POV; Peeta Mellark

Depois de receber a notícia da gravidez da Katniss, mal consegui dormir. Minha cabeça está cheia, não sei o que fazer ou falar. Nós já havíamos conversado sobre ter filhos, concordamos em esperar, pois tenho medo de machucá-los, meus surtos agora acontecem mais dificilmente, mesmo assim ainda existe perigo, só de pensar no que poderia acontecer a eles, se eu perdesse o controle, me desespero, acho que virei um monstro e só ela quem pode me acalmar. Fico olhando para ela tentando achar uma solução, às vezes fico a observando dormir, sua respiração, suas expressões, já a observei tantas vezes que sei quando ela tem pesadelos, quando isso acontece a abraço até perceber que ela se acalmou. Olho para o relógio da parede e vejo que já são quatro da manhã, nem adianta mais tentar dormir. Me levanto, dou uma ultima olhada nela e vou para a cozinha.

Desde pequeno, sempre gostei de fazer pães, me trazem lembranças do meu pai e da minha Katniss. Eram uns dos poucos momentos que eu passava junto ao meu pai. Ele me ensinou tudo o que sabia, e também aprendemos coisas novas juntos. Fazer pães me acalma. Acho que nunca esquecerei o dia em que queimei aqueles pães, no começo me martirizei por não ter prestado mais atenção, mas depois que a vi embaixo daquela árvore, toda molhada, tremendo de frio e fome, senti que finalmente poderia fazer algo por ela. Quando fui torturado me esqueci dessas coisas, mas depois de passar a fazer pães para ela após a guerra, essas lembranças foram, aos poucos, voltando. Fiz rapidamente uma massa de pães de queijo, é a comida preferida da Katniss depois do cozido de carneiro, e enquanto assavam peguei uns biscoitos que havia feito no dia anterior, e fiz um suco de laranja. Tentei arrumar tudo em uma bandeja do jeito que os avox faziam, não ficou tão luxuoso como o deles, mas me senti orgulhoso do que fiz, eu coloquei os pães em um prato, e os biscoitos em uma tigela pequena, depois os arrumei um ao lado do outro, pus o suco em uma jarra e ao lado um copo. Olhei para o relógio e já eram quase seis horas, peguei a bandeja e fui em direção ao quarto para fazer uma surpresa para ela. Ao passar pela janela olhei para o lado de fora e pude ver o sol nascendo, os primeiro raios solares viam trazendo o canto dos pássaros e o perfume das flores que a katniss plantou na sacada por influencia da Effie. Foi ai que percebi que ainda faltava algo para que o café da manhã dela ficasse perfeito.

Peguei umas flores amarelas e coloquei em um copo com água, agora sim a bandeja estava perfeita. Ao chegar no quarto ela já estava despertando, fui até ela e dei um beijo em sua testa, esperei ela sentar na cama e coloquei a bandeja em seu colo, ela olhou para a bandeja e depois para mim, ela deu um sorriso sereno e falou;

– Oh Peeta, não precisava fazer isso.

– Claro que precisava, quero que meu futuro filho, ou filha, se acostume com meus pães. – Falei e ri, ela também sorriu e percebeu meu nervosismo ao falar a palavra filho.

Em seguida, ela deu uma tapinha na cama no lugar onde durmo, fui até lá e sentei, ela segurou minhas mãos, olhou em meus olhos e disse;

– Olha, eu sei que você acha que não estamos preparados para ter esse filho, ou filha – brincou ela, sorri um pouco nervoso.- Mas quero que saiba que não tem o que temer, você vai ser um ótimo pai, e se tem medo de ter algum surto, saiba que vou sempre estar ao seu lado e vamos enfrentar isso juntos. Ainda cuidamos um do outro, Lembra ?!

Por um momento fiquei mudo, só conseguia pensar em o quanto a amo e em como sou sortudo por tê-la em minha vida. Eu queria dizer para ela que iria ficar tudo bem, que iríamos ter essa criança e tudo seria perfeito, mas eu não conseguia , as imagens dos meus surtos estavam em minha cabeça e o fato de que eu possa machuca-los me deixa maluco então tudo o que pude fazer foi colocar uma mão na barriga dela e dizer;

–Eu te amo.