"Se eu falar devagar, se eu segurar sua mão, se você olhar bem perto, meu amor, você pode entender"
- For You

Caminhei lentamente a um ritmo facilmente acompanhado por um humano, pelo corredor de mármore, cada passo enviava ondas de nervosismo por mim, me fazendo morder debilmente meu lábio inferior, levei algumas respirações profundas até parar na frente das portas de mogno com a inicial 'A' em ouro, reunindo minha coragem, bati na porta mesmo ele já sabendo que eu estava aqui, educação sempre foi algo primordial para ele.
" Entre " - Veio sua permissão do interior da sala, sua voz tranquila, como veludo recheado de palavras, abri a porta sem esforço, ele estava sentado em uma cadeira de couro preto cara, atrás de uma mesa de mogno igualmente valiosa, riqueza sempre foi algo relacionado aos Volturi, ele olhou preguiçosamente quando entrei, entre as pilhas organizadas de papel em sua mesa, seu cheiro misturado com o de livros antigos e a chuva que deslizava na janela como carícias suaves, eram o suficiente para me inebriar.

"Jane querida é você" - Ele sorriu levantando - se e vindo até mim, beijando minha testa suavemente.

" Sim mestre Aro, gostaria de falar com o senhor, se não estiver ocupado é claro" - Falei demonstrando nada, mas apatía. A pele onde seus lábios tocara, estava formigando.

"Claro, mia cara, sente-se" - Ofereceu sorrindo, sorri também quase automáticamente, seu sorriso alargou.
Sentei de repente nervosa, o que eu estava fazendo? Eu estava arriscando tudo...Por tudo. Ele não sentou na sua cadeira como eu cogitei que fizesse, invés disso, encostou - se na mesa, cruzando os braços na sua frente e me olhando atentamente com suas iris vermelhas, esperando que eu começasse.
"Acho melhor ver" - Eu disse erguendo minha mão, aquelas três palavras agora me pareciam tão inadequadas...Não eram o suficiente.
Ele tomou minha mão na sua sorrindo suavemente, e então, começou...Cada pensamento, cada culpa, cada sentimento, segredo, tudo revelado, seu rosto, o dia que ele me salvou do fogo, o dia que abri os olhos para a imortalidade, a gratidão, a admiração, o afeto...meu amor por ele, a decepção ao perceber que não era o suficiente, o medo da rejeição, a raiva ao saber de sua esposa, o ódio quando os romenos tentaram machuca - lo...Tudo. Vários minutos se passaram antes que ele vinhesse a soltar minha mão, olhei para o seu rosto, para as emoções que passaram lá, choque, horror, esperança, dor e depois...Nada. Ele parecia a representação exata de uma estátua esculpida em mármore branco, seu rosto nada demonstrava. Impassível. Seu silêncio era minha maior fonte de rejeição, seus olhos eram acusatório quando ele voltou a falar.

"Jane isso é simplesmente inaceitável, eu espero que você não se deixe levar por tais sentimentos inapropriados, pode ir" - Disse desviando o olhar de mim, indo em direção a janela, olhando os habitantes da cidade de Volterra que corriam da chuva a tarde.

"Mas senhor" - Tentei desesperadamente sem entusiasmo.

"Eu já disse que você poderia ir, Jane" - Disse frio. Engoli a decepção que amargava em minha boca e sai sem olhar para trás, fui embora deixando mais do que uma simples porta fechada para trás. Talvez se eu tivesse olhado para trás, se por um segundo eu tivesse deixado meu olhar vagar, eu teria visto seu olhar confuso e o fantasma de um sorriso em seus lábios.