Enigmas - Tomione escrita por Teddie


Capítulo 4
Sobre as escolhas que fazemos.


Notas iniciais do capítulo

Olá, acho que demorei um poco, mas estava com bloqueio criativo, não queria trazer nada além do melhor que eu podia fazer. Sinto muito pela demora.

Vocês viram a playlist? Seguiram? Vou falar dela até todos vocês estarem saturados! hsdgihsg.
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Aproveitem o capítulo!



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Ao todo são 3 irmãos: o mais velho já se foi o do meio está conosco e o caçula não nasceu. Quem são?

Tom não era idiota, sabia que tinha algo acontecendo com Hermione. Nos primeiros dias em Hogwarts ela recorria a ele para tudo: orientação, nomes e atividades, mas desde que se falaram pela última vez, quando ele explicara a ela sobre os sangues-ruins, ela vinha o evitando e ele não sabia o porquê.

Riddle detestava não saber alguma coisa.

Então, saindo da aula de Merrythought naquele dia, ele a avistou correndo pelos corredores cheia de pergaminhos nas mãos. Por um momento, ela parecia ser uma aluna qualquer e ele ficou feliz por algum motivo. Gostaria que Hermione estudasse com ela. Ela era inteligente, obstinada, dedicada.

Poderia ser uma boa adição para a causa.

Ele não considerava a hipótese de Hermione ser uma sangue-ruim por dois motivos: primeiro, ele conseguia sentir a magia fluindo nela, frustrada por não poder ser posta em prática. Nenhum nascido trouxa tinha tanta magia assim em si. Segundo, sangues-ruins eram irrelevantes.

Obviamente Hermione tinha alguma coisa muito importante para ser explorada, senão não iriam se preocupar em mandá-la para Hogwarts sem memória.

Poderia dizer também como um terceiro motivo que ela era muito bonita.

Sacudiu a cabeça, tentando espantar pensamentos desnecessários e focando em encontrar a menina. Quando a viu, reparou na hora que tinha alguma coisa muito errada. A cabeleira ruiva de Septimus Weasley estava próxima de Hermione, que estava de frente para ele, consequentemente de costas para Tom.

Seu sangue ferveu e ele correu para tentar chegar até eles. Não é que não gostasse do Weasley. Não.

Ele não gostava do suco de cenoura que tinha no café da manhã, ele não gostava de Explosivins, ele não gostava de Quadribol, não gostava de dividir o quarto com aqueles idiotas. Com Septimus era diferente.

Ele odiava Septimus Weasley.

Odiava o fato de ele ter sangue puro. Odiava, na verdade, o fato da família imensa e pobretona inteira ter sangue puro. Odiava o fato de eles serem simpatizante de trouxas, amantes de sangues-ruins. Eram traidores do sangue patéticos.

Queria Hermione longe daquele idiota o mais rápido possível.

Quando estava quase perto, a menina se desequilibrou e ele teve que correr para segurá-la.

— O que fez com ela, Weasley?

Hermione pôs a mão na cabeça, gemendo de dor e fraquejando ainda mais. Weasley olhava tudo assustado.

Ron? — a voz dela soou esganiçada, olhava delirantemente para Septimus.

E desmaiou.

Tom mirou o ruivo, que estava vermelho por conta dos olhares que estavam recebendo.

Ele estava no último ano, era alto e magro. Seus cabelos eram vermelhos como o fogo e despenteados, caindo sobre os olhos. Tinha olhos azuis e o nariz abatatado e grande.

Tom não conhecia muito Septimus Weasley, mas podia garantir com toda certeza que ele não se chamava Ron.

— Ai meu Merlin — a voz de Weasley estava desesperada e ele estava deixando os pergaminhos caírem no chão. — O que aconteceu com ela? Ela morreu?

Tentando segurar melhor Hermione, que estava jogada em cima dele como trapos, Tom revirou os olhos para a burrice do ruivo.

Sem responder, conseguiu pegar a castanha no colo. Não pesava muita coisa.

— Pare de falar asneiras e entregue esses pergaminhos a Dumbledore — e bufando acrescentou — Diga que eu levei Hermione até a ala hospitalar. — Septimus coçou a cabeça, visivelmente confuso — Anda, Weasley!

O garoto pareceu acordar e deu meia volta, indo até as escadas que levavam ao quinto andar, onde a sala de Dumbledore ficava.

Tom deu a volta pelo corredor e desceu a escadaria, sabendo que todos estavam olhando e comentando sobre a situação.

Surpreendentemente, ele não se importava, só queria que Hermione ficasse bem.

Que estranho que era se importar com outra pessoa.

(...)

Madame Lynch colocou a mão na testa de Hermione, que jazia deitada em uma das camas, coberta quase até o pescoço. Seu rosto era sereno, mas estava pálido, quase sem vida. Tom não entendia o surto que ela tivera, mas tinha quase certeza que era relacionado a alguma memória.

Também não entendia por que estava tão incomodado com esse tal de Ron. Não era da conta dele, ele não era o dono de Hermione só porque a achara na Floresta. Ela não devia nenhum tipo de satisfação a ele.

A porta da enfermaria se abriu em um supetão e Dumbledore entrou em um pulo, seus trajes esvoaçando atrás de si. Ele correu até onde a menina estava deitada, passando a mão pelo rosto dela delicadamente, quase como um pai faria.

Hermione não estava há tanto tempo assim entre eles, mas não tinha família e tratava Dumbledore como algum tipo de Deus. Na cabeça de Tom isso explicava porque ele a tratava como uma filha. Ele, que nunca foi queridinho de Dumbledore, era tratado no máximo como um bom aluno.

Alvo Dumbledore foi o primeiro bruxo que conheceu e sempre recorria a ele quando as férias chegavam e ele não queria ir para o orfanato novamente. O bruxo mais velho sempre deixou claro que não podia ficar em Hogwarts durante o verão, só que nunca considerou também a hipótese de adotá-lo.

Tom esperou isso no primeiro verão. Quando não aconteceu, o moreno guardara as mágoas no fundo do coração e adquiriu asco pelo transfigurador. Agora não queria mais. Tinha planos grandes para quando terminasse Hogwarts e seriam planos que Dumbledore, sendo seu pai, não permitiria nunca. Era até bom que fosse órfão mesmo.

Tom não sabia muita coisa sobre os pais. Sabia que seu pai tinha o mesmo nome, mas não era um nome bruxo. Não conseguia, no entanto, aceitar o fato da mãe ser a bruxa. Ela não teria se deixado morrer se fosse uma bruxa.

— Tom! — ele pulou de susto, olhando distraidamente para Dumbledore, que lhe chamava — Estou te chamando há um século. O que aconteceu? Senhor Weasley não parecia muito certo em sua explicação.

Claro que não, pensou. Weasley era um palerma, mesmo sendo mais velho.

Tom explicou como tudo acontecera, do seu ponto de vista. Não mentiu, embora tenha omitido algumas coisas, como a preocupação que estava sentindo, os ciúmes de alguém que ele – e ela – não conhecia. Isso não dizia respeito ao professor. Era um problema apenas dele.

Dumbledore assentia, mas não tirara os olhos da garota. Tom não ficara com raiva, ele próprio olhava para a menina enquanto falava.

— Faça um favor, Tom, passe nos aposentos de Hermione e traga uma muda de roupa para ela, sim?

Tom assentiu, sem contestar muito as ordens. Andou devagar pelos corredores, seguindo as instruções de Dumbledore para chegar até o quarto de Hermione. Não era muito longe da sala de Transfiguração e do escritório do professor.

O quarto era simples, pequeno e não tinha muita coisa do qual se impressionar. Ele pegou as roupas que Alvo pedira, mas quando estava indo embora, algo lhe chamou a atenção. Na escrivaninha da menina estava aquele papel cartão que estava junto quando ela aparecera, que tinha o seu nome.

Ele pegou o papel, sem saber exatamente o motivo e o virou entre os dedos. Hermione. A mesma coisa de sempre.

Por que então ele sentia um comichão dizendo que havia algo além daquilo?

— Revele todos os seus segredos — apontou para o papel com a varinha.

Era por essas e outras que amava a magia. Onde havia apenas um nome até então, foi se estendendo até formarem três.

Ron Weasley. Harry Potter.

Hermione Granger.

Seus olhos estavam arregalados com a surpresa que tivera. Virou o papel e, se fosse possível, ficou ainda mais assustado.

Era uma fotografia colorida. Tinha uma menina de mais ou menos catorze anos com os cabelos castanhos cheios presos em uma trança lateral, segurava alguns livros nos braços e estava entre dois meninos. Um era magro e franzino, tinha os cabelos pretos bagunçados e olhos verdes cobertos por óculos. O mais estranho nele era uma cicatriz em forma de raio na testa. Um dos seus braços rodeava os ombros da menina.

O outro era alto, ruivo, magro e tinha os olhos azuis. Sorria desajeitadamente para a câmera e fazia chifres na menina com os dedos.

Ele era idêntico a Septimus Weasley.

Mas o outro não lhe era estranho. Tinha alguém que era parecido... Potter...

Charlus Potter.

Se antes Tom achava Hermione intrigante, sua curiosidade agora tinha aumentado até níveis alarmantes.

Guardou a foto nas vestes, pego as roupas e voltou até a enfermaria. Teria uma conversa muito séria com Hermione Granger quando ela acordasse.

(...)

Era algum horário da madrugada. A lua brilhava no céu estrelado e Tom lutava para não cochilar na cadeira ao lado da cama de Hermione.

Madame Lynch foi veemente contra a ideia do menino passar a noite na enfermaria e Dumbledore também não parecia muito entusiasmado com isso, mas ele foi insistente e bateu o pé até que a enfermeira desistisse de debater e se retirasse para seu escritório com mil e uma recomendações.

Uma vez que a responsável por Hermione não tinha mais nada contra a permanência de Tom, Dumbledore também fora obrigado a aceitar.

Então ele estava ali, sentado em uma cadeira ao lado da cama dela, esperando pacientemente que a menina acordasse para poder contar o que descobrira e tirar o máximo de informação possível.

— Onde... onde estou? — a voz fraca vinda junto um pigarro interrompeu os pensamentos de Tom.

— Ei, é a segunda vez que me pergunta isso — ele falou com mais suavidade que pensou que conseguia ter — Calma, calma, não levante tão rápido assim — fez Hermione se apoiar nele quando a mesma tentou se levantar bruscamente.

Estava fraca, claramente confusa. Seus cabelos eram emaranhados castanhos.

— É a ala hospitalar? — Tom assentiu — O que estou fazendo aqui? Madame Pomfrey me prendeu aqui?

Tom franziu o cenho.

— Madame Lynch, você quer dizer.

Ela abriu a boca algumas vezes, mas se restringiu a coçar a cabeça, expressando uma careta de dor.

Tom se apavorou com a ideia de Hermione ter outro acesso como o que tivera.

— Madame Lynch disse que seu cérebro se sobrecarregou. São poucos os que sabem da sua condição, mas ela disse que provavelmente você recebeu muitas memórias de uma vez só e seu cérebro não aguentou.

— Mas não me lembro de nada. Não sei ainda quem sou, ou o que estou fazendo aqui, ou por que me mandaram para cá. Nenhum rosto é comum, ninguém é conhecido. É como olhar um livro de fotos antigas, tudo parece conhecido, mas nada é reconhecível.

Em um ímpeto de coragem, Tom envolveu a menina, que beirava a histeria. Tom deixou que o abraço que ele dava nela expressasse o quanto ele queria que ela não surtasse, o quanto ele queria o bem dela.

Isso o assustava muito.

Não deveria se importar assim, não deveria estar querendo o bem dela. Não deveria estar a querendo. Tom tinha prioridades e nenhuma delas incluía Hermione Granger.

Ela se apertou a ele como se a vida dependesse disso e, por um minuto, Tom se esqueceu de todos os argumentos anteriores.

— Você já conhecia Weasley? — perguntou com bastante cautela quando ela se soltou.

Ela torceu o nariz em uma expressão adorável.

— Esse nome é muito familiar, como se eu o dissesse minha vida inteira. Dá uma nostalgia, entende? E aquele menino é comum também. — suspirou, encostando as costas no travesseiro — Mas não, não o conheço. Não conheço nada.

Tom assentiu, sentindo a foto esquentar no bolso das vestes. Sabia que tinha que mostrar para Hermione.

— Posso perguntar uma coisa?

— Tenho que te contar algo.

Eles falaram ao mesmo tempo e gargalharam um pouco. Tom indicou que ela deveria falar primeiro.

— Você falou sobre sangues-ruins e importância do sangue. Devo assumir que é sangue puro, certo?

Ele meneou, ficando sério. Não queria falar sobre isso, não queria expor seu maior segredo para alguém, mesmo que esse alguém fosse Hermione Granger.

— Sou mestiço — as palavras saíram de sua boca antes que pudesse se controlar e mordeu a própria língua como punição. — Um de meus pais era bruxo e o outro era trouxa. Não sei qual deles, cresci em um orfanato trouxa e tudo que sei é que minha mãe morreu no me parto e estava sozinha.

Não queria soar amargurado, mas sabia que o tinha feito.

— Podíamos procurar sobre — ela sugeriu, a voz hesitante — Quer dizer, eu não conheço nada por aqui, mas é justamente por isso. Não conhecer, não saber... não é justo que você não conheça sobre sua família. Sobre quem você é.

Ele fechou a cara na hora.

— Sei muito bem quem eu sou.

— Não quis ofender, Tom. Sinto muito.

Ele não queria considerar aquilo, de verdade. Ele sabia quem era, sabia quem ele tinha se tornado e o que queria ser quando acabassem os estudos. Voldemort.

Ainda assim, outra ideia lhe surgiu. Hermione não sabia quem era, o que significava que ela podia ser quem ele quisesse que ela fosse. Ele poderia moldá-la para que ela se tornasse uma bruxa tão ambiciosa e promissora quanto ele. Ela tinha esse potencial, ele podia sentir.

Para isso, ela teria que passar mais tempo com ele. Para ele poder persuadi-la, implantar em sua cabeça os pensamentos corretos.

A foto formigou novamente, mas ele ignorou a sensação. Aquela foto, Ron Weasley, não significavam mais nada. Não para ele, muito menos para Hermione.

— Tudo bem, eu aceito — disse.

Ela abriu um sorriso maior que o rosto e pulou em seus braços, dando um abraço desengonçado e apertado em Tom.

E ele, que nunca estava preparado para receber um, tratou de corresponder.

A foto de Hermione, Ron e Harry já estava esquecida em qualquer um dos bolsos.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?