Honekui no Ido escrita por Misu Inuki


Capítulo 3
O estranho garoto com orelhas de cachorro




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Parecia que a cabeça da garota iria explodir.
Aquilo tudo não era real, sua mente gritava para ela mesma, enquanto tentava inutilmente parar de gritar.
Estava presa nas garras do monstro, que parecia se divertir em esmagá-la como se fosse um inseto, fazendo a perder o ar.
Talvez fosse mais fácil se ele simplesmente a engolisse de uma vez. Assim o jogo acabava e ela estaria de volta para sua casinha, onde aproveitaria para questionar a sanidade de sua prima. Onde estava os rios plácidos e os novos amigos que ela tanto falava, para ajuda-la naquele momento? Sim, tinha o garoto de orelhas de cachorro ali perto, mas a posição estranha de seu corpo preso à arvore gigante apenas por uma pequena flecha no peito, com os braços e pernas pendendo imóveis, indicava que de alguma forma que ele estava paralisado ali. Não que ele fosse ajudar de se pudesse, como ela concluiu, depois quando ele abriu a boca num sorriso irônico.

–Ei Kikyo! -ele gritou -Quando vai acabar com essa ceninha?

"Ceninha?Kikyo?" A garota pensou mas antes que ela pudesse questionar o rapaz, a criatura pareceu se cansar de brincar, erguendo a menina em direção à sua boca escancarada.
Ao ver aquele conjunto de dentes afiados quase do comprimento do seu antebraço, banhados por uma espessa e fétida saliva, a garota perdeu completamente a vontade de deixar o jogo acabar. Não seria devorada, não permitiria que seu corpo fosse mastigado por aquele monstro nojento independentemente dele ser real ou não.
Agarrou firmemente um dos grossos galhos da arvore, usando toda a força que tinha. A madeira rangeu com seu peso, e ela afundou os dedos nas rachaduras do galho.
Quando a mulher centopeia se aproximou para devorara-la com galho e tudo, a menina arrancou uma lasca da madeira. Num golpe desesperado, soltou os braços se jogando em cima da criatura, cravando a lasca de madeira em um dos seus olhos.
O monstro urrou de dor, e soltou a vítima, colocando as mãos no olho ensanguentado.
A garota caiu de costas no chão, batendo em algo macio. Olhou para trás, acariciando a cabeça dolorida. A mochila amarela gigante tinha impedido de ter quebrado a coluna.
“Ou não é possível morrer por queda nesse jogo?”- pensou

–Ei, Kikyo. – o garoto gritou novamente -Você irritou a yokai.

–Meu nome não é Kikyo, seu idiota!- a garota se irritou, mas deve que rolar para longe, pois a criatura tentou lhe acertar com a cauda.

– Você achou mesmo que só colocando uma roupinha ridícula ia conseguir me enganar?- o rapaz riu sarcástico- Vamos, derrote esse monstro com um golpe, como você fez comigo.

A menina não teve fôlego para responder, pois corria como uma louca, em zigue-zague para fugir da criatura que balançava o rabo fino tentando acertada-la. Mas se tivesse, provavelmente o mandaria “calar a boca”. Entretanto, claramente o garoto não tinha poderes telepáticos, pois continuou a implicar.

– Vai ficar correndo de um monstrinho level 5?! Isso é ridículo! Você conseguiria acertar uma flecha na testa dela de olhos fechados, de costas e com os pés amarrados!!

– Eu...- a garota falou enquanto pulava, rolava, e corria de um lado para o outro.- Não...Faço...Ideia do que você está falando. Mas... senão vai ajudar... FICA CALADO!!!

Ela gritou pois a centopeia finalmente consegui acerta-la, jogando seu corpo em cima da árvore. Mais precisamente em cima do corpo do rapaz de cabelos prateados. E antes que ela pudesse sair dali, a criatura foi se enrolando na árvore, como uma jiboia.

–HÁHÁHÁ- a criatura riu em sua voz demoníaca- Vou me livrar da garotinha que teve a ousadia de me cegar, e do hanyou nojento de uma vez só.

A menina gritou de dor, e o monstro foi apertando mais e mais seus músculos.
Ela olhou para o rapaz na sua frente, com um pedido silencioso de socorro.
Tinha que ter alguma coisa que eles pudessem fazer.
Ela não poderia morrer de uma forma tão ridícula.

–Kikyo?- o garoto murmurou e por um instante ela viu preocupação nos seus olhos.

Kikyo, Kikyo, Kikyo... Ela pensou irritada, quando reparou que o garoto tinha uma espada embainhada na cintura. Agarrou seu cabo, descobrindo uma chance de sobrevivência.

– Aprenda de uma vez, garoto...- ela falou, sua voz quase sumindo entre os altos rangidos da árvore que cedia sob a força do aperto da yokai- Meu nome não é Kikyo....

Ela sacou a espada da bainha com um único e rápido puxão.

–MEU NOME É KAGOME!- ela gritou cravando a espada no corpo do yokai na frente dela.

A yokai gritou soltando os dois no mesmo instante.
Estava com um corte profundo em parte de sua calda.
Ela se jogou pra cima da Kagome, cega pela seu ódio.
A garota só teve tempo de erguer a espada novamente, de forma instintiva, fechando os olhos.
Sentiu um liquido quente escorrer pelo seu rosto, e abrindo as pálpebras, percebeu chocada, que tinha atravessado a espada na cabeça da criatura, matando-a.

Kagome largou a espada em pânico. Suas mãos, rosto e roupas estavam cobertas por uma pegajosa camada de sangue vinho escuro. Era como estar dentro de um filme de terror.
Com as mãos trêmulas, a garota tirou a lâmina do crânio da yokai. Os ossos da criatura rangeram, e assim que a katana se viu livre nas mãos da menina, a pele, músculos e sangue começaram a se desprender do cadáver, voando sob a brisa como se se tornassem partículas de areia, sobrando por fim, apenas o esqueleto na relva.

Kagome respirou fundo, seu cabelo grudava na nuca numa mistura de sangue seco, terra e grama. A velha e enferrujada espada que tinha salvo sua vida, estava na mesma situação deplorável que ela. Inutilmente, a menina tentou limpá-la na grama, antes de se levantar para devolvê-la.

O garoto de cabelos prateados a encarava literalmente de boca aberta.

Num murmúrio incompreensível, a garota dizia alguma coisa entre muito obrigada e desculpas, enquanto cuidadosamente colocava a katana de volta à sua bainha.

–Como você fez isso?-o garoto exclamou depois de alguns instantes.

–Eu... Eu não sei...-Kagome falou num fio de voz, encarando as próprias mãos sujas. Ela sentia as pernas enfraquecerem, e por um instante pensou em se apoiar no rapaz, que estava tão perto que seu peito quase tocava o dele.-Eu nunca tinha matado nenhuma barata antes e....

–Não!-o garoto quase rosnou- Estou perguntando como você conseguiu tirar a Tessaiga da bainha!

"Tessaiga?" Ela repetiu mentalmente, confusa.
Olhou para a katana velha, enferrujada – e agora manchada de sangue- descansando na cintura do rapaz. Era uma arma de aparência frágil, que ela não entendia como ela não tinha quebrado na luta. O rapaz a encarava como se tivesse feito um esforço hérculo para levantar algo tão leve. ”Será que ele está falando dessa katana, mesmo?”-se perguntava.

–Não importa.- o rapaz a tirou de seus devaneios- Você acha que consegue tirar essa fecha do meu peito?

Ela olhou para o pequeno pedaço de madeira a sua frente. Parecia ainda mais delicado que a katana, mas de alguma forma conseguia sustentar o peso do rapaz como se fosse nada.
Esticou a mão hesitante e surpresa viu que não havia sangue na ferida.
Tinha apenas um pequeno furo no haori vermelho que o garoto usava, feito pela flecha.
Movida por sua curiosidade crescente, ela espalmou uma das mãos no peito do rapaz. Contrastando com sua postura imovel e rígida como a de um cadáver, a garota sentia o coração dele bater em sua palma. Eram batidas fracas e irregulares, mas que gradativamente aumentavam espalhando calor e vida ao corpo quase inerte.
“É quase como... Como se ele voltasse a vida com o toque das minhas mãos...”- pensou sentindo seu rosto corar.
Balançou a cabeça para afastar o pensamento.

Decidida, fechou a mão direita na flecha, sentindo-a formigar. Surpresa, viu que uma suave luz num tom entre rosa e lilás, fluía entre a madeira e seu braço. Fechou os olhos, respirando fundo para que o medo não a dominasse. De alguma forma, ela sabia que conseguiria fazer isso, aliás, sentia que deveria faze-lo. Sem ter onde se segurar, agarrou com a outra mão o haori do rapaz, buscando um ponto de equilíbrio. Mas antes que pudesse arrancar a flecha do peito do rapaz, ouviu ele gritar:

–ABAIXA!

A garota abaixou a cabeça, quase caindo da raiz da arvore com o movimento. Uma segunda flecha estava cravada na árvore no mesmo lugar que estava a cabeça dela a segundos atrás. Ela engoliu seco, e olhou para frente em busca do agressor.
Um grupo de aproximadamente umas oito pessoas estavam espalhadas na clareira com foices e pedaços de madeira. No meio deles, uma única mulher.
Era uma senhora de aproximadamente uns sessenta anos, usando um kimono branco e vermelho típico de sacerdotisa.
Ela encarava Kagome com seu único olho - o outro estava coberto com um tapa-olho rústico - e esticava o braço para trás para pegar outra flecha.

– Saia de perto do Inuyasha, garota.- A idosa ameaçou.- Não vamos deixar libertá-lo.

–Inuyasha?- olhou para o rapaz preso na árvore.

Ele rosnava olhando para o grupo, com os dentes expostos.
Subitamente, sua postura mudou, e uma nuvem de preocupação nublou os olhos dourados do garoto. Ele abriu a boca e antes que conseguisse gritar qualquer palavra, Kagome sentiu uma forte dor na cabeça. Ela caiu no chão sem forças. Seus olhos conseguiram registrar um camponês ao seu lado segurando uma tora de madeira antes do seu mundo escurecer.

~~~*~~~
A garota acordou com a cabeça doendo.
Tinha recebido uma forte pancada, mas quando tentou acariciar o lugar dolorido percebeu que suas mãos estavam bem amarradas nas suas costas. Levantou num salto, se arrependendo em seguida ao ver tudo girar a sua volta. Fechou os olhos e respirou fundo até a tontura passar.

– Bem vinda de volta ao mundo dos vivos.

A garota abriu os olhos e viu uma senhora, a mesma idosa que estava com o grupo que a a atacou, mexendo calmamente num grande caldeirão.As chamas irregulares do fogareiro, atenuavam as linhas de expressão e rugas da mulher, lhe dando um ar macabro.
Kagome engoliu seco. Se lembrava muito bem das lendas que sua mãe lhe contava quando era criancinha. Todas envolvendo uma bruxa canibal que se deleitava em engordar suas vítimas com doces e depois as transformava em picadinho ao molho pardo.
Pensou em abrir a boca para protestar, dizendo que passava a vida a base de alface e que era só pele e ossos, portanto daria um péssimo ensopado. Mas ela mordeu a própria língua, desistindo.

“Vai que essa velha é fitness, e resolve fazer uma salada comigo?”- pensou desesperada imaginando-se temperada em azeite e vinagre- “Pior que morrer cozida com batatas, era ser devorada viva com tomates e rabanetes.”

Não se mexa.

A velha levantou-se. Uma pequena faca brilhava sob a luz do fogo nas mãos enrugadas da mulher. A garota quis gritar, correr, fugir para as colinas. Mas seu corpo que tinha lutado tão bravamente com o yokai centopeia, estava naquele momento paralisado de medo da bruxa de um olho só. Kagome fechou os olhos. Os seus quase dezenove anos de vida, passando em flashes na sua mente. Não receberia seu diploma, não veria seu irmãozinho crescer, não terminaria de assistir sua série favorita, nem encontraria seu príncipe encantado... Era o fim.

–Pronto.

A garota abriu um dos olhos confusa. Tinha sido bem mais rápido do que ela pensava. Mal teve tempo de terminar suas preces para entregar sua alma aos céus. Abriu os olhos, esperando encontrar os dourados portões do paraíso, um coro de anjos cantando desejando boas vindas, ou quem sabe um ou outro ator famoso falecido para pedir um autógrafo.

Mas tudo estava igual. Ainda estava na cabana, e a bruxa, que atentara contra sua vida, estava a sua frente encarando-a como se tivesse problemas mentais.

Tocou o próprio o peito com as mãos, checando. Estava inteira, mas as cordas que prendiam seus braços não tiveram a mesma sorte, pois estavam despedaçadas no chão.

– Toma.- a mulher lhe estendeu uma pequena cumbuca, cheia com liquido fumegante.

Kagome pegou o recipiente com as mãos tremulas, como se o pote fosse explodir quando tocasse. Mas para sua surpresa, não havia olhos de jacaré ou cérebro de alpaca, e sim uma inocente sopa de ervilha que cheirava maravilhosamente bem.

–Gostaria de pedir desculpas em nome de todos pelo que aconteceu mais cedo.- a senhora comentou enquanto se servia da mesma mistura- Você visivelmente é novata por aqui.

Kagome balançou a cabeça bebendo um gole da sopa. Estava deliciosa, no melhor estilo comida-de-vovó.

– O certo seria você vir direto para aldeia, como estava escrito no seu espelho.

–Espelho?- a garota perguntou confusa.

– É como chamamos a telinha que ganhamos assim que chegamos aqui. Você tem mesmo muito a aprender.-a senhora sorriu- Qual é o seu nome?

–Kagome- a garota respondeu automaticamente

“Estranho... Eu pensei em Katherine, mas saiu Kagome.”- ela refletiu.
Agora mais calma, ela se lembrou que não era a primeira vez que isso tinha acontecido. Antes quando o garoto da floresta começou a irrita-la, ela disse que chamava Kagome, e não Katherine como era seu nome de verdade.

– Existem muitas regras neste mundo- a senhora continuou como se lesse seus pensamentos- Muitas delas nós obedecemos sem nem ao menos entende-las. Aqui você é Kagome, e é apenas isso que importa, no momento. A propósito, meu nome é Kaede.

–Prazer em conhece-la.- a garota se curvou respeitosamente.

Afinal sua mãezinha havia lhe educado muito bem , e mesmo que uma idosa tenha tentado lhe matar com uma flecha, mandado darem uma porrada em sua cabeça, mantendo-a em cativeiro com as mãos amarradas, ela deveria mostrar o mínimo de respeito os cabelos grisalhos da mulher. Fora que ela fazia uma sopa maravilhosa.

–Você me lembra a minha irmãzinha, Kikyo

Kaede pegou o pote vazio das mãos da garota e colocou num canto junto do seu.
Uma sombra de tristeza passou pelo seu rosto, apesar de ainda manter seu sorriso simpático.

– Kikyo?- a garota repetiu. Mais uma pessoa falava esse nome.

– Sim. –ela suspirou- Devia ter a mesma idade que você, o mesmo rosto, e a mesma altura.
Apesar de ser tão jovem, e não ter nenhum parentesco real comigo, ela me tratava como uma carinhosa irmã mais velha. Era uma poderosa sacerdotisa, e tinha a capacidade única de conseguir rastrear a luz da Shikon no Tama.

–A joia capaz de realizar qualquer desejo?

A senhora balançou a cabeça concordando.

– Uma joia capaz de tornar o mais fraco dos homens na criatura mais invencível do mundo. Tanto poder, que só trás mais desgraça que alegria.

A idosa baixou os olhos. Lembranças dolorosas, apareciam em sua mente.
Kikyo poderia ter purificado a joia se tivesse a chance.
Era a menina mais doce que tinha conhecido em sua longa vida, mas o destino pregou uma peça terrível, deixando a pobre Kaede ali sozinha.

Kagome se levantou, uma vontade instintiva de abraçar a senhora e abrandar seu sofrimento.
Não compreendia nada daquilo, nem mesmo sabia se aquela pessoa a sua frente era real, ou apenas um personagem do jogo. Mas não conseguia ficar sentada sem fazer nada, quando via alguém triste.

De repente, uma luz arroxeada começou a brilhar no canto da cabana. Era uma luz forte que quase a cegou por um instante.O brilho parecia chama-la, pulsando enquanto ela se aproximava com passos incertos. Surpresa, viu que a origem daquela aréola sobrenatural era sua mochila amarela, encostada no canto da parede.

Abriu o bolso principal, recuando por um instante quando seus dedos tocaram numa superfície estranha. Não deveria ter nada ali a não ser seu “espelho”, retangular e fino. Mas seus dedos de fecharam sobre uma pequena bolinha gelada.

Ela abriu a palma receosa, e encontrou uma pérola, pouco maior que uma noz, com um tom de lilás nublado. Kaede falou em voz alta o que seus pensamentos gritavam em sua cabeça:

–É a Shikon no Tama!

Mas nenhuma outra palavra pode ser dita.
O chão começou a tremer violentamente fazendo com que a garota e a idosa saíssem correndo de dentro da cabana. Kagome mal podia acreditar não que seus olhos viam. Um grupo enorme de monstros apareceram saindo das trevas da floresta com seus olhos vermelhos e suas bocas abertas. Os aldeões gritavam, crianças choravam no colo das mães. Alguns homens mais corajosos atacavam com lanças e flechas mas o único efeito que essas armas produziam era deixar as criaturas cada vez mais irritadas. Os yokais atiravam pedras, triturando em uma só mordida os guerreiros mais lerdos.

A garota sentiu uma onda de náusea tão forte que ela teve que morder os próprios lábios com força para conter o impulso de colocar tudo pra fora. Aquilo tudo era bizarro demais para ser um videogame e intenso demais para ser real. Era um cenário de guerra, em uma versão extremamente injusta e brutal onde os humanos olhavam indefesos suas famílias e casas serem atacadas sem absolutamente nenhuma razão.

A joia brilhou mais intensamente na mão de Kagome, fazendo-a desviar o olhar do macabro cenário sua frente.Um dos yokais, com cara de porco e corpo de raposa focou seus três olhos na garota.

–Shikon no Tama.-sua voz sobrenatural e rouca cortou o ambiente acima dos gritos e rosnados- Ela tem a Shikon no tama!

A garota apertou a mão sobre a joia que brilhava tão intensamente que sua luz arroxeada podia ser vista escapando por entre seus dedos. Era isso que eles queriam e ela sentia que não deveria entregar. Então ela correu, simplesmente virou a direita e deixou os seus pés a levarem o mais rápido possível para longe dali. Só quando estava a vários metros de distância da aldeia ela pode pensar o quão ridícula era aquela ideia. O certo era simplesmente deslogar do jogo, abandonar tudo e dane-se, voltaria para sua casa. Mas não conseguia simplesmente abandonar todo mundo ali. Sendo eles reais ou não, ela ajudar aquelas pessoas. Virou de costas e gritou em plenos pulmões, agitando seus braços no ar:

–AQUI!!! ESTOU AQUI!! VENHAM ME PEGAR, SEUS BABACAS!

Como previra os monstros caíram nessa e começaram a marchar em direção a garota. Ela se virou e usou todo o fôlego que tinha para correr. Kagome não sabia pra onde estava indo, muito menos tinha um plano na cabeça, usava apenas seu instinto de sobrevivência, que a estava guiando para os confins da densa e escura floresta.

Já tinha corrido vários metros quando viu a copa da árvore gigante onde lutou contra o yokai centopeia. O garoto selado, Inuyasha, ainda estava lá exatamente do mesmo jeito.
Sem parar de correr ela viu seu rosto de um sorriso debochado para surpresa e quase preocupação.
Pelos olhos dele podia ver o quanto os yokais estavam perto. Sua derrota era certa, e o garoto preso a árvore também. Ele era uma vítima ridiculamente fácil, provavelmente seria a sobremesa para os yokais famintos.

–Você é forte?- a garota gritou enquanto corria.

–O que?

–EU PERGUNTEI SE VOCÊ É FORTE!- ela berrou.

Ele olhou para a orda de yokais atrás dela, e depois para ela. Seus olhos haviam uma confirmação silenciosa e determinada. E era tudo que ela precisava naquele momento.
Respirou fundo e pulou o mais longe que podia. Caindo desajeitada e dolorosamente em cima da raiz alta da árvore. Mas não tinha tempo para choramingar, ficou de pé e num só movimento puxou a flecha do peito dele. A haste de madeira se quebrou em milhares de pedacinhos, desfazendo-se num arco de luz arroxeada, tão forte, que jogou a menina longe.

Uma risada demoníaca cortou o ar alta e assustadora. Kagome abriu os olhos e viu que o som não vinha dos monstruosos yokais que tentaram ataca-la. Inuyasha estava de pé a sua frente, com os lábios curvados num sorriso perverso. Garras afiadas como facas saiam da ponta de seus dedos, seus olhos anormalmente amarelos brilhavam numa sede assassina. Um arrepio subiu a espinha da garota. Sim, sem dúvida Inuyasha era forte. O que não sabia, agora que via a aura demoníaca que o envolvia, era de que lado ele estava. Em sua mente, lembrava do desespero dos aldeões e de Kaede quando se aproximou dele. Uma vozinha gritava no fundo da sua cabeça dizendo que ele devia ter sido selado por algum motivo. Observou ele fatiar com as mãos nuas o primeiro yokai como se fosse feito de gelatina. Engoliu seco e apertou a Shikon no Tama mais forte na palma de sua mão. Não havia nada que pudesse fazer não ser rezar para que ele não quisesse a joia também. Do contrario, seria a próxima a sentir as garras de Inuyasha em sua pele.

De um jeito ou de outro seu destino estava nas mãos do estranho garoto de orelhas de cachorro. Só restando a ela então, sentar e esperar.


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Notas finais do capítulo

E ai pessoal?
Gostaram?
Acho que nesse capítulo "a mão da referencia chegou a tremer" do inicio ao fim.kkkk
Nos vemos no próximo.

Beijos e Borboletas azuis!



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