House sentou-se ao piano sem realmente tocar qualquer melodia, ele apenas deslizava os dedos aleatoriamente. Ele já estava no segundo copo de uísque e ainda não havia conseguido livrar-se dos pensamentos que cultivava horas atrás.

Ele decidiu que precisava fazer alguma coisa. Talvez não fosse resolver seus dilemas, mas ele pretendia ao menos parar de pensar sobre eles.

...

– Não vai me deixar entrar?

Parado na soleira da porta de Cuddy, House questionou a administradora que o observava incrédula com um pano de bebê em suas mãos.

– House?

– É... esse sou eu.

– O que vc faz aqui?

– Vim conferir se suas habilidades maternas ainda estão em dia!

Ela o deixou na sala e seguiu para o quarto do bebê. Ele foi atrás dela.

– House, eu estou muito ocupada aqui... se vc não reparou, eu estou tendo uma noite difícil, e só agora consegui fazer ela dormir! Eu não preciso de outro bebê aqui para começar tudo de novo!

– Mas mãããeee...

A menina se mexeu no berço, dando sinais de que em poucos segundos estaria chorando outra vez se aquela voz não se calasse. Cuddy o arrastou dalí e decidiu livrar-se do inoportuno visitante.

– Vai embora!! Eu não tenho tempo para suas infantilidades e exigências e joguinhos hj a noite!

Ele apontou para a mancha de vômito no roupão dela e comentou algo sobre isso. Ela fez menção de se afastar, ignorando aqueles comentários, mas ele a agarrou pelos ombros e a despiu de tudo.

Cuddy permaneceu ali, completamente imóvel, aguardando o desfecho daquela iniciativa.

– Eu vou ter que dar todos os primeiros passos aqui? Assim vc me decepciona... eu esperava mais de vc, considerando que...

E então ela o beijou.

O beijo havia levado ao estágio seguinte. House estava agora deitado na cama dela – ele ainda vestia suas calças, mas seu zíper estava aberto e sua camisa esquecida no chão. A mulher ao seu lado dormia com um semblante contente, mas ele não... ele não conseguia relaxar e fechar os olhos, pois sempre que tentava, uma onda de inquietações e dúvidas invadiam sua cabeça.

Ele levantou de lá sem acordá-la, pegou suas coisas e saiu.

Ele ainda estava em conflito. Havia mudado sua maneira de agir, havia passado por cima de seu orgulho, por cima de si mesmo, mas ao final de tudo... ainda se sentia infeliz.

[...]