Kin Pumpkin; A Rainha do Halloween escrita por Lenore Marana


Capítulo 2
Kin Pumpkin; A Rainha do Halloween. Capítulo 02


Notas iniciais do capítulo

A trilha sonora que acompanha esse capítulo é:

http://www.infinitelooper.com/?v=fAzXWKYbHOw&p=n

Aqui é que a história realmente começa. Espero que gostem das personagens novas!



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–Bom dia para todos. – Um homem de cabelos compridos e óculos adentrou um auditório, aguardando este professor, diversos adolescentes espalhados pelas bancadas onde deviam se sentar para assistir as palestras. – Tenho o prazer de anunciar que uma nova colega se juntará à nossa classe hoje.

Um burburinho rápido se iniciou devido à notícia, mas logo foi silenciado ao passo que o professor pediu para que a aluna nova adentrasse na sala.

Todas as características excêntricas da jovem exorcista chocaram à classe: o pirulito mais alto que ela própria, as meias sete-oitavos listradas ou os cabelos ruivos, mas o que mais chamou a atenção de todos foi o fato dela ser bem mais jovem que os alunos dali.

–Professor, você tem certeza? Ela é... – Um aluno perguntou, mas foi logo interrompido pelo educador.

–Apesar de a Kin ter apenas doze anos, ela foi aprovada para fazer parte desta mesma classe de segundo ano colegial! – Anunciou orgulhoso.

Os alunos ficaram impressionados, enquanto a pequena exorcista subiu as escadas do auditório em busca de um lugar para se sentar.

–Professor, posso sentar aqui do lado desse cara de terno? – Perguntou após encontrar um lugar que achasse satisfatório e já se sentando antes da requerida permissão.

–Certo. – Respondeu vagarosamente, intrigado com a atitude da aluna nova. – E, Jobs, já disse várias vezes que esse terno não faz parte do uniforme escolar. – Alertou ao garoto ao lado dela.

Todos os alunos do sexo masculino vestiam um uniforme padrão: camisa formal, gravata e calça azul-escuro, porém apenas esse garoto, Jobs, trajava um terno bege por cima da indumentária.

–Claro, professor. – Tirou o casaco e o deixou descansando sobre a bancada.

Satisfeito, o orientador iniciou a exposição, a aula era de geografia e o professor Giorge era o responsável por aquela turma.

–Ei. – Kin cutucou o garoto ao seu lado. – Qual é a do terno, hein?

–Oi! – Ele cochichou. – Eu uso o terno porque meu sonho é me tornar um advogado.

–Advogado, é? Legal.

Ao final da preleção, os alunos começaram a se dispersar. O professor Giorge se aproximou de Kin e Jobs.

–Jobs, você pode mostrar a escola para a Kin? Além de ser uma aluna nova, ela tem apenas doze anos ao passo que o resto da classe tem dezesseis. Certifique-se de que ela não tenha problemas para se encaixar.

–Certo, professor. Não se preocupe, pois eu irei fazer um bom trabalho.

O professor trancou a sala enquanto os alunos foram liberados para um pequeno intervalo.

–Você está com fome, Kin? Vamos para a lanchonete comer algo, é por minha conta hoje.

–Claro. Eu não recusaria comida de graça.

Jobs, após vestir-se novamente com o terno, mostrou todas as instalações da escola para Kin enquanto caminhavam em direção à lanchonete.

–Diz aí... Jobs, né? – Perguntou. – Por que você continua vestindo esse terno? Pelo que eu entendi, não é a primeira vez que você leva bronca por causa disso.

–Isso eu já falei, é porque eu quero me tornar um advogado.

–Eu entendi isso, mas não precisa vestir o terno. É só estudar.

Jobs exibiu um sorriso suave para Kin antes de responder, já tinha passado por essa discussão sobre seu terno e já tinha ouvido diversas soluções diversas vezes.

–É claro que não preciso, mas esse terno bege é muito importante pra mim. – Parou de caminhar. – É um símbolo do esforço que eu faço e que pretendo continuar fazendo para me tornar um advogado, é uma maneira de eu nunca esquecer meu objetivo. Eu não sei se você alguma vez na vida já se deparou com algum problema relacionado à lei, mas essas coisas são super complicadas e, de certa maneira, desesperadoras. Quero me tornar a luz para essas pessoas, quero ajudar da maneira que for possível as pessoas com problemas, injustiçadas e desesperadas.

–Acho que te entendo. – A garota disse, sacando o pirulito gigante de suas costas. – Eu não iria para lugar algum sem a MRR POP.

–Eu visto o terno mesmo quando não posso, ou mesmo quando está calor, para que eu nunca esqueça qual é meu objetivo. Eu só vou deixar esse terno para trás quando eu me tornar um advogado.

Os dois estavam andando por um pátio no qual várias pessoas estavam aglomeradas conversando e passando o tempo.

MRR POP? É o nome do pirulito gigante? Por que você anda com isso afinal? – Disse o garoto de cabelos dourados.

–Ah, isso aqui é porque eu sou uma...

“KIN PUMPKIN!” Um grito ecoou do meio da multidão em direção à dupla, interrompendo a explicação da menina. Do meio da multidão, uma garota emergiu enquanto empurrava os outros para o lado.

–Rainha do Halloween! – A menina tinha a mesma altura que Kin, tinha os cabelos negros e ondulados e a franja reta caindo sobre a testa, além disso, trajava uma fita de cabelo com laço. – Eu te amo!

–Opa, opa! Muita calma nessa hora! – Prendeu o pirulito nas alças em suas costas e deu um passo para trás. – Eu nem te conheço!

–Se eu não me engano, está é Arista Astria, aluna do sétimo ano do ensino fundamental. – Jobs levou a mão ao queixo enquanto se lembrou do nome dela. – Ela tem a mesma idade que você, Kin.

–O que você tá fazendo ao lado de Kin Pumpkin, engomadinho? – Arista perguntou agressivamente para Jobs.

–O nosso professor pediu para eu mostrar a escola pra ela.

–Você tá dizendo que Kin Pumpkin é da mesma classe que você? E que o professor pediu pra você ser o acompanhante dela? Ahh! Que inveja! Você e esse terno ridículo definitivamente não merecem essa recompensa dos céus!

–Você não precisa falar essas coisas horríveis, menininha! Eu sou mais velho que você sabia? E esse terno é muito elegante.

–Que tipo de idiota veste terno para ir à escola?

–Parem vocês dois, pode ser? – Kin interrompeu a briga. – Arista, eu imagino que você me conheça pelo meu trabalho como...

–Exorcista! – A garota interrompeu hiperativa. – Sim, eu sou sua maior fã, Rainha do Halloween! Você é a melhor exorcista que existe e é um exemplo para toda jovem garota.

–Exorcista, Kin? – Jobs se surpreendeu com a notícia, mas em seguida se lembrou de ter assistido ao noticiário de manhã. – Espera um pouco, você é a garota de doze anos que exorcizou a prefeitura sozinha!

–Então você assistiu também? – Kin sorriu orgulhosa.

–Ao passo que a equipe pública de exorcistas, liderada pelo exorcista e celebridade Coronel Ron McRougall, não foi capaz de fazer nada! - Concluiu.

–Você tá bem informado, garoto esperto! – Disse jocosa.

Arista interrompeu, puxando Kin pela mão.

–Estava andando com ela e nem sabia disso, almofadinha? Vamos, Kin Pumpkin, eu te mostro o resto do colégio.

–Arista! O professor mandou que eu a acompanhasse!

–Ei, ei, ei! – A ruiva que era puxada chamou a atenção da outra e se desvinculou à sua mão. – Por que os dois não me mostram a escola juntos já que é assim?

Jobs assentiu suspirando.

–Estávamos indo à lanchonete, por que não vem conosco, Arista?

A escola tinha duas áreas de refeição, uma era uma cafeteria típica de colégios, na qual havia mesas comunais e a comida era uniformizada e mais barata, a outra era uma lanchonete separada, com instalação própria ao lado da primeira cafeteria, tinha cardápio diversificado e atendimento próprio. Esse espaço era administrado pelos próprios responsáveis pela comida e não pela escola. Jobs, Kin e Arista foram a esta lanchonete independente.

Os três, juntamente do pirulito gigante “MRR POP” se acomodaram e fizeram os pedidos para um garçom.

Este ambiente era mais silencioso que o resto da escola, as paredes eram brancas e as janelas de vidro eram tão grandes quanto vitrines, dando visão para a outra ala de alimentação. Não era um lugar tão frequentado pelos alunos quanto a cafeteria tradicional.

–Não acredito que vou fazer uma refeição ao lado de Kin Pumpkin! – Arista cochichava para si mesma, admirada.

–Mas, Kin. – Jobs retomou a conversa. – Você não é nova demais para ser uma exorcista?

–Pior que sou. – Respondeu. – É muito difícil haver exorcistas jovens, mas eu sou uma exceção, veja.

Kin tirou do bolso frontal do macacão jeans um cartão e mostrou para os dois. O cartão, com uma foto da ruiva impressa, certificava que ela era uma exorcista profissional oficial categoria presbítero, nível dois.

–Não importa a sua idade, se você for aprovado no exame nacional de exorcistas que ocorre a cada três anos, você é certificado para agir profissionalmente exorcizando.

–Entendi! – O garçom, vestido com uma simples camiseta preta, colocou os pedidos na mesa, enquanto Jobs assimilava a informação. – Apesar de qualquer um poder, supostamente, se tornar um exorcista, não é qualquer um que passa no exame.

Kin concordou enquanto mordia um hambúrguer e Arista bebia um copo de chocolate ao leite. Jobs continuou:

–Exorcista é uma das profissões mais valorizadas na atualidade, acho que justamente pelo fato de ser tão difícil se tornar um, ouvi dizer que passar no exame é mais difícil do que vestibular pra faculdade de medicina ou direito.

Arista terminou de beber o conteúdo em seu copo e completou o que Jobs dizia:

–Apesar disso, as pessoas sabem pouco sobre os exorcistas.

–Ela tem razão! – Exclamou Jobs. – Eu não sei nada sobre exorcistas.

–Bem... – A garota ruiva deu mais uma mordida e começou a explicar. – Os exorcistas são divididos em categorias: quando você é um exorcista, mas ainda não foi aprovado no exame nacional de exorcistas, você é considerado um “diácono”, quando você é aprovado, ganha permissão para agir profissionalmente, e é considerado um presbítero nível um, a partir daí, você pode evoluir para presbítero nível dois e em seguida presbítero nível três.

–Aqui está dizendo que você é presbítero nível dois. – O garoto mais velho notou na carteira. – Como você passa de nível?

–Você muda de nível quando a associação dos exorcistas reconhece que você merece mudar. Muitas pessoas vão à associação com um dossiê e pedem pela mudança, mas se você for um exorcista notável, eles mesmos te invocarão.

–Aposto que mudaram seu nível por você ser uma exorcista maravilhosa! – Arista deduziu. – Que eles mesmos quiseram que você avançasse!

–Você acertou, Aristinha! – Confirmou, com uma expressão facial que era um misto entre encabulada e se gabando. – Foi isso mesmo que aconteceu.

As bochechas níveas da menina de cabelos negros se enrubesceram sutilmente quando a exorcista confirmou que estava correta e, ao final, deu uma piscadela a ela.

–Então quando você se tornar presbítero level três, para de evoluir? – Inquiriu o jovem de terno.

–Não, não! Depois de presbítero três, os exorcistas evoluem para episcopal. A categoria episcopal é dividida em dois subníveis: episcopal bispo e episcopal arcebispo. Normalmente os exorcistas param de evoluir no nível episcopal arcebispo, mas ainda existe um ultimo nível: Papa.

–Papa? – Arista indagou. Nesse momento, todos se lembraram do Papa atual: Francisco Fisher, um homem com escamas verdes por todo o corpo e aspecto de peixe, apesar de respirar normalmente em terra firme, tinha guelras e uma barbatana dorsal exposta para fora do robe.

–A associação dos exorcistas tem relação com a Igreja? – Embalou Jobs.

–Mais ou menos. Na verdade, a única relação verdadeira é o Papa. Deixe-me explicar: Só existe um Papa por vez, a pessoa que é o Papa é, ao mesmo tempo, líder da Igreja católica e presidente da associação dos exorcistas, porém a Igreja e a associação não são a mesma coisa, apesar de existirem muitos exorcistas que, ao mesmo tempo, são padres ou bispos e estão ligados à Igreja.

–Mas você mesma disse que era da categoria presbítero, além de que existem os níveis episcopado bispo e arcebispo, esses são todos termos relacionados à igreja!

–As nomenclaturas são a mesma porque a associação e a Igreja compartilham da mesma origem.

Jobs e Arista continuaram enchendo Kin Pumpkin de perguntas enquanto ainda havia tempo de intervalo, e Arista não perdeu a chance de fotografá-la com a câmera do celular. O badalar do sinal que logo soou significava que os alunos deviam se recolher e retornar para suas classes, dessa forma, a pequena de cabelos negros se separou dos outros dois e cada um tomou seu rumo, mas voltaram a se encontrar todos os dias durante o intervalo naquela lanchonete, costume que rapidamente se tornou tradição.


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