A primeira vez que te vi, nunca imaginei que isso aconteceria. É tão estranho que pode ser um pouco embaraçoso contar. O que você acharia se pudesse me ouvir agora?

Faz tanto tempo, que não posso ter certeza de quanto. Sempre te achei insuportável, mas na verdade, não era totalmente sua culpa, era uma forma de tentar proteger meu coração de coisas que me tornariam vulnerável.

Desde que ficamos próximos, você sempre parecia indiferente e muito preguiçoso. Às vezes, pra não dizer sempre, discutíamos e eu batia em você. Hoje, tudo isso parece engraçado e idiota.

Não posso deixar de sorrir ao lembrar de certos momentos cômicos que te vi passar, e me encho de raiva quando meu coração aperta, ao lembrar da injustiça que cometeram contra nós. A esperança de uma possível vingança se acendeu quando entramos em contato com o Ichigo.

Achei ridícula a ideia de você se passar por um colegial, e confesso que morri de ciúmes ao te ver babando e cantando aquela peituda. Apenas por um instante quis ser como ela, na verdade, não foi bem isso, a única coisa que eu realmente queria é que me olhasse daquele mesmo jeito.

Gosto de quem sou e consigo me virar sozinha, mas sei que assim, nunca será capaz de me ver como mulher. Acho que já me conformei, estou tão ferida agora que mal consigo ficar consciente.

Se eu morrer, gostaria que soubesse o que sinto, pois só dessa forma, eu não te veria rir de mim. Será que me zombaria até em frente ao meu túmulo? Sinceramente, eu espero que não.

Falando desse jeito, pareço uma garotinha sonhadora tentando reunir coragem pra se declarar para o primeiro amor.

Que patético, Hiyori!

Não espero ser correspondida e receber uma declaração melosa, apenas quero que permaneça comigo, aconteça o que acontecer.

Porque ao seu lado Shinji, sinto que posso ser mais forte.

— Hiyori! Hiyori, acorde! — ouvi o loiro me chamar.

Eu não conseguia abrir os olhos ainda.

— Hiyori, aguente. Por favor, não morra. Fique comigo. — pediu parecendo desesperado.

Ao ouvir sua voz, senti uma pequena parte das minhas forças retornarem aos poucos. Eu tinha que voltar. Afinal, o que seria de você sem mim?

Quando abri os olhos, encontrei diretamente os dele. Sinto algo especial, e pela primeira vez pude entender, finalmente compreendi que nossa relação nunca seria convencional, mas ainda assim, haviam sentimentos.

Felizmente, não era algo unilateral.

“Eu te amo, não me deixe.”

Foi o que pude ler em seu olhar naquele instante.

“Você é minha força, nunca deixarei você.”

Será que ele foi capaz de decifrar meu olhar?

Instantes depois, senti seu abraço.

Sim... Ele havia compreendido. Me deixei sorrir, finalmente consegui transmitir o que eu sentia.

Obrigada, Shinji...