Você é a rainha, mude as normas!

—Hannah Hook

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Carmim prendeu a respiração enquanto Hannah apertava o vestido. Talvez em outras pessoas doesse um vestido tão apertado, mas não nela. Nada a fazia sentir dor, não no País das Maravilhas. Ela se olhou no espelho, assustada com a própria aparência. Não estava apenas bonita.

Estava radiante.

—OLHA ELA! – gritou Evie, entrando no quarto com o véu nos braços – Majestade!

—Cala a boca – riu Carmim, enquanto a de cabelos azuis a ajudava a colocar o véu – Como eu estou?

—Vermelha – suspirou Hannah, arrumando o vestido atrás – Sinceramente, você não podia desapegar só essa vez e usar branco?

—São as normas do País das Maravilhas, Hannah – riu Carmim, revirando os olhos.

—Você é a rainha, mude as normas! – A outra deu os ombros.

Carmim suspirou, alisando o vestido enquanto se olhava no espelho. Hannah não entendia, mas ela não esperava que entendesse, de qualquer forma. A verdade era que nem mesmo ela entendia ás vezes.

Faziam dois anos desde que havia voltado para casa, e a paz reinava no País das Maravilhas desde então. Mas nesse tempo, se afastou dos velhos amigos... Mesmo vendo Hannah e Becky praticamente todos os meses, e mantendo contato com Evie por meio do espelho Mágico –A qual Carmim dera uma incrementada – elas não eram mais as mesmas que ela deixará para trás.

—Aqui está o buque – falou Becky, entrando no sala junto com Queenie, que nem olhou para a irmã. Bem, ao menos Queenie nunca mudava.

—Desculpe pela demora – Queenie suspirou, cansadamente – Mas tivemos que parar e explicar para Gart pela milésima vez por que ele não podia arrancar uma rosa das Maravilhas e levar para Auradon!

A ruiva revirou os olhos, pegando o buque e sorrindo para o seu reflexo no espelho. De todas ali, Queenie e Hannah eram as única que ainda não haviam se casado. Carmim esperou estar com elas também, quando acontecesse – embora previsse que ainda fosse demorar seu tempo para isso. Queenie agora só falava de faculdade e Hannah estava empolgada demais com o pai para pensarem em ter uma vida de casadas por enquanto.

Mas com ela, as coisas eram diferentes. Ela não lembrava exatamente quando Chris a pedira em casamento – ou, na verdade, se pedira – Simplesmente acordaram um dia e sabiam que iam se casar. Por que se amavam. Por que queriam acordar todos os dias um ao lado do outro. Por que ele sentia que precisava cuidar dela, e ela precisava dele por perto para se manter inteira.

Por que assim que as coisas eram no País das Maravilhas. Nenhuma palavra precisava ser dita para contar uma história. A hora do chá nunca precisava a acabar. E pedidos como aquele podiam ser feitos no silencio de uma noite a dois.

—Acho que está na hora – falou Evie, sorrindo animadamente. Carmim não havia ido ao casamento dela, mas ela parecia feliz em ser uma das damas de honra da ruiva. Ela seguiram até o corredor anterior ao salão do palácio, onde Victor esperava por ela.

De certo forma, ela chegará a conclusão de que era ele quem deveria leva-la até o altar, e não nenhum de seus pais. Justamente ele, que a amou, a odiou, e que no fim tinha seu sangue nas veias. Ele que lhe disse tantas coisas horríveis uma vez, e tantas coisas belas antes.

Ele, que era seu único laço entre suas três vidas, a única coisa que permaneceu ao seu lado durante todo esse tempo. Seu Valette de Copas.

—Finalmente – riu ele, enquanto ela passava o braço pelo seu – Achei que tinha esquecido que ia se casar hoje, e ido tomar chá!

Carmim riu – Oh sim, isso é algo que eu faria!

—Seu noivo está ficando louco de tanto esperar... Sabe, literalmente – falou ele, ficando sério e depois rindo – Está pronta, maninha?

—Calado! – ela grunhiu, fazendo um bico enquanto a música começava a tocar e as meninas começavam a entrar por altura. Primeiro Queenie levando no colo Christina, a irmã de Christian com apenas cinco meses que levava, por sua vez, as alianças. Após ela, Hannah, Becky e então Evie.

Ela suspirou. Deveria estar nervosa. Era como as garotas geralmente ficavam nos livros quando iam se casar, nervosas, tremendo, suando frio e rindo sem se conter. Mas ela não. Ela tinha certeza do que estava fazendo e sabia que o para sempre era real para ele. Ela arrumou o buque – com seu cetro no centro – e seguiu Victor.

O salão tinha vida.

Ela sentia cada coisa em sua volta, mesmo que seus olhos estivessem em Chris.

Ela sabia que Cheshire e Cherry estavam na primeira fileira, assim como os gêmeos Whites também estavam ali, e pareciam ambos mais velhos. Bruno com uma sombra de Barba e Bia com seus cabelos longos presos em um coque.

Ben e Bertha – por que ela nunca chamaria ela de Mal – com sua enorme barriga de grávida de sete meses, na primeira fila do lado contrário do corredor, junto com Evie e Doug, Jay e Lonnie, e Carlos e Lottie.

De um lado do altar, os pais de Chris e seus padrinho – Beck e Will, é claro – e do outro, ambos os pais dela, Hannah e Gart – quem mais seriam seus padrinhos?

Ela sentia o tapete vermelho sobre seus pés, e a respiração das flores soltando perfume. Sentia o sol do lado de fora, e cada animal do país das Maravilhas. A magia estava viva aquele dia. O País das Maravilhas festejava. A rainha estava se casando.

—E cá estamos – falou Victor, quando Chegaram até Chris, por quem ela quebrará a tradição ao faze-lo usar um terno cinza que iluminava seus olhos violeta em vez do obrigatório terno vermelho que o futuro rei de Copas deveria usar. Ela não se importava. – Cuide bem da minha irmã, Hatter!

—Como se eu já não fizesse isso, Valette – os dois trocaram falsos olhares de raiva, e depois sorriram, enquanto Victor entregava a mão de Carmim de Chris.

—Pronto? – perguntou ela, rindo debochadamente.

—Para que? – ele perguntou.

—Ser chamado de Majestade – ela riu, enquanto paravam em frente a Lyla. Como tudo no País das Maravilhas, o casamento era selado com magia.

Os votos foram trocados, e também as alianças – outra quebra na tradição, mas da qual ambos fizeram questão -  e então chegou a hora mais esperada da cerimônia. Chris se ajoelhou em frente de Carmim, que bateu em seus ombros e em sua cabeça com o Cetro das Maravilhas.

—Você Christian Hatter, promete exercer as leis e jura solenemente proteger o País das Maravilhas com sua vida? – perguntou ela, dramaticamente – Garante que acime de si e de seu coração, estará seu reino e sua lealdade com seu povo, e, acima de tudo, com sua rainha?

—Eu juro, solenemente, que assim será – ele falou, rindo um pouco.

—Então eu, Carmim de Copas, Rainha do País das Maravilhas, pelo poder a mim investido pela descendência de meu sangue, nomeio-o você, meu marido, Christian Hearts – ela sorriu – Rei de Copas!