Pioggia to Ame escrita por Lady


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Nada a comentar.
Boa leitura.



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Pioggia to Ame

"A grande loucura da vida é que nós amamos.

Mesmo sem esperanças.

Mesmo na tristeza.

Mesmo sem entender o amor.

Ainda que se possa sofrer milhares de vezes, somos capazes de amar na mesma igualdade.

O amor se recusa a ser infeliz."

Desde muito jovem Superbi Squalo aprendeu que era uma Chuva e que um dia precisaria de um Céu para que assim pudesse exercer sua função plena e completamente. Mas, mesmo jovem, ele sabia que nunca seria exatamente aquilo que nascera para ser. Não era calmo, tampouco podia tranquilizar alguém; pelo contrário, Squalo era quase a encarnação do caos, por onde passava era capaz de deixar um rastro de corpos para trás, como uma tempestade.

Talvez esta, no fim, fosse sua marca.

Ele era uma Chuva, mas não uma daquelas frias de outono que costumavam deixar as pessoas nostálgicas e tranquilas; não, Superbi Squalo era um tipo diferente de Chuva, não era transparente, mas rubra, feita do sangue de todos aqueles que tirara a vida. Ele era uma Chuva agressiva, barulhenta e assustadora, cujo proposito era trazer destruição. E talvez por ser todo o oposto do que deveria representar, é que, de certo modo, o albino pegara-se assustado e temeroso quando avistou o suposto a ser o Guardião da Décima geração da Vongola; Yamamoto Takeshi, este que não era nada menos do que a personificação física do que a Chuva deveria ser verdadeiramente - isso, além do fato de que o menino não era outra coisa, senão, idêntico ao primeiro Guardião que utilizou o anel e posto pelo qual disputariam.

Quando a sua derrota se mostrou, mesmo após ter lutado com todas as suas forças e utilizado de todo conhecimento de batalhas que possuía para tentar vencer aquela luta, ainda sim perdera vergonhosamente; apesar de que fora pior ver seu adversário ainda tentar salvá-lo de virar comida de tubarão - o que não acontecera por muita birra de sua parte, seria um golpe muito maior no seu orgulho se fosse salvo por aquele moleque -, francamente, fora humilhante, e o pior é que no fim nem pudera morrer, o estupido chefe Cavallone dera um jeito de garantir que o perdedor daquele duelo saísse com vida, claro que ele nunca imaginaria que quem fosse perder a batalha fosse, na verdade, Squalo; mas, em todo caso, fora salvo e seu orgulho esfaqueado sem dó.

Sua estadia no hospital não fora das mais agradáveis, seu estado não era dos melhores, mais ainda estava vivo - talvez um dia pudesse obter sua revanche e readquirir seu título de imperador da espada, ou talvez morrer da forma que achava adequado para si, em uma luta até a morte - e isso implicava no fato de que, de alguma forma, tinha alguma importância em algo que estava por vir. E, diante dos dias que correram sem ter notícias sobre o desenvolvimento das lutas, o albino pegava-se pensando em como o seu adversário estaria. Estava se gabando por tê-lo vencido? Zombando de si por ser tão idiota e perdido para uma mera criança? Talvez até já o tenha esquecido, como Squalo muitas vezes fazia com seus adversários que facilmente caiam e/ou pereciam para o fio de sua espada.

- Que grande merda. - fora o que reclamara um dia quando estava sozinho no quarto de hospital. Não sabia como ou porque, mas naquele dia, aparentemente, de alguma forma o garoto japonês de cabelos e olhos escuros surgira em seus pensamentos, e nos mesmos permaneceu até que o homem ferido já se visse cansado de tanto tentar imaginar o que o adolescente fazia, ou se estava a treinar seu peculiar estilo de espada.

Não suportava mais aquilo, dia após dia aquele moleque lhe vinha aos pensamentos, roubando sua atenção... As vezes o albino podia jurar sentir a presença dele por perto, o observando, como um maldito stalker. Mas o que irritava profundamente Squalo era que ele permitia aquilo, permitia-se deixar vagar em pensamento sobre o menino, como se de alguma forma ele tivesse alguma maldita importância para si, era irritante, era frustrante, e ele já não sabia mais o que fazer para esquecer do adolescente por que, em algum momento, o espadachim percebeu que tudo aquilo não era devido a sua derrota, não era por que desejava ardentemente uma revanche, era outra coisa e, sinceramente, Superbi Squalo tinha medo de descobrir o que era.

Quando um dia ao anoitecer Dino, subitamente, o levara para longe do hospital, o albino viu-se temeroso, mesmo que seu semblante fosse algo completamente diferente do que se remexia em seu interior. Ao avistar a fachada estudantil o albino pode compreender, ou ao menos tentar adivinhar do que se tratava aquilo. Era o último dia de batalhas, e pensar que fazia tão pouco tempo que estava ferido... Pareceram anos para si enquanto apodrecia naquele hospital.

Fora amarrado a cadeira de rodas - precauções para uma possível fuga - antes de ser levado a área designada. Viu seu chefe enfrentar o escohido a Decimo e, por mais absurdo que pudesse parecer a si naquele momento, Xanxus perdeu; mesmo que Belphegor e Mammon tenham bolado um plano de escape para no fim terem os anéis Vongola, fora tudo pelo ralo mais uma vez devido a interferência de Lancia; nunca a sorte esteve tanto contra a Varia. Mesmo depois de tudo, toda revelação, toda batalha, todo sangue e suor derramados, tudo pelo que cada um deles batalhou, fora em vão; de alguma forma os melhores assassinos da Vongola perderam para um bando de crianças. E o ódio borbulhou dentro de si, junto a outra coisa que não conseguiu definir, quando viu o rapaz de cabelos escuros estampar um sorriso junto a um olhar de alívio ao ver o espadachim vivo. Patético, fora o que seu subconsciente resmungara diante daquele sorriso que abrandara os sentimentos borbulhantes dentro de si enquanto, ao mesmo tempo, fazia o coração desavisado do guerreiro fraquejar. Como podia sorrir daquela forma para si, ainda mais depois da batalha que a pouco tivera? Talvez aquele fosse o verdadeiro dever de uma Chuva, aliviar a tensão daqueles que o cercam após momentos de transtorno.

Mas do que nunca Squalo tinha a certeza de que jamais se adequaria a posição de Guardião da Chuva; por mais que doesse se auto-confiarmar aquilo, não passava de uma verdade inegável.

Com o passar dos anos e a dedicação cada vez maior o espadachim tornou-se mais forte, mas apesar de tudo não deixou de observar o crescimento de seu tão odioso rival, aquele que lhe tirara o titulo de Guardião da Chuva da Décima Geração, aquele mesmo rapaz que agora tornara-se um homem e que orgulhosamente carregava o anel da Chuva; Yamamoto Takeshi se tornara alguém a quem Squalo desejava desesperadamente vencer e, ao mesmo tempo, desejava ardentemente se entregar. Afinal, o tempo mostrou o que era aquilo que subitamente e desesperadamente surgira em seu intimo, aquele sentimento cruel e amistoso que salvou seu coração de se afogar na chuva sangrenta que banhava seu interior; o mesmo sentimento que levava o espadachim a treinar arduamente, aperfeiçoar-se mais; mas também fez o homem de cabelos brancos apreciar os pequenos e poucos momentos que poderia ter, os sorrisos que o moreno poderia expor, tudo o que envolvia aquele rapaz mais jovem que si era uma pequeno prazer para Squalo, mesmo que este não viesse a admitir nunca.

Foram necessários anos para entender a paixão borbulhante e secreta que habitava seu coração, anos longos e desgastantes; e apesar de tudo, da certeza inegável do que sentia, o albino sabia que jamais poderia admitir, jamais poderia ter o que tanto desejava, jamais poderia tocar o moreno com gentileza ou esperar algum carinho do mesmo; o que era patético por que de alguma forma ele esperava que o espadachim mais novo demonstrasse alguma coisa, mesmo mínima, mas sempre foi assim, sempre uma pequena amizade que nunca levaria a lugar nenhum, pois, ambos sabiam, um dia poderiam voltar a ser inimigos e, um dia, poderia vir a ter de se enfrentar até a morte.

- Como eu sou idiota. - fora tudo o que dissera naquele momento de auto-piedade. A água lavava seus longos cabelos albinos e escorria pelos músculos e pelas feridas recém adquiridas. - Como, depois de todos esses anos, eu ainda posso ser tão idiota? - indagara-se, socando a parede logo em seguida. Apoiou a cabeça contra a parede, as pequenas gotas lacrimosas escorriam do canto de seus olhos e pingavam, misturando-se a água que ia para o ralo. - Quanto tempo mais terei de suportar...? - fora um mero sussurro sôfrego e choroso, mas fora o bastante para formar um nó em sua garganta e fazer seu coração pulsar dolorido.

Mas no fim, aquela era a principal questão; quanto tempo mais conseguiria levar aquela paixão tão sem fundamento? Quanto tempo mais suportaria antes de fraquejar?

Aos trinta e dois anos o albino nunca acreditou que houvesse alguém para si, mesmo amando profundamente um alguém, nunca imaginou que houvesse quem se sentisse atraído por sua pessoa, mas ali, naquele momento, lhe olhando com desejo estava aquele que por tantos e tantos anos desejou. Era estupida e aberta a forma como estavam, a qualquer momento poderiam ser atacados e mortos, mas não se importavam, Takeshi apenas o prendia contra o chão - fora um acidente, no começo, é claro - enquanto lhe olhava nos olhos sem desviar um minuto se quer. O Superbi não mexera-se, não queria estragar aquilo nem sair daquele pequeno momento em que se envolveram; viu o moreno desviar o olhar e imaginou que talvez aquilo estivesse a ser constrangedor para este, tomou uma respiração profunda e limitou-se a fechar os olhos, quando abriu a boca a fim de mandar que o garoto - para si ainda era um garoto - saísse de cima de si sentiu um toque nos lábios; era macio e gentil, e tinha um estranho gosto ferroso; era lento e singelo, e, por tudo que havia de mais sagrado neste mundo, Squalo nunca havia provado algo tão bom.

Quando o beijo fora cessado, o mais velho não atreveu-se a abrir os olhos, de alguma forma não queria cessar aquele sonho - ou o que quer que fosse -, e mesmo que desejasse permanecer naquele momento, sentindo aquela gentileza, para sempre, um toque sutil em sua testa o fez abrir os olhos. Fora o brilho negro dos olhos de Yamamoto que lhe saudara, como sempre tendia a ser quando o moreno o olhava, o sorriso branco e largo nos lábios do jovem espadachim fora algo que o albino jamais pensou em ver, era diferente, mais radiante e tranquilizador, e de alguma forma o Superbi queria dizer que aquele sorriso pertencia a si, somente a si.

- Gosto do seu cabelo... - fora o que Takeshi dissera enquanto ainda permanecia sobre si, o sorriso não desfazendo-se em momento algum. Um tom fraco de rosa surgira na face do mais velho diante de tal comentário comprometedor que, consequentemente, gerou um soco muito bem desferido no moreno que apenas riu de seu lugar, agora, ao lado do albino ao chão.

- Você é um imbecil. - afirmou, fitando o céu escuro acima de si. Ao seu lado, sentado sob a grama, Yamamoto riu.

- Eu também gosto de você Squalo. - riu-o, tendo uma das mãos sob o lábio recém ferido pelo soco. Foram muitos anos de espera para ouvir aquelas palavras e o albino nunca imaginaria que elas fariam seu estúpido coração acelerar tanto e tiraria seu folêgo, isso além de constrangê-lo completamente.

Dez anos de espera que enfim pareceram valer a pena.

Em algum momento Superbi Squalo percebeu que não era por um Céu que dedicaria, verdadeiramente, sua vida, mais sim por um alguém que era o seu próprio reflexo. Talvez no fim o albino estivesse destinado a se apaixonar pela Chuva que ele nunca poderia ser.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Já faz algum tempo que não escrevo nada descente.
Então, ficou bom?
Lady.



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