POV Rony

                Quinta chegou e eu acordei cedo até demais. Estava empolgado pelo treino.

                -Harry? – Chamei baixinho enquanto o cutucava. – Harry, acorda!

                -Rony? O que foi?

                -O treino, lembra?

                -Ah é... – Ele disse enquanto se sentava e esfregava os olhos. Tateou em cima da cômoda para pegar seus óculos. Colocou e se assustou ao olhar pela janela – Que horas são? Está tudo escuro lá fora!

                -Daqui a pouco amanhece, vamos! – Falei animado

                -Ok... – Ele levantou-se ainda sonolento e vestiu-se.

                Fomos até o campo de Quadribol que estava silencioso. Harry estava muito cansado, julgando a expressão em seu rosto. Vestimos o uniforme da Grifinória e eu fui até o gol. Ele tentava acertar os aros com a Goles, mas eu defendi a grande maioria.

                Ficamos ali até finalmente amanhecer, e depois de praticar muito, Harry finalmente havia acordado de vez, sem parecer um zumbi. Fomos até o vestiário para nos trocar antes de irmos tomar café.

                -O que você achou? – Perguntei

                -Você foi bem, mas sábado você terá de dar o melhor de si. Eu não sou artilheiro, então fica mais fácil para você. Gina, por exemplo, não vai pegar leve por você ser irmão dela.

                -Eu sei. Estou nervoso. E se eu não conseguir? – Eu estava nervoso. Eu queria ser alguém naquele colégio, e não ser mais um Weasley.

                -Você vai conseguir amigo! Pense positivo. Cadê aquela confiança e empolgação de quem me acordou há algumas horas atrás?

                -Valeu Harry. – Ambos estávamos apenas de cueca quando ouvimos uma voz familiar:

                -Won-Wonzinho? – Eu não acredito que essa garota acordou na madrugada para me perseguir.

                -Harry, o que eu faço?

                -Se esconde ali no armário. – Assenti com a cabeça. Enquanto me ajeitava, ouvia os passos da garota cada vez mais próximos.

                -Won-Won! – Ela cantarolava de uma maneira meio assustadora. Tinha medo de ela me achar e me sequestrar. – Achei você! – Ela entrou bruscamente no vestiário. – Harry? Cadê o Rony?

                -Eu não sei, saiu agora pouco. – Fiquei observando por uma fresta. – Se não se importa, eu gostaria de tomar banho. – Ele disse enrolando uma toalha na cintura

                -Não minta para mim! Eu ouvi você falando agora mesmo.

                -Eu falo sozinho as vezes. – Percebi que ele não estava muito confortável. – Mas afinal, o que quer tanto com ele?

                -Eu quero TUDO, dele! – Ela deu uma ênfase que fez eu me afastar um pouco da porta do armário, por conta do susto. – Os lábios, braços, pernas, pescoço... Até o...

                -Não precisa completar! – Harry a interrompeu. Eu estava torcendo para que ele encontrasse uma desculpa para se livrar dela de vez.

                -Enfim, ele.

                -Mas você já parou para pensar que talvez ele não esteja interessado em “compartilhar esses membros” com você?

                -Eu já pensei nisso, e ele vai querer! Despois que eu descobrir quem é essa corvina que está ciscando para cima dele, e fazê-la se arrepender por tocar em um fio de cabelo, eu irei conquista-lo.

                -Corvina? – Harry perguntou. Pois é, que corvina?

                -Sim. Ele não te contou? Não confia no melhor amigo? Está vendo? Essa maldita está maliciando a mente dele contra os amigos.

                -Você tem razão! – Harry falou determinado. – Vamos juntos descobrir quem é essa garota! – Ele não pode estar falando sério!

                -Isso aí!

                -Mas antes eu vou tomar banho. Pode ir na frente!

                -Ok! Até mais! – Fiquei olhando pela fresta e esperei um pouco. Até Harry abrir a porta bruscamente.

                -Anda, toma banho rápido, porque se ela voltar e ver você sem roupa, nem imagino do que é capaz!

                -Ok! – Cada um foi para um boxe e tomamos banho. Nos vestimos e esperamos mais um pouco, para ter certeza de que ela não voltaria. Saímos do vestiário e seguimos para o Grande Salão para tomar café. – Como ela soube que estaríamos lá?

                -Sei lá, deve ter ouvido, ou estava te vigiando enquanto você dormia. Ela poderia ter nos colocado em detenção se tivesse chamado a atenção de algum monitor ou professor! Não podemos usar o estádio sem autorização.

                Finalmente chegamos e avistamos as garotas conversando animadas. Nos juntamos a elas.

                -Como foi o treino? – Gina perguntou ao nos ver.

                -Bem. Até uma maníaca de lacinho entrar no vestiário procurando o “Won-Won”

                -Ela foi atrás de você? – Hermione perguntou surpresa

                -Sim! – Respondi

                -Como ela soube que você estaria lá? – Gina perguntou com a mesma expressão da amiga.

                -Não sei. Psicopatas tem seus meios! – Eu disse e todos rimos.

                -Como você escapou? – Mione peguntou

                -Eu disse que iria ajuda-la e encontrar a “corvina” que está atrás dele. – Harry falou – Ela acreditou e foi na frente, achando que eu ia ajuda-la. Eu nem sei quem é essa corvina! – Gina e Mione se olharam e caíram na gargalhada.

                -Tem dedo de vocês nisso né? – Perguntei começando a rir

                -É claro que sim! Somos malvadas. – Gina falou. Hermione fez uma cara de menina má também, porém estava fazendo de uma forma sensual que arrepiou alguns fios da minha nuca.

                -Rony! Ronyquinho! – Lilá berrou ao longe enquanto tomávamos café.

                -Ai Merlin! – Mione suspirou.

                -Cadê? – Lilá perguntou, mas eu não fazia ideia do que ela estava falando.

                -A Corvina! – Eu tinha que dar um basta nisso tudo.

                -Escuta. Não tem nenhuma corvina. – Levantei-me e fiquei de frente para ela, que era mais baixa que eu. Ela olhou confusa para mim. – Foi uma desculpa. Não estou afim de você, mas não sei como dizer sem fazer você chorar pelos cantos. – Ela começou a soluçar, ou trancar o que seria um choro e abaixou a cabeça. Naquele momento, temia que ela explodisse.

                -Você é tão... – Ela levantou e sorriu para mim. - ...fofo! – Me abraçou e deu início a uma choradeira. – Você não quis me dar o fora porque não queria me ver triste. – Olhei para os três, que estavam sentados, e agora pareciam estar tristes pela situação.

                -Lilá, não faça isso. Você é uma garota bonita e esperta, e pode conseguir qualquer um.

                -Menos quem eu quero de verdade. – Ela falou pela primeira vez de forma menos infantil, parecia estar sã. – Me desculpe por fazer você passar vergonha. – E foi para um lugar próximo as amigas.

                Eu me senti mal por aquilo, mas não havia muito a fazer agora, a não ser evita-la, para causar menos dor a ela. Fomos para as aulas. Gina se juntou a sua turma. Foi um dia rápido, porem cansativo. Chegamos no Salão Comunal exaustos. Sentamos nos sofás. Gina logo chegou e juntou-se a nós. Lilá entrou pelo quadro, e ao olhar para nós, apressou os passos e subiu.

                -Me sinto culpada. – Gina disse. – Eu que inventei tudo isso. Ela está longe de ser nossa amiga, mas ainda sim é da nossa Casa. Poderíamos simplesmente dizer que o Rony não gostava dela.

                -Não se culpe, maninha – Eu coloquei minha mão em seu ombro. – Ela achou que eu iria passar a gostar dela com o tempo, não ia desistir. – Falei calmo. – Você apenas deu o empurrãozinho para que eu fosse sincero com ela. – E a abracei. Gina retribuiu o abraço.

                -Você tem razão. – Ela se soltou e olhou para mim. – Tinha que ver: ela estava com ciúmes até de mim!

                -Que pirada! – Harry disse.

                -Harry! – Mione chamou-o em um tom repreensivo – Ela estava apaixonada. Eu também me sinto culpada, olha o que fizemos, e ainda estávamos rindo da situação. Estou me sentindo uma sonserina.

                -Esquece isso, Mione – e segurei suas mãos. – Vocês não têm culpa. Mais cedo ou mais tarde todos iriam saber que meu coração só pertence a uma pessoa. – E olhei fundo em seus olhos, enquanto suas bochechas coravam.

                POV Hermione

                Eu senti meu coração pular, mas não sabia exatamente o motivo. Eu amava aquele ruivo, mas confesso que meu coração estava dividido em três pedaços. Ele pulsava mais forte quando algum de seus donos me deixavam em estado de euforia. Cada um de uma forma: Rony, com seu jeito doce e envergonhado de me agradar (isso quando resolvia ser gentil); Harry, que sempre me confortava com seus abraços e suas palavras; e o maldito Draco, que tirava meu fôlego com suas investidas. Voltei para mim, e olhei para Rony. – “A partir de agora, vou deixar rolar” – Pensei.

                -Isso foi muito fofo! – E sorri. – Essa pessoa deve ser bastante sortuda. – E mordendo os lábios, me levantei. – Está tarde, vamos dormir gente? – Todos concordaram. Harry e Gina trocavam olhares do tipo: Finalmente algum progresso entre eles!

                Eu e Gina nos despedimos dos garotos e fomos para o dormitório. Lilá estava na cama, ainda com o uniforme, com o queixo encostado nos braços, que por sua vez estavam cruzados e apoiados em seus joelhos. Eu e Gina trocamos olhares e fizemos a mesma coisa: fomos até a garota.

                -Lilá? – Gina chamou-a se aproximando.

                -O que foi? – Ela respondeu de forma rude, sem olhar para nós.

                -Podemos conversar?

                -Para vocês contarem mais mentiras? Não!

                -Escuta! – Eu me aproximei. – Nós mentimos, e fomos mal-intencionadas sim. Você chegou toda cheia de si, e queríamos acabar com a sua onda. Agimos mal, como se você não fosse da nossa Casa, por isso te pedimos desculpas, e aí cabe a você decidir. Não esperamos tornarmos suas amigas, mas você é nossa colega, e te desrespeitamos. Nos desculpe.

                Ela permaneceu calada, mas dessa vez tirou a expressão de raive que estava em seu rosto. Levantou-se e foi se trocar, nos virando as costas. Eu e Gina fomos até o banheiro para escovar os dentes.

                -Eu não espero que ela venha se tornar nossa amiga, mas que pelo menos pare de encher o Rony. – Gina falou.

                -Eu sei que agimos com más intenções, e em outras circunstâncias, eu até lhe repreenderia, mas o Rony estava envolvido.

                -Quer dizer que você ajudou, pois estava com ciúmes do Rony?

                -É... Eu... Não... Não sei se é o caso...

                -Hermione, você não engana ninguém. Você e o Rony soltam faíscas quando estão juntos, seja em uma discussão ou em um momento romântico igual ao de cinco minutos atrás. – E riu. Eu fiquei corada de novo, só de lembrar do toque das mãos do ruivo nas minhas, transmitindo seu calor.

Fomos nos preparar para dormir, assim como as outras garotas e logo caímos no sono.