Esnobando o Amor escrita por Clara Gomes


Capítulo 8
Capítulo 6 – Visitando Luísa e Provando Vestidos.


Notas iniciais do capítulo

Heey!
Okay okay, eu sei que não postei semana passada, e eu sinto muito. É que estive em época de provas, e não tive muito tempo para escrever. E, ultimamente, não tenho tido a privacidade necessária para isso. Enfim, espero que gostem do capítulo, e vejo-os nos comentários!



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“Será que não?” – a voz de Rodrigo ecoou em minha cabeça.

Rolei meu corpo na cama pela milésima vez. Olhei no rádio relógio sobre o criado mudo ao lado da cama, como fizera mais de mil vezes durante toda a noite.

“6:55 AM – Pelo menos já é dia!” – pensei e me levantei de uma vez da cama, aquilo estava sendo torturante. Não dormi a noite toda, pensando em tudo que acontecera anteontem. Mais especificamente antes do jantar.

Olhei em volta relembrando o momento, mas tentei afastar meus pensamentos disso. Caminhei até a porta que dá na pequena sacada, e sai para observar o lado de fora. O quarto tem vista para um pequeno lugar no jardim, onde é mais reservado e aconchegante. Lá existe um balanço pendurado numa árvore não muito alta, o que, junto com os raios de sol matinais nos quais alguns refletiam nas folhas e outros atravessavam-nas, dá uma bela foto de cartão postal. Sorri sentindo a brisa fresca da manhã, e fechei os olhos por um minuto. Foi quando lembrei do real significado daquele lugar.

Logo que Rodrigo e eu construímos essa casa, foi uma das nossas maiores conquistas. Então nós reservamos um pequeno espaço simples, que nos lembraria de onde viemos e onde começamos. E lá nós nos divertíamos, tipo aqueles casais fofos de cinema.

Abri os olhos e comecei a relembrar a primeira vez que nos divertimos ali.

“- Conseguiu aí? – perguntei olhando para cima, enquanto Rodrigo tentava encaixar o balanço em um galho da árvore.

– Estou quase lá! – respondeu com um pouco de dificuldade.

Sorri e continuei observando-o de lá de baixo. Desviei meu olhar para sua bunda acentuada, que ficava ainda mais chamativa quando usava aquela bermuda. Sorri mais uma vez, agora um sorriso sacana.

– Consegui! – exclamou descendo da árvore e vindo até mim – Quer testar? – perguntou exalando alegria.

– Claro que quero. – afirmei e dei-lhe um selinho demorado. Me sentei no balanço e me certifiquei que estava bem firme – Está seguro. – disse olhando-o.

– Você quer que eu te balance? – questionou me olhando de forma galanteadora.

– Claro que sim. – respondi animadíssima, sempre amei balanços.

Ele sorriu e veio atrás de mim e começou a me balançar levemente, depois pôs mais força e eu ia alto com o balanço.

– Já pode parar de balançar. – alertei-o começando a ficar com medo.

– Okay. – indagou se afastando e assistindo eu me divertindo.

Depois de um tempo, o balanço começou a perder a força, e ele se aproximou de mim e parou-me próxima de si.

– Você está feliz? – perguntou me olhando nos olhos, e seu olhar brilhava de encontro com o meu.

– Será que não está tão óbvio? Eu não poderia estar mais feliz! – respondi com um sorriso daqueles que se vê a um quilômetro de distância, e ele me acompanhou.

– Eu prometo que todos os nossos dias serão assim, ambos felizes! Eu já sou o homem mais feliz do mundo, e eu vou te fazer a mulher mais feliz do mundo também, senhora Cristina Facchini. – afirmou aproximando seu rosto de mim.

– É Cristina Pacheco Facchini, e nada de ‘senhora’. – retruquei e ele riu me beijando, num longo e romântico beijo, à luz do quente sol de verão paulista.”

“Mentiroso!” – pensei e bufei com raiva, me virei e voltei para o quarto, indo procurar o que vestir. Vesti uma roupinha leve e desci para o café.

Ao adentrar a cozinha, dei de cara com Rodrigo, Elisa e Caio na mesa, todos já tomando café.

– Bom dia! – cumprimentei estranhando – Já acordados? – continuei me sentando ao lado de Elisa.

– Hoje é segunda-feira Cristina, é dia de trampo! – disse Rodrigo com um ar descontraído.

– E eu tenho aula hoje. – indagou Caio antes de dar um gole em seu café.

– Ah, e você Elisa? – perguntei me virando para minha filha.

– É que... Eu queria aproveitar bastante meu tempo aqui. – mentiu. Apesar de mentir muito bem quando quer, Elisa nem sempre me engana.

– Entendi. – concordei tentando disfarçar a mentira – Então já pode se arrumar Elisa, que hoje eu pretendo ir na casa da minha irmã. – afirmei pegando café e uma rosquinha.

– Okay. – respondeu trocando olhares com Caio. Tenho certeza que esses dois ainda vão aprontar!

Pouco tempo depois Elisa terminou seu café, e logo Caio também. Vi que os dois trocaram algumas palavras escondidos de Rodrigo, mas nem liguei. Na verdade, o que vai deixar essa semana menos pior, vai ser esses dois aprontando todas, então deixa rolar, porque vai ser bem engraçado.

– Então Cristina, hoje eu estava pensando em levar a Elisa para experimentar o vestido de daminha, porque temos uma semana para decidirmos isso. – indagou Rodrigo quando estávamos a sós no cômodo.

Pela primeira vez não me senti sem graça estando sozinha com ele. Acho que finalmente estou conseguindo superá-lo!

– Vestido de daminha? – questionei confusa.

– Sim, é uma surpresa, quero que minha filha leve as alianças até o altar para mim. – afirmou de maneira natural, como se isso não tivesse a mínima importância.

Okay, talvez eu não esteja superando-o tanto assim. Porque isso me doeu. Me doeu pensar que em menos de uma semana, meu ex-marido estará se casando com outra. E que em uma semana, ele estará em lua-de-mel com ela, em algum lugar bem chique desse mundo! Isso é demais para eu aguentar!

– Ah, claro... – respondi claramente perdendo o ânimo que me restava. Me xinguei internamente por não saber disfarçar minha decepção.

– Algum problema? – perguntou me olhando nos olhos, inocentemente. Comecei a encarar seus belos olhos negros, quase me perdendo em sua imensidão. Como um homem como o Rodrigo consegue ser tão perfeito... e imperfeito ao mesmo tempo? Para mim, não importa se ele é um galinha desgraçado, que me traiu com outra mulher mais nova. Aos meus olhos, tudo que ele fez nem parece tão grave assim, ainda mais quando estou próxima dele. É como se ele fosse o homem perfeito... Mas ele não é, e tenho que me convencer disso!

– Ãn, não, está tudo bem. – respondi depois de alguns segundos distraída – Que horas pretende ir? – continuei tomando um gole de café.

– Ah, depois do almoço? Acho que já vou ter resolvido tudo o que tenho para resolver, afinal tenho uma reunião com a agência de publicidade, mas não é nada muito demorado. – afirmou fazendo meu coração doer mais uma vez. Desde sempre eu fora a publicitária da rede de supermercados, agora ele tem que jogar na minha cara que ele tem parceria com uma AGÊNCIA DE PUBLICIDADE.

– Pode ser. – respondi seca, depois de alguns segundos em silêncio. Eu tinha que me livrar logo daquela situação, e precisava encontrar com minha irmã urgentemente. Ela sempre foi minha melhor amiga, aquela que me ouve e que me entende, e sempre está lá por mim.

Acabei de beber meu café e de comer minha rosquinha, e me levantei da mesa rapidamente.

– Com licença. – falei e nem dei tempo para que ele respondesse, saí do cômodo rapidamente e subi para meu quarto.

Já na segurança do meu quarto, passei a mão em meus cabelos e bufei. Ainda nem se passara metade do tempo necessário ali, e eu já estava exausta daquilo tudo. Decidi tomar um banho um pouco demorado, para tentar esfriar a cabeça. Para mim, assim como para várias pessoas, banhos são terapêuticos.

Ao sair do banheiro me enrolei na toalha e fui procurar o que vestir na mala. Vesti uma calça jeans vinho, uma camisa meio transparente numa cor creme e coloquei uma sapatilha dourada. Passei um quilo de corretivo no rosto para cobrir as olheiras, e caprichei num batom puxado para o roxo. Deixei os cabelos soltos, as ondas caindo sobre meus ombros. Não estava nada mal, e era disso que eu precisava: parecer bonita, para mostrar para Rodrigo o que ele perdeu. Sorri com o pensamento.

Peguei minha bolsa e saí do meu quarto, indo até o de Elisa. Bati na porta e poucos segundos depois ela abriu.

– Oi mãe. – disse me observando.

– Oi Elisa, já está pronta? – perguntei abrindo um leve sorriso.

– Estou sim. – respondeu – Espera aí que vou pegar minha bolsa. – afirmou e entrou por um minuto e saiu – Agora sim.

– Vamos então?

– Claro. – falou sorrindo.

Descemos e procuramos Gerson, que acabara de chegar do colégio de Caio. Pedi para que ele nos levasse ao apartamento de minha irmã, e ao chegarmos lá o dispensei até segunda ordem.

Depois de sermos anunciadas, subimos para o flat de minha irmã. Ao atender a porta, ela abriu o maior sorriso do mundo.

– Cris! – exclamou e me abraçou fortemente. A última vez que nos vimos foi há aproximadamente 2 anos atrás, quando ela foi passar as férias em LA.

– Lu! – exclamei de volta, correspondendo ao abraço.

Ao nos separarmos pude vê-la totalmente. Ela não mudara nada, continuava linda como sempre, e é claro, a minha cara. Todos pensavam que éramos gêmeas, porém Luísa é 4 anos mais nova que eu. Seus cabelos são um tom de castanho, e estavam bem lisos. Ela usava um vestidinho rodado rosa, que fazia bem o seu estilo, e uma maquiagem bem levinha, o que lhe dava um ar ainda mais jovial. Sorri ao vê-la tão linda.

– Você está linda! – afirmei olhando-a de cima embaixo.

– E você está muito chique, como sempre! – indagou me medindo com o olhar. Sorri modesta – E esta garotinha aí? – perguntou vendo Elisa.

– Oi tia Luísa! – cumprimentou empolgada. Elisa sempre gostou muito da minha irmã, elas duas tinham esse instinto de pestinha. Não que eu seja nenhuma santa, mas essas duas se superam...

As duas abraçaram-se por alguns instantes, e depois se separaram.

– Entrem! – convidou-nos minha irmã, e Elisa e eu aceitamos o convite. Entramos no apartamento que pouco mudara, como o papel de parede ou a cor do sofá. É um belo imóvel, e o prédio também não é nada mal.

– Mariana! Sua tia e sua prima estão aqui! – chamou enquanto caminhava pelo local, nos guiando até a pequena sala – Sentem-se. – convidou sentando-se em um sofá e apontando para o outro.

Antes que pudéssemos nos sentar, a figura adolescente de Mariana surgiu no cômodo. Ela tem a mesma idade de Elisa, ambas têm poucos meses de diferença. E não, minha irmã não é casada.

Minha mãe adoeceu quando tínhamos 18 e 14 anos. Foi logo que entrei na faculdade, e estava começando uma vida totalmente nova, enquanto ela ainda mal havia iniciado o colégio. Alguns anos depois, minha mãe estava em condições péssimas, e minha irmã estava sofrendo muito com isso. Foi quando meu pai a mandou para morar comigo. E eu me vi obrigada a encontrar um emprego decente para nos sustentar. Foi quando conheci Rodrigo, e comecei a trabalhar para ele. Pouco depois, começamos a namorar, e logo nos casamos. Quando me casei, aos 21 anos, ela tinha 17. Foi quando ela teve uma fase de rebeldia, porque havia me “perdido”. Menos de dois anos depois, quando engravidei da Elisa, o mundo dela caiu. De repente ela se envolveu com um cara, e poucos meses depois engravidou. Quando ele ficou sabendo, não quis nem saber, e a abandonou. Para piorar, em nossos meses de gestação, minha mãe veio a falecer. Eu tentei dar o maior apoio possível a ela, mas depois de um tempo, ela acabou tendo que se virar sozinha. Desde então ela é mãe solteira, e dá um duro danado para se sustentar e sustentar Mariana.

A garota sorriu assim que nos viu. Ela possui os cabelos pretos, e os olhos grandes e azuis. Definitivamente não tem nada semelhante à sua mãe. Ela usava um short de um tecido leve cinza bem curtinho, que destacava suas coxas grossas, e uma regata branca bem agarrada, que ressaltava seus seios já avolumados. Ela se desenvolvera bem mais rápido que Elisa, o que chegava a ser assustador.

– Tia Cris! Elisa! – exclamou e veio até nós. Me abraçou e depois abraçou Elisa – Quanto tempo! Estava morrendo de saudades! – sorriu nos entreolhando.

– Eu também sobrinha... – indaguei sorrindo.

Elisa apenas sorriu enquanto trocavam olhares maliciosos.

– Temos muito o que conversar Mariana! – falou minha filha agarrando seu braço.

– Com certeza, vamos para o meu quarto. – afirmou com a mesma expressão maléfica que a prima, e por um momento fiquei com medo do que aquelas duas poderiam aprontar – Até mais gente! – disse se direcionando para as escadas.

– Até! – respondi rindo fraco, tentando não imaginar o que elas aprontariam.

– Será que essas duas estão tramando algo? – indagou Luísa depois de perdermos as meninas de vista.

– Não resta dúvidas. – ri me virando para ela.

– Mas e aí maninha, me conta, e a vida como vai?

– Bem né, na medida do possível...

– Não encontrou ninguém em Los Angeles? – perguntou sorrindo maliciosamente.

– Não... – respondi envergonhada e triste ao mesmo tempo.

– Ah, conta outra Cristina! Uma mulher linda, poderosa, rica como você, está solteirona?

– Sim. – suspirei

– Não creio! Não me diga que é por causa...

– Não, não é por causa do Rodrigo. – disse cortando-a, levemente hostil.

– Sei... E como está sendo lá na casa dele?

– Normal. – menti dando de ombros.

– Cristina, eu te conheço. Fala!

Respirei fundo e abaixei a cabeça. “Droga!” – pensei virando o rosto para encarar alguma coisa que não fosse o rosto da minha irmã. Encontrei um vaso num canto da sala. Ele era preto, com uns desenhos em vermelho. Deveria medir uns 40 centímetros, e continha flores vermelhas dentro. Era até bonito, e ornava bem com a decoração da sala...

– Cristina, me responde por favor?! – falou me tirando do transe e me fazendo olhá-la.

– É que às vezes, eu acho que não vou resistir.

– Resistir a quê? – franziu a testa, confusa.

– É que ele fica dando em cima de mim o tempo todo, e às vezes acho que não vou conseguir evitar que... você sabe. Já quase aconteceu na verdade... – disse a última parte bem baixinho, só para eu ouvir.

– O que?! – exclamou – Quase aconteceu o que hein Cristina?!

– Nós... quase... transamos. – praticamente cuspi a última palavra.

– Ai. Meu. Deus. – indagou se levantando do sofá – Você só pode estar brincando.

– Quem dera... É a pura verdade. – suspirei me sentindo culpada.

– Mas me dê detalhes... Como foi, quando foi, por que não acabaram... – falou se sentando mais perto de mim.

– Foi no dia que chagamos, ele me viu chorando... Aí depois de passar a tarde com a outra, ele veio no meu quarto falar que entendia o fato de eu estar toda abalada e, bom, você sabe que eu nunca admitiria isso, ainda mais para ELE. Mas quando eu neguei, ele veio provar que estava certo... Ai como eu odeio ele! Como uma pessoa consegue ter tanto controle sobre mim assim!

– Okay, primeiramente por que você estava chorando?

– Porque eu tive uma conversa bem... intensa com a Vera. – afirmei evitando detalhes.

– Com a Vera uhn? – ergueu uma sobrancelha – E por que não tem essa “conversa bem intensa” comigo?

– Por que não é mais necessário.

– E porque era necessário antes?!

– Por que eu estava muito confusa sobre tudo... Mas agora não estou mais tanto... Ou estou, sei lá.

– Confusa sobre seus sentimentos para com o Rodrigo?

– Sim. – suspirei – Às vezes acho que superei, mas alguma coisa que ele fala, ou faz, já me deixa super magoada de novo. – bufei – Eu pareço uma adolescente bobinha assim!

– Mas se você resistiu a ele, quer dizer que está superando... Não é?

– Talvez... – indaguei meio insegura.

– Olha, eu acredito que o que for para ser, será. – afirmou segurando minhas mãos e sorrindo.

Sorri de volta e a abracei. Senti seu cheiro maravilhoso, que desde a infância não mudara nada.

– Senti tantas saudades... Já tinha me esquecido como você sabe me consolar... Tão mais nova, mas tão mais sábia. – ri ainda abraçada.

– Eu já apanhei da vida tanto quanto você maninha, então eu sei como é... – sorriu e se afastou, ainda mantendo seus braços à minha volta – E você já falou com o papai? – perguntou olhando no fundo dos meus olhos.

– Não... – respondi tristemente.

A última vez que vi meu pai, foi em Los Angeles, quando minha irmã foi me visitar. Depois que minha mãe morreu, ele passou a ser um mochileiro, e viaja o mundo até hoje, nunca mais parando em um lugar só. E quando ele foi me visitar em LA, nós tivemos uma briga séria, porque ele defendeu o Rodrigo com unhas e dentes dizendo que eu era a maior culpada por ser traída. E isso me magoou profundamente, fazendo-me expulsá-lo da minha casa. E desde então, cortamos contato.

– Cristina, você tem que superar... Ele foi um completo idiota, eu sei, mas ele te ama, e eu sei que está matando-o com essa frieza... – afirmou calmamente.

– De idiotas na minha vida, já estou cheia. – rebati – Não preciso de mais um. Se ele se importasse tanto, teria me procurado.

– Mas ele é seu pai...

– Não importa.

De repente o barulho do toque do meu celular nos interrompeu. Tocava “November Rain” do Guns N’ Roses, uma das músicas que mais amo nesse mundo. Fiquei enrolando para encontrar o aparelho, para dar tempo de chegar na minha parte preferida da música.

“'Because nothing' last forever
And we both know hearts can change”

“Pois nada dura para sempre

E ambos sabemos que corações podem mudar”

“Realmente.” – pensei finalmente pegando o celular na bolsa e vendo quem era.

– Oi Rodrigo. – atendi.

– Onde está Cristina? – perguntou aparentemente impaciente.

– Na casa da Luísa, por quê?

– Estou te esperando aqui em casa faz um tempão para irmos ver o vestido da Elisa!

– Nossa! – olhei no relógio – Eu tinha me esquecido! Estou indo para aí agora!

– Está mesmo, porque já mandei o Gerson ir te buscar. – rebateu hostilmente.

– Obrigada. – respondi ironicamente e desliguei, respirando fundo para não perder a paciência – Precisamos ir. – afirmei me levantando.

– Ué, mas achei que fossemos passar o dia juntas. – indagou frustrada.

– Desculpa, mas eu já tinha combinado com o Rodrigo de irmos ver um vestido de daminha para a Elisa. – expliquei colocando o celular na bolsa.

– Ah sim... Mas volta sempre viu, tenho que aproveitar enquanto está na cidade. – falou fazendo biquinho.

– Eu volto, e qualquer dia desses para almoçar! Agora tenho mesmo que ir.

– Okay. – disse assentindo – Mariana, a Elisa tem que ir embora! – gritou.

– Ta bom mãe!

Ficamos esperando as duas durante alguns minutos, até que finalmente apareceram.

– Mas já vamos mamãe? – questionou Elisa se aproximando.

– Sim, seu pai que falar conosco, vamos?

– Okay. – deu de ombros – Tchau Mariana, tchau tia! – disse abraçando as duas.

Fiz o mesmo e saímos do apartamento, encontrando Gerson estacionado logo em frente ao prédio. Fomos o caminho todo em silêncio, e quando chegamos em casa, Rodrigo já nos esperava.

– Vamos, temos que resolver isso logo! – exclamou ao nos ver entrando e já foi caminhando para o carro dele.

– Resolver o que? – perguntou Elisa, sem saber de nada.

– Nada filha, você já vai descobrir, vamos. – afirmei metralhando-o com os olhos e empurrando-a para o carro.

Novamente ficamos em silêncio por todo o caminho, até que chegamos em uma loja de vestidos para festas.

– O que fazemos aqui? – questionou minha filha ao entrarmos na loja.

– Elisa, eu realmente gostaria que você levasse as alianças para mim no altar... Quer ser minha daminha? – falou Rodrigo num tom meigo, se ajoelhando à frente da garota.

– Claro papai! – riu e o abraçou.

Fiquei observando a cena, enquanto pensava: será que isso não a abala nem um pouquinho? Ver o pai se casando com outra? Pelo jeito eu sou a única que se importa mesmo...

– Você não vem Cristina? – perguntou o homem, já em pé e separado de nossa filha.

– Vou, claro. – respondi saindo do meu transe e indo até eles.

– Boa tarde, posso ajuda-los? – indagou uma funcionária.

– Sim, queria ver alguns vestidos de daminha, para minha filha. – apontou para Elisa.

– Ah sim... É por aqui. – afirmou nos chamando com a mão e indo até um canto da loja, onde havia dezenas de vestidos de todas as cores – Podem ficar à vontade para escolher.

– Obrigada. – respondeu Rodrigo sorrindo educadamente – Podem atacar!

Eu e Elisa nos entreolhamos cúmplices e começamos a olhar os vestidos um por um, escolhendo alguns vestidos, enquanto meu ex-marido (não falei marido, notaram a diferença?) se sentou num sofá e ficou nos assistindo.

– Hora de experimentar! – exclamei depois de olharmos todos.

– Sim! – falou animada pegando um dos escolhidos e entrando no provador.

Enquanto isso fiquei sozinha lá fora com Rodrigo, o que me desesperou um pouco.

– Ela parece estar amando a ideia. – indagou sorrindo de lado.

– Sim, Elisa adora esse tipo de coisa. – concordei também sorrindo. Droga, nós estávamos nos dando bem! – E como foi a reunião? – perguntei desmanchando o sorriso.

– Foi bem, fechamos um novo comercial para o mercado, logo ele irá ao ar. – respondeu naturalmente.

– Hmmm. – resmunguei tentando não parecer triste com a notícia.

– Não gostei! – exclamou Elisa de dentro do provador.

– Sai aqui para nós vermos querida! – falei me aproximando do provador.

– Não, me passa outro aí por favor! – rebateu.

Bufei e peguei outro, dando-lhe por cima da porta.

– Espero que não se sinta ofendida com o fato de não te procurar mais para a publicidade. – disse ainda sentado, e pude sentir seu olhar em minhas costas.

– Não me sinto. – menti sem me virar, olhando para baixo.

Ficamos em silêncio por alguns instantes, até que eu senti sua respiração em minha nuca, e sua mão passar por meu braço.

– Não precisa mentir para mim Cristina. – afirmou com uma voz grave, junto ao meu ouvido.

– N-não estou mentindo. – gaguejei.

De repente ele me virou bruscamente, me apertando contra si – Não adianta negar, Cristina.

Senti minha respiração começar a falhar, e engoli seco. De repente o desgraçado começou a aproximar seu rosto do meu, e quando já estávamos bem próximos, uma voz nos interrompeu.

– Também não gostei! – gritou Elisa de dentro do provador.

Quando achei que ele ia se afastar, o mesmo me agarrou e me beijou, ignorando completamente nossa filha. Correspondi por pouco tempo, até que separei nossas bocas.

– Quer tentar outro?! – perguntei ainda com nossos rostos próximos.

– Quero! – respondeu.

Me virei e fui até o montinho de vestidos que havíamos escolhido, com Rodrigo ainda me abraçando por trás. Dei o vestido para ela por cima da porta e logo o homem atrás de mim me virou para ele e me beijou novamente, me empurrando contra a lateral do provador e juntando seu corpo no meu, num beijo intenso. Não quis pensar muito, apenas deixei o momento rolar, correspondendo a cada toque. Abracei sua cintura com minhas pernas e senti sua ereção em meu sexo. “Que diabos estou fazendo? Ah, dane-se!” – pensei apertando minhas pernas mais ainda contra ele, juntando nossos membros ainda mais.

– Senhores, aqui não é lugar disso, e se não pararem imediatamente, terei de acusa-los de atentado ao pudor. – ouvi uma voz atrás de nós.


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Notas finais do capítulo

Eae, o que acham dessa relação complicada do Rodrigo e da Cristina? E gostaram da Luísa? Digam aí!



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