Além das Fronteiras. escrita por Soph White


Capítulo 2
Irã, o esquentadinho.


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, eu queria agradecer a todos aqueles que comentaram no capítulo anterior. Sério, cada comentário (sem exceções) me deixaram com sorrisos enormes no rosto. Também queria agradecer pelos 10 favoritos e os 37 acompanhamentos, sério, muito obrigada. A fanfic está sendo tão bem recebida que escrever ela é mais do que divertido: É mágico!
Eu gostaria de explicar algumas coisas sobre a fanfic:
1. O nome dos personagens segue a ordem: Capital + Nome do país.
2. Não é que a fanfic é cheia de rótulos. Cada país vai ter seu amadurecimento ao decorrer dos capítulos (que eu torço para serem bastantes!).
3. Os acontecimentos, ou guerras no caso, seguirão uma ordem cronólogica (exceto um, a independência dos Estados). As guerras, tratados, etc.
E... Boa Leitura! o/



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Para Inglaterra, a psicologia sempre foi algo que ela almejava. Na escola, ela sempre era a pessoa escolhida para ajudar durante as brigas. Seus conselhos eram famosos até mesmo no campus, onde mais de meia dúzia de pessoas a procuravam diariamente pedindo ajuda para diversos assuntos.

Por isso, quando se formou, tinha certeza de que lugar iria trabalhar. Uma escola. E não foi difícil decidir que seriam com estudantes do ensino médio, isso por que do ponto de vista dela, eles eram o que mais precisavam de ajuda.

Problemas familiares, amores não correspondidos, relações, discórdias... Era isso que ela esperava quando aceitou o emprego de substituta no colégio The Earth, um internato. Era um bom começo, pensara.

Estava errada.

Ela já havia imaginado diversas de situações e depoimentos em sua cabeça, elaborando uma resposta inteligente e polido para cada um deles. Estava orgulhosa, seu primeiro emprego certamente iria dar certo e consequentemente — sem planejamento, ela insistia —, ela conseguiria o emprego permanente como psicopedagoga.

Contudo, não havia arquitetado uma resposta para aquilo. Justamente, porque não tinha elaborado aquela situação. Nunca tinha imaginado que o seu primeiro paciente seria o pior começo possível: Teerã Irã.

E nem era por que ele não falava nada, o que era o desafio que ela imaginava enfrentar. Na verdade, ele falava demais, opinava demais. Esse era o problema. Ela já sabia que ele fazia parte do clube de debate, mas suas opiniões eram extremamente elaboradas e retóricas, como se ele as ensaiasse todos os dias no espelho antes de ir para o dormitório.

Ela duvidava que ele fizesse outra coisa com espelho, não que ele fosse feio. Era bem bonito na verdade. Mas, seu cabelo bagunçado e roupas amassadas, revelavam que ele não se preocupava muito com sua aparência. Certamente era ele que cuidava das próprias roupas, por isso o estado.

— Eu deveria recomendar psicólogos homens da próxima vez... — Escutou ele falar, distraído com alguns livros que ficavam na estante no fundo da sala.

E aí estava a atitude dele que ela mais odiava. Sua implicância anormal — e detestável — com as mulheres. Ela já sabia dessa sua implicância, já que ela era um dos principais motivos para seu histórico estar repleto de reclamações. Mas, para Inglaterra, que sempre ousou gritar para o céu e o mundo o quanto as mulheres poderiam ser independentes, provando seu valor sem precisar de homens, aquilo era no mínimo incomodativo.

No mínimo, porque Inglaterra se esforçava o máximo para não expressar sua verdadeira opinião sobre aquilo. Que Irã era um grande bastardo por pensar assim. O problema é que era a professora e ele o aluno, e bem... Não era do seu feitio ser assim.

— Irã. — Ela chamou, apreensiva. Os olhos castanhos do jovem a miraram indiferente. — Eu realmente estou curiosa em saber por que tanto desprezo pelas mulheres.

— E por que você quer saber o motivo?

— Porque eu não concordo nem um pouco com isso.

Os olhos indiferentes de até então, a miraram com surpresa. Não que ela fosse a primeira pessoa a não concordar com ele, afinal até França fazia isso. Mas, a última mencionada murmurava um "Dane-se a sua opinião e a dos outros, vamos falar de outra coisa". Até mesmo a diretora evitava falar sobre o comportamento dele, limitando-se apenas a exigir que ele não descontasse nas pessoas.

Um brilho de divertimento surgiu em seus olhos, quando ele finalmente decidiu perguntar, colocando os cotovelos sobre a mesa:

— Não concorda? Me diga o por quê disso.

Era perceptível até mesmo para a loira, que Irã estava se divertindo demasiadamente, enquanto esperava pela resposta dela. Ela não gostava do fato dos papéis estarem se invertendo, por isso recrutou desconfortável:

— Acho que quem deve exigir respostas sou eu, não você.

Teerã deixou escapar um longo suspiro ao ouvir a resposta dela. É, nada de diferente. Ela era como todo mundo afinal, agindo evasivamente, com o intuito de fugir do assunto. Ele havia se adiantado em seus pensamentos, criando expectativas demais.

— Ótimo, — ele sorriu falsamente, desanimado. — faça as perguntas então.

Notando o desânimo nítido do rapaz, Inglaterra se adiantou encarando o mesmo nervosa. Ela não sabia o que estava fazendo, apenas obedecia os seus instintos. Sabia que ia cometer um grande erro com a proposta que estava pensando em fazer, mas era a sua única chance de descobrir mais sobre aquele rapaz:

— Escute, — ela começou. — eu vou responder a sua pergunta, mas também quero que responda as minhas. Por isso, vamos fazer assim. Todos os dias, durante a nossa consulta, eu vou fazer o máximo possível para tentar te convencer do meu pensamento e você faz o mesmo, só que tentando me convencer do seu.

"Interessante", Irã pensou consigo mesmo, sentindo suas expectativas sobre a nova psicóloga aumentarem um pouco. Ele assentiu:

— Não me parece uma má escolha. — Respondeu. — Vai ser interessante te convencer do meu ponto de vista.

Ela fez uma careta, parecendo nitidamente envergonhada depois disso. Ela logo endireitou sua postura na cadeira, sorrindo:

— O mesmo para você, Teerã Irã.

Inglaterra agradeceu momentaneamente à Espanha, quando a mesma adentrou a sala, pedindo para falar em particular com a psicóloga. Ela encarou Irã por algum momento, esperando que ele saísse e só depois de minutos, ele pareceu entender o recado, saindo contra sua vontade da sala:

— Como você fez isso? — A idosa exigiu saber, boquiaberta. A loira não entendeu o que a diretora queria dizer, por isso ela tratou de explicar rapidamente. — Digo, normalmente se o Irã me visse, a primeira coisa que faria era acenar e sair, alegando que é parte da sua tradição deixar os adultos sozinhos enquanto conversam, o que sei que é uma tremenda mentira. Mas desta vez ele pareceu que realmente não queria sair.

Inglaterra piscou de um olho só, com um sorriso orgulhoso:

— Eu tenho os meus truques, diretora.

Espanha estreitou os olhos surpresa, sentando apressadamente em uma das cadeiras que havia à frente da psicóloga:

— Gostaria de lembrar que relacionamentos entre alunos e funcionários é permanentemente proibido, senhorita. — Falou, temendo quais fossem os "truques" que a loira se referia.

A mais nova riu, com as bochechas coradas, só de imaginar o que a diretora estava pensando naquele momento. Não demorou a explicar todo o seu plano para ela, que ouviu tudo com um olhar de admiração para a substituta. Ela podia estar apenas começando sua carreira, mas já mostrava o seu talento:

— Me sinto mais aliviada agora. — Deixou escapar, levando a mão ao peito. Inglaterra riu novamente, se concentrando na diretora. — Eu te desejo boa sorte. Cuidado para que esse plano não vá longe demais, Irã pode fazer de tudo para convencê-la do que acha.

O tom sombrio da mulher a assustou um pouco, fazendo com que a loira mudasse rapidamente de assunto:

— E o que a senhora queria me falar?

Ela pareceu lembrar do motivo, mexendo em seus cabelos grisalhos. Madri Espanha nem era tão velha, mas os cabelos brancos já faziam parte da sua personalidade a mais tempo do que ela podia se lembrar. Desconfiava de que fosse por conta do estresse exagerado que passava ali:

— Você tem de se apresentar para os alunos hoje. — Avisou. — Estou indo agora dar a ordem para que todos se reúnam no pátio e já estou te avisando, para já ir indo também. Boa sorte, tenha cuidado com o que vai falar. — se despediu, saindo.

Era notório que Inglaterra tomaria cuidado, mas depois da última apresentação que tivera, Espanha simplesmente traumatizara com a ideia de que algo parecido se repetisse. França era uma ótima pessoa, mas se apresentar para os alunos dizendo "Olá, serei a nova psicóloga de vocês. Espero que não se metam em problemas, assim estarão poupando o meu trabalho. E por favor garotas, comprem roupas melhores. Esse estilo é mais ultrapassado do que essa escola.". Já não era preciso dizer que ela conquistou a antipatia de diversas garotas depois disso.

Mas, felizmente este acontecimento já havia sido previsto por Inglaterra, portanto ela tinha o total controle sobre isso.

— Vamos lá. — Inglaterra murmurou decidida, levantando da cadeira e dando uma rápida olhada no espelho que havia na sua sala. Seus cabelos estavam perfeitamente alinhados e seus olhos azuis estavam reluzentes. — Você vai arrasar, Londres.

Uma grande movimentação rodeava todo o pátio e todos os alunos pareciam curiosos com a declaração da diretora. Muitos desconfiavam que fosse alguma reclamação ou excursão e haviam outros que acreditavam que aquela mulher de mais cedo tivesse alguma ligação com a declaração.

Estados Unidos permanecia imersos aos seus pensamentos, se lembrando da imagem que vira mais cedo. Uma mulher loira que para ele era incrivelmente familiar para ele. Ela parecia diferente, os cabelos estavam mais curtos e ela parecia ter emagrecido mais desde o último encontro deles. Mas, ele não podia negar. Era ela.

Ele espiou Irã entrar pensativo no pátio, com as mãos no bolso distraído. O mesmo tinha um meio sorriso no rosto, como se estivesse lembrando de algo muito engraçado. Estados Unidos aproveitou a chance para falar com ele:

— Como foi a terapia, esquentadinho? — Questionou.

Irã o encarou com os olhos estreitos, voltando a andar logo depois, ignorando-o. O outro não aprendia mesmo, sempre insistindo em perturbar as outras pessoas, apenas para chamar a atenção:

— Vai me ignorar, esquentadinho? — Provocou, seguindo-o.

— Não enche ou eu te dou um soco. — Irã rosnou, demonstrando o por quê do seu apelido.

Ele era completamente sádico e amava fazer as pessoas chorar, mas não tinha controle do seu temperamento. O que falava, fazia. Independente do que as pessoas achassem. Por isso, seu histórico era enfeitado por ocorrências:

— Um soco? — Estados Unidos repetiu, surpreso. — Duvido.

Washington Estados Unidos tinha uma mania que chegava a irritar ou deixar apaixonados muitos, dependendo das pessoas. Era não desviar os olhos, demonstrando uma confiança excessiva que no caso de Irã, seguia a primeira opção: A de irritar. E ele estava fazendo isso naquele momento.

Quando Irã estava preparado para provar que a sua ameaça não era mentira, Estados Unidos fez algo épico. Quebrou o contato visual, desviando o olhar para algo que estava atrás do outro. A voz da diretora soou na mesma direção que o outro olhava:

— Espero que vocês estivessem fazendo um high-five. — Ela advertiu, passando por eles séria.

Atrás dela, a seguindo, ia Inglaterra que parecia distraída com algumas folhas. Ela nem notou a presença de Irã ou o rosto petrificado de Estados Unidos. Logo, aquelas duas mulheres estavam longe e tudo que restavam eram dois jovens. Irã riu do semblante assustado do outro:

— Eu nem te bati e você já está assim, agora tenho certeza de que você só sabe falar. — Provocou Teerã.

— Cala a boca! — O outro disparou furioso, fazendo com que Irã se surpreendesse por algum momento, se perguntando de onde viera tanta fúria. — Não é por você que eu estou assim... É só que... Ah, você não precisa saber!

— Como se eu estivesse curioso.

— Espera, — ele pediu. — eu preciso da sua ajuda.

"Quanta bipolaridade".

Irã o mirou sarcástico, retrucando:

— Eu não vou te ajudar.

— É algo simples. — Ele continuou, ignorando o que o outro dissera, o que o fez revirar os olhos. Quanta arrogância, pensou. — Como se chama aquela mulher que estava acompanhando a diretora?

Irã estranhou a pergunta, mas o desconforto o atingiu, ao pensar que Inglaterra e o desespero de Estados Unidos estivessem interligados. O que ele estava pensando?

Eu não tenho nada a ver com isso, concluiu. Mas isso também não significava que ele daria a informação para o outro. Ele o irritava muito, talvez negar seu pedido servisse para ele repensar os seus atos — o que ele duvidava que fosse acontecer, já que se não desse a informação, era questão de tempo para que Washington arranjasse outro informante.

Infelizmente — ou felizmente — a resposta veio de onde menos se esperava. A voz da diretora soou no microfone:

— Alunos, deem as boas vindas a psicóloga substituta do colégio The Earth, a senhorita Inglaterra.


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Notas finais do capítulo

Deixei um clima de mistério? Sim ou claro? haha
Espero, de verdade, que tenham gostado deste capítulo. Eu previa um capítulo maior, mas bem... Acho que esse dá para o gasto. Gente, eu moro no Brasil, mas cumpro minhas promessas! Falta uma hora para terminar o dia, mas eu já estou postando. (Eu prometi, não prometi Geovanna? haha :v )
O que acham que deixou os Estados Unidos tão desesperado? E do acordo que a Inglaterra fez com o Irã? haha
Sempre que tiver acontecimentos cronólogicos, eu vou deixar uma breve explicação nas notas finais. Por enquanto, não tem nenhuma. Mas, quando haver alguma, eu deixo, ok?
E é isso, até o próximo capítulo! Obrigada por ter lido até aqui *w*