Edward (PDV)

Ao levantar, percebi que o meu anjo não estava no quarto como no dia anterior. Então desci as escadas e fui para a cozinha na esperança de encontra-la. Mas ela não estava lá. Dona Renê fazia o café.

- Bom dia Edward! Dormiu bem? - ela falou enquanto me servia uma fatia de bolo.

- Dormi sim, obrigado! - falei me sentando a mesa.

Dona Renê me lembrava a minha avó. Sempre muito gentil, e refinada. Ela parecia muito feliz de conversar em alemão, e eu também gostava, já que ela era a única que me entendia. Ela ficou falando alguma coisa sobre o jardim mas eu estava muito entretido com meus pensamentos para prestar atenção. Foi então que meu anjo apareceu.

- Guten Tag! (Bom dia!). – falei, mesmo que ela não entendesse, já que eu sempre era compensado com um sorriso. E dessa vez não foi diferente.

Dona Renê falou alguma coisa com o meu anjo e eu fiquei lá tomando café e vendo os lábios de Bella se movimentarem mesmo sem compreender uma única palavra.

Depois do café, ela colocou a louça na pia e se dirigiu para a porta da cozinha, então Dona Renê me fez um sinal para que eu a seguisse, e é claro que eu o fiz.

Caminhamos em silêncio até o meio do jardim. Ela se sentou na grama e fechou os olhos, o que era perfeito, pois assim eu poderia admirá-la sem ser pego. Ficamos assim um tempo, ela olhou para mim. Eu não sabia como reagir, então sorri mas isso não era o bastante. Eu queria agradecer por tudo o que ela fez e me desculpar por todo o transtorno que causei.

Me levantei e em direção a uma roseira que eu vi na frente da casa. Peguei uma rosa e entreguei a ela, que me presenteou com um sorriso lindo. Ela pegou a rosa parecendo estar muito contente, infelizmente ela se distraiu por um segundo e machucou a mão. Como eu sou burro! custava tirar os espinhos? Eu sou uma anta mesmo!

Peguei sua mão que agora tinha uma gota de sangue e a levei até a boca. Suguei o sangue que havia se formado. A sensação de passar os lábios em sua pele ainda que por pouco tempo era indescritível. Quando terminei fiquei segurando a sua mão, e pude ver uma cicatriz na altura do pulso. O que quer que tenha acontecido, tinha magoado demais o meu anjo, a ponto de faze-la desistir da vida.

Eu devo tê-la ofendido, quando olhei para a sua marca. Ela puxou o braço e voltou correndo pra casa. Incrível como eu consigo ser tão estúpido! Entrei em casa e passei na frente do seu quarto algumas vezes mas de que adiantaria bater na porta? Ela não compreenderia as minhas desculpas mesmo.

(...)

A tarde um policial veio conversar comigo, Bella foi ao meu quarto me chamar, eu estava lendo um dos livros de Dona Renê quando ela bateu na porta. Ela fez um gesto engraçado com a cabeça, depois segurou a minha mão e me levou até a sala. O policial me fez algumas perguntas que a Dona Renê fez a gentileza de traduzir. Depois que o policial foi embora, Dona Renê pediu que eu ajudasse o Sr. Williams a concertar a cerca do quintal. Foi tranqüilo, o Sr. Williams é “bem na dele”. Depois do almoço, que foi bem silencioso, eu fiquei na cozinha vendo o meu anjo lavar a louça. Encostei no balcão, peguei um pano de prato e comecei a secar a louça, eu vi que ela ficou surpresa com a minha atitude e acabei rindo da situação.

Depois que ela terminou de guardar tudo ela caminhou até a sala, mas eu não sabia o que fazer, ela parecia estar evitando ficar no mesmo lugar que eu! Fui para a sala, visto que Dona Renê estava presente, quem sabe? Talvez ela intermediasse uma conversa nossa. Sentei no sofá e fiquei olhando para a televisão enquanto elas conversavam. De repente a Bella levantou e saiu, eu não tive nem tempo de dizer alguma coisa.

- É Edward, eu estava falando com a Bella que você pode ficar o tempo que quiser! – falou Dona Renê.

- E o que ela achou, digo, ela falou alguma coisa? – perguntei já aflito.

- Ahhh ela adorou! – disse com um sorriso enorme.

Não nego que eu fiquei feliz, com a hipótese dela se agradar com a minha presença. Mas isso não era o bastante. Pedi para Dona Renê me ensinar umas frases para que eu pudesse falar com ela, nem que fosse por um breve momento.

- Dona Renê, como se fala eu sinto muito? – perguntei.

- É fácil! Se diz assim você é linda! – ela falou.

Depois de ensaiar um pouco a minha fala, tomei coragem e subi as escadas, mesmo parecendo patético. Ao chegar na porta do quarto bati mas ela não deve ter me ouvido por causa da música. A porta estava entreaberta então eu olhei pela fresta e a cena que eu vi me fez esquece completamente as minhas falas. O meu anjo se despiu na frente do espelho, abri e fechei os olhos sem conseguir acreditar no que via. Eu fiquei sem ação! A pele clara, a silhueta bem desenhada e por ultimo os cabelos jogados sobre os ombros. Meu anjo era o melhor dos meus sonhos em forma de gente. Abaixei a cabeça e com os olhos no chão fui para o meu quarto a contra gosto. Se ela me pegasse espiando, não importaria em quantas línguas eu lhe pedisse desculpas, ela não me perdoaria.

Fiquei no meu quarto durante a tarde. A noite Dona Renê me chamou para jantar. Mas a Bella já havia comido, ao terminar a refeição voltei para o meu quarto, tomei meu banho e me deitei. Eu realmente gostava de estar ali, as pessoas eram boas comigo, a casa era aconchegante, sem cobranças ou calúnias. Um lugar onde gostam de mim por ser quem eu sou e não pelo que tenho.

(...)

No meio da noite acordei com os gritos de Bella, corri para o seu quarto e a cena era agonizante, ela se contorcia por inteiro. Eu deveria entrar? Será que ela se importaria?