos fechados.

Eu senti a respiração de Damon contra a minha boca e num reflexo inevitável, abri os olhos. Ele me olhava intensamente nos olhos, e a mão que perdurava no meu rosto foi coordenada para encontrar meu lábio inferior; o polegar de Damon dançou ali por uma fração de segundos, ou talvez horas, eu não sabia. Foi então que Damon levou a mesma mão para a minha nuca, e chegando seu rosto e lábios perigosamente perto dos meus, falou num último sussurro.

–Labbro molto soperbo -eu não sei se aquilo foi um beijo, mas ela sentiu algo passar por sobre seus lábios, muito, muito levemente

–lábios muitíssimo magníficos.

Eu estava num estado tão hipnótico que tinha certeza não estava usando o colar de verbena, que naquele momento só lembrava remotamente. Damon não me mais tocava, mas sua proximidade só era por alguns centímetros menores. Nós ainda nos olhávamos intensamente, Eu estava muito confusa e um toque de prazer estampado no rosto e Damon.

Eu pude afirmar com toda a certeza que quando Damon se afastou mim para encostar-se a mesa ali ao lado, eu senti falta de algo, como se parte de mim fosse arrancado à força e sob protestos.

Pov. Damon.

Eu podia dizer o mesmo. Eu nunca senti falta de nada depois que eu fora introduzido para minha segunda vida. Aliás, eu acreditava ter nascido para isso, mas naquele momento em que eu estive tão perto de dela, o desejo de beijá-la foi tão grande que eu imaginei ter conseguido passar parte de meu pensamento para ela; EU se sentiu como se estivesse dividindo seu sangue com Elena. Predadores e presas comumente dividem pensamentos e sentimentos quando trocam sangue, e por isso que Damon se encontrava intrigado; exatamente pelo fato de que os dois não chegaram nem perto de fazer tal troca.

Damon sentiu a sede arder em sua garganta e seu estomago gritar em processo. Mas eu cacei ontem! Ele não conseguia reprimir a vontade de seduzir Elena, que estava ali na sua frente, já abalada com o excesso de charme que ele havia lançado nela... Não! Ele tinha que se controlar. Sempre se controlava tão bem na frente de humanos, nunca sentira vontade de atacá-los se não fosse necessário... mas agora era necessário.


–Damon? -Elena perguntou com um pouco de receio na voz. -Seus olhos...

–O quê? -Falei retoricamente, levando as mãos para os olhos. A fome.

–É melhor você ir, Elena... –A minha respiração, já era errática, tentei parar de respirar para não sentir o cheiro cativante que Elena liberava naquele momento.

Me viro de costas para ela, tentando me concentrar somente no vento que entrava pela janela aberta que estava ali na cozinha e levava minha fome matadora embora.

Uma mão posou no meu ombro, a mesma mão que eu balançara há pouco tempo para fechar um acordo.

–Eu disse... que era melhor você ir... -Já não suportava mais

–Eu não posso... -ela soou triste.

–Por que... Não pode?

Elena, frustrada com o fato de eu não me virar para ela, deu um passo para frente e me contornou, ficando frente a frente comigo.

–Porque eu tenho uma música para tocar para você.

O que ela viu quando levantei a minha cabeça para encará-la, não a abalou nem por um segundo. As veias protuberantes circundando os olhos e as órbitas vermelhas já eram características corriqueiras para ela. Enquanto nós conversávamos sem palavras, o meu rosto ganhou uma sombra de derrota. Elena se sentiu mal por ver o quanto eu sofria para não atacá-la ali naquele momento.

Mas tão rapidamente que o olhar de derrota chegou, eu fui e no lugar ficou o olhar calculista de sempre.

–Eu preciso ir... –Falei, me virando e começando a andar para a porta de entrada.

Elena sabia que eu iria caçar.

–Não! -Ela me segurou pelo braço enquanto me seguia pela casa. Eu iria sair para caçar e provavelmente mataria a primeira vítima que conseguisse colocar as mãos. E seria culpa dela, pois se nós não tivéssemos ficado tão perto...Se ela não fosse mais humana... Ela não podia ficar pensando nisso.

–Tome o meu...

O silencio pairou sobre nós, pelo que pareceu ser eras, até que eu me virei para ela, com os olhos ainda sedentos, e andei em direção a ela.

–Elena, eu não sou Stefan, se você me oferecer seu sangue, eu não vou dizer não. –Eu soava como o predador que eu era e pareci estar tentando assustá-la com as palavras, mas ela sabia melhor que isso.

–Eu sei que você não vai me machucar, e também sei que você esteve caçando, então não vai precisar de muito para saciar sua sede... -Ela soava mais firme do que realmente se sentia.

Sem receber resposta, Elena tirou seus cabelos compridos da frente de seu pescoço e o jogou para o outro lado, se aproximou de mim muito vagarosamente e perto o suficiente; Levantou o queixo, batendo dois dedos na pele macia que ficava ali.

Eu a olhei perplexo, não podia acreditar que ela se doaria assim tão facilmente, olhei para o pescoço esticado de Elena a menos de trinta centímetros de distância e viu suas veias pulsantes pedindo para serem sugadas. Eu nunca vira pele tão sedosa num humano quanto à dela, e o cheiro enchia suas narinas, Elena é a minha droga.

Não havia mais como evitar.


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Notas finais do capítulo

Por favor lindos comentem!!! Ficarei muito feliz por isso...



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