Little Lion Man escrita por laris longbottom


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

esse é mais curtinho, só pra iniciar o capítulo 6 mesmo. lá embaixo eu explico.



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Passou o domingo no apartamento. Nem tirou o pijama. Recusou ligações dos avós, de parentes e inclusive dos amigos mais próximos. Manteve a cabeça fixa na dívida que teria que pagar pela Malfoy, não deixou que nada nem ninguém ocupasse a cabeça.

Pegou o celular para executar umas contas com a calculadora, e encontrou 5 mensagens da avó.

Scorpius, querido. Espero que esteja bem. Nós não estamos muito, não sabe como está difícil para nós dois.

O enterro vai acontecer hoje, às 13:00 hrs.

Poderia trazer aquele quadro com a foto dos seus pais? Vamos usá-lo no velório.

Porque não atende minhas ligações? Precisamos de você já.

Pode, por favor, descer até o hall?

A mensagem era de cinco minutos atrás. Scorpius levantou-se de um pulo, vestiu uma calça e uma camisa, e desceu de chinelos. Seus avós estavam sentados, conversando, mas pararam assim que ele apareceu.

_Mas, o que é isso? Seu rosto e seu cabelo estão amassados, eu não acredito... Estava dormindo? – ralhou a avó, levantando da cadeira.

_Trabalhando, na verdade... Me disseram que eu deveria tomar conta dos negócios da família, é exatamente o que tô tentando fazer. – disse olhando diretamente para o avô, que crispou os lábios.

_Te dou 5 segundos para se vestir e pegar o quadro. Você não está levando nada disso a sério – ralhou a avó, em tom discreto.

Foi o que ele fez. Vestiu-se com seu melhor terno, calçou os sapatos mais lustrosos e deu um jeito no cabelo. Não precisava de um banho. Pegou seu óculos e os colocou.

_Eu tinha dito 5 segundos, querido. – a avó disse, quando ele desceu.

***

Entrou no carro dos avós, e foi quando percebeu. Estava indo para o enterro dos seus pais, mesmo sem saber se eles estavam realmente mortos. Eram dois caixões, vazios, duas lápides com o nome “Malfoy” escrito em ambas. Sentiu pressionado pela janela fechada do carro, que parecia impedir todos os pensamentos de fluírem, já que conversar com os avós pioraria tudo.

Lembrou o que Rose tinha dito. Ele não estava reagindo bem à morte dos pais. Ele concordava, mas tinha como explicar: não conseguia acreditar que isso teria acontecido. O sorriso dos pais estava tão distante agora, que ele nem conseguia olhar para o quadro e relembrar.

_A primeira coisa que esquecemos é a voz. – a avó falou, baixinho, no banco de trás do carro. – Dói tanto, tentar lembrar o jeito que ele reclamava das coisas...

_A dor é inevitável, mas sofrer é uma escolha – o avô disse, ríspido. Scorpius olhou-o pelo canto, e virou a cabeça pra janela. Se ele estava reagindo mal à morte dos pais, o avô estava reagindo pior ainda.

_E você já escolheu, não é? – rebateu a avó, sempre em tom formal. Scorpius fingiu não ouvir, e seu avô pareceu ter feito o mesmo.

_Escolhi há alguns anos, Narcisa. Você deveria fazer o mesmo.

_Vocês parecem duas crianças. – cuspiu pela janela, em tom quase inaudível.

***

Scorpius não sabia distinguir quem ali era família, quem era repórter, amigo ou fã.

Andou sempre de cabeça erguida, sem olhar para ninguém, os óculos cobrindo totalmente seus olhos lacrimejantes. Sentou-se ao lado dos avós, perto de uns parentes distantes – tão distantes, que Scorpius nunca os vira na vida.

Observou os dois caixões como as últimas coisas que ele queria ver na vida. Queria poder adiar isso pra daqui 70 anos, no mínimo. Não queria viver aquilo. Não agora.

Tentou prestar atenção ao cerimonial do funeral, mas não conseguiu. Apenas franziu o cenho para as pessoas que passavam desejando “meus pêsames”, e olhou para o quadro, o tempo todo. Não tirou o óculos nem por um minuto.

Quando todos estavam saindo, e só restava Scorpius sentado na cadeira em frente aos túmulos, uma mão tocou seu ombro.

_Ei, cara – uma voz falou, e ele virou-se para ver o semblante triste de Marcel – vamos sair daqui. Já foi o bastante.

Scorpius permitiu-se levantar e seguir o amigo, quando viu os cabelos. Aquele cabelo. Pediu um minuto ao amigo, e caminhou. A moça já o vira, e soltou um sorrisinho triste, esperando que ele chegasse até onde ela estava.

_Não sabia se iria até lá falar com você, parecia tão abalado. Me desculpa, Scorpius. Eu devia ter ido, não é? – desculpou-se, o sorriso se transformando em um risco de decepção.

_Você veio. Isso foi o suficiente. Já que nem eu viria... – confessou, aceitando um abraço que sabia que viria em breve.

E veio. Não durou muito tempo, mas durou o suficiente para Scorpius sentir-se confortável com o assunto. Não que ele tenha acredito de uma vez que os pais se foram, mas ele estava bem agora. Quando se soltaram do abraço, Rose apenas sorriu.

_Onde você disse que trabalhava mesmo? – Scorpius foi inundado por uma maldita ideia, e não se conteve em perguntar.

_ No Camera Lens.

_Te dou uma semana para sair de lá, e vir trabalhar na Malfoy. Não aceito não como resposta. Você tem o meu número, e se não tiver, sabe onde fica a sede da revista. Até mais.

Ignorando o semblante confuso da moça, e as insinuações de resposta, saiu andando em direção a Marcel.

_Aquela era mesmo a Rose, então? – foi o que o amigo disse, mas Scorpius permaneceu fingindo ser surdo.

***

Marcel dirigiu até um café, no centro. Eram 16:00, o café não estava muito cheio. Puderam sentar-se ao fundo, e conversar.

_Como anda as coisas? Sabe, fora tudo isso que aconteceu. – o rapaz pareceu meio sem graça ao perguntar, e Scorpius agradeceu por ter o amigo por perto nessa hora. Ele não mudou nada.

_Tô fodido. – foi a única resposta que Scorpius pôde pensar, e foi ela mesmo que soltou. – Completamente fodido.

_Cala a boca, você tem tudo na sua mão. Você não passa de um mimadinho, filhinho de papai. A herança que seus pais te deixaram deve ser maior que a da rainha.

_Meu pai me deixou uma herança de 5,000.000,00 de libras. Que tal?

_Tá mais do que ótimo. Vamos começar a gastar, então. – concluiu, rindo. Scorpius apenas deu um sorriso murcho, e olhou para a mesa do lado.

_Pena que é em dívida.

O amigo parou de rir no mesmo minuto. Olhou sério para o loiro, balançando a cabeça. Scorpius suspirou, e assentiu, confirmando o que acabou de dizer.

_Você tá brincando?

_Bem que eu queria estar, Marcel... Bem que eu queria estar. – respondeu, pousando as duas mãos atrás da cabeça e recostando na cadeira.

_E agora? – questionou Marcel, os olhos arregalados.

_Preciso reerguer a Malfoy, mas não sei como fazer isso. Não sei como vou pagar essa dívida, e... Com o quê vou pagar. Tô com umas matérias pra aprovar, e não sei o que esperar disso.

Marcel apenas assentiu, ainda nervoso. Deu um gole no cappuccino que tomava, tentando engolir junto a história do amigo.

O assunto não fluiu do mesmo jeito depois da revelação, e Scorpius não teve tanto clima pra continuar ali. Acabou se despedindo antes do que pretendia, e voltado para o apartamento. Deitou-se no sofá, ligou a TV e se arrependeu no mesmo minuto. A notícia da morte dos pais ainda era sucesso na boca dos repórteres.

Mudou o canal, à procura de um filme, e decidiu assistir Titanic. Já estava na metade. Foi à cozinha, pegou um pacote de bolachas e comeu enquanto o filme rodava.

A morte em filmes românticos era tão fácil, tão estupidamente romântica, que deixava a morte dos pais de Scorpius, completamente sem-graça. Pegou o celular, deu uma olhada nas configurações, conferiu as fotos, as redes sociais, mudou a data 2 ou 3 vezes, mas ainda assim, o tempo não passava.

O celular vibrou no momento que ele bloqueou a tela. A luz acendeu, mostrando a ele que se tratava de uma mensagem. Era de Rose. Sua boca se abriu num sorriso perverso, e numa gargalhada após ler a mensagem:

Vc ficou completamente louco? Como vou largar meu emprego assim, do nada? Espero que vc tenha uma resposta real, porque isso é completamente insano!

Bloqueou novamente a tela do celular sem responder. Pelo visto, Rose não mudara nada. Ainda era teimosa. Gostava de tudo do seu jeito. Scorpius não conseguiu evitar o riso.

Não resistindo à tentação, respondeu a mensagem, sorrindo a cada letra que teclava.

Que tal amanhã, às 10, na Malfoy? Te vejo lá.

E, desligando o celular, se dirigiu até o quarto. Tirou a roupa inteiro, vestiu apenas uma calça de moletom velha, e deitou-se. Estava realmente exausto.

Fechava o olho, e só o que via era seus pais. Continuava sem acreditar que eles estivessem mortos. Não tinha prova concreta de que os dois haviam ido embora, e isso fazia com que seu instinto teimoso viesse à tona, e impedisse que ele entrasse em luto. Seus pais estavam viajando, curtindo as “férias”.

Perdeu-se em pensamentos, ficou zonzo, até que por fim dormiu. Sonhou com muita coisa. Todas essas coisas relacionadas aos seus pais, sua infância, momentos felizes. Eram poucos, seu cérebro conseguiu reunir todos em um único sonho, em uma única noite de sono.

Imagens de um Scorpius pequeno, os cabelos loirinhos bem penteados que se descabelavam ao correr contra o vento, os gritos de uma Astoria histérica, os risos de um Draco despreocupado foi só o que Scorpius se lembrou quando acordou, no outro dia, às 7 horas, com o celular tocando.

_Alô – murmurou, sonolento e ainda de olhos fechados.

_Sr. Malfoy, o senhor já está à caminho? Não esquece que temos uma reunião com o August hoje.

_Quem é esse? – perguntou, rolando na cama.

_O nosso contador, Sr. Lembra?

De um susto, ele pulou da cama. Fingiu ao telefone lembrar-se da reunião, enquanto corria para o banheiro.

_Claro, claro, eu lembro. E, ah... Mía, pode me fazer um favor? Quero que ligue para o fotógrafo que foi ao evento comigo, sexta. Peça pra ela comparecer às 10. Tudo bem? Tenho que ir, até logo.

Tomou um banho em menos de 5 minutos, e vestiu-se. Comeu uma maçã e tomou um gole de suco, e voltou ao quarto para pegar a pasta – que, inclusiva, estava vazia, mas ele tinha a consciência de que agora teria que andar com 1001 documentos. Pegou o celular para ver a hora. 07:30. Ficou satisfeito com a própria rapidez. Pegou a chave em cima da mesa, abriu a porta e saiu.

Seu peito foi impactado por um corpo. Scorpius cambaleou, segurou no trinco da porta para não cair. Xingou em voz alta, pousando a mão na cabeça, zonzo. Seus olhos entraram em foco, e foi então que ele a viu.

_Alice?


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Notas finais do capítulo

pra deixar um gostinho mais especial, mais uma personagem de minha autoria. Vocês vão descobrir quem é e o que Alice está fazendo no apartamento de Scorpius no próximo capítulo, mas eu garanto a vocês que vão ficar surpresos. aceito palpites. beijossss