Beard, tea and tobacco. escrita por Enoaies


Capítulo 18
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Notas iniciais do capítulo

Décimo oitavo capitulo! Demorei, eu sei, mas estou de volta. Espero que gostem deste capitulo e não odeiem o Charles (não muito). Geoffrey Moosen.



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Leesburg, Virginia – 06 de Outubro.

Por um momento as coisas pareceram muito confusas. Meus pensamentos giravam a mil por hora dentro de minha cabeça, enquanto meus olhos embaçados viam somente a silhueta do corpo fino de May Belle. Minha língua enrolava-se nas palavras, que escalavam minha garganta e morriam em minha boca, sem nem mesmo terem a chance de serem ditas ou balbuciadas. Charles estava sentado a minha frente, com uma expressão que não era nada difícil de ser decifrada. Constrangimento.

Sabia que no fundo ele não precisava estar daquele jeito, sendo que só estava sentado aquela mesa, naquele restaurante, porque eu o empurrara para lá. Podia ver seus olhos trepidantes castanhos, e seus dedos tamborilando a madeira empoeirada da mesa, a toalha com estampas de frutas balançava com o vendo que passava pela porta semi-aberta da entrada.

—Geoffrey. – a voz de May Belle soou pela milésima vez chamando meu nome. – o que faz aqui? – sua bolsa pendia próxima do rosto de Charles que se esquivava em rápidos movimentos.

—Negócios. – olhei o homem a minha frente, que assentiu em um gesto de cabeça.

—Não sabia que gostava deste restaurante. – olhou o estabelecimento a sua volta. – achei que preferisse os que ficam mais ao centro.

—Não. – franzi o cenho. – você é quem gosta destes. – sorri educado. – eu sempre digo para virmos a este restaurante ou aquele que fica próximo do Bean Bar.

—Ah, claro, havia me esquecido. – olhou-o homem a seu lado por cima dos ombros. – quero que conheçam John Garret, meu sócio. – o homem deu um passo a frente, com a mão estendida e um grande sorriso no rosto.

—Geoffrey Moosen. – me apresentei. – é um prazer conhecê-lo.

—O prazer é meu. – voltou a sua posição um pouco atrás de May Belle.

—Ah, já tínhamos terminado tudo. Estávamos jogando um pouco de conversa fora. – sorri.

—Tudo bem. – deu de ombros. Pude ver pequenas rugas se formando ao canto de seus lábios, seus olhos trepidantes e brilhosos abaixo da má iluminação do restaurante.

—Podem se juntar a nós caso queiram, podemos falar de algo além de negócios. – John sugeriu educado.

—Desculpe, mas tenho alguns papeis a assinar e toda uma burocracia que levara horas. Deve entender.

—E entendo. – sorriu. Fiz um sinal ao garçom ao fundo do restaurante, indicando-lhe o dinheiro junto do cardápio sobre a mesa. – até. – despediu-se.

—Até. – fiz um gesto de cabeça caminhando até a porta.

Do lado de fora eu caminhava pelo paralelepípedo úmido, enquanto olhava os carros transpirando o orvalho da noite fria. Charles me seguia, mantendo a distancia que julgava necessária para não iniciarmos uma conversa sobre o que ocorrera dentro do restaurante, mas ainda sim considerarmos estarmos juntos. Paramos junto ao carro no fim da rua, estava molhado por conta do orvalho, e refletia a luz clara da lua que batia em nossos rostos. Destravei as portas para que entrássemos, e assim o fizemos.

Joguei meu corpo sobre o banco sem me importar com o barulho do impacto. Charles sentou-se mais calmamente, batendo a porta em seguida. O radio não tocava musica alguma, somente o som de nossas respirações ofegantes tomava o lugar aquecido. Nossas mãos estavam a poucos centímetros uma da outra, nossos dedos caminhavam a um encontro.

—Acho melhor me levar para casa. – sussurrou. Ouvi-lo dizendo aquilo me fez perceber o quão idiota eu fui, e como May Belle era esperta, astuta e apontava-me todos os sinais a tua maneira. Sinais que estavam tão visíveis naquela noite. Como a chuva que pode chegar de repente, eu comecei a chorar.

—Me desculpe. – minha voz embargada tomou o lugar. Eu soava tão patético.

—Não precisa se desculpar. – Charles passou seus braços em torno do meu corpo, me envolvendo em um abraço desajeitado. – está tudo bem, só acho que está não é uma boa noite para bebermos vinho e passarmos a noite. – senti seus lábios próximos do meu maxilar. – mas está tudo bem.

—Charles. – levantei-me abraçando-o também. – você não entende. – balbuciava. – os olhos de May.

—O que? Do que está falando? – indagou.

—May quer estar na praia com John. – engasguei com um pouco de saliva. – May Belle já não se importa. Seus olhos estão dizendo o que ela realmente quer. – afundei minha cabeça em seu peito.

—Tudo bem. – passou os dedos lentamente nos fios de meu cabelo. – está tudo bem. Deixe-me levá-lo para casa e prepará-lo um pouco de chá. – seus dedos deslizaram sobre meu pescoço. – isso o fará se sentir melhor. – beijou minha testa. – vamos. – abriu a porta do carro e trocou de lugar comigo, indo até o volante. Deu a partida tirando o carro lamentável da esquina do restaurante. – sabe. – disse sem tirar os olhos da rua. – era isso o que eu queria evitar. – umedeceu os lábios. – May Belle sofreria do mesmo modo quando soubesse de nós.

—O que? – sussurrei.

—Não acha que ela sofreria? – corcovou as sobrancelhas. - olhe para nós, não somos tão diferentes deles, se é que está certo do que está falando.

—Estou. – afirmei.

—Então, o que nos diferencia. – indagou. – o sentimento? Quem não nos garante que eles estão tão apaixonados quanto nós estamos. – fez uma pausa. – ou estávamos. – concluiu. O carro logo estacionou a frente de minha casa. Charles tirou as chaves da ignição e deixou-as sobre o banco, enquanto saia. – acho que não estou melhor do que você, não hoje. – seguiu andando a pé para longe do gramado. Sai pela porta seguindo-o até o meio da rua, onde ele andava.

—Onde está indo? – minha voz ainda estava chorosa.

—Estou indo para casa. – seus pés batiam firmes no chão. – para onde mais? – franziu o cenho.

—Sozinho? Neste frio? – indaguei. – volte comigo para casa.

—Não, eu vou não voltar. E sim, vou ir nesse frio, nem que demore uma semana! – esbravejou. – e quer saber, pare de fingir que se importa ou liga, ok?

—O que? O que está dizendo?

—Estou dizendo que não te entendo Geoffrey Moosen. Dizendo que não entendo seus sentimentos, e como você funciona. – olhava fundo em meus olhos. Agora era sua voz que estava embargada. – ora diz que meu jeito te incomoda, e ora que ele o agrada. Diz que se sente afastado de May Belle e tudo o que a envolve, mas ai chora quando descobre que ela seguiu em frente.

—Eu não disse que não gostava do seu jeito.

—Sim, você disse! – gritou. – aceite, ela tem tanto direito de encontrar alguém quanto você tem. – seu tom de voz começou a voltar ao normal. – e talvez ela se de melhor do que você. Porque sejamos sinceros, ela não é uma idiota. – concluiu saindo em sua caminhada de volta para casa. Queria que tudo o que ele havia dito, soasse como qualquer outra baboseira, mas infelizmente não. Ele estava certo.


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Notas finais do capítulo

Este foi o capitulo! Espero que tenham gostado, assim como eu gostei da minha nova caneca super londrina! Digam o que acharam das reações neste capitulo no review. E até o próximo capitulo!



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