Little Lion Man escrita por laris longbottom


Capítulo 7
Capítulo 7




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Scorpius correu para a cozinha. A panela estava em chamas. Encheu uma panela de água e jogou em cima. Xingou algumas vezes a fumaça que subiu, abrindo a janela sem enxergar quase nada, imaginando a que horas a sindica subiria com um extintor.

_O que era isso? – Alice adentrou a cozinha, enrolada com um lençol que lhe cobria os seios.

_Aparentemente, meu jantar – respondeu, apoiando-se na pia.

Alice riu-se, e se aproximou mais uma vez de Scorpius, intencionada a lhe dar um beijo. Ele, porém afastou-a com um braço, virando-se para o armário. Ele não estava vendo, mas sabia que ela o olhava confusa, e estava começando a gostar disso.

_Bom, já nos entendemos, você já pode ir – foi o que disse, ainda sem olhar a moça seminua. Buscou nos armários algo para comer, dando mais interesse ao abre e fecha das portas do que aos suspiros indignados da mulher atrás dele.

_Eu não acredito nisso... – berrou ela, puxando-o pelo ombro.

_As coisas não mudaram, Alice – ele disse, olhando-a nos olhos bem de perto, gostando da brincadeira – Inclusive eu não mudei. As suas roupas devem estar no quarto. Até mais ver.

E mais uma vez, deu as costas à moça, encerrando o assunto.

_Você é um imbecil, Scorpius – ela gritou.

_Eu estou lhe pedindo com educação, Alice. Você não vai querer que eu te peça de outro jeito. Agora, por favor, saia da minha casa! - aumentou o tom de voz, a cada vez que ela pensava em abrir a boca e responder.

Ela o lançou olhares de fúria, o peito arfando em ódio, quando resolveu sair da cozinha. Enquanto se vestia no quarto, Scorpius fritava uns hambúrgueres e sorria a ouvindo gritar xingamentos diversos.

_Você ainda vai se arrepender, Scorpius. Ah, vai – disse, logo após batendo a porta do apartamento com violência.

_Vai em paz – gritou Scorpius, rindo sozinho.

***

O apartamento vazio era o suficiente para enlouquecer um Malfoy. Onde estavam as 3 garotas que ele sempre trazia para casa depois da balada? Não trocava mais nenhuma palavra com os amigos, porque não os encontrava mais. Scorpius se decidira: dedicaria, a partir de hoje, toda a sua vida à revista. Um dia, teria um filho homem e o entregaria a presidência da Malfoy, totalmente pomposo. Foi capaz de rir de tal pensamento. Não cogitava, até então, ter um filho. Muito menos se casar. Mas, decidira que a responsabilidade chegara em boa hora.

Passou a noite em claro, vendo TV. Assistiu 5 episódio de uma série aleatória – que ele achava tratar de um assunto, e tratava de outro completamente diferente. Quando o celular tocou, às 6:15, ele se assustou. Mal vira o sol subindo no horizonte. Abriu as cortinas da sala, abrindo a porta da sacada. Deixou o calor do sol adentrar no apartamento, enquanto voltava para tomar um banho.

O celular tocou mais uma vez, anunciando Mía – que já estava ligando ao chefe.

_Sr. Malfoy – disse, assim que o rapaz atendeu, enrolado na toalha – os designers passaram aqui e entregaram os designs que o senhor pediu.

_Obrigado, Mía... A que horas você chega aí? – perguntou, procurando o relógio por cima da bagunça de suas roupas.

_Às 7:00 horas. O senhor está à caminho?

_Ah, com certeza – ironizou – à caminho do meu quarto pra escolher uma roupa. Até mais, Mía.

Vestiu qualquer calça e qualquer terno. Não teve o cuidado diário. A gravata foi a mesma do dia anterior. Ao entrar no carro, no estacionamento, a primeira coisa que fez foi ligar o rádio do carro.

Ao dar partida, notou que tocava uma música suave, meio country. Aumentou o som, girando o volante para sair da garagem e embarcar na rua atolada de carros. Batucava os dedos no volante ao toque da música, começando a gostar do ritmo.

Seus olhos rodavam entre os carros à sua frente e os carros ao seu lado. Estava começando a se irritar, quando olhou para trás e viu que não se passara nem 10 metros da saída do estacionamento de seu condomínio.

_Mas que droga – disse, puxando o volante.

Ao chegar no final da rua, viu que a rua ao lado estava vazia. Decidiu pegar um atalho. Girou o volante com cautela, e acelerou ao escapar da fila de carros que se seguia. Sabia por onde estava indo, e riu sozinho ao se lembrar. Era o subúrbio de Londres.

Não sabia ao certo qual a rua deveria entrar, mas acertou. Os prédios ainda eram os mesmos. E ainda estava lá, revirando a bolsa, como sempre.

A buzina quase a derrubou. Caminhou até o carro, a bolsa balançando de um lado. Scorpius sorria, deixando a janela abaixar.

_Olá, chefinho.

_Você está linda – comentou ele, o sorriso estampado de orelha a orelha.

_Eu trabalho na Malfoy agora, não é? Passei no shopping ontem. Obra de Dominique – completou, erguendo as mãos em redenção.

_Entra aí – pediu, sorrindo para a moça. Ela hesitou por um minuto.

Scorpius abriu a porta do carro, e saiu, ficando bem em frente à moça.

_Se você faz tanta questão, abro a porta do carro pra você.

_Não, não quero. Eu já sou adulta – concluiu, passando pela frente do carro.

Ele a esperou entrar, ainda admirando cada passo dela. Não cessara o sorriso – e nem percebera. Ela sentou no carro, abrindo cada bolsinho de sua bolsa, à procura de algo.

_O que tem aí? – dando partida, perguntou. Viu pelo canto do olho, ela levantando os olhos, confirmando se era com ela que ele estava mesmo falando.

_Ah, não... Nada. Eu sempre perco tudo nessa bolsa.

_Devia levar menos coisa aí dentro – comentou Scorpius, quando uma bolsinha quadrada caiu no chão do carro, e Rose se atrapalhou toda para pegar.

_Quando você tiver seios e menstruar mensalmente, você vai entender.

Scorpius riu mais uma vez, parando o carro no farol vermelho. Olhou pra ela de rabo de olho, coçando a boca com um dedo. Ela, enfim, havia fechado a bolsa, e agora olhava pela janela do carro.

_Acho que eu nunca vou entender.

***

Ao entrar no prédio, acompanhou Rose até a sala dela. Admirou por longos minutos cada espaço, como uma decoradora. Mostrou à Scorpius o que faria no canto, na ponta, na mesa.

_É, com certeza... Fica legal – respondia Scorpius, sempre que ela acrescentava algo.

_Vou precisar de muita ajuda nisso. Se importa se o Al me ajudar? – perguntou, girando na pontinha do pé para olhá-lo nos olhos.

_Ãhn... Al?

_Albus. Potter. – explicou Rose, caminhando até a mesa vazia, e alisando-a. – Meu primo e melhor amigo.

_Ah, claro. Sem problemas – concluiu Scorpius. No fundo, só tinha aceitado porque simpatizava com Rose.

Ela comemorou com um sorrisinho, e continuou observando a sala nova, puxando as gavetas dos armários à procura de lugares perfeitos e estratégicos para decorar.

***

Scorpius observava os designs feitos por seus designers, enquanto mastigava a tampa da caneta. Estava em dúvida de qual escolher, quando a porta se abriu lentamente. Mía.

_Sim? – perguntou, largando caneta e papel em cima da mesa.

_Sr., podemos conversar?

_Sem dúvidas – respondeu, abrindo um sorriso e erguendo-se da cadeira.

Pegou a mão da secretária e a puxou para o sofá no canto da sala. Sentaram-se de frente, quando Scorpius percebeu a insegurança da moça – que olhava fixamente para as unhas pousadas delicadamente no colo.

_Sobre a nova proposta da revista... Não acho que vá dar certo, Sr. Malfoy..

_Scorpius, por favor. Quantas vezes vou lhe dizer.

_Inventar mentiras sobre os famosos... isso nos deixaria no vermelho, mais do que já estamos. Imagine quantos processos vamos enfrentar?

_Nada que não podemos pagar, não é? – respondeu. A moça olhou-o com piedade, os olhinhos piscando como uma criança com vergonha – Olha... Precisamos fazer isso, Mía. São 5.000.000.00 de libras! Eu prometo a você que vai dar tudo certo.

_E se não der? – perguntou, esticando mais o pescoço.

_Aí, pensaremos em pedir um empréstimo – riu Scorpius, mas Mía não ficou tranquila com a resposta. – Eu vou precisar mais do que todos aqui da sua ajuda.

Ela assentiu, ainda insegura. Scorpius puxou-a pelo ombro com o braço, fazendo-a deitar-se no seu peito. Tentou tranquilizá-la – sabia o medo que a moça tinha de perder o emprego, de falir, de perder tudo, quanto ele próprio tinha – mas parecia em vão. Começou a sentir a língua enrolar-se, com tanta coisa que queria dizer.

_Olha, Mía... Eu te garanto...

_Não é isso, Scorpius. É que eu... – começou, soltando-se do abraço torto. – Ai, é tanta coisa...

Scorpius cruzou os braços, encostando-se no sofá. Deixou que ela mesma respondesse, sem ficar pressionando. Coçou a barba rala, observando cada mínimo movimento que ela fizesse.

_Tem meu pai no meio – falou, após alguns segundos em silêncio. Scorpius estava abrindo a boca para perguntar “o que tem ele”, quando ela recomeçou – ele tem câncer. Eu não tenho como pagar o hospital fora daqui. Se a Malfoy falir, o que vai ser dele?

Scorpius abriu a boca novamente para dizer alguma coisa, mas decidiu permanecer em silêncio. Se aproximou dela, puxando-a novamente para um abraço.

_Eu te prometo, vai dar tudo certo.

Pensou permanecer naquela posição por longos minutos, quando a moça levantou o olhar até o seu. Discretamente, uma lágrima escapou de seu olho direito, e ela limpou. Assentiu uma vez, o sorriso doce estampando seu rosto. Scorpius agora vi que ela tinha uma marquinha perto do nariz, pequena e vermelhinha. Viu que seus olhos tinham manchinhas no castanho, e os cabelos tinham cheiro de morango.

Surpreendeu quando ela depositou um beijo longo e lento em seus lábios, e ele retribuiu. Levou a mão até a nuca da moça, devagar, tentando acompanhar o ritmo de seus movimentos. Os cabelos enroscaram em seus dedos, sentiu os braços dela o rodeando.

Scorpius se conteve ao sentir os músculos do braço puxarem sua mão para baixo. Manteve a mão firme na nuca da moça, e focou apenas nos lábios dela. Esperou que ela parasse, que ela encerrasse.

Ela se afastou, após um tempo. O beijo foi surpreendente para ambos. Nem ela imaginava que faria isso. Scorpius sorriu. Tinha gostado. Jamais viu Mía desse jeito, e o que queria agora era repetir a dose. Sabia que não teria o que queria, que ela era tímida e que fez isso por impulso.

_Desculpe... – pediu, e saiu da sala. Scorpius preferiu não ir atrás dela, que ela estava triste.

Por outro lado, pensar no lado de Mía fez com que ele criasse dúvidas. Caminhou de volta à mesa, e sentou-se na ponta. Mía tinha medo de perder o emprego e perder o pai. Scorpius tinha de ajuda-la.

A porta se abriu, e por dentro Scorpius se alegrou, imaginando que Mía viesse e terminaria o que começou. Mas, era Rose. Tinha combinado de encontrar com ela mais tarde. Nem percebera que já eram 11 horas.

_Nunca vi o senhor Malfoy concentrado desse jeito – comentou ela, pomposa. – Vim te trazer umas fotos e umas matérias. Tome cuidado para não misturar, foi o Benjamin que organizou.

_Já fez amizades? – ironizou o chefe.

_Conhecia o Ben da faculdade. Acho que já devo ter saído com ele, com um grupo de amigos, não lembro... Enfim, olha. Eles começaram o trabalho que o senhor Malfoy pediu que fizessem.

_Ah, ótimo! Traz aqui. Quero ver se ficou bom.

_Eu não sabia que Alysa Frank era prostituta de luxo.

Scorpius engasgou com o próprio riso, pegando os papéis e folheando. Haviam fotos de Alysa de todos os jeitos, seguido pela matéria. Rose torceu o nariz, desconfiada, enquanto o loiro gargalhava.

_O que você fez? – questionou, desconfiada.

_Senta aqui, Rose. Preciso te informar como as coisas funcionam por aqui.

***

_Você é completamente louco!

Rose pôs a mão na boca, impressionada. Balançou a cabeça diversas vezes, enquanto Scorpius ainda chorava de rir. Viu diversas matérias absurdas e fotos realmente convincentes.

_Eu não tô brincando, você é louco! – ela falou, começando a divertir-se – Eu amei. Nunca trabalhei numa revista de fofoca antes, entende?

_Ainda é a mesma Malfoy de antes. Agora usamos as polêmicas para lucro. Todas as outras revistas fazem isso. Eu seria realmente burro se não tivesse pensado nisso.

_Você continua burro, mas a ideia é genial!

_Você vai ajudar, não vai? – perguntou, lançando a Rose um sorriso maroto.

Ela hesitou, parando de rir. Os olhos se apertaram em fendas, e as sardas ficaram vermelho vivo.

_Eu não sou paparazzi .

_Ninguém aqui é. Não temos colunistas de fofoca nem paparazzi. Apenas profissionais de respeito de uma revista mundialmente famosa. E pra manter o título precisamos mudar algumas coisas...

_Começando por você. – a voz de Rose saiu quase inaudível, e Scorpius sentiu a respiração prender.

_O que quer dizer?

_Ah, Scorpius... Eu sempre via você pela TV, pela internet... Você tinha festa todos os dias da semana.

_Não fui convidado à nenhuma ainda, não tive tempo... – começou, tentando se explicar.

_É... Só faz quatro dias. Eu sei como deve ser difícil pra você, perder os pais... Eu realmente sinto muito.

Scorpius abriu um sorriso. Rose tinha os olhos fixos na sua gravata, o que deixou desconfortável. Pigarreou uma vez, virando-se para o notebook.

_Eu to bem, Rose. Agora tenho responsabilidades. Só mudou isso. Não posso continuar a ser aquele Scorpius e ter alguma responsabilidade ao mesmo tempo. E eu não tive a oportunidade de escolher entre um dos dois. Aceitei o que a vida jogou em minhas mãos.

_Tudo bem – ela disse, levantando-se da cadeira – se precisar de alguém pra conversar, estou aqui. Bom... Na minha sala, na verdade.


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