Bargain escrita por Grace


Capítulo 11
Family


Notas iniciais do capítulo

Oi queridos e queridas! Como estão? Bem, espero que gostem desse capítulo, que está cheio de surpresas! Beijos, até o próximo e comentem, por favor!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/641719/chapter/11

Tris

Eu acordei com uma claridade anormal me cercando. Abri os olhos lentamente, tentando ignorar a dor de cabeça. Ressaca. Eu não devia ter bebido tanto ontem a noite. Parecia que eu ainda estava um pouco tonta.

Tobias estava ao meu lado, ainda parecendo sonolento. Eu comecei a rir quando percebi que havíamos dormido dentro do carro porque estávamos sem condições de ir embora. Ele pareceu perceber do que eu estava rindo, e gargalhou também.

— Você tem noção do que podia ter acontecido — Ele perguntou, assim que conseguimos parar de rir.

— Eu prefiro pensar que não aconteceu nada demais — Eu respondi, tentando me mexer. Tudo doía. Desde os meus pés, passando pelas costas, pescoço até chegar à cabeça — Pensar em coisa negativa atrai coisa negativa. Prefiro evitar.

— Você sabe quantas horas? — Ele perguntou. Me movi lentamente, até conseguir enxergar os ponteiros do meu relógio.

— Dez para às onze — Eu respondi, pensando em como esse lugar ficava morto e sem movimento pela manhã. O carro estava isolado no estacionamento, e ninguém parecia ter notado que tinham duas pessoas dormindo lá dentro.

— Droga, droga, droga — Ele xingou, acertando a mão no volante.

— O que foi? — Eu perguntei, olhando para ele e aguardando uma resposta. Tobias raramente expressava uma reação explosiva.

— Hoje é o dia tradicional da família — Ele deu de ombros — O dia que a minha família toda se reuni, para manter o contato e blá blá blá. Esse ano é lá em casa e eu jurei para a minha mãe que eu ia. Sempre começa de manhã e vai até a noite.

— É só ir agora e falar que o celular acabou a bateria e você acabou perdendo a hora — Eu disse, dando de ombros — Eu posso pegar um táxi pra ir embora, assim você não perde tempo me levando em casa.

Tobias segurou a minha mão.

— Você não quer ir comigo? — Ele perguntou, fazendo uma carinha fofa — Eu odeio esses dias com a minha família. Faltei nos últimos quatro anos. Só vou nesse porque minha mãe me fez jurar que eu iria — Ele fez uma pausa, respirando fundo — E a minha cara de ressaca não vai fazer ninguém acreditar que eu perdi a hora por conta do despertador. Vai comigo, por favor.

— Tobias, eu não quero atrapalhar —Eu disse. Eu tinha visto Evelyn e Marcus apenas uma vez, de longe — Sua mãe pode não gostar. Eu nem conheço a sua família.

— Ótimo dia para conhecer — Ele argumentou — E outra, minha mãe já acha que nós somos um casal desde o dia da festa da empresa. Por mais que eu diga que somos amigos, ela continua achando um máximo eu estar namorando — Ele riu — Sem contar que você vai me fazer um favor — Ele sorriu — Por favor, Tris.

— Tá bom, tá bom — Eu disse, ainda pensando o motivo das pessoas sempre acharem que nós éramos um casal. Nós nunca nos beijávamos ou qualquer coisa assim em público. Acho que só o fato de andarmos muito juntos e conhecermos praticamente tudo da vida do outro ativava a imaginação das pessoas. Nós já tínhamos desistido de argumentar que éramos amigos. — Só vou porque vai ter comida e eu estou morrendo de fome.

— Vou aceitar essa desculpa, mesmo sabendo que você está indo só para poder passar o domingo inteiro comigo — Ele disse, rindo e ligando o carro em seguida.

— Vou fingir que eu não escutei isso — Eu respondi, abrindo o vidro e deixando o vento frio entrar — Você que implorou pela minha companhia. Acho que sabemos quem que está louco para passar o domingo com quem.

Ele riu. Ficamos em silêncio por alguns segundos. Pensei que além de Evelyn, a mãe de Tobias, eu provavelmente teria que conhecer Marcus, que, pelo o que eu sabia, não ia tanto assim com a minha cara.

— Até onde você se lembra de ontem a noite? — Ele perguntou, me tirando dos meus devaneios.

— Don't go breaking my heart, I couldn't if I tried — Fiz uma pausa, rindo — Honey if I get restless, baby you're not that kind — Ele balançou a cabeça, como se não acreditasse se tivesse cantado bêbado na frente de várias pessoas — E você?

— Mais ou menos até aí também — Ele diz, virando em uma rua meio deserta — Sei que nós dançamos bastante depois, mas não me lembro de termos saído do pub.

— Eis um mistério que nunca vai ser solucionado — Eu respondi, enquanto ele estacionava o carro em frente a uma mansão — Mas pelo menos nós conseguimos chegar no carro, o que já é alguma coisa — A casa estava apinhada de carros na frente.

— Chegamos no carro mas não conseguimos ligá-lo — Ele riu e depois fez uma pausa, mudando de assunto — Bem vinda ao purgatório — Ele disse, rindo, apontando para a casa. Nós descemos do carro e nos dirigimos até a porta. Tobias tocou a campainha.

Segundos depois a porta se abriu, e uma sorridente Evelyn Eaton apareceu na porta. Ela deu um abraço em Tobias.

— Mãe, essa é Tris — Ele disse e Evelyn também me deu um abraço. Ela parecia feliz por estar me conhecendo. Logo em seguida nós entramos no belíssimo hall.

— Pensei que você não vinha, Tobias — Ela disse, me parecendo satisfeita por o filho ter ido. Se eu tivesse que arriscar, eu arriscaria que Evelyn duvidara que o filho iria aparecer.

— Hã — Ele começou — Eu e Tris acabamos que… hã, nos atrasando — Como Tobias era péssimo com desculpas. Eu segurei o riso.

Evelyn começou a rir, e em seguida nos guiou para a sala da casa, que estava apinhada de gente. A família de Tobias estava espalhada pela sala, ocupando cadeiras, sofás, tapete e chão. Tobias abanou a mão para os familiares e eu dei um sorriso tímido, já que todos eles tinham decidido me encarar.

— Bom, essa é Tris — Evelyn disse, quebrando o silêncio que tinha e instalado na sala. Eu não sabia se as pessoas estavam olhando pra mim porque achavam que eu era namorada de Tobias, ou se elas encaravam porque nós dois, claramente, estávamos com cara de ressaca, sem contar as roupas amassadas e que obviamente não seriam roupas para usar de dia, num encontro de família. Talvez eles olhassem por todos os motivos.

Tobias me puxou para o outro canto da sala. Eu ainda consegui ouvir Evelyn conversando com umas mulheres que estava no canto, e dizendo algo parecido com “Ela é ainda mais bonita de perto”. Tobias cumprimentou as pessoas que estavam ali. Provavelmente eram os primos dele. Alguns da nossa idade, alguns poucos anos mais velhos e alguns mais novos.

— Bebeu muito ontem a noite, T? — Um cara alto e barbudo perguntou, fazendo os outros rirem.

— Até onde eu me lembro, bebi bastante, Aus — Tobias respondeu, rindo.

— Vocês estão mesmo parecendo que tomaram um porre ontem. Sem contar o cheiro de bebida impregnado em vocês — Um outro cara falou. Eu e Tobias caímos na risada — Eu só não entendi o porque das roupas amassadas e essas caras de sofrimento.

— Bem, nós não sabemos como, mas conseguimos chegar até o carro — Tobias falou — Mas, aparentemente, não conseguimos ligar o carro. Essa é a cara de quem dormiu, bêbado, dentro do carro, num estacionamento de um pub no centro da cidade — Ele olhou pra mim e deu um sorriso fofo.

— E quanto a cara de sofrimento — Eu falei, tentando estralar minhas costas — Eu estou quebrada. Acho que não tenho mais idade para noitadas.

— Fala sério, Tris — Tobias disse, rindo — Você é a rainha das noitadas.

— Fazia tempo que eu não bebia desse tanto — Eu disse, enquanto ele puxava os meus braços para trás, para alongar — E ter dormido de mal jeito não ajudou muito — Bati o olho na TV ligada ali perto. Estava passando futebol americano. Patriots versus Steelers — Quem tá ganhando?

— Patriots — O tal Aus respondeu — Você torce pra eles?

— Acho o Tom Brady gatíssimo, mas não. Eu sou Chicago Bears — Eu respondi, dando de ombros.

— Gata, gente boa e ainda torce pros Bears. Tobias, você está autorizado a casar com ela — Eu e Tobias começamos a rir. Era realmente difícil explicar para as pessoas que nós não éramos um casal. Quase ninguém acreditava nisso, então não respondíamos nada.

O tempo esfriou mais ainda, e eu estava congelando com a minha blusa de alça fina. Tobias me puxou pela mão e me levou até o antigo quarto dele. Ainda tinha algumas peças de roupa ali, e ele pegou um moletom pra mim e um pra ele.

— Bom, pelo menos o moletom vai disfarçar um pouco o cheiro de bebida — Eu disse, rindo, embora eu não estivesse sentindo cheiro nenhum — Cujo eu não estou sentindo.

— Nem eu — Ele disse, rindo — os caras devem estar só enchendo o saco, como de costume. É a cara deles fazer isso.

Tobias apertou a minha bochecha de leve. Ouvi quando a campainha tocou. Eu e Tobias descemos as escadas novamente. Estava na hora do almoço.

— Ah, e aqui está ele — Ouvi a voz de Evelyn. Olhei pra frente para ver com quem ela falava. E então eu paralisei, prendendo a minha respiração — Esse é meu filho, Tobias, e a namorada dele, Tris. Queridos, esses são Andrew e Natalie Prior, Caleb e a namorada dele, Susan.

Tobias estava sem palavras. Ele tinha percebido quem eles eram assim que a mãe havia dito o sobrenome. Ele engasgou e os cumprimentou brevemente. Eu apenas os encarei friamente. Segundos depois, Tobias me puxou para fora da sala.

— Tris, eu… — Ele começou, assim que chegamos na área de lazer da mansão. Ele parecia preocupado.

— Tobias, está tudo bem — Eu disse, dando um sorriso pra ele. — Eu só fui pega de surpresa, não esperava vê-los aqui, é só isso.

— Tris, eu juro que não sabia que eles viriam aqui hoje — Ele disse, me parecendo chateado — Na verdade, eu nem sabia que meus pais os conhecem e…

— Está tudo bem, de verdade — Eu disse, e ele me abraçou forte e me seguida me deu um beijo na testa — É só que das poucas vezes que eu os vi, depois de ter saído de casa, eu nunca tinha sido pega de surpresa.

— Nós podemos ir embora, se você quiser. Posso falar pra minha mãe que não estou me sentindo bem e…

— Tá tudo bem, de verdade — Eu disse, segurando a mão dele. Ele me abraçou novamente. Nesse momento, Evelyn apareceu para nos avisar que o almoço ia ser servido.

Entramos na sala em silêncio. Tomamos cuidado para nos sentarmos o mais longe possível da minha família.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Deixem um comentário e faça alguém (vulgo eu) sorrir! :)