Destino escrita por PCHolmes


Capítulo 1
Hyoga


Notas iniciais do capítulo

Cada capitulo é um personagem que irá narrar.
Começando com o Hyoga.



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- Sim mestre!

São tantas vezes que pronunciei essa frase desde quando o conheci, que já perdi as contas. Não que eu estivesse efetivamente contando. Desde quando cheguei aqui, nunca tratei o Cavaleiro de Ouro de Aquário de outra forma, se não mestre. Uma palavra forte e cheia de significado.

Mais uma vez ele estava exigindo de mim perfeição em uns movimentos de defesa e ataque que o mesmo me ensinava. Ele é extremamente rígido e no fundo, entendo o motivo. Ele não treina só meu domínio do cosmo. Ele quer mais que isso. Quer que eu seja inteligente e por isso ensina sobre matérias escolares e conhecimentos gerais. Ensina autodefesa e ataque. Acredita que dessa forma, aprendendo sobre tudo, servirei melhor a deusa Athena.

Tenho muita admiração pelo meu mestre. Ele é forte, inteligente, insensível, rígido, mas para certos assuntos, possui paciência única e grande.

Ele me fez lutar com ele, uma luta corpo a corpo. O que achei muito injusto, pois ele é bem mais forte do que eu e também possui mais técnica. Ainda não sou nada perto dele. Poucos golpes dele, consegui desviar, enquanto não o atingia de nenhuma maneira.

Em dado momento da luta, ele me imobilizou no chão, estava deitado e ele em cima de mim, me prendendo.

- Hyoga – ele disse com a voz grave – você está disperso. Se quer me vencer, se quer vencer o inimigo, tem que unir foco, técnica e inteligência. Todos temos pontos fracos, aprenda a usa-los e sobretudo, surpreenda o inimigo. Faça algo atípico, que ele não espere. Renove-se. Use a cabeça Hyoga.

Ele me apertava contra o chão e estava doendo. Olhei, na medida do possível, ao meu redor e descobri que não teria nada com o que pudesse surpreende-lo jogado no chão. Ao encarar os olhos de meu mestre, percebi que ele não me soltaria enquanto eu não tentasse alguma coisa para sair de sua armadilha corporal.

Suspirei, tomei coragem e fiz a coisa mais improvável que passou em minha cabeça, rezando para que ele não me punisse depois disso. Usando a pouca mobilidade que ainda possuía, levantei meu corpo próximo ao dele, fechei os olhos e o beijei.

Assim que minha boca encostou na dele, de forma meio tímida, o efeito foi imediato. Ele baixou as defesas e assim consegui fugir de suas garras de aço que me prendiam. Tudo foi tão rápido que não consigo nem acreditar. Ainda estou de costas para ele, com minha respiração ofegante e com medo de sua reação.

- O que foi isso Hyoga? – Ele perguntou com uma frieza na voz que jamais ouvi vindo dele.

Me virei demonstrando segurança que não possuía e o respondi:

- Mestre, o senhor disse que deveria surpreende-lo. Fazer algo atípico e jamais esperado pelo adversário. O que fiz foi a coisa mais louca que me ocorreu naquele curto espaço de tempo. Jamais quis te ofender, me perdoe.

- Vamos treinar!

Escutei a voz de meu mestre e encontrei os olhos dele me encarando com um brilho feroz. Engoli seco, mas não adiantou nada. A fúria que meu mestre se dirigiu a mim e a forma como ele lutou, não tive chance nenhuma. Ele lutou comigo, como acredito eu, deve lutar com seus inimigos. Percebi ferimentos horríveis em mim, perdi muito sangue e a última coisa que me lembro antes de desmaiar em seus braços foi que pedi perdão a ele.

Quando acordei, estava deitado em minha cama, meus ferimentos e roupas limpas e não havia traço do sangue que derramei no treinamento em mim.

Percebi a presença dele ao meu lado, estava sentado em uma cadeira lendo um livro. Fiquei com receio de encara-lo.

- Como está se sentindo? – ele me pergunta, interrompendo meus pensamentos.

- Bem – me limitei a responder, mesmo que isso fosse uma grande mentira.

- Não é necessário mentir para mim – ele disse enquanto fechava o livro e sentava na cama, ficando mais perto de mim – Sei que te machuquei bastante e devo me desculpar. Não quero que tenha medo de mim.

- Por que me puniu se apenas segui seus ensinamentos?

- Na verdade, não te puni. Me surpreendi com a forma que descobriu um ponto fraco, mesmo que isso foi inusitado e talvez desrespeitoso. E quando baixou minha guarda, esqueci que era apenas um aprendiz de cavaleiro e te tratei como um igual. E por isso peço desculpa.

Ele gentilmente colocou a mão em meu rosto e me fez virar para encara-lo. Olhando profundamente em meus olhos, repetiu a pergunta sobre meu bem-estar. Dessa vez fui sincero e falei que estava com muitas dores e que me sentia enjoado. Sem dizer nada, ele se levantou da cama e saiu do quarto, voltando logo em seguida com uma bandeja com comida e pacientemente me ajudou a comer.

Nunca vi meu mestre dessa forma. Cuidando de mim. E meu coração se encheu de alegria por isso. Saber que meu mestre se importa comigo. Ele não é uma pessoa de se comunicar muito, devido ao temperamento antissocial dele e acredito que sou a pessoa que ele mais conversa. Apesar que ele mais me ensina do que puxa assunto sobre coisas banais. Ele raramente conversa sobre algo banal. E em meio a felicidade que sinto, relembro o motivo que me fez ficar assim, meu ato impensado de roubar um beijo de meu mestre. Nunca beijei antes e fico feliz que tenha sido com ele isso. Mesmo que da forma errada. Mesmo que estou todo machucado devido a minha ousadia. Acredito que devo ter corado ao pensar nisso, pois percebi que meu mestre me encarava tentando adivinhar meus pensamentos. Resolvi pensar em outras coisas, antes que ele conseguisse ligar os pontos, mas meus machucados começaram a doer e não contive uma expressão de dor.

Eu estava sem camiseta e ele encostou a mão em meu peito e senti um leve arrepio com seu toque. Jamais imaginei que a mão dele fosse tão macia e quente. Fiquei apreciando o toque que nem percebi quando uma luz amarela apareceu de sua mão.

- Novamente me desculpe Hyoga, não deveria ter te machucado dessa forma.

- Não se preocupe mestre – respondi com uma voz fraca, colocando minha mão sobre a dele – se não fosse por isso, jamais poderia te ver demonstrando carinho e cuidado por mim.

E envolvido por um sono repentino, dormi após dizer essas palavras sem ver a reação de meu mestre, mas ainda com minha mão sobre a dele.


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