100 dias escrita por Camila Lião


Capítulo 8
Capítulo 8 - O começo da batalha III (Conhecendo o desconhecido)


Notas iniciais do capítulo

Vamos conhecer mais sobre esses dois! ♥



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—Pronto

—Sente-se

Leon observa o banco onde Viollet está sentada.

Parece um banco antigo forrado com um pano roxo que aparentava ser extremamente macio.

—Você gosta muito dessa cor, não é mesmo? -Perguntou ele-

Desde que chegou à casa de Viollet, Leon não consegue ignorar os mínimos detalhes em todos os cantos. Onde quer que possa ela está, a cor roxa, lilás, púrpura. O que contrastava bastante com as madeiras pintadas de branco como na escada, portas, varandas, e fazia uma bela combinação.

—Sim. Acho que combina com o meu nome -Responde Viollet passando a mão sobre o pano-

—Você não se chama Violeta. -Diz Leon se acomodando na outra ponta do banco que parecia ter encolhido-

—Mas nunca parou para pensar que meu nome poderia ser baseado nessa flor?

Leon demora alguns instantes para responder.

—Então seu nome original devia ser Violeta? -Indaga Leon com a mão no queixo-

—Talvez. Mas acho que minha mãe preferiu algo diferente.

—E o seu segundo nome?

—O que tem?

—É baseado em que?

—Ah. -Uma pausa- É o nome da minha mãe.

—Entendo. Então você se sente bem no meio dessa cor?

—Basicamente isso.

Silêncio.

—Está vendo? -Pergunta Viollet-

—O que? -Responde Leon direcionando seu olhar para o mesmo local que o dela-

—Os zumbis indo para a direção da luz

—Ah. Sim, estou vendo. -silêncio- É, dona Viollet. Parece que sua armadilha funciona mesmo.

—Por enquanto. Quando o planeta for pura destruição, ficará tão escuro que a luz solar provavelmente não penetrará mais e elas não terão energia.

—Espero que fiquemos bem.

Não houve resposta.

E nem era necessária.

A morte estava a cada dia mais próxima.

O comentário de Leon pareceu irônico para Viollet.

Ela tenta forçar um sorriso.

—Viollet você já se envolveu com alguém?

Ela parece surpresa e brava ao mesmo tempo. Abaixa a cabeça encarando a parte debaixo da janela. O luar não iluminava mais seu rosto inteiro.

—Entendo se não quiser responder, quero dizer, isso não é da minha conta, eu nem te conheço direito.

—É, isso não é dá sua conta. -Ela responde quase sussurrando-

—Okay, me desculpe.

—Tudo bem.

—Você é muito fechada.

—Sempre fui assim.

—Às vezes tento me aproximar de você, mas você troca de assunto, sai de perto, me dá respostas curtas e grossas.

—Nunca fui muito de papo.

—Eu percebi. Mas se vamos morar juntos deveríamos ao menos nos conhecer. Por exemplo, o que você sabe sobre mim? Eu poderia ser um psicopata.

"Sei o suficiente para o meu coração acelerar perto de você" Pensou Viollet.

—Tudo bem, Leon. O que quer saber?

—Como assim o que eu quero saber? Eu já te perguntei, oras.

—Ah, quer saber se eu já tive um namorado?

—É, alguém que você desejasse muito.

—Não, nunca tive.

—Sério? Você esteve sempre sozinha então?

—E você?

—Bom, eu tive sim uma pessoa. A mulher mais incrível desse mundo.

—Ah, bom pra você.

Viollet sente uma leve pontada no peito.

Tenta forçar um sorriso.

—É uma pena que eu não soube valorizar.

—Vocês romperam?

—Não, eu a matei.

Viollet levanta seu rosto, vira-se para Leon, retira as mãos que estavam apoiadas sobre o banco, o espanto está estampado em seu rosto.

—O que disse?!

—É uma longa história.

—Eu espero que você comece a contar logo então. Do contrário te expulso dessa casa imediatamente.

—Certo... Já que você insiste.

Leon apoia as costas no banco, olha para fora. Seu rosto estava totalmente iluminado pela luz da lua.

—Eu trabalhava como cientista em... Um determinado lugar. Certo dia durante uma das minhas viagens de trabalho para novas pesquisas, eu estava procurando por uma flor roxa, que poderia ser a solução para muitas coisas, inclusive mutações em DNAs. O único riso era o local onde essa flor nascia. Só podia ser encontrada na montanha da cidade vizinha. Então eu e meu amigo fomos para lá. Como eu nunca tive medo de nada, me arrisquei ao chegar lá, fui até a berada para tentar pegá-la e caí. Meu amigo desesperado me levou para o hospital e logo em seguida ligou para Emma, que era minha esposa. Quando ela saiu de casa já estava de noite e os zumbis já estavam aparecendo. Ela estava dirigindo nervosa e isso fez com que ela capotasse o carro e fosse pega por eles. Eu só acordei dois anos depois do acidente.

—Você ficou dois anos inconsciente?

—Exatamente.

—Mas, então não foi culpa sua o falecimento dela.

—Errado. Foi sim, se eu não tivesse sido estúpido e me arriscado daquele jeito, ela ainda estaria viva.

—Vocês não encontraram nem o corpo dela?

—Encontramos. Você não sabe o que acontece com as pessoas que os zumbis pegam?

—Algumas eles comem e outras são transformadas se resistirem a mutação.

—Correto. Emma virou um deles.

—Então você voltou a vê-la?

—Sim. Mas um acidente aconteceu e ela faleceu.

—Como assim faleceu? Ela não era um zumbi?

—Era. Mas quando você é transformado, as feridas que aparecem junto com a transformação são como partes do seu corpo, não te afetam em nada. Outras feridas que são feitas por algum outro motivo são prejudiciais. Emma teve várias em seu corpo ao ser atingida por um animal e não resistiu.

—Eu sinto muito.

—Espero que ela me perdoe.

—Não foi culpa sua, Leon. -Ela coloca as mãos sobre as dele- Não fique assim.

Ele olha para Viollet que não desvia o olhar.

Olhos nos olhos.

Rostos iluminados pela lua.

—Obrigado. Mas sempre terei esse peso comigo.

—Eu já amei muito uma pessoa também.

Ela se encolhe. Coloca as pernas no banco, joelhos perto do queixo, abraça as pernas com os dois braços.

—Mas você tinha dito que...

—Não foi um romance. Era o meu pai. Mas ele morreu quando eu tinha oito anos.

—Sinto muito, Vi.

Ela sorri.

—E então você ficou morando apenas com a sua mãe?

—Não. Ela morreu dias depois do meu parto.

—Nossa...E-eu realmente sinto muito. Então... Com quem você ficou morando?

—Com uma amiga da minha mãe. Ela não era casada e não tinha filhos. Se dedicava apenas aos negócios.

—Agora eu entendo. Foi com ela que você aprendeu a ser fechada desse jeito?

—Você é curioso demais. Nem sei porque estou te contando isso.

—Você ficou muito tempo sozinha.

—Talvez seja por isso. Faz tempo que não converso ou vejo alguém. Mas já chega, está tarde.

—Certo.

Leon procura um lugar para apoiar a mão enquanto olha os zumbis passando embaixo na rua. Sua mão esbarra com a de Viollet que se encolhe com vergonha

—Desculpe -diz Leon sorrindo discretamente enquanto desvia o olhar- Vou me deitar, até amanhã.

—Até, boa noite.

Viollet espera até ouvir o barulho da porta de Leon se fechando para ir para o quarto.

Deitou na cama virada para a janela, seu braço esquerdo estava embaixo da cabeça, com o direito puxou um travesseiro para perto de si como se quisesse abraçá-lo.

O quarto estava iluminado pela luz da lua cheia. As cortinas brancas dançavam de acordo com o pouco vento que entrava. Pareciam bailarinas tristes dançando.

Um barulho na porta.

—Posso entrar? -Perguntou Leon-

—O que você quer a essa hora?

—Como assim a esse hora? Nós nem temos relógio.

—Desembucha.

—Queria saber se você tem um edredom. O cobertor é quente demais.

Viollet levanta exibindo sua camisola de seda branca. Parece ser dois números a menos do que ela precisaria usar. Ajustada ao seu corpo e um pouco curta, deixava suas curvas e partes avantajadas em seu corpo mais definidas.

Ela vai até o guarda roupa e pega um edredom fino na cor azul.

—Gostei da camisola.

—Obrigada. Aqui está.

Leon navega seu olhar no corpo de Viollet como se ele fosse uma tempestade que acelera seu coração e faz a adrenalina correr desesperada em suas veias.

Viollet percebe e empurra o empurra o edredom contra o peito de Leon e se encolhe puxando os braços para perto do corpo como se quisesse se esconder.

—Algo mais?

—Não, só isso. Obrigado.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ter lido até aqui, espero que tenha gostado. ♥



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