A menina andou vagarosamente depois de minutos que passou no quarto tentando escolher uma roupa mais apresentável, levou as mãos em seus cabelos castanhos ondulados, tentando o manter menos armado enquanto descia as escadas encontrando um garoto com os cabelos Loiros e varias sacolas em mãos, seus olhos pareciam vermelhos, e as olheiras destacavam-se em sua face pálida, logo percebeu que não foi somente ela que tivera a noite mal dormida. Direcionou seu olhar para as mãos do mesmo, ele segurava grandes sacos pretos com boa quantidade de objetos que não conseguiu identificar.
– Tem como sair da minha frente?
– Bom dia para você também Johnson! – Um sorriso se formou no canto dos lábios de Niall, o que fez a menina suspirar para não estapeá-lo.
– O que está fazendo com todos esses sacos?
– Nada, talvez... Dando uma geral na casa.
– Hum, é bom, limpa bem o chão ok? O do meu quarto está com um pouco de pó. – Provocou, tentando entrar na brincadeira e Niall cerrou os olhos.
– Não se preocupe, vou deixar ele limpíssimo. – Falou arqueando uma das sobrancelhas, deixando seus olhos Azuis totalmente chamativos e Kate tremeu, ele girou os calcanhares e continuou a andar, alguma coisa lhe dizia que aquela frase tinha soado completamente estranha vindo logo do Horan. Balançou a cabeça voltando a fazer seu caminho e descendo as escadas de mármore e como um raio, pela primeira vez, entendeu o sentido daquela palavra “Limpíssimo”.
– Merda! – Sussurrou para si mesma voltando o mais rápido que pode para o seu quarto, seus pulmões já estava quase implorando por ar quando conseguiu tocar a porta e encarar Niall pegar uma de suas varias agendas e coloca-la no grande saco. - O que pensa que está fazendo?
– Não foi isso que pediu pra mim fazer? Deixar seu quarto limpo. Só estou lhe obedecendo. – Deu ombros, pegando dessa vez um de seus álbuns de fotografias que havia tirado com Kyle semanas antes de sua morte. Aquilo fez seu coração parar por um segundo, correu ate ele, tirando de suas mãos bruscamente o álbum de capa vermelha.
– Nunca mais toque nisso.
– Não acredito que gosta de guardar memorias.
– Não se intrometa em minha vida Niall, você não sabe nada do meu passado. E... Saia do meu quarto não quero acumular mais “lixo” por aqui. – Disse, se arrependendo logo em seguida, mas seu sangue fervia nas veias, sabia que aquele garoto não seria fácil de lhe dar, Horan a olhou sarcástico e rebateu.
– Não precisa acumular mais lixo, ele já tem o suficiente com você aqui dentro.
– Vá para o inferno Niall.
– Já estou nele. – Finalizou, saindo do quarto, deixando Kate com a respiração descompassada sem soltar de seu álbum, o levou até a prateleira onde estava, e retomando suas forças cominhou de volta até a sala ouvindo o ronco de seu estômago, ainda iria se encontrar com Lauren, e dessa vez não iria ter Horan´s que atrapalhasse seu caminho. Ouviu o uma porta em cima bater, provavelmente Niall estaria em seu quarto novamente, balançou a cabeça irada saiu do apartamento em busca de algum taxi disponível que lhe levasse até o centro de Londres.

***

O dia estava nublado, “mais uma vez.” pensou abraçando os próprios braços por conta do frio, a cabeça ainda girava ao pensar que não tinha ouvido mais falar de Morgan, por mais que a importunasse as vezes, ainda hesitava em a deixar sozinha em uma casa sabendo da situação que ela passará depois de Kyle, aqueles dias no hospital, a vendo tomar medicamentos forçadamente a angustiava, a imagem das enfermeiras agarrando-a pelo braço e injetando uma agulha em sua pele era perturbadora, sem falar nos dias com a prensença de Niall, não estava facilitando as coisas, desde que chegou ele passara metade do seu tempo no quarto, ou a irritando, por fora parecia uma menina organizada, mal sabiam que por dentro ela estava uma verdadeira bagunça.
– Finalmente! Olha quem chegou. – Dave falou empolgado quando a viu, podia escutar múrmuros vindos dentro da casa, estava totalmente engada quando por um momento naquela festa ou se por um momento passou pela sua cabeça alguma coisa ruim relacionada a ele.
– Olá.
– Kate, já estávamos ficando preocupados, te mandei a mensagem de...
– Lauren. Demorei para encontrar o taxi, só isso. – Mentiu, Não queria que questionassem sobre sua demora, não queria ter que explicar seu surto quando viraNiall em seu quarto segurando aquele álbum.
– Tudo bem, sei que estou sendo protetora.
– As vezes me sinto como se fosse sua filha sabia?
– Filha? Deus me livre, nem pense nisso.
– Ah, mas eu quero ter filhas ou filhos, se for menino eu...
– Dave! Amor, vamos ter filhos, um dia, quem sabe daqui ah trinta anos hã? – Passou as mãos pelo pescoço do garoto, que logo agarrou-a pela cintura.
– Gente, parem de aumentar meu diabetes. – Ryan falou enquanto chegava na sala, com os cabelos arrumados e aquele sorriso, que poderia ganhar qualquer uma que cruzasse seu caminho. – Hey, Kate.
– Oi – Sorriu, fazendo esforço para não parecer uma adolescente de treze anos.
– Hã, Lauren, você não ia falar sobre aquilo com a Kate?
– Sobre o quê?
– Ah, já estava esquecendo, Kate, poderia vir comigo? – Ela soltou Dave, que fez um bico enorme.
– Tudo bem, vai lá me troca.
– Dave, você poderia ir comprar mais.... Hã...
– O quê? Eu acabei de voltar do...
– PEIXE! Isso! Eu quero... quero peixes.
– Mas...
– Cara vai logo! – Ryan falou segurando o riso, Dave o encarou balançando a cabeça entendendo o recado, e saiu, batendo a porta.
– Desculpa, não quero causar problemas. Posso vir outra hora e..
– Não se preocupa, ele vai ficar bem. – Lauren andou, sentando-se em frente a Kate no sofá vermelho. Deixando Ryan ao seu lado, em pé e de braços cruzados na altura do peito.
– Então, o que tem pra me falar?
– Kate... eu fui na casa da Morgan e ela...
– Não acredito que me chamou pra isso Lauren, você sabe o quanto...
– Deixa eu terminar! – Balançou a cabeça e ela continuou. – Bem, como eu dizia, eu fui na casa da Morgan e ela estava... diferente.
– Diferente?
– Sim! Suas feições, era como se estivesse passado o tempo todo chorando, olha Kate, eu entendo, quer dizer, nós, entendemos os seus motivos, mas não acha melhor dar uma explicação e...
– Chega, eu não vou dar explicações a ela, meu deus! Você não entende. – Sentiu as mãos – quentes – de Ryan tocarem seus ombros, e por algum motivo, eles relaxaram. – Eu... eu não posso voltar ali, eu prometi pra mim mesma que não iria me importar com ela, ela me queria longe não queria? E isso eu fiz.
– Eu sei que é complicado.
– Não, você não sabe. – Levantou-se bruscamente, andando em direção a porta e pela segunda vez, Ryan agarrou-a.
– Ei, calma, só estamos... conversando.
– Essa é um tipo de conversa que não me agrada.
– Não vá agora, não terminamos, ainda tenho uma coisa pra te falar.
– Se for sobre a Morgan...
– Não é sobre a Morgan! Eu juro! – Olhou para o garoto, seus olhos eram duros e ao mesmo tempo confortantes, como se pudesse sentir lhe dando um abraço apertado e encostando a cabeça naqueles braços tão chamativos, por um momento na sua cabeça, a imagem de Niall descendo as escadas com os cabelos desgrenhados e apenas com uma toalha no quadril lhe passou pela mente, oh céus, ela estava louca em comparar os dois, eles eram completamente... diferentes. O seu olhar desviou para a menina que lhe encarava ansiosa e ao mesmo tempo decepcionada.
– Tudo bem. – Suspirou. –Podem falar.
– Antes... eu queria dizer que, eu fiz isso porque eu me importo com você tudo bem? – A menina ruiva falou rapidamente, seus olhos estavam aflitos, aquilo já estava começando a assusta-la, enquanto Ryan sentou-se ao seu lado no sofá, colocando as mãos soadas sobre seus ombros, aquilo realmente não estava normal, alguma bomba viria, disso tinha certeza.
– E, eu não participei disso, ela quem...
– Vocês querem falar logo, estou ficando preocupada. – O cortou, e os dois balançaram a cabeça conforme Kate os observava. Lauren respirou, se não a conhecesse diria que estaria tomando coragem.
– Kate, você lembra do dia que a gente se conheceu, e eu te fiz uma pergunta?
– Hã, se eu ja tive...
– Não essa pergunta, a outra pergunta. – A ruiva rolou os olhos, e Kate corou, não queria mesmo fazer aquela pergunta na frente de Ryan.
– O que eu gostava de fazer?
– Sim. E pelo o que eu me lembre você respondeu “Teatro, que era apaixonada e que era o que você queria tentar.” – Lembrava claramente do dia que conheceu Lauren, estava na casa de Morgan quando a viu passar correndo pela calçada, seus cabelos ruivos estavam presos em um coque com alguns fios soltos e uma gota de suor caia de sua testa, aquela tarde foi um dos dias que esqueceu suas preocupações. Por um minuto claro!
– Sim, isso, mas porquê?
– Olha, eu não quero que fique chateada comigo, mas, quando eu fui para Manhattan eu meio que parei no caminho, por conta de um grupo de teatro que estava entregando alguns panfletos e eu não estava interessada eu juro, mas quando eu li direito o papel e vi o que estava escrito eu pensei que...
– Não, e não se está pensando que eu vá participar disso Lauren, estou fora, por mais que seja meu sonho eu, eu... Só não quero ir.
– Então... Sobre isso...
– Lauren, o que você fez? – Questionou encabulada, e o menino ao seu lado levou as mãos na testa, derrotado.
– euteinscreviparaparticpardoelenco.
– O quê eu não estou ouv...
– EU TE INSCREVI PARA PARTICPAR DO ELENCO!
– O QUÊ? Não acredito que você fez isso!
– Kate, me desculpa, eu... eu achei que fosse ser legal para você.
– Sem me falar? você acha que é melhor pra mim sem me comunicar?
– Eu sei que foi errado mas, eu achei que...
– Eu sei o que achou, mas eu estou cansada, casada de todos quererem mandar na minha vida e controlar meus passos, minhas ações, chega, você esta parecendo a Morgan.
– Kate, eu estava com ela e eu vi que ela se importa, por que não vai? E aproveita o tempo dessa peça, quem sabe você...
– CHEGA RYAN! EU NÃO VOU PARTICIPAR DISSO, POR DEUS! – Gritou, levantando-se e indo em direção a porta, o rosto de Lauren estava indecifrável, não conseguia entende-lo, mas simplesmente ignorou, e com o coração pesado fechou a mesma deixando Ryan e a ruiva a sós.
– KATE, VOLTA AQUI! – Tentou andar, mas as mãos fortes de Ryan segurou seu pulso.
– Deixa, eu vou com ela. – Ela assentiu e ele colocou as mãos no bolso da calça que vestia. Sentindo o papel, embrulhado na forma de um pequeno quadrado guardado ali.