Little Do You Know escrita por Lady Mataresio


Capítulo 1
Capítulo Único | É uma história que se complicou


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente S2 Como eu disse nas notas da história:
SHIPP WANDA E CLINT POIS TENHO PROBLEMAS. Não, mentira, parei aushauhsausa
Enfim, eu espero de coração que aproveitem a one S2 E minhas dedicações estão nas notas da história '3'



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Capítulo Único - "É uma história que se complicou"

A parede fria que apoiava minhas costas e o sangue que jorrava de meus dedos contrastavam com as lágrimas quentes que escorriam de meus olhos vermelhos, os quais ardiam a cada piscada que eu dava. Encostei minha cabeça em meu apoio e senti o gelo que emanava das paredes passar para meu couro cabeludo, fazendo um arrepio percorrer todo o meu corpo, logo sendo seguido por um suspiro pesado e lamentável. A palavra idiota passou por minha mente novamente.

E eu já havia perdido a conta de quantas vezes eu havia me humilhado mentalmente naquela noite.

Uma daquelas lágrimas salgadas caiu sobre minha mão, machucada, se misturando ao vermelho sangue que saía dos cortes em meus dedos. Ao meu lado, no chão, a estátua de golfinho, que enfeitava meu quarto, reduzida a cacos de vidro, espalhados pelo piso cinzento e gélido. Um daqueles cacos ainda cortava meus dedos, enfiado no dedo indicador. A caixinha de música quebrada no chão tocava sua melodia de forma falha e tenebrosa, enquanto apenas o pino girava e a bailarina estava caída no chão.

Meu celular vibrava incansavelmente na estante, porém nenhuma ligação me importava naquela hora. Eu queria ficar sozinha e, ao mesmo tempo, me sentia egoísta por isso. Afinal, naquele exato momento, estava nascendo a criança que seria homenageada com o nome de meu irmão: Nathaniel Pietro Barton. E eu me sentia imunda quando eu me lembrava de Barton.

Devia ser difícil entender minha situação. Era uma história que se complicou, e eu sabia o “por que”. E acho que você também quer saber.

**

— (...) Se você sair por aquela porta, você é uma vingadora.

Meus olhos desesperados encontraram os de Barton, serenos e, ao mesmo tempo, cheios de sede por guerra. Assenti e continuei sentada no chão, ouvindo o barulho dos tiros vindos do lado de fora. Deixei minha mente vagar pelas lembranças de toda aquela guerra e, quando finalmente dei-me conta, Clint Barton já não estava mais lá.

Respirei fundo e tremi. Ainda erar assustador encarar aquele mundo lá fora. O mundo que Ultron queria criar.

“Se você sair por aquela porta, será uma vingadora, e eles podem ser uma boa oportunidade”, pensei comigo. “Você será uma vingadora”.

Uma Vingadora.

Levantei-me e reuni a coragem que acreditei existir dentro de mim. E, então, saí por aquela porta. Eu era uma vingadora, mesmo sentindo que aquela história toda ainda acabaria resultando em alguma merda.

~ // ~ // ~

Tudo estava basicamente tranquilo no campo de batalha. Pelo menos até a má sensação que eu sentia voltar. De longe, avistei a nave de Ultron atirando contra o gigante verde e a espiã, seguindo por todo o campo. Consegui ouvir um suspiro forte vindo de Pietro, e então ele sumiu de minha vista.

— O quê? Pietro... — segui com os olhos o caminho que ele traçara. A poeira estava alta e a nave de Ultron havia parado de atirar, já que o barulho de tiros havia cessado. Mas só consegui ver o que tinha acontecido quando a poeira abaixou...

No exato momento em que Pietro, o melhor irmão de todo o mundo, o meu irmão, caiu baleado no chão, enquanto Clint Barton o encarava pasmo. Havia uma criança que o arqueiro protegia com os braços, a qual se recusou a olhar a cena.

E tudo parou. Caí de joelhos enquanto um grito escapava por entre meus lábios. Nada mais era audível senão meu grito agoniado. Nada mais era visível senão o corpo de meu irmão no chão.

E nada estava mais quebrado do que eu.

~ // ~ // ~

Não conseguia me recordar de como eu havia chegado até ali. Apenas lembrava-me da dor em meu peito, e da dor que eu havia mostrado a Ultron. Meu ego desejava profundamente que, depois de tudo, aquele pedaço de ferrugem finalmente tivesse sido desligado, jogado na escuridão. Ultron havia assassinado meu irmão, meu Pietro Maximoff. Havia estraçalhado meu coração e toda a minha humanidade. Eu só tinha devolvido na mesma moeda. De repente, senti meu corpo e todas as coisas a minha volta levitarem. A gravidade estava mudando.

Talvez meu fim tivesse finalmente chegado.

Estava pronta para me deixar levar quando mãos mecânicas me envolveram, e me dei conta de que estava no colo de Visão. Ele levantou voo, e eu não vi mais nada além de destruição e poeira antes de desmaiar.

Acordei com um teto cinza claro sobre minha cabeça. Encarei em volta e me vi em um quarto, sendo encarada por Clint Barton, o qual permanecia ereto e de braços cruzados à frente da cama. As cobertas de estampa xadrez que me cobriam eram grossas, e logo as afastei ao me sentar na cama repentinamente. Meu coração queria ter acordado de um pesadelo, mas minha mente dizia o contrário. Assim como dizia a expressão de pena do Gavião Arqueiro ao me observar.

Minha respiração se tornou ofegante e meu coração acelerou, fazendo Clint vir de encontro a mim e repousar as mãos sobre minhas bochechas.

— Wanda... — seu tom melancólico me fez encará-lo nos olhos. Ele suspirou. — O enterro será amanhã. Eu... Eu sinto muito.

O abracei em um ato impulsivo, sentindo lágrimas rolarem por meu rosto enquanto ele me apertava forte. A dor que eu já conhecia parecia ser ainda mais intensa, e era mais do que óbvio: em alguns meses, seria eu a Maximoff mais velha. Talvez a única Maximoff.

~ // ~ // ~

Dias tinham se passado desde o enterro de meu irmão. A sede dos Novos Vingadores estava começando a ter os muros erguidos. Uma torre com pequenos quartos tinha sido improvisada para os heróis que, assim como eu, um dia residiriam naquela sede. O gigante verde, Hulk, ainda estava desaparecido e sem nenhum sinal, enquanto Tony Stark decidiu abandonar os vingadores para aprofundar seus projetos e sua vida pessoal com Pepper Potts, da qual estava noivo.

Os quartos da torre eram divididos pelos heróis restantes: Steve, Samuel, Rhodes, Natasha, Visão, Barton e eu. Mas não queria dizer que algo havia restado de mim, senão meu corpo angustiado. Por mais que todos ali entendessem meu luto, nenhum dos homens ou Romanoff podiam estar ao meu lado a todo instante. Sam e Steve estavam cuidando do recrutamento, Rhodes e Natasha viviam ocupados enquanto coletavam arquivos úteis... E Visão e Barton supervisionavam a construção. E eu? Eu ficava trancada no quarto, observando o movimento dos vivos. Se eu ainda não estava morta, certamente já me comportava como um defunto.

Dessa vez, eu observava Clint. Ele conversava nervoso com alguém no celular, andando de um lado para o outro pelo pátio de construção, enquanto eu ficava apoiada na sacada do terceiro andar. Desligou impaciente e olhou aflito para minha direção, logo reparando que eu estava ali. Deu um meio sorriso e caminhou, indo para o elevador da torre.

Minutos depois, escutei três batidas na porta de meu quarto.

— Entre. — disse eu em tom de desânimo, indo até minha cama e me sentando.

— Espero não estar incomodando. — ele entrou e fechou a porta, se sentando ao meu lado. Havia uma pequena caixa em suas mãos, a qual não estava com ele quando ele fazia a ligação. — Você está melhor?

Ri amarga e ele logo soube a resposta, suspirando.

— Olha, eu sei que não posso fazer nada para mudar isso, mas... — ele me entregou a caixa. — Comprei algo para você.

Sorri irônica.

— E com qual intenção?

— Te distrair disso que você chama de vida. — ele foi irônico no mesmo tom que eu e se levantou.

— Nunca chamei isso de vida, Barton. Eu estou morta! — aumentei meu tom de voz, sem conseguir controlá-lo. Barton caminhou até a porta e bufou, se virando para mim.

— Se estivesse, não estaria mais aqui. — me calei quando ele disse aquilo e abaixei a cabeça. — Eu me importo com você, Wanda. Todos nos importamos. Só... — Clint abriu a porta. — Tente encontrar um motivo para continuar lutando.

O arqueiro saiu e fechou a porta. Bufei e, em seguida, me repreendi por ter sido grossa no momento em que finalmente havia arranjado outra companhia além de meus demônios. Encarei a caixa e, hesitante, peguei-a e coloquei sobre meu colo. Retirei o laço vermelho, o desmanchando e soltando o papel de presente, e abri a caixa, me surpreendendo com o conteúdo da mesma.

Uma caixinha vermelha fluorescente, com meu sobrenome gravado em branco na tampa. Maximoff. Abri e uma bailarina surgiu, girando enquanto uma melodia começou a tocar da caixa. Era uma caixinha de música.

Junto dela havia um embrulho, o qual eu retirei com cuidado e abri, encontrando a estátua de um golfinho azul claro, feita de vidro.

Perguntei-me mentalmente se ele sabia que meu animal favorito era o golfinho ou se era mera coincidência, e sorri.

~ // ~ // ~

Os dias se passavam e as visitas de Clint começaram a ser mais frequentes. Algumas eram apenas para passar o tempo, outras para dar algum recado de Rogers, o qual andava mais do que ocupado procurando o homem que havia atacado Samuel Wilson, o qual se nomeava “Homem-Formiga”.

E, naquela manhã de terça-feira, eu finalmente havia decidido sair um pouco do quarto e explorar a construção da sede dos Novos Vingadores, que já estava simplesmente pronta. Só faltavam alguns reparos na sala 58, a qual era uma das 16 salas de depósito de armas. O primeiro lugar pelo o qual passei fora a sala de treinamento principal, a qual era grande e espaçosa... Além de ter alguém bem peculiar treinando.

Ali estava Clint Barton, junto de seu arco e flecha, acertando alvos em movimento, os quais eram feitos por hologramas. Recusei-me a olhar quando ele acertou um pobre coelhinho holográfico. Adentrei a sala sutilmente e peguei um arco e flecha na parede, ainda sem chamar a atenção dele. Barton só me notou quando o cutuquei.

— Tentaram me ensinar a usar essa... Coisa, na HYDRA. — puxei assunto quando ele me encarou, arqueando a sobrancelha. — Mas eu nunca levei muito jeito.

— Ninguém da HYDRA leva muito jeito, na verdade. — ele riu e mirou em um pássaro, o acertando enquanto ainda me encarava.

— E você é bem experiente, hã? — tentei dar meu melhor sorriso, o fazendo rir e abaixar o arco.

— Se quiser que eu lhe ensine... Tenho tempo. — ele falou e hesitei. Era uma proposta tentadora, mas eu não sabia se estava pronta para voltar a treinar.

Pensei um pouco e assenti.

— Vai ser bom para me distrair, afinal.

Passamos o dia inteiro treinando e, depois de muitos erros e micos, finalmente acertei meu primeiro alvo parado. Barton, um exagerado, riu contagiosamente quando fiz isso, sorrindo e batendo palmas.

— Vamos comemorar com um pouco de café, sim? — Clint falou e eu ri discreta, colocando uma mecha de cabelo para trás do ouvido e sorrindo para ele.

— Eu adoraria.

~ // ~ // ~

As semanas estavam passando depressa, e apenas me dei conta do fato quando, ao acordar, vi que fazia um mês que Pietro havia partido dessa para melhor. Permiti-me sorrir ao me lembrar de bons tempos com meu divertido irmão, mas isso não durou muito. Ainda doía lembrar que ele não estava mais presente para me sustentar, escutar meus problemas e dizer que tudo ficaria bem.

Desviei meus pensamentos disso. Não regrida, Wanda Maximoff. Você está indo muito bem, está retomando sua vida, falei para mim mesma.

Eu estava melhorando no arco, segundo Barton. Conseguia acertar 50% dos alvos parados por treino e, estatisticamente, era para eu ainda estar acertando 35% com apenas duas semanas de treinamento segundo ele. Toda aquela situação só me arrancava boas risadas.

Clint Barton estava fazendo mais do que bem para mim. Ele havia me dito para encontrar algum motivo para continuar lutando... E eu tinha a leve impressão de ter encontrado.

— Toc-toc. — escutei a voz do arqueiro atrás de minha porta e ele logo a abriu, recebendo um leve sorriso meu. — Está muito ocupada?

— Acho que não. — falei um pouco sarcástica. — O que tens a me propor hoje, senhor Barton? Mais treinos vergonhosos ou outro café?

— Paintball, na verdade. — arqueei uma das sobrancelhas ao ouvir o convite. — Steve achou que deveríamos tirar um dia para nos divertirmos e pediu que os agentes montassem uma arena de paintball no gramado da frente, e é claro que ele pediu para que eu a chamasse.

— O que é paintball? — perguntei curiosa e ele me olhou surpreso, arregalando os olhos. No começo achei que ele estava tirando com a minha cara, mas depois vi que ele estava realmente surpreso.

— Você... Você não sabe o que é paintball? — ele perguntou e assenti séria. — Okay, venha comigo. — ele ofertou e continuei parada. Ele entrou e me puxou pela mão, guiando-me para a porta. — Vem! Você não sabe o que está perdendo!

~ // ~ // ~

Eu ainda me recordava dos gritos de vitória da minha equipe: eram altos e ensurdecedores. Depois de quase duas horas jogando, Wilson finalmente atingiu Rogers e pudemos comemorar. As equipes (de um lado Natasha Romanoff, Steve Rogers, Visão e Rhodes, e do outro, eu, Clint Barton, Samuel Wilson e Scott Lang, o famoso “Homem-Formiga” e novo membro da equipe) tinham feito a seguinte aposta: quem perdesse pagaria algum mico, e o que tivesse mais tiros coloridos na roupa teria que estrear o karaokê da noite de festas da sede. Éramos heróis, mas também éramos humanos. Sabíamos muito bem como nos divertir.

Depois de muita discussão entre os homens da minha equipe – afinal, eu não queria me meter na escolha, finalmente havia sido decidido qual mico a equipe de Rogers pagaria.

E, naquela noite, havíamos visto Steve Rogers e companhia vestidos de palhaços enquanto dançavam I’m Sexy And I Know It, o que fizera todos nós darmos altas gargalhadas, principalmente com o desgosto de Steve Rogers ao ter que dançar ao som de uma música “suja”.

Em seguida veio o karaokê estreado por Rhodes, com a música “Bitch I’m Madonna”, o que fez Scott quase engasgar de tantas risadas. Havia sido uma noite maravilhosa, e Barton me acompanhava até o quarto naquela madrugada, em plenas três horas da manhã. Já era hora de descansar, afinal.

— Gostou do dia, Wanda? — ele falou quando paramos na porta de meu quarto.

— Se gostei? — ri. — Amei! Obrigada.

— Não agradeça a mim, agradeça ao Steve. Afinal, foi ele quem fez a equipe perder e nos deu toda essa alegria! — gargalhamos um pouco ao lembrar-nos de todas as diversões daquela noite.

— Mas, mesmo assim, obrigada. — falei e, receosa, aproximei-me dele e depositei um beijo em sua bochecha. Quando me afastei, ele deu um leve sorriso.

— Não precisa me agradecer, pequenina. — ele falou terno. — Tenha uma boa noite.

— Igualmente. — sorri e acompanhei com os olhos o percurso de Barton pelo corredor até que ele saísse de minha vista.

Abri a porta de meu quarto e entrei, sorrindo e gargalhando quando a fechei.

Não era novidade para nenhum vingador que eu e Barton passávamos bastante tempo juntos, mas havia algo que era novidade para mim e para meu coração.

O arqueiro havia acertado o alvo: meu coração.

~ // ~ // ~

Passaram-se duas semanas após o jogo de paintball, e naquela manhã, acordei melancólica. Havia chegado o dia de se tornar a irmã mais velha, afinal. Levantei-me cansada e, mesmo depois de fazer várias coisas, o tempo parecia não passar. Até que ouvi batidas insistentes na minha porta e, quando a abri, encontrei um arqueiro sorridente.

— Oi.

— Oi. — respondi sorrindo.

— Você sabe que eu sei que dia é hoje, não sabe? — ele perguntou e eu assenti sorrindo. — Então vai se arrumar, quero te levar em um lugar hoje.

— Clint, não precisa me levar a lugar algum.

— Eu insisto.

Ri e assenti, concordando com a ideia. Fechei a porta e fui me aprontar. A euforia era tanta, que eu não sabia se estava me arrumando ou desarrumando. Meia hora depois, finalmente havia dado um jeito em minha aparência e voltei a abrir a porta, dando de cara com um Barton impaciente. Porém, ao ver-me, sua impaciência se transformou em alívio.

— Achei que tinha morrido aí dentro. — ele ironizou. — Vamos?

— Para onde, exatamente?

– - - - - - -

As folhas caíam das árvores e os pássaros cantavam. O gramado do cemitério tinha um verde vivo e as nuvens no céu azul deixavam o dia ainda mais encantador. E ali estava eu, ao lado de Clint Barton, observando o túmulo da pessoa mais importante de minha vida.

Pietro Maximoff

1990 – 2015

Irmão bondoso, altruísta e veloz.

(Muito, muito veloz)

Ri ao ler a última linha, me lembrando de quando Samuel Wilson disse para colocar mais um veloz na escritura. Encarei o relógio e estava em meu pulso e sorri com ar nostálgico.

— Sou doze minutos mais velha do que você agora, irmão. — falei sorrindo enquanto encarava seu túmulo, com lágrimas dificultando minha visão. Coloquei a rosa azul sobre a terra onde ele estava enterrado e encarei Barton. — Obrigada por me trazer aqui.

— Não há nada para me agradecer, Wanda.

Ambos sorrimos e meu coração acelerou. Todo aquele tempo que tínhamos passado juntos havia me feito se apaixonar por Clint Barton, e eu ansiava ser amada por ele também, mas ao mesmo tempo, temia não ser correspondida. Mas, de um jeito ou de outro, eu sabia que ele estava ali para mim e sempre faria o possível para estar. Aproximei-me mais dele e, quando pensei em ousar fazer algo, o celular dele vibrou.

Recuei e fiz sinal para que ele atendesse. O mesmo se distanciou um pouco e atendeu, enquanto eu fiquei o observando. Não consegui contar quantos segundos levaram para que ele arregalasse os olhos, desligasse o celular e viesse ao meu encontro. Sem dizer nada, puxou-me pela mão e me levou até o carro. Dirigiu o mais rápido que pôde com uma feição preocupada, e eu optei por não perguntar nada por medo de irritá-lo, afinal, parecia ser sério.

Chegamos á sede dos Novos Vingadores e ele entrou correndo. Tentei acompanhar seu ritmo e, quando entrei no salão principal, pude vê-lo chamar Steve.

— Rogers, eu preciso daquele jatinho. — vi a feição confusa do americano e Barton continuou. — É a Laura. Ela entrou em trabalho de parto, Steve. O meu filho está nascendo! — Clint sorriu e, em seguida, entrou em pânico. — E eu não estou lá com ela. Steve, eu preciso daquele jatinho!

— Okay, Barton, Pode pegá-lo e boa sorte para chegar a tempo. — o loiro sorriu e Clint deu um tapa leve no ombro do amigo, correndo para o pátio onde ficavam os veículos. — E felicidades, pai coruja! — gritou Rogers.

E eu ainda continuava imóvel, sem expressar nenhum sentimento e sem conseguir acreditar no que estava me acontecendo.

— Ele é casado? — falei baixinho quando Steve se aproximou de mim. O mesmo assentiu sorrindo, um pouco surpreso.

— Achei que você soubesse, afinal, vocês estão sempre juntos... É o terceiro dele, sabe? Um garoto mais velho, a garota mais nova e, agora, o garotinho que está vindo. Sabia que ele vai se chamar Nathaniel Pietro Barton, em homenagem a seu irmão? — ele me questionou e não respondi. — Wanda?

Suspirei e sai de perto de Rogers, correndo até o elevador. Subi calmamente até o terceiro andar e entrei em meu quarto, batendo a porta.

**

E ali estava eu, sentada e chorando no chão, após descontar minha raiva em meu quarto. Eu havia sido tola o suficiente para me apaixonar por um homem casado, de família e com filhos. Três filhos, ainda por cima.

Eu sentia todos os maus sentimentos que já tinham tomado conta de mim, voltarem. A raiva da HYDRA, o ódio que sentia por Ultron, a dor da perda de meu irmão e, agora, a ferida. A ferida de um coração partido.

Soquei o chão e gemi, lembrando-me da ferida em minha mão, a qual continuava sangrando.

Escutei batidas fortes na porta de meu quarto e, antes de pensar em não abrir, a porta foi aberta. O americano que a esmurrava havia quebrado a fechadura, e agora olhava para mim confuso.

— Wanda? O que houve? — não precisei dizer nada para que ele percebesse. Quando ele viu, no meu celular, o visor com mais uma das chamadas de Clint que eu não iria entender, me encarou novamente e ligou os pontos. Caminhou até mim e se abaixou ao meu lado. — Eu sinto muito, Wanda.

Senti-me uma criança ao abrir o berreiro novamente, soluçando, e Steve envolveu seus braços em volta de mim tentando me acalmar. Vendo que não havia adiantado muito, se soltou e estendeu a mão para mim.

— Façamos o seguinte: você vem comigo cuidar desse corte, e eu prometo lhe ajudar a dizer algo para Barton que jamais o fará desconfiar do que aconteceu aqui hoje, pode ser?

Assenti e peguei a mão de Steve, que me ajudou a levantar. Ele me guiou até a porta e, antes de sairmos, encarei a caixinha de música quebrada ao lado da estátua de golfinho. Lembrei-me de todos os bons momentos, e do peso da culpa que agora pesava em minhas costas. Encarei-me no espelho e vi meu estado deplorável, o qual não era tão pior quanto o do enterro de Pietro. Porém continuava deplorável.

Lembrei-me das palavras que havia tentado ensaiar para aquele dia, onde eu ousaria dizer o que sentia para Barton. Todas as palavras de amor, calculadas detalhadamente, que jamais seriam ditas por mim. Rimas que jamais seriam ouvidas por aquele arqueiro.

Perguntei a mim mesma como Barton reagiria ao saber que eu estava quebrada daquela forma enquanto ele era pai pela terceira vez.

Dependendo de mim e Rogers, ele nem desconfiaria.

Ninguém ousaria desconfiar que, um dia, eu me apaixonei por Clint Barton.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, lindos S2 Até os comentários, se a titia aqui merecer, né? auhsauhsuas
Beijos S2