Efeito Dominó escrita por Kriss Chan Dattebayo


Capítulo 12
Capítulo 12: Isso não é da minha conta


Notas iniciais do capítulo

Depois de uma eternidade sem aparecer, eis-me aqui!
Desculpa realmente galera. Eu havia definitivamente dado um tempo da escrita. Acho que vocês poderão ver que minha escrita deste capítulo está totalmente diferente da do capítulo anterior. Eu ainda estou me acostumando novamente a escrever. :)
Espero que gostem desse capítulo. Beijos!



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            Joguei-me no colchão. O tecido da colcha escorrendo pelas laterais da cama. O vento do ventilador batendo contra meu rosto e uma melodiosa música do Coldplay tocando na rádio. Itachi era o irmão mais velho do Sasuke... Ele morreu no natal passado. As palavras ditas por Hinata não saiam de minha mente nem sequer por um mísero segundo. “Eu não tenho nada a ver com isso” – deixei bem claro para mim, mas aparentemente, as coisas não iam de acordo com meus planos. Suspirei rapidamente enquanto colocava o travesseiro contra meu rosto. Eu parecia com aquelas tolas garotas de comédia adolescente e sinceramente não gostava disso.

            Encarei o relógio na parede. Eu não precisava trabalhar na locadora hoje. Além do mais, eu havia deixado os estudos tudo em ordem antes mesmo do final de semana chegar. Traduzindo, eu estaria mofando em casa pelos próximos dois dias. Ergui-me da cama e vislumbrei minha imagem no espelho da parede. Meu cabelo parecia que havia sido visitado por um ninho de ratazanas e que elas resolveram brincar de acerte a marmota com os fios de meu cabelo. Meus olhos pareciam segurar um par de bolsas escuras graças à noite mal dormida. Meus ouvidos zumbiam devido ao som agitado de meu pai e sua nova “namorada” no quarto ao lado durante a noite. Sim, eu realmente estava entediada e minha aparência transparecia isso sem nenhum problema.

            Ergui-me da cama ainda sem ânimo e caminhei para o banheiro. Deixei que a ducha quente fizesse meu corpo relaxar e que minha mente pudesse amenizar esses tolos pensamentos que a invadiam de segundo em segundo. Sério? Era tão complicado assim manter a mente em silêncio quando esta, apenas para me irritar, resolve ficar revoltosa? Suspirei enquanto desligava o chuveiro e me enrolava em uma toalha de algodão. Remexi as gavetas em busca de uma roupa. Decidi por uma calça jeans escura e um suéter de caxemira. Encarei o clima através da minha janela. Nuvens densas e escuras brincavam no céu a espera de uma chuva. O vento frio entrava pela fresta da janela. O inverno está chegando, e não, isso não era uma simples citação do lema da casa Stark em Game of Thrones.

            Embrulhei minhas mãos em um par de luvas quentes e enrolei um cachecol sobre o pescoço. Escancarei a porta do quarto e sai de fininho para não chamar a atenção do mais novo “casal” da casa. Deixei a casa para trás o mais rápido que eu pude imaginar.

[...]

            Desci do ônibus em um ponto deserto. Uma fina garoa começava a escorregar do céu sobre meus cabelos e eu abri o pequeno guarda-chuva que havia trazido. O vento frio fazia meus cabelos esvoaçarem e me senti mal por ter esquecido um gorro. Eu tinha certeza que meus rebeldes fios rosados não iriam sossegar durante muito tempo. O vento e a água eram arquirrivais do meu lindo cabelinho.

            O som de um sino foi ouvido assim que entrei naquele estabelecimento. O relógio na parede marcava exatamente nove horas da manhã. O cheiro de café fresco inundava minhas narinas. Pessoas solitárias comiam pedaços de bolos e alguns tipos de biscoitos. Outras apenas tomavam uma xícara de café enquanto liam o jornal matinal. Eu me sentei em um reservado próximo à porta principal. O som de um telejornal invadia meus ouvidos enquanto os ajudantes de garçons caminhavam de um lado ao outro limpando as mesas e recolhendo pratos. Uma jovem ruiva apareceu em minha frente com um bloco de papel em mãos e um sorriso forçado no rosto.

― Bom dia. Bem vinda ao Mexicano, a melhor cafeteria da cidade. ― murmurou as palavras de modo automático. ― Posso anotar seu pedido?

― Apenas um café com leite. ― murmurei a primeira coisa que veio em minha mente. A ruiva rabiscou algo no bloco de notas e caminhou de volta à cozinha.

            Encarei as pessoas que estavam no estabelecimento. Havia uma velha senhora sentada algumas cadeiras a minha frente. Ela remexia dentro da bolsa de cinco em cinco minutos. O homem que a acompanhava mantinha os olhos fixos nas páginas amareladas de um jornal. Duas cadeiras atrás de mim havia uma moça jovem. O terno preto era coberto por um pesado casaco. O celular estava pendurado em seu ouvido enquanto as mãos remexiam inúmeras folhas e ora ou outra levavam uma xícara de café até os lábios.

            Mas meus olhos pararam na figura de um ajudante de garçom. Ele estava debruçado, de costas para mim, mas de algum modo ele me parecia familiar. Como se percebesse que estivesse sendo observado, o rapaz virou em minha direção. Nossos olhos se encontraram por alguns segundos antes que eu mesma desviasse o olhar.

           Eu não esperava encontrar Sasuke aqui. Não logo agora que eu estava perturbada pelas palavras de Hinata. Eu vinha evitando encontrar com ele desde aquele dia, e parecia que tudo tendia a ir bem antes de hoje. Encarei a vidraça da janela na esperança que ele não me tivesse me reconhecido. Puxei o cachecol tentando cobrir parcialmente meu rosto. Uma tentativa frustrada e falha, pois logo ouvi passos cessarem ao meu lado e a sombra de alguém se prostrar sobre mim.

‒ Não esperava você por aqui... ‒ sussurrou a voz dele. Encarei seu rosto, já determinar a não deixar que ele ganhasse aquele diálogo desta vez. ‒ Por acaso está me seguindo?

‒ Não estou te seguindo. ‒ respondi automaticamente. Encarei seu rosto. Os cabelos estavam ligeiramente assanhados. Ele usava uma camisa preta com um avental preso na cintura. ‒ Imaginei que essa cafeteria do outro lado da cidade pudesse me dar uma folga da sua presença. ‒ depositei um sorriso irônico em minha face vendo o moreno erguer um dos lados de seus lábios. Um sorriso debochado. ‒ Apesar desta não parecer ter uma boa escolha. ‒ ele sorriu um pouco mais largamente e puxou a cadeira, sentando-se a minha frente. ‒ Por que está se sentando aqui?

‒ Você é realmente diferente. ‒ sussurrou o moreno. Ele esticou seus braços sobre a mesa, ocupando praticamente todo o espaço da superfície. ‒ Estou interessado em você. ‒ se aquela declaração dele era para me causar surpresa ou até mesmo corar como as estupidas donzelas de comédias românticas, sinto muito, não funcionou. ‒ Estou brincando. Mas é divertido estar com você.

‒ Bom saber que minha companhia é um bom entretenimento para você. ‒ resmunguei com o máximo de ironia que conseguia armazenar em uma frase. ‒ Obrigada. ‒ falei para a moça que me entregou uma xícara de café. Ela sorriu na direção do Uchiha e depois voltou para os balcões mais longe. ‒ Pensei que ela iria mandar você levantar e ir trabalhar. Mas aparentemente não.

‒ O lema desta cafeteria é “cliente feliz”. ‒ ele disse erguendo os braços para cima. Beberiquei um gole do café, sentindo o amargo descer por minha garganta. ‒ Estou apenas fazendo meu trabalho perfeitamente. Bem... Sobre o que iremos conversar agora?

            Suspirei profundamente virando meu rosto para a janela. Eu sabia que aquilo não era da minha conta. Eu sabia que provavelmente estaria metendo meu nariz onde não era chamada. Eu sabia que isso poderia criar um clima tão intenso e estragar os cinco minutos de pausa na nossa troca de insultos diária e despreocupada. Eu e o Uchiha poderíamos ter tido um início péssimo, mas de algum modo eu estava gostando dos nossos encontros aleatórios desde aquele dia na praça.

‒ Quem é Itachi? ‒ perguntei e encarei de esguelha o rosto do moreno. Sasuke pareceu tenso por um segundo. O mínimo sorriso de canto debochado que era sua marca registrada desde que o conheci havia sumido. Os olhos estavam mais escuros ainda se isso fosse possível. Respirei profundamente.

‒ Como sabe do Itachi? ‒ ele perguntou aparentemente um pouco mais relaxado. Aparentemente o choque imediato havia passado. Aposto que ele não esperava que eu lhe perguntasse justamente sobre seu irmão falecido. ‒ O que você sabe?

‒ Encontrei com Hinata um dia desses... ‒ sussurrei baixo. Eu podia ver que Sasuke ainda estava tenso e que este era um assunto delicado para ele, afinal suas mãos ainda estavam cerradas em punho sobre a mesa. Os nós dos dedos estavam mais brancos que o normal. ‒ Ela estava chorando e acabou comentando sobre ele. ‒ falei baixinho ‒ Ela me disse que ele era seu irmão.

‒ É... Ele era. ‒ ele disse depois de soltar um suspiro longo. ‒ Ele morreu em um acidente no último natal. Hinata e Itachi eram muito próximos. Nós todos éramos. ‒ abaixei meu olhar para o tampo brilhante da mesa. ‒ Mas isso foi há muito tempo. Eu preciso voltar ao trabalho. Aproveite seu café.

[...]

            Joguei o casaco pesado sobre uma cadeira assim que entrei em casa. Era sábado, não era nem sequer oito horas da noite ainda e meu pai provavelmente ainda estava no escritório ou, na pior das hipóteses, havia saído com sua nova namorada. Suspirei enquanto soltava os cabelos do rabo de cavalo e caminhava em direção à cozinha. Levei um susto quando meus olhos toparam na figura feminina e desconhecida. Ela deveria ter minha idade. Os cabelos eram loiros. Os olhos, castanhos, me encaravam surpresos como se não esperassem me ver por ali. Óbvio! Eu estava evitando esse encontro com todas as minhas forças.

‒ Oh... Eu não sabia que você estava aqui. ‒ sussurrou. A voz dela era fina e irritante. Ela tentou um sorriso acolhedor, mas ele tremeu tanto que logo se desfez. ‒ Estava terminando de preparar o jantar... Está com fome?

‒ Não. ‒ respondi secamente. Não havia motivos para eu me irritar pelo meu pai estar novamente em um relacionamento amoroso. Eu não podia impedir que ele retomasse o controle de sua vida. Minha mãe estava morta há anos, eu não deveria querer que ele continuasse sempre sozinho. ‒ Vou para meu quarto. Tenho lição de casa.

‒ Sakura! ‒ ela exclamou meu nome assim que eu virei as costas para si. Suspirei brevemente e voltei a encarar a moça. ‒ Eu não quero que o clima entre nós fique estranho. Quero que sejamos amigas. Quero que sejamos uma família. Eu... ‒ a voz dela ficou ainda mais aguda. ‒ Eu realmente gosto muito do Kizashi. Será que não podemos dar uma trégua? Isso está deixando seu pai chateado.

‒ Desculpe. ‒ murmurei. Minha face poderia estar aparentando não ter expressão, mas meu corpo tremia de raiva. ‒ Mas minha família acabou quando ele decidiu que iria namorar com uma garota que tem idade para ser minha irmã, então não. Não irei fingir ser uma família disfuncional feliz.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que ainda estão por aqui.
Nos vemos em breve.



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