Dear, Soldier escrita por TheKlainerGuy


Capítulo 12
Lost Boy


Notas iniciais do capítulo

Quem disse que Jimmy brinca em serviço? Disse que talvez não iria conseguir postar por ser um capítulo complexo? Mas a criatividade veio e fez com que esse capítulo saísse dramaticamente, tá meu bem?!

Queria ter colocado o título como "LOST BOY" em homenagem ao senhor Sivan, mas não queria colocar tudo em caixa alta e deixar um título desigual. (Mas tem "for him". Deixe-me? Obrigado)

Bom pessoal, é isso aí.
Boa leitura.



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Kurt acordou com a luz do Sol das três horas da tarde batendo em seu rosto e uma fortíssima dor na lateral da sua cabeça. Enquanto estava na cama, ele sentia mais partes do seu corpo do doendo, como as costas, pernas, braços e peito. Até para abrir os olhos estava difícil. Já que sua disposição era praticamente zero, Kurt parou para se lembrar da noite anterior.

Foi quando, de algum lugar que Kurt nem ao menos sabia que existia dentro dele, uma energia súbita o fez sentar na cama. De primeiro momento, ele ficou mais tonto que antes, mas aproveitou para colocar as ideias no lugar. O Hummel não lembrava de absolutamente nada da noite passada. Era tudo um borrão para ele.

Kurt abriu os olhos e se viu no quarto do irmão. Ele procurou por Finn e encontrou o rapaz no chão, com uma das mãos em cima da cama em que Kurt estava. Finn estava tendo um sono pesado e parecia muito cansado. O castanho tomou atenção para si mesmo e percebeu que só vestia um par de shorts, que ele tinha quase certeza de que não eram dele.

As mãos de Kurt foram até suas têmporas. Nada da noite passada vinha a sua cabeça e a julgar pela forma como as coisas se encontravam, ele havia bebido muito. Mesmo que isso causasse uma dor terrível, Kurt se forçou a refazer suas ações na noite passada para se lembrar de alguma coisa.

Ele se lembrava de ter saído atrasado com Finn e Rachel de casa; de trocar mensagens com Sebastian – enquanto listava mais coisas, Kurt procurou seu celular, mas ele não se encontrava em lugar algum – Kurt se lembrou que viu Sebastian na frente da casa de Sam e de que eles conversaram, mas Kurt não lembrava todos os detalhes da conversa, só que Sebastian parecia enciumado; Kurt se lembrou de Pierre atender a porta.

O Hummel não sabia se era nessa ordem, mas se lembrava de ir conversar com Pierre no canto da festa – com muita dificuldade, ele colocou seu cérebro a trabalhar. Eles começaram a conversar; Kurt tinha chegado a conclusão de que Sebastian era muito melhor que Pierre; Pierre servira mais bebida para Kurt; Pierre quis beijar Kurt, mas Kurt negou e Pierre acabou beijando o pescoço de Kurt a força – os dedos de Kurt foram de encontro ao seu pescoço, porque aquelas imagens estavam o causando dúvidas – Kurt jogara sua bebida em Pierre e fora buscar mais. O castanho se lembrava de dizer que Sebastian era muito melhor que Pierre para o loiro, e isso fez com que Pierre se irritasse e quisesse ficar com Kurt a força.

Kurt gostaria de entender sua estranha sensação de que ele não tenha reagido de maneira muito coerente perante as ações de Pierre. Era como se ele não tivesse vontade própria para negar as coisas. Mas ele também se lembrava de ter batido muito em Pierre, quando o loiro ofendera Sebastian. Kurt olhou para suas mãos e viu vários hematomas. E assim ele percebeu que se os machucados eram reais, tudo havia sido verdade.

Em um momento de desespero, Kurt começou a chamar Finn.

– Finn. Finn, acorda! – Kurt balançava o irmão com força. Aos poucos, o grandão foi voltando a realidade e acordando.

– Kurt? O que foi? – Finn bocejou e sentou no chão. Ele parecia tão exausto, que acabou causando dó em Kurt por acorda-lo.

– O que aconteceu ontem? O que eu fiz naquela festa? – Perguntou para Finn. O Hudson começou a lembrar do que acontecera noite passada e encarou Kurt com as sobrancelhas juntas.

– Você não se lembra? – Finn entendera a preocupação de Kurt. Todo o sentimento de medo da noite passada havia caído de volta sobre os ombros de Finn. Se algo muito grave tivesse acontecido com seu irmão, o jogador jamais iria se perdoar.

– Eu me lembro de alguns detalhes, como eu fiquei muito bêbado e acabei brigando com Pierre. – Kurt não gostaria de mencionar que o motivo da briga havia sido Sebastian. Finn passou as mãos pelos cabelos. Ele teria que contar o que realmente havia acontecido com Kurt.

– Kurt, eu juro que não foi minha intenção e se eu tivesse visto, teria impedido... – Kurt começou a virar o rosto para longe de Finn. – Pierre, primo do Sam, e-ele te drogou ontem. Ele colocou um “Boa noite, Cinderela” escondido em sua bebida. Quando nos demos conta, ele havia ido embora e você estava com esses hematomas e machucados.

– Ele fez o quê?! Mas que merda, Finn! – Kurt passou as mãos pelos próprios cabelos. Finn se levantou e sentou ao lado do irmão, enquanto afagava o castanho. Kurt parecia que estava prestes a entrar em um colapso. Será que essa altura o pai dele estava sabendo disso? – Eu lembro dele tentar me beijar, mas acabar fazendo um estrago no meu pescoço; também lembro de jogar minha bebida nele; dele me servir mais álcool e lembro de bater nele, mas só não lembro o motivo. – Mentiu.

– Kurt, não entre pânico, mas tente se lembrar porque você bateu nele. Porque se esse garoto foi capaz de drogar você no meio de todos nós, é bem possível que ele tenha planejado isso para... – Kurt encarou os olhos do irmão assustado. Uma mão foi direto para sua boca, enquanto ele negava aquilo.

– Não. Não pode ser, Finn. Ele não faria isso comigo ou... – Kurt começou a caminhar por todo o quarto. Ele guardara por toda sua vida até seu primeiro beijo, imagina o desastre que seria ser simplesmente drogado e perder sua virgindade drogado e sem escolher seu parceiro. Kurt não sabia se seria bom se lembrar disso.

– É isso que queríamos saber de você. Se você não se lembrar, é porque não aconteceu. – Finn se levantou e foi até Kurt, segurando-o pelos ombros. – Essa droga não apaga sua memória, ela só te faz esquece-la por algumas horas, depois você se lembrará de tudo. Ao que você disse, você bateu nele sem se lembrar o motivo, certo? – Kurt assentiu com a cabeça. – Deve ser isso. Ele deve ter te forçado ou proposto alguma coisa e você se negou e bateu nele.

Finn abraçou o irmão para acalma-lo. Mas no fundo, Kurt estava em total desespero. O efeito da droga precisava passar o mais rápido possível para ele sanar essa dúvida novamente e poder ficar em paz. Ele havia batido em Pierre porque o loiro havia falado mal de Sebastian, não porque estava negando alguma coisa.

A memória de Kurt voltou a funcionar, mas não para responder a sua dúvida, mas para lembra-lo de que talvez Sebastian tenha o visto daquela forma. Talvez ele estivesse imaginando, mas pequenos flashes de memória voltaram a aparecer, e eles pareciam dele drogado e discutindo com Sebastian. Kurt entrou em pânico e apertou mais Finn.

– Finn, onde está Quinn? – Perguntou se afastando do irmão. Ele não quis perguntar de Sebastian, mas se ele tivesse brigado com Sebastian, Quinn seria uma ligação direta até o irmão.

– Você não se lembra? Ontem, depois que descobrimos sua condição, você quis ir atrás de Quinn, acabamos achando ela na cama com o Puck e você enlouqueceu. – Kurt se sentou na cama, mas com o olhar atento sobre o irmão. – Mas quando estávamos descendo as escadas, aquele irmão dela apareceu, vocês meio que tiveram um momento tenso. – Kurt prendeu a respiração. – Acho que por conta da droga, você acabou correndo atrás deles, bateu no carro, fez um escanda-

– Finn, deu. – Kurt pediu para que o irmão parasse, porque senão ele iria vomitar tudo. Kurt passou a mão por sua testa e respirou fundo para administrar todas aquelas informações.

– Desculpa. – Disse Finn, depois o moreno seguiu para se sentar no chão, perto do irmão.

Kurt forçou o máximo que podia sua mente para se lembrar o que diabos havia acontecido entre ele e Sebastian. Kurt ficou se imaginando drogado, fora de si e discutindo com Sebastian. Ele não queria imaginar a decepção que ele havia trago para o Fabray. Sebastian era um cara tão legal e poderia estar interessado em alguém da idade dele, mas não, ele estava interessado em Kurt. Sem contar que Kurt agora sentia vergonha de si mesmo.

Vários motivos faziam a relação entre Kurt e Sebastian ser praticamente impossível, mas por outros diversos motivos, Sebastian pedia para Kurt seguir caminhos para que os dois ficassem juntos. E não fazia disso um relacionamento abusivo, pois Sebastian pedia coisas que poupassem Kurt de cometer erros. Mas Kurt respondia caindo num truque ridículo de quem Sebastian já havia alertado Kurt sobre.

Não importava quão grande tivesse sido a merda que Kurt tivesse feito, ele precisava ser o homem que Sebastian deveria ter. Ele precisava assumir seu erro, como Sebastian sempre fizera e pedir desculpas; coisa mais nobre e honesta que cabia a ele nesse momento.

– Finn, você precisa me levar na casa da Quinn agora.

[...]

Finn estacionou o carro na frente da casa de Quinn às sete horas da noite. Kurt ficou observando a casa da amiga em silencio. Ele estava com receio de entrar e também não tinha ideia do que deveria falar para Sebastian. Ele só queria acabar logo com isso e pedia, caso alguém estivesse o escutando, que nada acabasse mal, porque isso deixaria Kurt no chão.

– Não precisa me esperar. – Disse o castanho para o irmão. – É bem capaz que eu demore e qualquer coisa eu consigo uma carona com o irmão de Quinn.

– Kurt, se cuida, ok? – Pediu Finn, antes de Kurt sair do carro. – Se você se lembrar de qualquer coisa, não se culpe. E não deixe que ninguém faça isso por você...

Kurt soltou a maçaneta do carro e abraçou o irmão. Jamais, em mil anos, ele poderia imaginar que Finn, o rapaz que ela já vira com outros olhos, estaria sendo o melhor irmão do mundo. Kurt não poderia agradecer o bastante o que Finn estava fazendo por ele.

Depois de alguns instantes, Kurt se soltou do abraço e saiu do carro. Com passos curtos, o castanho chegou até a casa, que estava bastante iluminada, e tocou a campainha. Enquanto esperava na porta, Kurt se virou e acenou para que Finn pudesse ir embora. Kurt observou o carro partir, até que a porta da entrada se abriu, revelando o pai de Quinn.

Kurt congelou de medo. Por nenhum momento passou pela sua cabeça se os pais de Quinn talvez pudessem saber do que havia acontecido na festa. O clima na casa provavelmente estaria tenso por conta de Sebastian e Quinn, não queria Kurt piorar com sua presença.

– Boa noite, Kurt. Quinn está lá em cima. – O homem não parecia bravo com Kurt. Russel agira como sempre agiu com Kurt, mas hoje parecia que ele estava mais aéreo que nunca.

Kurt entrou e Russel fechou a porta. Sem mesmo que Kurt o acompanhasse, o pai de Quinn foi para a sala e se sentou em sua velha poltrona, como sempre fazia. Kurt achou estranho o homem não estar acompanho de Judy. Eles eram praticamente inseparáveis quando estavam em casa.

Como não queria ser um incomodo para o homem que não parecia estar em um bom dia, Kurt foi atrás de Quinn. Subindo as escadas, Kurt notou que todos os aparelhos eletrônicos estavam desligados e a casa estava muito silenciosa. O castanho chegou a se questionar se Quinn realmente estivesse ali.

Outra coisa que ocorrera a Kurt, era que todo aquele silencio era consequência de uma possível briga entre Sebastian e Quinn as oito horas da manhã. Talvez aquela ideia de que a casa estaria em um clima tenso que Kurt imaginara, estivesse realmente certa.

Kurt chegou no primeiro andar da casa de Quinn. Era um longo corredor com diversas portas. Uma das primeiras era do quarto de Quinn e uma das últimas era do quarto de Sebastian. Por motivos muito claros, ele não entraria no quarto de Sebastian primeiro, mas a julgar pela luz acessa no quarto do rapaz, ele estava lá. Primeiro, Kurt falaria com sua amiga.

O Hummel se dirigiu até a porta do quarto de Quinn e deu três batidas. Depois de nenhuma resposta, ele bateu mais uma vez. Quinn estava lá, pois assim como o quarto de Sebastian, era possível ver a luz acessa pela fresta de baixo da porta. Como Quinn não respondera, Kurt entrou assim mesmo.

O quarto estava bem bagunçado. Tinha algumas almofadas jogadas, a poltrona de Quinn estava de ponta cabeça, roupas de Quinn estavam espalhadas para todos os lados, mas a situação só ficou mais preocupante, quando uma placa de honra que Quinn havia ganho há alguns anos da treinadora Sylvester estava do outro lado do quarto, no chão. Aquele era o maior objeto de orgulho da amiga.

Kurt olhou para a cama da amiga e a encontrou dormindo. Sua cama não parecia menos arrumada que o restante do quarto. A fronha do travesseiro da loira estava aberta no meio da cama, como se tivesse sido rasgada. Os lençóis estavam muito amaçados e os bichos de pelúcias não estavam em nenhum lugar que pudessem ser vistos.

Era algo realmente preocupante para Kurt, então o castanho – com cautela – foi até a amiga e a acordou.

– Quinnie. – Kurt passou a mão pelos cabelos da loira, mas ela ainda continuava a dormir. – Quinn, acorde. – Pediu Kurt. Aos poucos, a loira começou a se mexer e acordar. Por um rápido momento, Kurt ouviu ela murmurar o nome do irmão. – Não, querida, sou eu, Kurt. – Kurt deu uma pequena sacudida no ombro da amiga, até que ela finalmente acordou.

– Kurt? – Chamou Quinn finalmente de olhos abertos. Quando se deu conta de que era o melhor amigo, Quinn colocou os braços envolta do pescoço de Kurt e chorou como Kurt nunca vira antes.

De primeiro momento, Kurt ficou mais assustado que a própria loira, já que ela nunca fora de chorar tanto assim. O choro de Quinn era alto e descontrolado, a ponto de fazer a loira soluçar e se engasgar. Ela abraçava Kurt como se ele fosse seu porto seguro e sua vida dependesse do castanho.

A cada minuto que passava do choro incessável de Quinn, Kurt se questionava o quão terrível havia sido a briga dela com o irmão. Se Sebastian tivesse dito algo para deixar Quinn daquela maneira, ele já não tinha tanta certeza para ir falar com o Fabray. Foi só quando o choro de Quinn já estava durado uns quinze minutos, que Kurt tomou iniciativa para tentar acalmar Quinn e fazer ela parar de chorar.

– Quinn, se acalme. – Kurt tirou ela de seu pescoço e olhou para o rosto vermelho e inchado da loira. – Pare de chorar e me conta o que aconteceu. – Kurt limpou as lágrimas de Quinn e fez a amiga se sentar de frente para ele e em uma maneira confortável. Quando ela finalmente estava mais tranquila, Kurt pôde falar. – Me conta o que aconteceu depois que você foi embora da festa.

Quinn segurou suas lágrimas enquanto pensava em como começar o assunto. A loira respirou fundo e começou a contar.

– Não sei se você se lembra, mas Sebastian foi me buscar quase no horário dele sair de casa. – Kurt deixou suas sobrancelhas se juntarem, mas Quinn acabou não percebendo. – Quando chegamos aqui em casa, mal deu tempo para que eu pudesse dizer qualquer coisa a ele. Ele saiu do carro e foi direto para dentro de casa. Quando eu entrei, meus pais já estavam esperando o carro junto com ele. Aí, eu não poderia falar nada. – Quinn suspirou fundo para o choro não começar de novo. – Então nós passamos vinte minutos em silêncio. Ele parecendo estar com a cabeça em outro lugar e eu só querendo uma oportunidade para explicar tudo. No final, o carro chegou, ele se despediu, me garantiu que não era comigo que estava chateado e foi embora.

A última parte não havia sido dita rápida, mas foram tantas informações e opiniões que bombardearam o cérebro de Kurt, que ele travou completamente no lugar. Enquanto Quinn voltava a chorar, o coração de Kurt acelerava a cada pensamento novo.

Sebastian estar com a cabeça em outro lugar, que era claramente em Kurt. O Fabray tinha acabado de ver Kurt drogado e não estava entendendo nada. Sebastian estava muito decepcionado ou com muita raiva, pois só alguma dessas tuas coisas bloquearia sua situação com Quinn. E se confirmava quando Quinn dissera que não era com ela que ele estava chateado.

Kurt se levantou e foi abrir a janela do quarto de Quinn, ele estava sentindo que estava a ponto de passar muito mal. Ele não queria nem imaginar o que Sebastian faria com ele quando o visse. A coisa que Kurt mais temia era ser negligenciado por Sebastian. Ser ignorado pelo Fabray mataria Kurt.

Só enquanto pensava no que dizer para Sebastian, que as últimas palavras de Quinn fizeram sentido. “Foi embora”. Sebastian havia ido embora. Embora pra onde?

– Quinn, Sebastian foi embora para onde? – Kurt se virou lentamente. A mesma sensação de quando Finn começou a contar o que Pierre havia feito, voltou a sondar Kurt. Se Kurt olhasse para baixo, conseguiria ver o quão forte seu coração batia em seu peito.

– Há algumas semanas ele recebeu uma carta de convocação do exército para participar de uma nova seleção de antigos soldados. – As penas de Kurt fraquejaram e sua boca ficou seca. – Era por isso que ele estava treinando. Ele precisava se manter em forma para voltar.

– Então, você está me dizendo que Sebastian...

– Sim, Kurt, ele voltou para o exército.

A única coisa que era certo para Kurt era de que Quinn havia voltado a chorar. Mas era um choro tão distante, que Kurt pensou na possibilidade de ser truque da sua mente conturbada. Ele se viu parado no quarto da amiga, imóvel e sem ideia de qualquer coisa.

Sebastian havia voltado para o exército. Kurt não sabia por quanto tempo, não sabia nem se voltava bem ou pior, se voltaria vivo. Sebastian treinara com Kurt para que eles pudessem passar mais tempo juntos, mas Kurt correspondeu com o vacilo de ficar drogado. A culpa pensava dez vezes mais na consciência de Kurt.

Sem pensar no que estava fazendo, Kurt deixou Quinn chorando no quarto e foi até o quarto de Sebastian. Sem nem bater ou ter controle do que estava fazendo, Kurt entrou no quarto. Dentro dele, encontrou a mãe de Quinn, abraçada a um casaco do filho, enquanto chorava. A mulher parecia tão perdida em pensamentos, que nem notou o castanho.

Kurt viu uma jaqueta de Sebastian do no chão. Ainda desnorteado, pegou ela. “Ele foi embora” – era uma frase que se repetia continuamente em sua cabeça. Kurt precisava sair daquela casa. Ele precisava sair daquele lugar. Ele precisava se libertar de Sebastian. Mais um minuto ali, um lugar que ele via Sebastian em cada cantinho, faria o chorar a qualquer instante e responder o motivo de seu choro para a família de Sebastian, não era uma coisa que ele queria fazer.

O castanho saiu correndo da casa. Desceu as escadas e foi até a porta de entrada, onde bateu a porta e começou a correr pela rua, sem destino. Ele correu sem poder controlar a direção dos pés.

O ar estava gelado e denso e isso mantinha os pensamentos de que tudo era real. Ele havia sido drogado, talvez estuprado, Sebastian estava chateado com ele, ele não tivera a chance de se desculpar, Sebastian havia sido levado de volta para o exército. A dor no seu peito era enorme e as batidas aceleradas se certificavam em lembra-lo disso. A falta de ar não ajudava e tudo junto já estava se tornando uma situação agoniante.

A dor era tão insuportável que não saiam lágrimas, a dor de Kurt era física e impossibilitava isso. O peito doía, o rosto queimava de frio, os pés – que continuavam a correr – latejavam, a cabeça estava prestes a explodir de pensamentos. Kurt se vira perdido, mas não perdido geograficamente – em relação ao seu bairro – mas se via perdido no mundo, sem foco, sem um ponto fixo, sem rumo. Ele se via sem Sebastian.

Kurt acabou tropeçando em uma pedra no caminho e caíra de joelhos na calçada. A dor física no joelho fizera o castanho chorar. A queda havia sido tão forte, que através da luz do poste, ele vira que sua calça havia se rasgada e o joelho sangrara. O sangue quente, o coração acelerado, a incapacidade, a dor na cabeça, a culpa na consciência, a memória de Sebastian, a saudade de Sebastian.

A dor emocional tinha finalmente superado a física quando Kurt se viu incapaz de fazer qualquer coisa. Ele não era capaz de se ajudar ou de ajudar Sebastian. Ele se encostou em uma cerca, junto a um arbusto e começou a chorar. Um choro silencioso, pois se via sem ar nos pulmões. A sensação era quase como se o corpo de Kurt estivesse em chamas. Ele soltou um grito no meio da noite, mas que seria ignorado por toda vizinhança. Uma suplica tão longe e provavelmente incompreendida. Kurt tremia.

Por pura raiva e frustração, Kurt começou a espernear sentado no chão. Bateu com força as pernas no chão, arqueou as costas e gritou. Ele se via no fim de tudo. Como se em uma noite sua vida tivesse sido transformada num pesado. Tudo que ele negara ser e provava para o mundo, jogado no lixo. Ele não parava de colocar a culpa em si mesmo. Kurt começou a mexer os braços, mas com dificuldade, já que algo o prendia.

Nas mãos, ainda se encontrava a jaqueta jeans de Sebastian. Jaqueta a qual tinha uma cereja e um símbolo do exército costurados. Kurt chorou mais ao ver aquilo. Na ideia de recuperar algo que se fora, Kurt trouxe o cheiro de Sebastian para mais perto dele. O castanho abraçou aquela jaqueta na frente de seu rosto e chorou.

Kurt chorou imaginando que aquilo realmente fosse Sebastian. Imaginou que Sebastian tivesse o perdoado e dissera que tudo ficaria bem entre eles. O cheiro de cereja de Sebastian. Era claro para Kurt ouvir a voz de Sebastian, o assegurando de que tudo ficaria bem agora. Era só isso que Kurt queria. Um abraço de Sebastian e a certeza de que tudo ficaria bem depois que ele tivesse pedido desculpas para o Fabray. Mas agora era muito tarde. E seria assim por tempo indeterminado.


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Notas finais do capítulo

Magoei? Espero que sim.
Fic minha tem que ter lágrimas pelo menos em 90% dela. Osh
Sebastian tá no exército, vamos pedir a Deus que titio Jimmy não mate ele ou traga ele sem um braço, porque né.

É só isso. Espero que tenham gostado e até a semana que vem. BYE



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