Clarisse deslizava pela sala, dando vida ao Cisne que seria no fim do ano.

A American Ballet Academie era renomada e conhecida por seus belos espetáculos. Mas Clarisse era a estrela. Mal tinha completado oito anos e ingressava na ABA, tendo papel importante em Kindra, um recital original da ABA. Clarisse era Kindra, a criança que sonhava alto. Depois disso, virou bailarinha notável, e podia-se ver Clarisse Denver como principal em muitos dos recitais.

- Agora o salto! Salte mais alto do que da última vez, Clarisse. - disse-lhe a professora, Clemencè Knox.

Pois Clarisse obedeceu, saltando com incrível perfeição. Quando seus pés tocaram o chão, a graciosidade da garota foi tanta, que o único som que se ouviu foi o suspiro de orgulho de Clemencè. Clarisse fez um reverência, os olhos se erguendo para o espelho. Então, ela se encaminhou para perto do espelho.

- Bem, isto foi ótimo! - exclamou Clemencè. - Clarisse, perfeita como sempre. Será um ótimo Cisne.

A garota sorriu, e recebeu palmas dos colegas.

- Gostaria de avisar que, vou ter que me afasar por tempo indefinido. - anunciou a professora.

- Mas e os treinos? - protestou Clarisse.

- Os treinos, querida, serão deixados nas mãos do meu amigo, Alberto Zask. Estão liberados.

Todos sairam cabisbaixos, inclusive Clarisse.

- Está tudo bem? - perguntou Thatiana, a melhor amiga de Clarisse. Ela era negra e tinha os cabelos longos domados em um coque desajeitado, mas bonito.

- Sim. - mentiu Clarisse. - Só não gosto de ter outro professor, assim do nada.

- É... Eu também não.

§§§

- Ei! Clarisse! - gritou Thatiana, do outro lado da sala. - Vamos para a casa do Tyler, quer vir?

A garota pensou um pouco, enquanto desatava o laço da sapatilha.

- Pode ser. - ela respondeu. - Encontro vocês lá fora.

Thatiana sorriu, passando os braços por sobre os ombros de Tyler e Sara.

Tyler era alto e negro, como Thatiana. Sara era ruiva, com sardas no rosto e olhos azuis claros. Clarisse se olhou em um dos espelhos da sala. Tinha os cabelos castanhos e olhos cinzentos. Mas por baixo dos cabelos castanhos domados em um coque, havia uma fina mecha azul, lembrando Clarisse de seu único momento de rebeldia ao lado do irmão, Patrick. Ele a havia convencido à pintar o cabelo. Clarisse sempre se arrependeu, pois a coloração insistia em demorar a sair, e se Clemencè visse aquilo... Seria o fim da carreira brilhante de Clarisse.

Ela colocou a mochila os ombros, trancou a sala de ensaios e saiu caminhando tranquilamente.

O sol já se punha quando os quatro chegaram à casa de Tyler. Todos ali viviam sozinhos, então, nada de satisfações para pais preocupados.

Eles entraram na casa e pediram uma pizza. Afinal, não tinham uma Clemencè Knox controlando suas vidas à partir do momento que saíram da ABA naquela mesma tarde.

Clarisse não se sentia bem para converar, rir ou até mesmo comer. Sua coreógrafa iria embora, subistituída por alguém que os alunos nem mesmo conheciam... Mas, se Clarisse quisesse mesmo ser o Cisne Negro no fim do ano, teria que confiar no julgamento da professora. Afinal, ela não ía colocar alguém totalmente despreparado para coreografá-los, não é mesmo? Ela deixou que esse pensamento tomasse conta de si, e tentou conversar normalmente, porque, afinal, ela ainda estava no ensino médio, o que significava aula de manhã. Logo depois de jantarem, Clarisse se despediu de todos, caminhando para sua casa, à alguns quarteirões dali. Mas ela não pôde deixar de pensar: O que Alberto Zask faria quando chegasse?