A caminho de casa escrita por Liah


Capítulo 6
De volta a vida


Notas iniciais do capítulo

Gente, cadê o Team Edward do Nyah? preciso seriamente incluir cenas Bella&Edward, ou o Dylan vai ganhar em disparada hahaha
Mas quem é que não se apaixona por um lindo badboy reformado? ♥



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Bella

– Bella! Finalmente voltou. Temos tanto papo pra por em dia...

Era Alice, que parou assim que me viu, com um sorriso congelado no rosto, sem saber se olhava para mim, para Dylan, ou para nossas mãos unidas.

– Desculpe, acabamos nos distraindo - eu disse rindo para Dylan enquanto o sorriso de Alice ficava ainda mais estranho e eu ouvia alguns tossidos dentro de casa. Bem, ela que pensasse o que quisesse com isso. Eu não ligo pro que Edward pensa. Pro que nenhum deles pensa, é claro.

– Oh, bem, é claro. Agora está aqui, precisamos conversar, você tem que me contar tudo sobre o tempo que passamos separadas - Ela foi me puxando pra uma mesinha próxima e seu sorriso voltou a ser sincero. Sério? Ela acha mesmo que vamos conversar como duas velhas amigas e é isso? Tudo volta as boas?

– Nós não teríamos tanto pra por em dia se você não tivesse sumido do planeta por tanto tempo Alice - Não pude disfarçar minha voz azeda.

– Ah, Bella, você sabe que não foi minha culpa. Achei que seria mesmo melhor você passar um tempo sozinha, pra, bem, pra se recuperar. - Ela deu de ombros, como se isso explicasse tudo.

– Sei.

– Bella, você é minha melhor amiga, senti tanto a sua falta.

– Desculpe Alice, mas você é uma bela porcaria como melhor amiga. - Quando dei por mim já tinha saído. Alice me olhava com olhos arregalados e a boca aberta em um pequeno oh. Eu estava sendo dura, mas, infernos, sua mania de fingir que nada estava acontecendo me irritava sobremaneira. Seus ombros caíram e ela me olhou com a expressão triste.

– Você me odeia né? - Disse tão baixinho, parecendo tão ferida que por um momento eu me arrependi.

– Eu não te odeio. É só que, não é possível que você não tenha visto nada do que aconteceu comigo ano passado. E você não me deu sequer um telefonema! Eu sei que Edward provavelmente pediu pra você se afastar, ele mesmo me disse que seria como se não existissem - eu fiz uma pausa pra que a minha voz não se quebrasse com as lembranças de quase um ano atrás e Edward se despedindo na floresta. - Mas que tipo de amiga abandona assim?

– Eu sei, eu sei. Mas é que o futuro de vocês era tão certo. Eu realmente achei que era só uma questão de tempo até você ser uma de nós. Edward estava sofrendo tanto, ele não ia aguentar muito mais tempo... - Espera, o quê? Edward estava sofrendo? Mas Alice não continuou, aparentemente se dando conta de que falou demais. Esperei que algum protesto acontecesse dentro da casa, mas nenhum som veio de lá. Alice buscou meus olhos com os seus e segurou minhas mãos encima da mesa. - Querida, por favor, dê uma chance a ele. A todos nós na verdade. Todos nós já a contávamos como família e foi muito difícil deixá-la. - Eu ouvi um bufo e pensei imediatamente em Rosalie. Com certeza ela teria algo a acrescentar nessa conversa. - Eu sei, eu devia ter mandado Edward pro inferno e mantido contato com você, mas acho que no final das contas sou apenas uma vampira.

Com essa eu tive que rir, Alice é minha melhor amiga apesar de tudo, e eu senti imensamente sua falta. As risadas morreram e Alice ficou um pouco mais séria.

– Acha que pode me perdoar? - suspirei.

– Eu posso Alice, só me dê um tempo, ok?

Quando entrei na sala, Rosalie se levantou largando a revista de lado e correu para fora, como se minha presença fosse infecciosa. Eu fui atrás. Estou de saco cheio da atitude mesquinha dessa loira mimada.

– Qual o seu problema comigo. - Ela pulou pra trás antes que o capô do seu conversível vermelho pegasse seus dedos. Estava tão furiosa que não me importei com as consequências dos meus atos.

E vendo sua expressão, tão impressionantemente zangada quanto a minha, achei mesmo que ela fosse me agredir. Mas sutilmente ela mudou e seu olhar foi parar nos seus pés.

– Desculpe. - Oh.Meu.Deus. O mundo está ao contrário. Acho que é a primeira vez que duvido que não tenha realmente morrido na clareira aquele dia. Porque sério, não é possível que, dentre todas as pessoas, seja Rosalie, RO-SA-LI-E, que esteja aqui na minha frente com os olhos no chão me pedindo desculpa no tom mais humilde que já vi.

– Como disse?

– Eu to pedindo desculpa, tá legal?! - Lá estava o tom mais parecido com o dela mesma, mas quem era eu pra reclamar? Tudo o que consegui fazer foi ficar olhando chocada.

– Bella, você faz alguma ideia, qualquer ideia, do porque eu te detestava?

– Detestava? - minha voz soando sarcástica ao enfatizar o verbo no passado.

– Ah, qual é, colabora! - Ela disse exasperada. Preciso me comportar.

– O que ta tentando me dizer Rosalie?

– Eu não detestava você - Eu tenho várias coisas pra falar sobre isso, mas decido esperar. - Eu tinha inveja de você - Ah! Ta! - Você era humana, Bella. Tinha uma escolha que eu não tive. Trocaria tudo, e quero dizer tudo mesmo, pra ter essa escolha. Sempre fui contra seu relacionamento com Edward, porque eu queria que você fizesse uma escolha melhor. A escolha que eu queria fazer. Isso não é vida, Bella. Nunca foi. Mesmo amando minha família e Emmett, nós estamos parados no tempo, nunca realmente fazendo parte do mundo. - Ela fungou triste, depois me olhou com um meio sorriso.

– Mas acho que é o destino não é? No momento em que cruzamos sua vida você estava perdida. No fundo acho que eu sempre soube. Eu só queria que você tivesse sua melhor chance. Que terminasse a escola, fosse pra faculdade, namorasse garotos idiotas pra poder valorizar aquele que valeria a pena, dividisse sorrisos, sorvetes e histórias, e aí talvez dividisse um apartamento e a vida com ele. Queria que tivesse filhos, que envelhecesse, que visse netos e os curtisse em dias de sol. Que tivesse tudo aquilo que nenhum de nós nunca mais poderemos ter.

Rosalie parecia tão triste, tão sincera. Me senti muito culpada pelo meu cinismo quando ela começou a falar. Pra quem olhasse agora, pareceria que ela era mais como uma mãe que não sabia lidar com a filha aborrecente e pirracenta.

– Eu também não tive escolha Rosalie. Quando estava sendo transformada realmente desejei morrer a ter que passar por aquilo só pra viver uma eternidade sem... - Eu ia dizer sem Edward mas me parei a tempo e balancei a cabeça negativamente - Não importa mais, eu sei que prefiro essa vida à alternativa.

Ficamos um momento num silêncio constrangedor, até que ela me perguntou o quanto eu entendia sobre carros. Minha resposta risonha foi "nadinha", e quando dei por mim estávamos debruçadas sob um motor, sujas de graxa e rindo como duas meninas.

Depois que a noite caiu e eu já havia me limpado, resolvi enfrentar a última D/R do dia. Eu estava relutando com isso há dias, com medo do que me esperava do outro lado, mas finalmente peguei o telefone e uma voz sonolenta e rouca atendeu.

– Oi Jake?

– Bella?

– Sou eu.

– Bella! Finalmente ligou, estava louco de preocupação.

– Não tem porque se preocupar. Estou bem. Liguei pra saber da minha mãe.

– Ah. Eu inventei uma história de que você estava viajando com a caminhonete, que precisava de um tempo sozinha. Ela foi bem compreensiva na verdade, mas é melhor ligar pra ela. Logo.

Um silêncio incômodo caiu.

– Pergunta logo o que quer Jake.

Eu ouvi quando ele soltou um palavrão, e ri o imaginando levantando a boca do telefone pra cima, sem tirar o aparelho do ouvido, deixando a mão num angulo estranho ao invés de simplesmente afastar o telefone totalmente com a mão, como qualquer pessoa normal. Sinto uma imensa saudade de Jake e seus detalhes.

– Olha, eu não sei se to pronto pra resposta.

– Deixa eu ver se adivinho então... Eu só me alimentei de animais? - Minha resposta soou mais como uma pergunta, mas eu sabia que só esse assunto deixaria Jake tão desconfortável, geralmente ele não tem papas na língua.

– Sim, era isso - seu alívio era palpável, e, dessa vez, o silêncio foi confortável.

Quantas vezes não ficamos assim, apenas curtindo o silêncio um do outro? Sabendo que não importava o quê, sempre teríamos um ao outro naquela garagem. Será que um dia voltaríamos a ter isso?

– Huum, Bella?

– Sim.

– Eu fui até sua casa. A casa de Charlie. Eu vi suas coisas embaladas. Sei o que estava fazendo naquela clareira, e eu entendo. De verdade. Me promete uma coisa?

– Qualquer coisa.

– Promete que vai seguir com os seus planos. Não importa o quê você é agora, eu sei quem você é e você merece viver Bella. Eu nem sei se você estava consciente mas me pediu para matá-la enquanto se transformava. Eu não podia, nunca vou poder. Então continue com o plano e viva ok? Dê um jeito de ser feliz Bells, por você, por Charlie e por mim. Tem que prometer que será feliz.

– Eu prometo Jake - minha voz partiu, estava tão tocada que ele ainda se importava comigo, ainda sabia dizer exatamente o que eu precisava ouvir. - Jake? Eu sei que me disse pra nunca mais voltar à Forks, mas acha que conseguiríamos encontrar um lugar neutro? Um em que eu fosse somente a Bella, e você somente o Jake, dois amigos com uma conexão inexplicável, sem vampiros ou lobos? Você acha que a gente vai conseguir achar o caminho de volta pra casa Jake?

Eu pude ouvir ele respirando fundo e prendi a respiração. Foi por isso que evitei essa conversa, porque essa é a unica pergunta que importa, e cuja resposta é a que mais temo ouvir. Jake foi meu lar, mas será que ainda conseguiríamos ser isso um pro outro?

– Sempre Bella. Sempre.

Edward

"O tempo passa.Mesmo quando isso parece impossível. Mesmo quando cada tique do relógio faz sua cabeça doer como se fosse um fluxo de sangue passando por uma ferida. Ele passa desigual, em estranhos solavancos e levando a calmaria embora, mas ele passa. Mesmo pra mim."

Mais uma manhã de sexta-feira, o dia em que Bella cozinhava tudo o que via pela frente. Quando ela decidiu que usaria a comida, que comprávamos apenas para disfarçar, para realmente cozinhar e fazer uma refeição decente para aqueles que não tinham nada, eu fiquei feliz. Realmente feliz desde a primeira vez que a reencontrei. Vi um pouco da antiga Bella e não foi só pela bondade. Eu sabia que ela adorava cozinhar, sempre pareceu uma alquimista brincando com suas panelas. Vi a satisfação dos outros humanos que provavam sua comida, e sabia que ela cozinhava bem. Pela primeira vez achei uma brecha em sua armadura. Mas ao entrar na cozinha na primeira vez que ela foi pra lá, tive minhas dúvidas se Bella realmente estava tentando qualquer contato com seu antigo eu.

Pra começar, ela estava muito bem vestida. Nada daquelas roupas super confortáveis que usava. Com certeza aquela combinação de saia e bota era coisa da Alice, mas Bella não parecia se importar. Então tinha a música. Bella estava com fones de ouvidos e cantarolava algumas partes da música que ouvia, deixando tudo desconexo e muito alegre. Com um pouco de concentração identifiquei a música Bang Bang. E não, não era a versão de Nancy Sinatra. Onde estavam os clássicos, o rock? E então eu reparei em seus movimentos. Bella estava dançando. Entre mexer em suas panelas e pegar um prato ela rodopiava e rebolava pela cozinha. Quente como o inferno. Ainda assim nada parecida com a garota tímida que eu conheci. Quando ela finalmente parou de ignorar minha presença, achei que faria algum comentário irônico, ou simplesmente me mandaria embora. Mas ela me deu um sorriso convidativo e um beijo de bom dia.

– Seria ótimo ter um humano por perto agora, simplesmente não consigo achar que isso está bom. - Disse bem humorada apontando para as panelas. Me senti pior do que se ela não tivesse falado nada. Agora era assim, eu era mais um convidado em sua casa. Uma visita. Um expectador de seus dias. Alguém distante que veio visitar e precisava ser bem tratado. Um primo.

Com o passar das semanas ela perdoou a todos na minha família, e os tratava com a intimidade dos familiares que cresceram juntos e fazem questão de se visitarem nas festas e feriados para que saibam que estarão por perto quando precisarem.

O mais surpreendente foi a forma como estreitou seus laços com Rosalie. As duas se tornaram confidentes e realmente se divertiam juntas enquanto Rose tentava ensinar mecânica pra Bella.

Essa era mais uma de suas facetas, ela queria aprender sobre tudo. Se interessava por absolutamente tudo. Passava horas discutindo decoração e moda com Alice, Esme e Tanya, praticando qualquer esporte e luta com Emmett, ouvindo sobre história e assistindo à filmes clássicos com Jasper, e conversando com Carlisle sobre qualquer coisa. Também evoluía em seu treinamento com Eleazar e aceitava qualquer proposta que Carmen ou Kate fizessem. Talvez exceto por Irina, todos estavam cativados por Bella.

Para meu tormento, a maior parte do seu tempo era passada com Dylan. Quantas séries é possível que exista no mundo pra que eles tenham tanto assim pra assistir? E que tanta graça tem em passar um dia inteiro na floresta? Quem é que sai pra caçar todos os dias? E o sorriso, aquele maldito sorriso que ela reservou somente pra quando ele aparecia. Não era nada parecido com o que ela dava pra mim quando humana, mas o quê nela ainda era parecido com a Bella humana?

Todo mundo tinha um pedaço da Bella. Algum programa que estavam sempre esperando pra poder fazer com ela. Eu vi esses vampiros caçarem, se esconderem em seus quartos com seus parceiros e encontrarem qualquer distração que os ajudasse a passar a eternidade mais depressa, sem realmente aproveitar o tempo por quase um século. Bella trouxe vida de volta para os dias de todos ao seu redor, menos para os meus.

Eu sempre a observava a distância, esperando por aqueles preciosos momentos em que ela era cortês comigo. Tentando chamar a atenção dela pra qualquer talento que eu tivesse, pra, quem sabe, ela querer aprender qualquer coisa comigo também. Inferno, estava atento a tudo a sua volta pra saber se havia qualquer coisa que eu pudesse aprender apenas pra poder ensiná-la se assim ela quisesse. Mas mesmo quando não haviam pessoas por perto pra preencher o seu tempo, ela encontrava coisas pra fazer sozinha, fazia contato com sua mãe e seus amigos de Forks, trabalhava em projetos pessoais que eu me coçava pra ver, mas que ela mostrava a todos, menos pra mim. É claro que eu via pela mente deles, mas eu queria que ela me deixasse participar de propósito, e não por osmose. Bella nunca me procurava diretamente, e isso estava me matando.

Ao mesmo tempo em que ela se mostrava feliz e simpática comigo, jamais me deixava pertencer às suas intimidades como fazia com os outros.

E então tinha Tanya, disposta a qualquer coisa que eu propusesse, aparentemente a única alheia aos meus sentimentos por Bella.

Vi Bella patinar no gelo com Dylan. Que ótimo, mais uma atividade pra rotina do casalzinho. Eu não tinha mais nem uma gota de auto controle e decidi aceitar o convite de Tanya pra ir a um pub não muito longe. Estava claro que ela queria um encontro, e eu estava num humor tão ruim que não fiz a menor questão de chamar mais ninguém. Com certeza Tanya me acharia a mais escrota das companhias e nunca mais me chamaria pra nada.

Depois de um caminho silencioso e de recusar sem a menor consideração o convite dela pra dançar, me sentei em uma mesa afastada. Não, a única que eu queria só podia ver dançando em pequenos momentos roubados quando a observava alheia a minha presença na cozinha.

Tanya estava surpreendentemente quieta, concentrada em fingir que bebia seu drink. Quando a olhei ela falou muito baixo, quase que para si mesma.

– Você sabe que eles não estão juntos não é?

Ah, então até ela reparou.

– Ainda.

– E você vai deixar isso acontecer porque...

– Como assim deixar? Ela não me dá o menor espaço!

– Ah não? Bem, eu nunca ganhei beijos de bom dia. - sério? - Bella é uma vampira, que controla a mente. Edward, acorda, se tem alguém que nunca deixa de perceber a presença de outrem, é ela.

Dizendo isso ela saiu para flertar com o humano mais próximo e dançar, me deixando sozinho com os meus pensamentos. Tanya estava me chamando de estúpido. Não que eu já não me sentisse assim por ter abandonado Bella em primeiro lugar, mas dessa vez me senti estupido por motivos diferentes. E se em todo esse tempo que passei agonizando em ciúmes e me ressentindo pela falta de atenção de Bella, ela estivesse apenas esperando que eu me aproximasse? Eu estava tão focado em esperar qualquer distração dela pra me aproximar, que não percebi que ela já havia feito o primeiro movimento em minha direção.

Horas depois, Tanya voltou pronta pra encerrar a noite. Sua dica havia melhorado tanto o meu humor que eu nem me importei em esperar. Eu merecia esse chá de cadeira por ter sido tão grosseiro.

– Me desculpe Tanya. Arruinei sua noite?

– Oh, querido eu não deixaria ninguém arruinar minha noite.

Ela disse e gargalhou e eu estava tão feliz com as novas perspectivas que joguei a cabeça pra trás e ri também.

Eu ia lutar por Bella.


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