Little Lion Man escrita por laris longbottom


Capítulo 2
Capítulo 2




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_Mía, pode, por favor, me confirmar isso? – Scorpius perguntou, intrigado, olhando para o papel. – Rose Weasley? Hãmm...

_Bom, foi o que dizia no contrato que o seu pai assinou. Algum problema, senhor?

Scorpius tirou os olhos do papel por um minuto para fitar a face preocupada de Mía. Sabia que ela temia ter errado alguma coisa, e seu maior medo ali era ser dispensada. Era o emprego da vida dela, quantas outras lutariam para trabalhar como secretaria de Scorpius Malfoy?

_Aonde você achou esses papéis?

A moça corou. Seus olhos azuis e redondos ficaram como grande bolas cor-de-céu. Ela mexeu o pescoço, involuntariamente.

_Com o seu pai... – sua voz falhou.

_Tudo bem, McLaggen. – Scorpius riu-se. – bom, por favor, tem como tirar uma cópia desse documento?

_Desculpe, sr. Mas não posso mexer nesse documento. Ordens do sr. Draco. – ela respondeu, baixinho. Olhava para os próprios pés.

Scorpius sentiu um leve arrepio na nuca. Nunca havia reparado em como a secretária era bonita. As pernas eram perfeitas, e não usavam meias-calças hoje. Apenas uma camisa branca de botões e uma saia lápis preta. O rapaz cogitou convidá-la para sair, mas não achou digno dele. Estava acostumado com mulheres se jogando aos seus pés, e aquela na sua frente apenas corria atrás dele para avisá-lo de reuniões.

_Tudo bem, esquece isso. – disse ele, afrouxando a gravata. Com um sinal, permitiu que ela saísse da sala.

***

A imagem que refletia, era um rapaz loiro, de terno cinza, gravata preta, e sapatos lustrados. A barba feita, cabelo alinhado, um digno Malfoy.

_Lindo, querido.

Pelo espelho, Scorpius olhou para a mãe, que se aproximou por trás. Scorpius era o retrato masculino de sua mãe, ostentava a mesma beleza. Só não tinha os longos cabelos castanhos acaju da mãe. Ela vestia um vestido cinza, os cabelos penteados para trás. Alisou os ombros do filho, com um sorriso no rosto.

_Que pena que não vou a esse evento... Sabe como eu gosto dessas festas...

_E de perfumes. – Scorpius completou, acompanhando o sorriso da mãe. – Não esquenta, é só uma festa. Eu compro o perfume pra você.

_Tão modesto. Sabe que Alysa te dará o perfume. E de brinde o telefone dela.

_Eu não gosto de morenas. – retrucou, ainda sorrindo, apertando um pouco mais o nó da gravata.

_Você sabe como é importante um representante de altura da Malfoy estar lá. Principalmente, se esse representante for um Malfoy. Seu pai me contou sobre seus arranques na reunião – ela completou, olhando o reflexo do filho no espelho – Sei que temos repórteres ótimos, fotógrafos melhores ainda... Mas não podemos perder leitores. E não se pode mandar qualquer correspondente para um evento de tal porte. Alysa Frank é conhecida mundialmente, querido. Repórteres do mundo todo vão estar lá!

Ele revirou os olhos. Que se danem os repórteres. Scorpius já aparecia em manchetes o suficiente por dia para enjoar da própria imagem.

_Espero que curtam a viagem. Relaxem por mim, está bem? – respondeu, como forma de fazer a mãe parar de falar.

_Não nos envergonhe. – ela disse, dando dois tapinhas na bochecha do filho. – Draco, onde estão minhas maletas de maquiagens?

Scorpius observou a mãe sair gritando pelo apartamento, depois voltou a olhar seu próprio reflexo no espelho. Puxou a manga do paletó cinza. Seu relógio marcava 18:50.

_Droga. – era a segunda vez que se atrasava no dia. – mãe, pai. Boa viagem. Espero que descansem mesmo. Estou indo, até semana que vem.

E saiu apressado, pegando o celular e a chave do carro em cima da mesa. Ouviu a mãe murmurar um “obrigada, espera querido, um minuto”. Desconfiou ter ouvido um “eu te amo” também, mas estava muito atrasado para dar meia-volta. E por fim, fechou a porta. Desbloqueou o celular, segurando o trinco da porta pelo lado de fora, e discou o número.

Por sorte o elevador estava aberto, e correu para entrar. Resmungou a demora, até que por fim, Mía atendeu.

_Sr. Malfoy, eu liguei para o fotógrafo, e ele disse que te esperaria em frente à revista às 19:00 horas. Tem certeza que quer chegar tão cedo?

_Não, mas prefiro assim. Os fotógrafos me verão, fotografarão, e vou poder ir embora. – disse, batucando os pés de impaciência. Odiava a demora do elevador.

_ Tudo bem, então. Eu ia te enviar uma foto por email do fotógrafo, mas não encontrei. O senhor não acha estranho? Rose é um nome feminino...

_E no quê isso é estranho? Eu já tinha percebido isso.

_Seu pai não gosta de fotógrafas. Por que ele contratou uma? – a moça indagou do outro lado da linha e o elevador se abriu.

Scorpius deu uma risadinha curta e deu tchau para a secretária. Estava nervoso. Não gostava de ficar buscando gente, principalmente para o trabalho. Gente que ele nem sequer conhecia. Ou, achava que não conhecia.

***

Estacionou o carro em frente à revista. Pessoas passavam na calçada, mas só uma estava encostada a entrada do prédio. Scorpius prendeu a respiração quando viu.

A moça ruiva caminhou até o carro, ainda desconfiada por não ter certeza se era esse. Deu uma batidinha de leve na janela, que Scorpius abriu. Ele ainda segurava o ar.

_Ãhm... Oi. É você o repórter da Malfoy? – perguntou, os olhos franzidos.

_Não sou repórter...

Os olhinhos da moça se arregalaram. Pela cor intensa das sardas, pareceu estar prendendo a respiração também.

_Você é... Rose Weasley? – perguntou, fingindo fazer pouco caso. Suas mãos agora apertavam o volante, mesmo com o carro em ponto morto. Esperou a moça responder, mas só teve um assentir de cabeça muito devagar, que ele considerou como resposta. – Se importa de entrar no carro? Nós... estamos... atrasados.

_C-claro... – e a porta se abriu. O único som presente dentro do carro era do motor sendo ligado. Nenhum dos dois parecia respirar, e estavam tão rígidos que era como se tivessem medo um do outro.

Scorpius olhava de rabo de olho para ela, com medo dela o atacar se olhasse diretamente. O clima no carro ficava cada vez mais pesado. Ele sabia que a conhecia, mas havia uma grande muralha que impedia-o de lembrar dos detalhes.

_Há quanto tempo você estuda fotografia? – ele perguntou, querendo quebrar a tensão no carro.

Ela olhou as tiras de enfeite da bolsa dela, os pelos do braço se arrepiando.

_Desde os meus 16 anos. E você, estudou jornalismo?

_Quem? Eu? É, estudei. Mas, nunca publiquei sequer uma receita de bolo.

Ela riu pelo nariz, e segurou o restante da risada. Não vi, não olhei, mas senti suas bochechas ficando da cor dos cabelos.

_No colegial, você não era tão engraçado.

Scorpius parou o carro. O farol estava fechado. Foi então, que se virando para ela, notou. Seus olhos eram azuis como céu, e o cabelo ruivo era da cor de fogo. Seu coração deu uma guinada forte para a frente, e começou a bater forte. Vultos de um pátio de escola cheio de estudantes tagarelas e um cabelo ruivo, longo e cacheado parado a sua frente, de óculos de aros pretos e sardas intensas pelo rosto passou diante dos olhos de Scorpius.

_Rose? Rose Weasley? Aquela Weasley? Prima dos Potter?

Ela assentiu, corando. Scorpius estava boquiaberto.

_Caralho. – exclamou, surpreso. – Eu sabia que conhecia esse nome, que droga, mas não lembrava da onde. E aqui estamos nós, não é?

Ela riu.

_É. Quem diria, hein? – olhou pela janela, tentando não fitar os olhos dele, que ainda a olhava surpreso.

***

O evento estava como Scorpius gostava – não que ele realmente gostasse desses eventos: cheio de gente famosa, mulheres bonitas e... Fotógrafos. E todas essas mulheres bonitas – até mesmo as casadas – gostavam de tirar fotos com o Malfoy, apenas para causar polêmica e ganhar mais um pouco de fama.

Pegou um drinque no bar, e observou todos a sua volta. Rose ficou sempre por perto, fotografando ele e as mulheres, mas também todos os presentes da festa. Scorpius a acompanhou com o olhar, e tentou se lembrar da época em que estudou com ela. Afinal, aquela mocinha de vestido preto e óculos, mudou tanto...

_Fico feliz que tenha vindo, Scorpius – Malfoy engasgou com o gole do drinque que estava tomando e virou-se para o lado. Uma mulher havia se sentado ali sem que ele percebesse.

_Oi, Alysa. Bonita festa. E seu perfume é maravilhoso.

Ele pôde sentir vários flashes em sua direção.

_Obrigada. Tentei manter minha personalidade na fragrância. – a morena sorrira para frente. Não fitava Malfoy nos olhos.

_Ah, é mesmo? E qual seria? – perguntou, dando mais um gole no drinque.

_Doce, floral, porém sexy também. Usado, de preferência, à noite.

Scorpius sorriu para a moça, que lhe sorria de volta. Sentiu segundas intenções no rosto angelical de Alysa, mas preferiu ignorar. Ela estava querendo o levar para casa, mas Scorpius não era um rapaz fácil. Tinha todas as mulheres da festa aos seus pés. Mas, não avaliara ainda, para ver qual a mais bonita para levar para levar de prêmio.

_O meu perfume é mais ou menos assim – começou ele, observando o pessoal da festa, de modo que Alysa quase ficou à sua frente para conseguir que ele a olhasse – mas é uma fragrância rara, entende? Pouco encontrada no mercado, e por isso, difícil o suficiente para conseguir.

Scorpius era especialista em provocar. Até quando não queria, ele conseguia. Era involuntário. O jeito que seus olhos miravam alguma mulher, era quase uma armadilha fácil. Todas caíam na sua rede, até aquelas que ele não queria fisgar.

Olhou para Alysa ao seu lado, e ela olhava fixamente para a gravata dele. Ele sabia o que ela pensava, só de olhar a expressão no rosto dela. Scorpius não conseguiu segurar o sorriso, e desviou o olhar. Encontrou Rose, fotografando um casal: uma mulher magérrima e alta, de coque louro, e um rapaz corpulento e careca.

_Talvez – Alysa começou – sejamos aquelas fragrâncias, que misturadas fazem perfumes de sucesso.

_Eu não preciso de um perfume pra fazer sucesso, Alysa. – provocou, e bebericando o último gole do drinque, deixou Alysa para trás. Sentiu mais flashes vindos em sua direção, e já podia imaginar as manchetes no dia seguinte.

Scorpius gostava bastante de festas. Não aqueles tipos de festas, que são mais eventos de divulgação e só tem gente famosa, conhecida e metida. Ele não gostava da maioria delas, já saíra em jornais do mundo todo por arranjar briga com pessoas assim.

Pra qualquer lado que ele olhasse, via gente desse tipo. Poucas eram as que se salvavam. Reconhecia modelos magérrimas que se viam os ossos das costelas até de longe e que todos sabiam que sofriam de distúrbios alimentares. Atrizes que todos sabiam que iam para essas festas trair os maridos bilionários. Também tinha o próprio Scorpius, o solteiro milionário filhinho-de-papai que todos sabem que vai só passar o tempo na revista do tão renomado – e expulso de vários jornais e outras revistas quando jovem, até que resolveu fundar a sua própria – Draco Malfoy. Ostentava o sobrenome da família. Era neto de uma atriz Malfoy e de um médico-cirurgião Malfoy. Ambos famosíssimos. E o mais novo herdeiro da família era daquele jeito, formado em jornalismo quando na verdade queria ser esquiador.

Era diretor da Malfoy, mesmo sem fazer nada. Não sabia escrever boas redações, quanto mais matérias importantes. Não sabia nem o que o cargo de diretor fazia. Ficava naquela sala ou dormindo ou jogando no computador, ia às reuniões e eventos e só. Trazia de importante apenas o sobrenome e a fama que tinha. Nem namorar ele namorava. Terminava com suas namoradas porque achava que “elas davam chilique demais”.

_Mas, olha quem eu encontro por aqui! Venha cá, tire uma foto comigo! Os jornais irão adorar! – um braço forte puxou-o pelo braço, e Scorpius quase não teve tempo de olhar quem era, apenas sorriu para as câmeras. Apenas viu quem falava, quando alguns dos fotógrafos se dispersaram.

_Marcel! Caramba, é você! De volta a Londres então? – Malfoy cumprimentou.

Marcel Zabini era o melhor amigo de Scorpius no colégio. Até que na faculdade, começaram a se ver cada vez menos... Scorpius fazia jornalismo a mando do pai, e Marcel fazia direito. O sorriso de Marcel era outro. Agora brilhava mais, era mais branco do que antes.

_Estou descansando. As coisas nos EUA são difíceis, meu colega.

_Muitos casos difíceis?

_Muitos casos complicados, isso sim! Eles acham que qualquer coisa podem contratar um advogado bom e ganhar a causa. Não é assim. E ainda por cima inventam histórias absurdas só pra descontar no outro. Parece brincadeira. – ele balançou a cabeça rindo. – mas e você? Achei que aquele curso de jornalismo não iria dar em nada... E, olha só, diretor de uma das revistas mais famosas do mundo!

Scorpius pensou até em não responder aquilo, mudar de assunto. Mas sabia que em Marcel, podia confiar.

_Eu não faço nada. Meu pai é quem faz tudo. Eu só ganho dinheiro.

Marcel gargalhou, e pegando dois drinques de uma bandeja que passou a altura de seu peito, entregou um a Scorpius e falou:

_Um brinde a nossa solteirice!

_Não casou? – brindou.

_O quê? Claro que não, sabe como eu gostaria de uma Weasley. Mas não ela. Dominique terminou comigo há alguns meses. Na verdade, há um ano. Nunca mais a vi. – Marcel deu mais um gole no drinque.

Ao som de “Weasley”, Scorpius sentiu a nuca se arrepiar, e virou involuntariamente para trás. Revirou cada pessoa presente na festa, até encontrar ela. Rose ainda fotografava.

_Tem visto ainda alguém?

_Ahm? Ah, sim. Vejo, vejo sim. Mía é minha secretária. Aquela Mía, lembra? Ás vezes converso com o Goyle, mas ele se mudou pra Alemanha. Os Potter sumiram. Lily nunca mais ouvi falar – Marcel deu uma risadinha – e Dominique voltou a morar aqui em Londres, se quer saber. E, ali está Rose. – Scorpius apontou. Pensou em ter feito algo errado, porque não tinha certeza se Marcel se lembrasse dela. Ele tampouco se lembrava. Exceto por alguns detalhes que ele não queria lembrar.

Marcel por um momento pareceu não ter ouvido nenhum pouco do que Scorpius disse. Mas depois, encostou a mão no peito do amigo, ainda olhando pro fundo aonde Rose fotografava Alysa e mais duas moças.

_Malfoy! A Rose? Rose Weasley? – Scorpius se arrependera de ter mostrado. Sabia que Marcel cuspiria tudo na cara dele ali mesmo. – Ela ainda é apaixonada por você?

_Claro que não. – respondeu, rudemente. – a encontrei hoje e ela veio só tirar umas fotos.

Marcel balbuciou alguma coisa, observando Rose. Scorpius não deu ouvidos, e preferiu virar o rosto pro outro lado. Colocou a mão no bolso e com a outra bebeu um gole do drinque. Sentiu o bolso todo vibrar, e temeu começar a ficar bêbado. Mas, era apenas seu celular. Pediu uma licença a Marcel, e saiu para uma área mais reservada, próximo aonde Alysa estava – que, a propósito, lançara a ele um olhar de fúria – e atendeu o celular, observando a lua.

_Scorpius Malfoy?

_Sim, é ele. Quem está falando?

_O senhor atende como filho de Draco Malfoy e Astoria Greengrass Malfoy?

_Sim, sou eu. – Scorpius deixou o copo que trazia numa mesinha próxima a sacada onde estava, e andou até a outra ponta, começando a ficar impaciente.

_Por favor, preciso que se dirija ao aeroporto de Heathrow. – a voz do outro lado da linha exigiu.

_Sim, mas por qual motivo? Estou cobrindo um evento para a revista do meu pai...

_Seu pai iria preferir que viesse aqui a ficar aí. Por favor, sr. Malfoy.

_Posso saber com quem eu estou falando? – Scorpius não segurou o tom rude.

_Houve um acidente com o avião dos seus pais, agora há pouco, logo após decolar e tenho a informação de que nenhum dos tripulantes sobreviveram.

Scorpius, que até agora estava apoiado na parede, agora se erguera de um pulo. Não estava ouvindo direito, ficara bêbado com apenas dois drinques?

_D-desculpe... Pode repetir, por favor?

_Sr. Malfoy, sinto muito. O avião de seus pais caiu logo após a decolagem. Eu, realmente, sinto muito.


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