Twilight - a Magia do Amor escrita por Sol Swan Cullen


Capítulo 26
23º Capítulo - O Jogo




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(Bella POV)

 

Estava novamente na clareira, o sol fora substituido pela lua e agora o pequeno prado estava envolto na mágica luz prateada da lua. Olhei à minha volta, procurando, talvez por Edward, não sabia, mas quando o meu olhar parou nas duas crianças que lá estavam, senti o meu coração acelerar-me no peito e um sorriso surgir-me nos lábios.

- A Avó disse que deviamos ser pacientes. – A menina disse, olhando do rapazinho para mim. – Não deviamos estar aqui.

O menino nada disse, apenas caminhou na minha direcção, quando ele estava perto de mim, baixei-me para ficar ao mesmo nível que ele. A menina imitou-lhe o exemplo e aproximou-se, ficando lado a lado com o rapaz.

- Eu queria vê-la. – O rapaz disse, olhando-me com adoração que eu aprendera a reconhecer nos olhos de Edward. – É tão linda.

- Obrigada. – Disse-lhe, fazendo-o sorrir. – Vocês também o são.

- Nada comparado consigo. – A menina disse-me sorrindo-me de través. – A vovó tinha razão... Disse que era tão amável como um anjo.

Olhei para eles calmamente, estudando os seus rostos perfeitos, vendo como havia pequenos traços nas faces de cada um que me eram familiares.

- Quem são vocês? – Perguntei. – O que vieram aqui fazer?

- Não podemos dizer, ma... – A menina começou a dizer, os seus olhos castanhos chocolate a olharem para mim tristes. – Mas nós viemos vê-la.

Ela ergueu a sua mãozinha e esticou-a para o meu rosto, parando a meio do caminho, para depois recolhe-la de volta a si. O rapaz que estava silencioso olhava-me atentamente, os seus olhos verdes brilhavam com lágrimas que ameaçavam cair pelas suas bochechas rosadinhas.

- Não chores. – Pedi, esticando a minha mão para o seu rosto para lhe limpar uma lágrima que caíra. – Vai ficar tudo bem, verás.

Ele assentiu, inclinando o seu rosto na direcção do meu toque. Só então me apercebi da suavidade da sua pele e da sua temperatura não muito quente.

- Estão com frio? Venham cá. – Disse puxando os dois pequenos para os meus braços.

Ambos encolheram-se contra mim e depressa os ouvi inspirar o meu odor.

- Cheira tão bem... – A menina disse, puxando delicadamente uma madeixa do meu cabelo para o seu rosto. – Cheira a flores.

O menino não disse nada, apenas se aninhou mais contra o meu peito... Só então percebi que ele chorava silenciosamente enquanto inspirava o meu cheiro. Senti-me triste e incapaz, queria fazê-lo sentir-se melhor, queria poder dizer ou fazer qualquer coisa que o ajudasse, que o fizesse sorrir, mas não sabia o que fazer, por isso baixei a minha cabeça para a sua e beijei-lhe os cabelos, inspirando o seu odor adoçicado. O rapaz cheirava a liláses, lavanda e a Sol, um cheiro muito agradável. Perguntei-me se a menina cheiraria tão bem quanto ele e puxei-a mais para mim, para também lhe beijar a nunca e inspirar o seu odor. Ela abraçou-se a mim inspirando o meu cheiro com mais força quando baixei o meu rosto para os seus cabelos. Também ela tinha um cheiro muito bom, em vez de cheirar a liláses como o rapaz, ela cheirava a frésias, a rosas e, também, a Sol.

Abracei-me com mais força aos dois pequenos quando senti um vento desagradável soprar com mais força. Mas em vez de proteger o meu rosto entre as cabeças das crianças para continuar a inspirar os seus cheiros, levantei a cabeça, procurando por algo.

- Que cena tão comovente...

Olhei para o lugar de onde viera a voz e arregalei os olhos ao ver quem ali estava. Deparei-me com um vampiro de longos cabelos loiros que pareciam prata com os raios de luz, a sua pele brilhava levemente com a luminosidade prateada, os seus lábios abriam-se num sorriso sardónico, maldoso, que me fez arrepiar até os pêlos dos braços, mas aquilo que se reparava bem nele eram os seus olhos vermelhos sangue, que olhavam fixamente para mim e para os dois pequenos que se encontravam comigo.

- James. – Disse, fazendo as crianças olharem para cima e encolherem-se contra mim.

Ele nada fez, apenas manteve o seu olhar fixo em nós. Já eu, levantei-me, puxando as crianças para trás de mim, tentando protegê-las do olhar daquele monstro. Não permitiria que ele magoasse aqueles pequenos, não enquanto eu ainda pudesse lutar.

James deu um passo em nossa direcção e eu rosnei, mostrando os meus dentes, desejando ardentemente ser uma vampira para poder proteger a menina e o menino que se agarravam às minhas pernas.

- Mamã... – O menino disse, distraindo-me do meu alvo e fazendo-me olhar para ele, a sua voz e a sua face estavam repletas de medo.

Foi demasiado rápido e eu não me apercebi do que se estava a passar, estando ainda presa à palavra daquela criança. Mamã, ele tinha-me chamado mamã. E as peças só cairam no sítio quando comecei a sentir falta de ar, tentei libertar-me, mas a mão fria e pétrea de James apertava-me o pescoço, impedindo-me de respirar.

- Mamã!!! – Ouvi a menina gritar e fui arremessada contra uma árvore, arquejando com a dor do contacto do tronco rugoso da árvore contra a minha pele.

Olhei para a frente e vi o vampiro atirar-se às crianças...

- NÃO!!!!!!!!!!! – Gritei, sentando-me direita na cama, sentindo as lágrimas cairem-me dos olhos.

- Bella! – Alguém me chamou da escuridão do quarto.

- Não! – Disse outra vez, na minha mente via vezes e vezes sem conta as criançinhas a serem chacinadas por James.

Foi então que senti braços frios envolverem-me. Não me importei com a temperatura, mas abracei-me a ele. Reconhecendo o vampiro no meu quarto pelo seu cheiro.

- Já passou. – Ele disse-me, fazendo-me festas no cabelo. – Já passou.

Aninhei contra o peito de Edward, inspirando o seu cheiro doce de mel e lilás e Sol, relembrando-me instantaneamente do cheiro do rapazinho, do meu filho, do nosso filho. Afastei-me do seu peito rapidamente, desejosa de poder olhar para ele e ver os seus olhos, eu precisava de ver o tom verde que iluminava os seus olhos, a mesma cor dos olhos da criança. Mas mesmo com a luz fraca que provinha da lua na rua, não me deparei com os olhos verdes que eu tanto queria ver, deparei-me com os dourados que eu também adorava. E tocando levemente no seu rosto, vi os seus olhos tomarem a cor verde com a magia que eu lhe transmitira pelo meu toque.

Edward apenas olhava, esperando que eu fizesse algo mais. Eu só lhe fiz festas, tocando nos seus cabelos, no seu rosto, em tudo o que podia. Mas uma pergunta mais urgente que a adoração fazia-se presente na minha mente.

- O que estás aqui a fazer?

Ele sorriu-me timidamente, como se estivesse constrangido e eu fiquei maravilhada e baralhada. O que estaria o meu vampiro aqui a fazer? A estas horas da noite no meu quarto?

- Ok... – Ele acabou por dizer. – Não te passes! Sabes como te amo...

- Desembucha, Edward!

- Já há uns tempos que venho ver-te dormir.

Congelei, olhando para ele estupefacta. “Já há uns tempos”?! Como assim? Uns tempos, quanto tempo?!

- Quanto tempo?

- Há umas semanas... – Ele disse-me, olhando-me directamente nos olhos. – Ao início foi só curiosidade, queria ver se estavas bem... Mas depois tornou-se numa necessidade! Eu tinha que te ver!

Eu não queria realmente saber as suas motivações, queria mais saber o que ele teria ouvido... Bocejei, sentindo-me muito cansada, sentia os meus olhos pesados, querendo fechá-los mas com medo do que veria se o fizesse.

- Tu estás com sono. – Ele constatou, abraçando-me e deitando-se comigo na cama. – Dorme, foi só um pesadelo, descansa que precisas.

Fiz como ele me mandou e já estava quase a entregar-me à escuridão da inconsciência quando senti os braços de Edward desenvencelharem-se do meu corpo. Agarrei-lhe o pulso e abri os olhos, olhando para ele directamente.

- Fica comigo. – Pedi.

- Eu fico. – Ele prometeu, voltando a deitar-se.

E voltei a adormecer abraçada a ele.

 

Quando acordei de manhã, não tinha a luz amarela a entrar pela janela, mas sim uma luz acinzentada que me disse que o tempo estava nublado, como era costume, o que significaria que todos poderiamos sair à rua calmamente.

Suspirei, lembrando-me que dia era...

- Vai tudo ficar bem. – A voz veio do canto do quarto, da minha cadeira de baloiço.

Olhei para lá e deparei-me com Edward, sentado na cadeira, olhando para mim com um sorriso calmo nos lábios.

- Bom dia. – Ele cumprimentou-me com um sorriso.

- Ficaste! – Exclamei saltando da cama e correndo para ele.

Assim que o alcancei, sentei-me no seu colo e sendo envolvidada pelos seus braço, beijei-o.

- Eu disse que ficaria. – Edward fez-me festas no rosto, afastando-me os cabelos da face. – Os teus cabelos parecem um ninho de ratos, mas eu gosto deles.

E ele riu-se, fazendo com que eu lhe batesse no braço. E então observei-o melhor, as suas roupas eram diferentes daquelas que eu tinha visto no seu corpo durante a madrugada.

- Foste-te embora! – Acusei-o.

- Alice. – Foi tudo o que ele disse.

E estava prestes a beija-lo, quando o meu estômago rosnou bem alto. E ele voltou-se a rir.

- Hora do pequeno-almoço?

Assenti, sorrindo e levantando-me do seu colo. Estava cheia de fome, mas tinha que me arranjar, não poderia ficar com o pijama. Edward deve ter visto a minha hesitação pelo que se levantou e me beijou a testa.

- Vai arranjar-te, eu arranjo-te o pequeno-almoço.

Sorri, tentando provocá-lo. – Achas que consegues desenrascar-te lá em baixo?

Ele sorriu-me, dirigindo-se à minha porta.

- Não te preocupes, eu consigo desenrascar-me. – Ele abriu a porta. – Mas tu vais-te arranjar e vestir. Não me obrigues a chamar a Alice.

Fingi-me totalmente aterrorizada, peguei na minha bolsa do banho e corri para a casa de banho, passando pela porta do quarto de Ana no processo. Decidi, por bem, ver se ela já estava acordada, era costume ela acordar com o nascer do Sol. Abri a porta do seu quarto e vi como ela estava deitada na sua cama a ler um livro.

- Bom dia. – Ela disse sem tirar os olhos do livro. – Vai tomar banho já te vou escolher a roupa.

Sorri, sentindo a rotina a formar-se e corri para a casa-de-banho cantarolando baixinho.

- I don’t like to be alone in the night, - Cantarolei entrando no banho. – And I don’t like to hear I’m wrong when I’m right.

Ensaboei-me, deixando que o cheiro do sabão se embrenhasse na minha pele. Meti shampoo no cabelo, apreciando o cheiro a morangos que eu tanto gostava... E mesmo acima do som da água do chuveiro, ouvi a música que certamente deveria vir do quarto de Ana.

- And I don’t like to have the rain on my shoes but I do love you... – Sorri e depois quase que gritei o resto da frase, só para que Edward me ouvisse. – But I do love you!

Ouvi-o rir-se e soube que a minha mensagem chegara ao rés-de-chão. Continuei cmo o meu banho, sentindo o efeito relaxante da água na minha pele nua.

- I don’t like to see the sky painted gray... – Continuei a cantar de acordo com a canção enquanto saía da banheira, já pensando no céu cinzento que estava na rua. – And I don’t like when nothing is going my away...

Estava a enrolar-me na toalha quando apanhei um vislumbre do meu reflexo no espelho de corpo inteiro atrás da porta. Aproximei-me mais e deixei a toalha cair aos meus pés, expondo o meu corpo na suprefície vitrea. Relembrei-me do sonho e toquei levemente com ambas as mãos na zona do meu ventre, imaginando-o redondo com os meus filhos lá dentro.

Gémeos? Perguntei-me, lembrando-me do menino e da menina, nas semelhanças entre os dois. É possível... O Edward iria gostar...

Não pude impedir-me de sorrir com o pensamento de Edward com aquelas duas crianças adoráveis, mas então teria sempre que me lembrar de contar os dias até que tudo estivesse acabado. Olhei para o espelho decidida... e embora nua, gostei do que vi, uma cópia idêntica e mais nova do rosto da Avó. Seguiria os seus passos, seria como ela, esperaria pacientemente até que fosse a minha hora.

Agarrei a toalha do chão e segui até ao meu quarto, ouvindo Edward a trabalhar na cozinha e Ana arrumar algo no seu quarto. Quando entrei no meu quarto deparei-me com um belo conjunto todo em tons de azul em cima da minha cama e sorri, roupas giras... e confortáveis, ao menos a loira ainda não se tinha esquecido das minhas perferências. Não demorei muito a arranjar-me, ajeitando o meu cabelo ainda molhado num rabo-de-cavalo, quando me voltei a olhar ao espelho, gostei do que vi, decidi então descer as escadas para o pequeno-almoço, encontrando Ana no corredor à minha espera.

- Hum... – Ela examinou-me, parecendo satisfeita com a minha aparência. – Poderia ficar melhor com os cabelos soltos...

- Mas isso seria um incómodo para o jogo. – Comentei enquanto desciamos as escadas.

- Não vejo qual o interesse em jogar basebol... Ficamos sempre cheias de terra e suor. – Ele reclamou enquanto entravamos na cozinha.

- A falar do jogo as meninas? – Edward perguntou colocando-me na frente um prato com torradas.

- Sim.

- Não. – Ana disse ao mesmo tempo que eu.

Olhámos uma para a outra e rimo-nos.

- Tu ouviste a conversa, Cullen, deixa de te fazeres de ingénuo! – Ana disse tirando uma torrada do meu prato. – Hum, estão mesmo boas! Já pensaste em abrir um restaurante, Eddie?

Edward pareceu ignorá-la sentando-se ao meu lado na mesa, observando-me enquanto eu comia e fazendo uma careta ocasional quando eu demonstrava gostar do pequeno-almoço.

- Eu sei que não é nenhum urso, mas olha que também é bom. – Disse-lhe sorrindo.

- Não sei, não. – Ele contradisse-me franzindo o nariz. – Acredito que irias gostar muito mais de um leão da montanha.

- A sério? – Perguntei olhando para ele com um sorriso duvidoso.

- É o meu favorito. – Ele disse oferecendo-me o meu sorriso. – O Emmett é que gosta imenso de ursos.

Gargalhei e vi Ana fazer uma careta como se fosse vomitar, para depois se levantar da sua cadeira e sair da cozinha a reclamar.

- Uh! Discutir preferências de caça ao pequeno-almoço não faz nada bem ao meu estômago...

Encolhi os ombros, sabendo bem de mais que eu não tinha que me preocupar com nada daquilo, não teria que caçar para sobreviver após a passagem, já Ana seria outra coisa totalmente diferente. Edward pareceu ter percebido a minha mudança de humor e os seus olhos mostraram-se ainda mais curiosos, ao que lhe balancei a cabeça para, de certo modo, lhe dizer que depois lhe contaria o que se passava.

Quando acabei de comer, Edward levantou o meu prato e lavou-o, voltando para o meu lado rapidamente. Fomos os dois para a sala, onde Ana via televisão sossegadamente, olhei à volta, inspirando o ar à procura do cheiro de Ella.

- Onde está a Ella? – Perguntei à minha irmã. – E o pai?

- A Ella está lá atrás, a fazer o quê, não faço ideia. O pai foi à esquadra.

- Fazer o quê?

- Não sei bem, ele pareceu ter tido uma visão qualquer. Acho que foi informar os seus colegas de que durante a próxima semana não vai trabalhar.

A informação despertou a lembrança de James no meu pesadelo e senti-me aterrorizada, o pai teria visto algo que estivesse relacionado com James? Porquê tirar uma semana de “descanço” quando talvez conseguissemos destruir o vampiro ainda hoje? As perguntas surgiam e não traziam respostas, o que me fazia ficar mais nervosa, mas não o iria mostrar, temia que Edward pudesse sentir-se mais inseguro do que eu e começasse a arrepender-se por estar a meu lado.

- Então penso que é melhor irmos andando, não acham, senhoritas? – Edward perguntou de um modo muito cavalheiresco, fazendo-me sorrir mesmo estando tão nervosa.

Estava pronta a responder-lhe, mas Ana levantou-se de um pulo, correndo para a porta das traseiras com um sorriso imenso nos lábios. Olhei para o sítio onde ela tinha desaparecido com uma sobrancelha erguida, não sabia em que drogas andava ela metida, mas teria que me certeficar que ela deixaria de as tomar depressinha.

- Eles chegaram! Eles chegaram! – Ouvi-a gritar da cozinha.

Olhei para Edward que me olhava com um ar inquisidor, olhei para sua mente, vendo qual a sua pergunta... Tratava-se exactamente da minha: quem é que tinha chegado?

Encaminhámo-nos para o jardim, onde estavam Ana e Ella, mesmo antes de lá chegar, um cheiro forte a cão molhado encheu-me o nariz, fazendo-me franzi-lo. O cheiro fez o meu estômago revirar-se com nojo e eu senti uma enorme vontade de vomitar o pequeno-almoço.

- Ugh! – Exclamei quando chegámos ao pórtico nas traseiras. – Que cheiro insuportável.

Não cheiras muito melhor, Bella! O pensamento insinuou-se na minha mente, fazendo-me olhar para a frente e recuar de olhos arregalados.

Ok! Ana e Ella tinham-me mostrado os videos e fotografias dos dois lobos, mas nada e quando eu digo nada é mesmo nada me poderia preparar para a imagem de ter os dois lobos do tamanho de grandes ursos negros na minha frente.

O lobo castanho-avermelhado era o maior, ultrapassando facilmente a minha altura, os seus olhos castanhos escuros quase negros fixavam-me com um brilho que passaria perfeitamente por um enorme sorriso, os lábios do focinho do lobo também estavam ligeiramente abertos, quase como um sorriso canino, o nariz do lobo também franzido como o meu. Tirei os meus olhos da face do lobo, observando o seu corpo colossal, as patas eram enormes, largas o suficiente para proporcionarem o equilibrio necessário àquele corpo de urso, a cauda do lobo abanava-se de um lado para o outro, parecendo um espanador inquieto, a pelagem do lobo era longa demais, parecendo ter algo que não era confortável para a criatura.

Já ao seu lado, olhando para Ella com um olhar carinhoso demais e inteligente demais para um animal, estava um enorme lobo de pêlo cor de areia, não tão grande como o outro lobo, mas tão monstruoso como o primeiro. O corpo também era largo, mas este tinha o distinto toque de parecer descordenado, um pouco trapalhão; as patas não eram tão largas, sendo por isso que talvez parecesse muito mais descuidado; também a cauda do lobo amarelo parecia abanar-se intensamente, mostrando o contentamento do animal enquanto a minha priminha (que parecia tão pequena ao pé daquela criatura) lhe fazia festas na cabeça e lhe coçava as orelhas.

- Jake? – Perguntei olhando para o lobo avermelhado e recebendo um latido com resposta. – Seth?

O lobo amarelo respondeu-me do mesmo modo que o primeiro, parecendo ronronar com as caricias qeu Ella lhe dava. Ella sorria mais do que eu alguma vez a tinha visto sorrir, as covinhas nas suas bochechas mostravam o quão sincero aquele sorriso era e eu não conseguia fazer nenhum comentário quanto aos lobos.

Espero que a nossa companhia não seja muito desagradável. Seth pensou olhando para mim. A Ana e a Ella disseram-nos que hoje estavam a planear jogar basebol.

Sorri carinhosamente para a criança, sabendo que Edward ouvira tão bem quanto eu.

- Creio que conseguimos arranjar lugar para mais dois jogadores. – O meu vampiro disse sorrindo.

Ana e Jacob olhavam um para o outro em adoração e eu quase que me senti uma intrusa observando-os, quase.

- Acho que está na hora de irmos! – Exclamei, tencionando chamar à atenção de Jake e da minha irmã, claro que consegui fazê-lo. Olhei para Edward e sorri presunçosamente. – Vamos?

Antes de receber qualquer resposta, Edward pegou-me ao colo, sorrindo claramente satisfeito. Pela minha visão periferal vi Ana e Ella subirem para o dorso de cada um dos lobos, aconchegando-se contra o pêlo dos dois e inspirando o odor deles. Perguntei-me se elas não sentiriam o cheiro hediondo que eles emanavam, mas pelo ar de satisfação de ambas, conclui que talvez não.

Pronta? A voz de Edward fez-se presente na minha mente, como um sussurro no meu ouvido. Sorri-lhe prontamente, antes de espetar o meu nariz nas suas roupas para poder afastar o cheiro dos lobos.

Pronta. E foi tudo o que bastou para ele desatar a correr à frente dos lobos.

Mesmo estando ao colo de Edward, onde geralmente me sentia extremamente confortável, nesta corrida, eu não me sentia à vontade, algum instinto dentro de mim fazia-me querer saltar do colo de Edward e eu própria correr, puxando o meu corpo para o máximo de velocidade, fazendo-me alcançar rapidamente a casa dos vampiros. E também por estar no colo de Edward, sentia os músculos do meu vampiro contrairem-se para correrem mais depressa, puxando-nos a uma velocidade maior.

Edward? Chamei-o. O que é que se passa?

O facto de termos os lobos a correr atrás de nós está a deixar-me inqueito... Ele pensou para mim, apertando-me mais contra o seu peito. Sou a presa natural deles, eles são mais rápidos que eu e os dentes deles são tão fortes e afiados como os meus... Eles podem muito facilmente destruir-me se quiserem.

E só aquelas palavras explicaram o meu desejo profundo de correr, mostrei os meus pensamentos a Edward, permitindo-lhe ver o instinto inquieto e desconfortável que me fazia estar nervosa. Ele... riu-se, claramente divertido com aquele facto.

Afinal sempre tens um sentido de auto-preservação. Ele riu-se tanto mentalmente como fisicamente, fazendo-me sorrir e esquecer ligeiramente a sensação irritante de estar a ser perseguida.

O riso do meu vampiro chamou à atenção dos lobos e não pude fugir aos pensamentos que me invadiram a mente.

Podemos saber de que se riu ele? A voz rouca e profunda de Jacob fez-se ouvir e eu pude ver a figura de Edward através dos seus olhos.

Piada privada! Respondi, não achava em mim a coragem de ser má para aquele que eu ainda via como o rapazinho simpático que me contara a verdade acerca de Edward e a sua família.

Estava envolta na lembraça daquele rapazinho, tanto que nem reparei quando chegámos à casa do Cullen, claro, as vozes mentais de Rosalie e Jasper fizeram-me voltar à realidade.

         Gr... Que cheiro... Ugh... Os pensamentos de Rose foram os primeiros a encontrar o seu caminho para a minha mente.

Mas que raio...? Os pensamentos de Jasper chegaram a seguir.

Se pudesse vomitava... Emmett. Contive um sorriso perante os pensamentos do grande irmão urso.

Eles chegaram. Carlisle, claro que ele saberia de nós...

Bella? Estás com eles? Aquele último pensamento confundiu-me. Não sabia que Emily já tinha chegado.

Sim. Respondi-lhe, puxando a imagem que via com os meus olhos para a minha mente para permitir a Emily a imagem dos lobos.

Óptimo. Não ouvi mais os pensamentos da minha prima... e de mais ninguém para falar a verdade.

Já tinhamos chegado à parte detrás da casa e Edward só me pousou mesmo quando estávamos perto da parede de vidro. Quando os meus pés alcançaram o chão, estiquei-me para beijar o meu vampiro e depois correr para dentro de casa de mãos dadas com ele. Na sala, parecia estarem todos, uns com sorrisos no rosto, outros nem por isso, como era o caso de Angel.

Oh minha Deusa... Que mal fiz para merecer isto?! Ouvi o meu padrinho pensar com tristeza e segui o seu olhar para ver Ella descer do torso de Seth com um sorriso enorme no rosto.

- Ele gosta mesmo dela, padrinho. – Disse-lhe, fazendo-o olhar para mim com uma pontada de irritação nos seus olhos. – E não do modo como tu pensas, ele só quer que ela esteja bem...

- Claro, claro... – Ele resmungou voltando a olhar para eles os dois.

- Ignora-o, querida. – A minha madrinha disse-me, lançando um olhar irritado ao marido.

Não foi pouco depois que todos eles entraram na sala, Ana e Jacob de mãos dadas, enquanto tanto Ella como Seth tinham sido conscientes o suficiente para entrarem na sala separados. Instintivamente, os meus olhos rumaram a sala, procurando pela presença do meu pai, encontrei-o perto do piano, os seus olhos entristecidos a olhar para Ana e Jake.

Mais depressa que qualquer um deles... Eu perco tudo o que tenho. Os pensamentos do meu pai eram tão tristes como o brilho nos seus olhos, mas as imagens que me encheram a mente confundiram-me tanto como me deixaram com pena.

Vi flashes de uma mulher de cabelos acobreados passar pela mente do meu pai, vi imagens de uma mulher de cabelos loiros, vi imagens de um nascimento, vi o meu pai com duas bebés recém-nascidos ao colo... O passado do meu pai passava-lhe à frente dos olhos. Afastei-me da mente do meu progenitor quando os lobos eram apresentados, fí-lo a tempo de ver Seth chegar-se perto de Angel.

Vamos, aproxima-te... Angel pensava ao mesmo tempo que pela sua mente passavam planos das mais terríveis torturas direccionadas para o rapaz. Eu não mordo,... muito! Quis rir-me com o seu último pensamento, mas controlei-me o máximo que consegui.

- Prazer, senhor. Sou Seth Clearwater. – Seth disse estendendo a sua mão para o meu padrinho. Pobre rapaz...

Corajoso, se está disposto a enfrentar um vampiro para ficar com a filha dele... A madrinha pensou, um sorriso formando-se nos seus lábios calmamente.

- Angelus. – Angel disse curtamente, os seus olhos castanhos fixos nos rosto do rapaz.

Pela Ella, pela Ella, pela Ella. Seth continuava a pensar, mantendo um sorriso no seu rosto.

Se não soubesse que o rapaz estava nas suas perfeitas condições mentais, eu diria que ele tinha enlouquecido de vez, mas mesmo assim, sorri perante a esperança dele.

Oh meu Deus! Ouvi os pensamentos de Jake e virei o meu rosto para olhar para o outro casal. Jacob olhava para o meu pai, sério, mas os seus olhos negros deixavam transparecer o medo que lhe ia na alma.

Apertei-me contra Edward, temendo o confronto que viria entre o meu pai e Jacob. O meu vampiro olhou para os dois também e vi na sua mente o quanto ele desejava que aquilo corresse bem. Ana parecia extremamente confiante, no entanto, eu desejava que o sorriso convencido no seu rosto desaparecesse.

Pai, pensei, expandindo a minha mente em direcção à mente de Charlie.

Está tudo bem, pequenina... Está tudo bem, Charlie respondeu-me, sorrindo-me ligeiramente. Deixa a tua mente descansada, quero-te pronta tanto física como psiquicamente. Está tudo bem.

Encolhi os ombros, como se fosse fácil desligar o facto de conseguir ouvir mentes...

- Charlie. – Jacob disse. – Eu...

- Não te atrevas a dizer-me que não tinhas intenção que acontecesse aquilo que aconteceu, eu não compro essa, Jacob Black. – Charlie disse e eu encolhi-me com o poder na voz dele. – Um aviso apenas, lobo. Já o fiz ao vampiro... – Foi a vez de Edward se encolher. – Se eu vir a minha filha sofrer, considera-te extinto!

Vi o modo como o rapaz se encolheu e quase sorri, não fosse por saber perfeitamente que o significado daquelas palavras não estavam apenas dirigidas ao lobo mas sim também ao vampiro que me abraçava. O ar sério de Jacob permaneceu, ter-se-ia acentuado não fosse por eu achar isso impossível, mas o sorriso de Ana aumentou, fazendo com que a minha raiva acompanhasse o tamanho do seu sorriso. Rosnei e Ana olhou para mim, um tom desafiador nos seus olhos azuis.

- Alguém está a precisar de descarregar um pouco de energia, não?! – Ela disse, a gargalhada presente na sua voz, irritante, provocando-me.

- Não me tentes, Anabella! – Rosnei de novo, olhando-a com raiva.

- Alguém está a sugerir uma luta? – Angel anunciou do seu lugar, parecendo tão calmo como se nunca Seth se tivesse apresentado.

- Estás a sugerir que a Bella te volte a derrotar? – Isabel disse tão calmamente que fazia querer que falava do tempo que fazia lá fora. – Querido, sabes que treinaste a nossa afilhada tão bem que ela supera-te!

Edward remexeu-se desconfortavelmente a meu lado quando o meu nome foi referido naquele tema.

- Eu deixo as lutas para vocês, prefiro concentrar as minhas energias para o jogo de logo. – Declarei quando vi Charlie sentar-se no sofá ao pé de Emmett e começar a ver o jogo de basebol que estava a dar na televisão.

- Não me digas que vais jogar, bruxinha?! – Emmett disse olhando para mim com um sorriso traquina. – Com os teus problemas de equilíbrio, dúvido que consigas sequer segurar no bastão.

E então riu-se, em alto e bom som, inflamando a competitividade em mim e fazendo tremer a parede de vidro. Vi Angel e a madrinha abanarem a cabeça, Charlie sorriu levemente, Ana e as nossas primas riram-se silenciosamente, já os Cullen olhavam para mim com curiosidade.

- Em, não fiques muito desiludido logo à noite, está bem?! – Disse-lhe sorrindo como um gato que apanha o canário. – Porque a partir do momento em que os Swan fizerem o primeiro home run, tu estás fora!

As gargalhadas silenciosas de Ana, Emily e Ella rebentaram perante o ar quase desesperado de Emmett, seria divertido ver o seu ar no jogo logo à noite, pensando bem, seria divertido ver o ar de todos quando fosse a minha vez de bater. Olhei para o rosto de Edward que parecia tão ou mais curioso que o dos outros.

- Vais jogar?! – Ele perguntou-me com uma sobrancelha erguida.

- Sou a melhor batedora da família Swan. – Respondi encolhendo os ombros.

Era um facto que não me aquecia nem arrefecia, não era um assunto particularmente interessante. Olhei pela janela para a rua, reparando nas nuvens cinzentas que se dirigiam para a cidade, seria uma grande tempestade e eu podia senti-lo. Acabei por perguntar a Alice se seria necessário levar chapéu de chuva para o campo onde iriamos jogar, ao que tanto ela como a minha gémea me responderam que estaria o clima ideal para jogar lá, a tempestade só afectaria a cidade.

Tentei distrair-me daquilo que se iria passar mais logo, procurando recorrer a coisas que me ocupassem o pensamento. Emmett ajudou-me nisso, desafiou-me para fazer uma maratona de jogos na sua Wii, ri-me imenso quando ele perdeu o quarto jogo consecutivo e me acusou de estar a fazer batota, também passei algum tempo no quarto de Edward a ouvir algumas músicas com ele...

- Bella... – Ele sussurrou.

- Sim? – Perguntei olhando para ele calmamente.

- Eu queria, queria mostrar-te uma coisa.

Edward levantou-se da cama e eu segui-o, fomos para a sala onde estava o piano. Alice e Ana já estavam à nossa espera no fundo das escadas, as duas videntes olhavam para o meu vampiro com um olhar estranho e descobri que ambas me bloqueavam com sucesso pelo que não consegui ler as suas mentes. Edward sentou-se ao piano e obrigou-me a sentar-me ao seu lado, as suas mãos começaram a mexer-se pelo teclado com perícia fazendo-me arrepiar perante a belissíma melodia que as suas mãos produziam. A primeira melodia que ele tocou era doce, calma, era algo que eu nunca tinha ouvido antes.

- Compus esta música para a Esme e o Carlisle. – Ele disse-me sem nunca parar de tocar. – Um tributo ao amor que presenciei durante anos.

Perante a sua declaração, senti-me inferior, minuscúla. Perto deles eu não era nada, praticamente nada. Apesar de me sentir deprimida, reparei na mudança do tom da música, a melodia abrandara, descera um tom, tornando-se muito mais calma, quase sonolenta.

- Tu inspiraste esta. – Edward disse-me enquanto tocava a música que só depois percebi ser uma canção de embalar.

A canção encheu-me o espírito, tocando-me no fundo coração e fazendo-me crescer borboletas no estômago. Nunca me tinham dedicado uma música, nem sequer escrito um poema ou coisa assim parecida. Senti-me deleitada por ouvir a melodia tomar um rumo ligeiramente mais feliz, mas depressa o tom alegre começou a morrer, a tornar-se mais calmo, mais triste conforme se aproximava do fim. Assim que Edward chegou à última nota da música, olhei para ele, não sabendo se havia de sorrir se havia de chorar, fiquei espantada quando o meu vampiro e ele ergueu a sua mão para o meu rosto, limpando uma lágrima que me escorria pelo rosto.

- Não chores. – Ele sussurrou abraçando-me.

- É linda. – Disse-lhe no mesmo tom baixo. – Mas o final é tão triste...

- Na altura em que compus esta, não via uma saída feliz para nós. Julgava-te apenas humana e não conseguia ver um final feliz para nós os dois.

Toquei no rosto dele, vendo como os seus olhos tinham ficado tristes à menção da época em que desconheciamos a verdadeira natureza um do outro. Não conseguia, nem queria imaginar o quão desesperante não teria sido para ele, mas lembrava-me perfeitamente daquilo que eu sentira, o medo e o desespero por querer estar com ele por mais que o simples motivo de gostar dele. Para nós, bruxas, não era o mesmo que para os vampiros, mas sentiamos com tanta intensidade como eles. Abanei a cabeça, sorrindo para o meu vampiro que compreendeu de imediato o que eu queria dizer e começou a tocar-me outra música, esta muito mais feliz que a minha melodia.

Depois de ouvir algumas músicas no piano e de acompanhá-las a cantar com Ana, Ella, Emily e Alice, fomos almoçar. Seria uma estupidez dizer que me tinha esquecido o quão deliciosos eram os pratos de Esme, mas não consegui deixar de elogiar os seus cozinhados na hora do almoço. A madrinha e Esme tinham juntado os seus esforços para permitir que todos da família pudessem comer à mesa, embora o pai e o padrinho tivessem surpreendido todos ao trazer uma garrafa de sangue para a mesa.

- Tenho uma reserva de sangue engarrafado em casa. – Charlie respondeu-me quando o interrogei com o olhar. – Não posso estar sempre a ir caçar e como tenho que manter as aparências para os Queilutes, o fim-de-semana é sempre dedicado à pesca com o Billy.

Jacob e Seth devoraram grandes quantidades de comida, o que rendeu muitas piadas a Emmett acerca do apetite dos nossos amigos caninos. Claro que Emmett, Jasper e Joe não foram os únicos a ter a sua vez para se divertirem, Jacob e Seth não se importaram nada de desafiá-los para uma pequena demonstração de forças no pátio detrás da casa dos Cullen, ao que Esme logo avisou que se alguma das suas flores fosse estragada, ela própria iria encarregar-se de que o desgraçado que tivesse provocado o dano iria ser castigado.  Não pude evitar rir-me quando Emmett, Jasper e Joe se encolheram perante a ameaça de Esme.

- Chama-lhes estúpidos! – Riu-se Alice quando os três vampiros se dirigiram para o jardim das traseiras e se meteram a uma distância segura dos canteiros. – Sabendo o que a Esme pode fazer...

Olhei para Rosalie e vi como ela observava Emmett, tal como Emily olhava para Joe, sabia que ambas estavam atentas às acções dos companheiros, talvez por temerem o que Esme lhes pudesse fazer para os castigar. Por algum motivo, passou-me pela cabeça o que Rosalie faria a Emmett se fosse uma bruxa, estas perguntas fizeram-me então questionar se Carlisle iria fazer a Rosalie o mesmo que iria fazer a Alice e que já fizera antes a Esme... eu, sinceramente, esperava que sim. Lembrava-me como Rosalie reagir quando o pai fez o feitiço que lhes permitiu tornarem-se semi-humanos naquele primeiro jantar... O desejo que ela apresentara... Suspirei enquanto observava a luta entre os dois lobos monstruosos e os vampiros.

- Ainda bem que eles não têm problemas de cansaço. – Edward comentou passado um bom bocado, fazendo-me quase saltar com o susto. – Vão precisar da energia deles para mais logo,

Abraçei-me ao meu vampiro e, sorrindo, beijei-o. – Não te preocupes, vai tudo correr bem.

O olhar que ele me dirigiu foi tão espantado que quase me senti mal por ter tentado assegurá-lo de que seríamos fortes o suficiente para destruir os nómadas sem grandes problemas, mas então o meu sorriso enviesado surgiu nos seus lábios, fazendo-me sentir melhor.

Não fizera mais nada durante a tarde até Ana chegar juntamente com Isabel e atirarem tanto a Charlie como a Angel um equipamento azul escuro com letras brancas, só depois do pai por o boné azul escuro com as iniciais CS na cabeça é que percebi do que se tratavam.

- Vamos, Bella! – A madrinha chamou, fazendo-me olhar para ela do meu lugar no sofá ao lado do meu vampiro. – Está na hora de nos irmos arranjar para o jogo.

- Já?! – Questionei olhando para o relógio de parede que se encontrava atrás dos sofás.

O relógio marcava as seis horas da tarde, julguei que fosse cedo, mas então repensei melhor quando ouvi Alice a mexer-se nos andares superiores. Edward gemeu baixinho, chamando à minha atenção e quando reparei no seu ar marterizado, quase que me preparei para um ataque.

- Não te preocupes. – Edward assegurou-me quando viu a minha expressão. – É só a Alice. Podes ir trocar-te no meu quarto. – Ele sussurrou-me a última parte.

Suspirei alíviada e dei-lhe um pequeno beijo, levantando-me em seguida para seguir a minha irmã loira e a minha madrinha. No topo das escadas, Ana entregou-me o meu equipamento e mandou-me para o quarto do meu namorado trocar de roupa, quando lá cheguei fiz exactamente o que me mandaram, vestindo rapidamente as calças azuis escuras e a t-shirt da mesma cor com o meu nome nas costas a grossas letras brancas, prendi o meu cabelo num rabo de cavalo e coloquei o meu boné, que tal como o do meu pai tinha as minhas iniciais... IS. Olhei-me ao espelho na casa de banho no quarto de Edward e sorri perante a imagem que ele reflectia, já há muito tempo que não jogava basebol, pelo que temia que os meus movimentos estivessem um pouquinho enferrujados.

- BELLA! – Ana gritou do rés-de-chão, certamente já estavam todos prontos.

Corri para lá, sorrindo imenso quando não tropecei nem uma vez nos meus próprios pés, quando cheguei ao último andar, deparei-me com todos os Cullen vestidos com equipamentos brancos com riscas pretas e todos os Swan vestidos com equipamentos idênticos ao meu. O meu olhar parou em Edward que mesmo com aquela roupa tão comum continuava a parecer um deus grego, caminhei até ele sorrindo, o meu vampiro também me sorria e quando me cheguei mais perto dele, guardando na memória aquela imagem.

- Estás linda. – Ele disse. – Tu és linda.

A sala tinha desaparecido, não havia vampiros e bruxas e hibrídos ali, só eu e Edward. Não conseguia afastar os meus olhos dos dele, que começavam a perder o dourado para ganhar o tom verde que eu amava. Nas suas íris, agora verdes, brilhavam vários sentimentos: amor, adoração, carinho... eu estava perdida. Estava a inclinar-me na direcção de Edward, já em bicos dos pés, só para o beijar, mas alguém me chamou à atenção clareando a garganta, desviei a minha atenção de Edward para olhar para a minha gémea e Alice.

- Vamos perder os trovões se os meninos se decidirem a ficar na marmelada. – Ana disse cruzando os braços à frente do peito.

- Sim! – Disse Alice imitando a loira. – E, sinceramente, Edward. A confraternizares com o inimigo?!

- Alice! – Esme ralhou.

- O que é?! – A pequena fadinha parecia indignada. – Mãe, é verdade. O jogo é Swans contra Cullens! Que eu saiba a Bella ainda não é uma de nós, a sério!

- Tens razão, Alice. – Edward disse afastando-se de mim calmamente. – A Bella ainda não é uma Cullen. Ainda. E espero que já tenhas visto isso.

De repente os olhos das duas videntes ficaram desfocados e todos tivemos que tapar os ouvidos com o gritinho histérico que ambas deram, tive que puxar o meu escudo o máximo que conseguia para o interior da minha mente para protegê-la dos pensamentos de todos. Antes que me pudesse preparar para um embate, Alice e Ana atiraram-se a mim, abraçando-me, apertando-me contra elas.

- Largem-me! – Gritei do meio das duas que andavam aos saltinhos à minha volta enquanto soltavam guinchos histéricos.

- Mostra-me! Mostra-me! Mostra-me! – Ana gritou puxando-me as mãos dos ouvidos.

- Mostro o quê?

Ana inspecionava-me as mãos, procurando algo nos dedos, os seus olhos pararam no anel que Edward me dera quando me pediu em namoro. Vi como o rosto da loira ficou confuso e então desconfiado.

- Onde está, Bella? – Ela perguntou.

- Onde está o quê?!

Ana virou o seu olhar para Edward ao mesmo tempo que Alice.

- Edward?!

Ele sorriu para ambas e depois voltou a aproximar-se de mim, colocando-me uma mão no fundo das costas e guiando-me para a saída.

- Vamos embora. – Ele disse como se nada fosse. – Ainda vamos perder a tempestade.

- EDWARD!! – Ambas gritaram quando Edward me pegou ao colo e meteu-se a correr.

Estávamos em silêncio, Edward parecia estar satisfeito com algo, mas não me incomodei a descobrir o que os seus pensamentos me escondiam, no entanto, sentia-me curiosa para o que eles me escondiam. O que teria deixado Ana e Alice em tal estado de animação?

- Edward?

- Hum?! – Ele olhou para mim, desacelerando a sua corrida. – Diz, meu amor.

- O que é que a Ana e a Alice viram? – Perguntei. – O que é que tu decidiste?

Ele parou, estávamos no meio de nenhures na floresta. Não me poisou no chão, olhando para mim como se tentasse decidir o que iria fazer.

- Despachem-se com a conversa. – A voz de Emmett retombou pela floresta com imensa malicia na última palavra. – Não querem perder o jogo, pois não?

E depois só se ouviu o riso troante do irmão urso de Edward.

- E então? – Perguntei, passado um bocado.

- Bem... Tu ouviste o que eu lhes disse, acerca de ainda não seres uma Cullen... – Ele parecia nervoso e o modo como ele olhava para mim, como se me estivesse a pedir para compreender, fez uma pequena luz acender-se na minha cabeça.

- TU ESTÁS A PEDIR-ME EM CASAMENTO?! – Exclamei, sentindo o meu peito subir e descer rapidamente com a minha respiração acelerada.

Estás a exagerar, Bella. Ouvi a minha consciência dizer-me, mas eu não conseguia libertar-me do pânico que se estava a criar no meu peito.

- Bella... – Edward chamou-me.

- Não! Não nos podemos casar... – Disse, mas ao ver como Edward ficou magoado, acrescentei. – Por enquanto.

- Eu compreendo que não queiras casar e tudo o mais... O quê?! – Ele disse, olhando para mim espantado. – Queres dizer que...

- Desculpa se exagerei... É só que.. – Hesitei nas palavras, não sabendo o que responder. – Apesar de ter muitos exemplos de matrimónio à minha volta... O casamento dos meus pais e as coisas que a minha mãe me disse durante anos... Não ajudam muito com a minha opinião acerca do casamento.

- Compreendo. – Ele disse. – Mas, o pedido não era para agora... A não ser...

- A não ser... – Incentivei.

- Que tu queiras, claro. Eu falaria com o teu pai, arranjaria um modo...

Sorri, aproximando-me dele e abraçando-o. – Por mais que a ideia de me tornar tua por meios legais e isso tudo seja, de facto, tentadora. Eu para todos os efeitos só tenho dezassete anos, Edward. E não é comum para os humanos casarem-se aos dezassete neste tempo.

Ele gargalhou, o riso tão livre e doce que eu sorri mais.

- Esqueço-me que apesar de teres uma compreensão muito mais atrás do tempo presente, que nasceste neste e que te reges pelas atitudes deles.

Afastei-me dele, fingindo-me ofendida. – Fique sabendo, senhor, que eu não me rejo pelas regras deste tempo nem dos humanos. Sigo as leis da minha espécie, da minha cidade e lá, uma bruxa só esta autorizada a ter uma vida intíma a partir dos dezoito anos.

- Então, considera isto um pedido não-oficial até ao teu décimo oitavo aniversário.

Ele voltou a pegar-me ao colo e começou a correr, os espaços entre as árvores começavam a ficar maiores, dando-me a entender que estávamos a chegar a uma espécie de campo aberto. Suspirei quando Edward me poisou no chão,

- O que foi? – Ele perguntou preocupado.

- Estava só a pensar que adiantaste o meu tormento com a minha irmã, a tua irmã e a minha tia por um ano. – Comentei com um ar miserável e ajeitei o boné na cabeça. – Bem... Vamos bater uma bolas!

A ideia de voltar a ser a Bella que era, de facto, boa em algum desporto deixava-me animada.

- Espera aí.

Edward agarrou-me no braço e puxou-me para si, beijando-me em seguida. Outro daqueles beijos de cortar a respiração e de pôr uma rapariga desejosa por mais. Verdade seja dita, eu posso não ser humana, mas sou uma mulher na adolescência, tenho as hormonas descontroladas!

- Hum... – Resmunguei quando Edward se afastou sorrindo. – Eu ainda não tinha acabado.

- Isto, meu amor, é para te desejar boa sorte para o jogo. – Ele disse, dando-me um pequeno beijo nos lábios. – Vais precisar dela.

Ri-me alto e bom som. – Querido, quem vai precisar de sorte, vais ser tu. Antes da oitava volta, quando for a minha vez de bater, prepara-te para ver o melhor home run da tua vida.

- Isso é o que vamos ver.

E entrámos no campo onde todos já estavam a fazer o seu aquecimento. Ella estava sentada de lado com Seth e com Esme; Ana estava com Jacob a treinar uns lançamentos; Rose e Emmett conversavam mais afastados; o pai, Angel e a Tia Isabel discutiam num canto; Carlisle fazia o mesmo com Jasper, Alice e Joe e, então, a um canto ligeiramente mais afastado reparei em Emily a fazer o seu aquecimento.

- Finalmente! – Ana exclamou atirando a bola para Jacob uma última vez. – Estava a ver que não! E depois, Isabella, temos muito que conversar.

Ignorei-a, sabendo que ela ficaria fula com isso. – Equipas?

- A equipa Cullen: Carlisle, Edward, Emmett, Alice, Jasper, Rosalie e Joe. – Disse-me Charlie. – A Esme vai arbitrar.

- A nossa?

- Eu, tu, a Ana, a Ella, a Emily, o Angel e a Isabel. – Charlie disse-me mostrando-me o bastão e ajustando o seu boné. – Vamos dar prioridade aos Cullen.

Vi Alice correr para a posição do lançador enquanto Rosalie se dirigiu para o lugar do batedor, Edward sai a correr para o seu lugar quase do outro lado do campo, reparei em todos os outros a ocuparem as suas posições, sobrava eu e Ana que se aproximou de mim com muita calma.

- Modo vampira em acção? – Ela perguntou suavemente.

Senti a magia espalhar-se pelo meu corpo, senti os músculos das minhas pernas a prepararem-se para correr e sorri. – Em acção.

Corremos as duas para os nossos respectivos lugares, o meu era mais perto de Emmett e o de Ana mais perto de Jasper enquanto Isabel se encontrava perto de Edward. Estávamos só à espera do trovão.

Reparei nos olhos de Alice a perderem o foco e então a sua voz entoou pelo campo. – Está na hora.

E ela lançou a bola.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?!
Os meninos do sonho... os filhos de Bella e Edward...
Vamos lá malta!
Comentem!
Bjs



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