POV KATE

Oito horas dormidas, faz tempo que não durmo tanto! Ontem foi uma noite realmente especial. Na verdade, todas as noites com Rick têm sido especiais de algum forma, mas ontem superou todas elas. Nunca fui de ser tão aberta em relação aos meus sentimentos, mas ao sentir todo o cuidado e todo amor com que ele me trata eu não podia mais negar e o melhor de tudo é que não foi precipitado, ele não ficou constrangido com minha afirmação, pelo contrário, ele também disse que me ama e eu fui ao céu com isso.

Agora, estou me arrumando para ir para o precinto e não estou muito feliz com isso. É frustrante ter que trabalhar no fim de semana, mas vou fazer de tudo para fechar esse caso hoje, quero pelo menos aproveitar o domingo com minha recém-formada família.

Rick está na cozinha com Lara e Alexis preparando o café da manhã. Como eu estarei ocupada hoje, ele vai leva-las ao parque, o sol está fresquinho, perfeito para um piquenique que eu queria muito participar.

Quando chego à cozinha, Lara está na cadeira de alimentação, assim como nos Hamptons, Rick fez questão de comprar tudo que é necessário para ela e dessa vez não me opus, já estou me acostumando com esse jeito mão aberta dele, mas sempre quem tem o controle sou eu, pois também percebi que ele é bem exagerado.

Rick e Alexis fazem algo no fogão ao mesmo em que gargalham alto, contagiando minha menininha. A ruivinha é a primeira a me ver.

— Bom dia Kate! – depois que contamos a ela sobre nosso relacionamento, a frequência com que Alexis me chama de tia veio diminuindo até parar completamente, deve ser desconfortável para ela chamar a namorada do pai de tia, mas nossa relação só melhora a cada dia.

— Bom dia, amorzinho – beijo seus cabelos.

— Hey babe, já está pronta para ir trabalhar? – Rick pergunta enquanto planta um selinho em meus lábios.

— Sim, tenho que estar lá às 9.

— Mama, mama.

— Oi bebê da mamãe – falo com a voz infantil enquanto tiro minha pequena pestinha da cadeira.

— Papai, eu quero pegar uma coisa que eu fiz para a Kate na escola, acha que consegue terminar sem mim?

— Ela está brincando comigo, não é? – ele pergunta a mim - mas é uma velha no corpo de uma menina de cinco anos mesmo – Rick fala enquanto ri da frase da filha e eu rio também – vá e aproveite e lave o rosto.

— Mas porquê? Meu rosto tá sujo?

— Não, mas vai ficar – Rick diz enquanto mela os dedos na massa de panquecas e passa no rosto dela.

— PAPAAAAAAAAI – Alexis solta um gritinho sentindo a massa em seu rosto já correndo e subindo a escada para que o pai não a sujasse mais.

— Papa, papa – Lara fala enquanto estica os bracinhos, pedindo o colo do Rick e eu sinto minhas bochechas queimarem. Claro que eu não tenho nenhuma culpa do que minha filha de 10 meses fala, mas ainda assim é constrangedor. Neste momento, olho para Rick, que está congelado, com um sorriso no rosto.

— Rick, me desculpe por isso, ela só repete o que ouve e... – ele me interrompe

— Kate, eu estou muito feliz com isso. Não precisa ficar com vergonha. Eu quero isso, quero ser o pai da Larinha, já que ela não o tem. Eu sei que agora ela só está repetindo as palavras, mas se ela, quando crescer, vir em mim a figura paterna, quero que você saiba que isso não me incomoda em nada, pelo contrário, me deixa orgulhoso de ser o pai de uma menina tão linda e inteligente – ele sempre falando o que precisa para me acalmar e me emocionar, por isso as lágrimas já saltam dos meus olhos sem pedir nenhum tipo de permissão.

— Obrigada Rick, não sei como encontrei alguém tão perfeito como você.

— Não infle meu ego detetive, você me conhece – ele fala tomando Lara dos meus braços – só o que me preocupa um pouco é Alexis. Eu não sei como ela vai receber essa novidade, porque é muito difícil para ela não ter a figura materna e eu acho que, de alguma forma, ela se identifica com Lara já que esta não tem um pai – ele fala pensativo.

— Rick, não vamos nos preocupar com isso agora tudo bem? Mas saiba que se você é capaz de considerar a Lara como sua filha eu também sou. Eu amo muito a Lex e se ela precisar de uma mãe estarei aqui para ela assim como estou para a Lara – falo sorrindo minimamente enquanto acaricio seu rosto. Neste momento Alexis desce com um papel nas mãos e um sorriso no rosto.

— Olha Kate! Eu fiz isso para você – ela me entrega um pouco envergonhada.

— Que lindo querida, eu amei! – falo um pouco emocionada, novamente – posso levar para o trabalho? Vou colocar na minha mesa – encaro o desenho que tem nós quatro no parque, Lara em meus braços, Rick me abraçando e a Lex entre nós.

— Pode sim – ela sorri.

— E um abraço? Eu ganho depois desse presente lindo?

— SIIIIIIIIM – ela grita enquanto corre e agarra minhas pernas.

Depois do café da manhã, me despeço dos meus três amores e vou para a delegacia.

POV RICK

Depois que Kate sai, dou banho nas minhas meninas, arrumo-as e arrumo também uma pequena cesta com algumas frutas picadas, pois é mais fácil para a Larinha comer, uns biscoitos e a mamadeira, no caso de alguma eventualidade.

Saímos por volta das dez. Chegando ao parque, forro uma toalha grande na grama e coloco Lara sentada enquanto Alexis corre para o escorregador. Fico brincando com a bebê por um tempo até que minha filha se junte a nós. Brincamos, comemos, conversamos.

Estou distraído contando uma história para Lara quanto Alexis vem correndo e chorando.

— Papaaaai!

— Oi meu amor – ela senta em meu colo, mas continua chorando alto – se acalme um pouco, tudo bem? Que tal me contar o que aconteceu?

— Eu caí – ela fala olhando em meus olhos e só agora percebo as mãozinhas no joelho – tá doendo e sagrando muito papai!

— Deixe-me ver – tiro suas mãos do joelho e percebo que o corte foi profundo – acho que terá que levar pontos.

— Dói muito?

— Não amorzinho, só um pouquinho. Fique aqui ao lado da Lara enquanto eu guardo tudo para irmos ao hospital, certo?

— Tá – ela concorda ainda chorando.

Guardo tudo e sigo direto para o hospital. Quando chegamos, somos logo atendidos e Alexis leva cinco pontos. Uma semana sem correr, sem brincar. Ela vai odiar isso, mas é coisa de criança, por isso me mantive calmo, eu definitivamente fui muito pior do que ela nessa idade.

Quando estou me preparando para ligar para Kate para contar as novidades meu telefone toca. Minha agente, Gina.

— Oi, Gina.

— Oi Rick. Será que você pode passar aqui? Tenho novidades e preciso que você assine alguns papeis.

— É realmente necessário Gina? Acabo de sair do hospital com Alexis e se fosse à agência agora teria que levar duas crianças.

— Duas?

— Sim, minha filha e a filha da minha namorada.

— Namorada? Você não me disse nada sobre estar namorando.

— Pensei que você cuidasse da minha vida profissional e não da pessoal.

— Não precisa ser grosso, Rick. Enfim, você realmente precisa estar aqui, a editora ligou, o lançamento do seu livro está marcado e estamos com o prazo curto.

— Certo, em trinta minutos estarei ai – desligo, já olhando para Alexis.

— Querida, teremos que ir na agência rapidinho, papai precisa assinar uns papeis, certo?

— Certo – ela fala bocejando por conta da anestesia.

Como prometido, em trinta minutos estou estacionando o carro em frente à agência, tendo que carregar minhas duas meninas. Por isso, deixo Lara na cadeirinha levando-a em uma das mãos, enquanto carrego Alexis no outro braço.

— Vamos Gina, preciso levar as meninas para casa, então seja breve.

— Boa tarde para você também, Rick. Bem, como tinha dito ao telefone, a data do seu próximo lançamento já está marcada. Será daqui a quinze dias, tudo bem?

— Por mim tudo ótimo, o quanto antes melhor.

— Certo, então você só precisa assinar esses papeis – depois de uma lida rápida, assino todos os papeis.

— Estou liberado?

— Sim. Mas depois do lançamento nós vamos conversar sobre a turnê, está no contrato, lembra?

— Lembro, mas uma coisa de cada vez. Trabalhe para que este lançamento seja um sucesso, depois pensamos em turnê. Agora vou indo, tchau Gina.

— Tchau Rick.

Vou para casa com as meninas ainda adormecidas. Quando abro a porta me deparo com minha visão do paraíso. Kate está deitada no sofá, completamente relaxada vendo algo na TV.

— Hey amor, vocês chegaram – ela vem me ajudar com uma das meninas – como foi o dia?

— Um completo desastre! – falo colocando Alexis no sofá, onde, a pouco, Kate estava deitada.

— Por que diz isso?

— Veja você mesma. Alexis está remendada e eu ainda tive que ir na agência tratar de negócios – falo enquanto ponho as mãos no rosto completamente exausto – só me dê a boa notícia de que fechou o caso.

— Fechei. Tentei ligar para você, mas só caia na caixa – ela vem me abraçando – agora é você quem parece cansado.

— E estou. Tive que correr para o hospital, de lá corri para a agência e carregando essas duas para todo lugar, já que Alexis está praticamente dopada.

— Own meu amor, vem cá – ela me beija – por que não me ligou? Eu largaria qualquer coisa se soubesse que estavam no hospital.

— Não quis te atrapalhar. E quando ia ligar, para dizer o que tinha acontecido e que já estava tudo resolvido, Gina me ligou.

— Gina?

— Sim, minha agente.

— Sua agente é mulher?

— Sim? – pergunto vendo uma ruguinha em sua testa.

— Okaay – ela fala e sai do abraço – mas o que ela queria?

— Dizer que o lançamento do livro será daqui a quinze dias.

— Sééééério? – ela deixa o lado fã aparecer.

— Sim, meu amor. E você irá comigo. Quero você ao meu lado em todos os momentos.

— Tudo bem.

— Ótimo – falo selando nossos lábios num beijo avassalador.