My Old Man escrita por WeekendWarrior


Capítulo 25
You Want Your Way (Drive Me Mad)


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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— É hoje, Marieta! – exclamei feliz para Marieta, uma latina de meia idade, porém cheia de vida – Hoje Jim sairá daquele lugar – sorri feliz.

— Posso quase sentir sua felicidade, minha querida – disse Marieta carinhosa, a babá do meu filho.

Sim, isso mesmo, a babá de meu filho. Um lindo e pequenino garoto de três anos, chamado George. A luz de minha vida, o brilho de meus olhos, meu tudo… Mas algo está incompleto, sim, está. Mas hoje será o fim de meu sofrimento.

É como se eu estivesse prestes a me recuperar de uma doença, estivesse prestes a receber o resultado de um exame dizendo-me que eu estou curada de um câncer, eu estava prestes a ressuscitar e levantar de minha sepultura. Eu reavivaria minha alma hoje.

— Nem acredito que se foram quatro anos – falei num balbucio exasperado, porém Marieta ouviu, ela pode já ter uma idade avançada, mas uma audição ótima por assim dizer.

— Eu presenciei três desses quatro anos, minha filha – ela se aproximou de mim e me deu um copo de suco de uva, estávamos na cozinha. 

Ela lançou-me um sorriso carinhoso e voltou as suas tarefas, que dizia fazer porque gostava, quem gosta de lavar a louça? Ok.

Marieta nesses últimos quase quatro anos, foi como uma mãe pra mim, não que minha mãe verdadeira não estivesse comigo – sim, meus pais finalmente aceitaram minha atual situação, talvez por causa de meu filho, no caso, neto deles.

Não vou dizer que estive totalmente sozinha, não, não estive. Mas eu não podia depender para tudo dos outros, eu tomei meu caminho, arrumei um emprego muito bom, – aqui em Vegas – minha faculdade me ajudou muito em consegui-lo, mesmo eu não tendo uma carta de recomendação do meu último emprego, o qual fui mandada embora por causa de Jim. Alguns meses depois do nascimento de meu filho, contratei Marieta(minha salvadora), pois não poderia conciliar as duas coisas.

Com a ajuda de meus pais comprei uma casa em Vegas, mesmo eles insistindo para que eu fosse morar com eles em Nova York, algo que nunca aconteceria. Nunca!

Tive meu filho, George e pareceu-me que por um momento tudo estava perfeito, mas olhei ao redor e vi que algo me faltava, faltava Jim.

Sim, a saudade dele ainda está em mim, ainda a sinto forte, rasgando minha alma. Sempre o visito assim que posso, naquele lugar sórdido e torpe. Eu sempre vou feliz em saber que vou vê-lo, mas saio desolada e querendo a morte por ter que me despedir, ter que partir sem ele.

Mas não há mais motivos para isso, hoje Jim sairá daquele lugar, estará livre! Livre! Bom, ele conseguiu uma condicional depois de quatro anos de prisão, teria que prestar serviços à comunidade e se apresentar às autoridades em dias específicos. Mas somente em saber que hoje a noite mesmo estaríamos juntos… Sorri sonhadora.

— Peguei folga do trabalho hoje – bati meus dedos na mesa, estava ansiosa – Stefani me disse que ele sairia no turno da tarde. Falando em Stefani, ela disse que estaria aqui…

Ouço a porta ser aberta e Stefani entrar, não morre tão cedo.

— Estava falando de você agora mesmo.

Stefani fez uma feição exagerada com o rosto.

— Espero que bem, hein! – ri.

Nós abraçamos, Stefani cumprimentou Marieta.

— Eita, mas cadê meu sobrinho preferido? – indagou – Saudade desse garoto.

— Está brincando em seu quarto – expliquei – George! Corra aqui, meu amor! Titia Stefani está aqui – sobressaltei minha voz.

Ouvimos um gritinho e batidas de pés pequenos no chão, George aparece e pula no colo de Stefani.

Rio com a cena e suspiro, hoje meu sofrimento estaria acabado, finalmente.

**

— Temos que esperar aqui fora? Não podemos entrar? – indaguei ansiosa e impaciente para Stefani.

Estávamos dentro de meu carro, eu e Stefani com meu filho em seu colo.

— Calma, dona Lizzy! – ela me deu tapinhas no ombro – Daqui a pouco ele sairá, fique ciente que foi você quem quis sair quase duas horas antes do horário combinado.

Reprimi um sorriso, era verdade.

— Não exagere, ok? – Stefani deu de ombros rindo.

— Mamãe, esse é o lugar mau onde o papai está? – George perguntou-me inocente, eu me referia a penitenciária com o “lugar mau”.

— Sim, meu bebê – acariciei seu rosto – Mas hoje ele sairá e nunca mais voltará e seremos uma família de verdade – sorri.

— Igual que eu vi na Tv? – ele sorriu.

— Sim, iguais as famílias da Tv.

Sorrimos.

— Lana, olhe lá! – apontou Stefani – Os detentos estão saindo.

Meu coração disparou, peguei meu filho em meu colo depressa e saí do carro, Stefani fez o mesmo.

Outras famílias, talvez esposas ou namoradas esperavam pelos seus respectivos “libertos”. Mais ou menos uns sete ou oito ex-presidiários saíram, mas nenhum sinal de Jim.

Vi todos os homens abraçarem seus conhecidos e irem embora, mas nada de Jim, mas o portão ainda estava aberto, ainda havia esperança, talvez ele estivesse assinando algo, ou… Eu não sei. Então o portão de aço foi sendo fechado vagarosamente. Não!

— Segure ele – disse rapidamente pra uma Stefani sem reação ao meu lado, ela segurou meu filho.

Saí correndo em direção ao portão, ainda estava um tanto aberto.

— Ei! – gritei realmente alto – Ei! Por favor, uma informação, senhor – exclamei para um policial de farda azul escura.

— Pois sim? Algum problema? Seja breve, pois preciso fechar isso aqui.

Meu coração estava disparado, minha boca seca, meus joelhos queriam me trair, mas não os permiti fazer isso.

— Meu marido não saiu – ele franziu a testa.

— Hã? – parece que a mente dele clareou – Ah, sim, sei… – ele revirou os olhos – Todos os que deveriam sair esse turno saíram, minha senhora. Se seu marido não saiu não tenho nada a ver com isso. Talvez ele não tenha cumprido toda pena – deu sorrisinho debochado.

— Quê? Por favor, ele sairia hoje, sério! Tenho certeza, vá lá e confira, senhor.

Ele riu alto me assustando.

— Senhora, com licença preciso fechar isso aqui, com licença – me empurrou, mas eu empurrei sua mão.

— Ele sairia hoje! Ele vai sair hoje! – forcei meu corpo para entrar, mas ele me empurrou forte para fora, Stefani se aproximou dizendo:

— Lizzy não faça isso, pare! – escutei sua voz atrás de mim.

— Esse policial idiota não sabe de nada! – o policial prontamente parou e ficar a me encarar, escutei Stefani balbuciar um “puta merda”.

— Quer ser presa por desacato à autoridade?

Não me intimidei.

— Preciso vê-lo! Agora! – quase gritei.

—Ei, ei, ei, ei! O que é isso aqui? – chegou um outro policial de aparência mais vivida.

— Ajude-me! Meu marido não saiu, ele sairia hoje, seria liberto hoje! – exclamei quase chorando.

— Essa mulher é maluca! – disse o policialzinho de merda, qual eu estava prestes a desacatar.

O encarei com fúria.

— Ele se chama Jim, quer dizer, James Morrison – falei para o policial mais velho, sentia que ele poderia me ajudar de algum modo.

O mesmo franziu a testa e pensou.

— Sim, eu o conheço. Dona, ele saiu hoje sim, mas no turno da manhã.

Arregalei os olhos.

— O quê? Como assim? Não! Impossível! Ele teria ido me procurar, não, não! – o policial qual eu havia brigado deu um sorriso de deboche, porém o mais velho pareceu ficar preocupado.

— Sinto muito por isso, mas agora realmente temos que fechar o portão – assenti levemente e me afastei, o portão se fechou num estrondo.

Me virei para encarar Stefani, fiz cara de choro, tentei ignorar a dor, o nó que se formava em minha garganta. Corri e abracei minha amiga, que ainda segurava meu filho em seu colo.

— Mamãe, cadê o papai? – perguntou-me ainda inocentemente meu filho.

Afastei minhas lágrimas e peguei meu filho no colo e me dirigi até estava meu carro.

— Não sei meu filho, não sei.

 

Jim

— Depois você estará livre, simples – disse, por fim meu avô, o diabo na minha vida – Bom, você pode escolher em não fazer isso… Mas haverá sérias consequências, pra aquela sua amadinha esposa.

— Você não faria nada para prejudicá-la – exaltei minha voz.

— Eu não, mas o seu passado te condena, James – ele sorriu debochado e deu mais uma tragada em seu cigarro – É a última coisa que te peço, depois você pode correr para sua vida medíocre.

— Está certo, eu farei toda essa merda que você quer que eu faça – ele sorriu satisfeito.

Me levantei para sair.

— Você não teve contato com ela ainda, não?

— Não, não tive, fiz tudo o quê você me pediu para fazer.

Outro sorriso de canto de boca pôde ser visto nos lábios do velho desgraçado sentado à minha frente.

— Bom assim, muito bom – franzi o cenho.

— Olha, o quê você tem contra a Lana? O quê? Desde que estamos juntos você parece odiá-la, não entendo.

Ele pensou, mas finalmente respondeu-me.

— A verdade é que ela estragou sua vida, você estragou meus planos no momento que se envolveu com essa moça. Meus planos, os planos que eu tinha para você, mas você não queria me ouvir e trabalhar direito, só queria saber de comer essa Lana – trinquei minha mandíbula – Você se apaixonou por uma mulher boa demais, James, ela não é certa para você, nunca será… Se tivesse ficado com aquela ruiva, como se chama mesmo? Deborah, não? Ela seria uma boa mulher pra você.

— Cala boca, velho idiota! Eu realmente não sei como você consegue ser assim! Não acredito que tenho o mesmo sangue que você, você e meu pai…

— Não fale de seu pai! Ele sim era um grande negociador, o melhor que Las Vegas já teve, não haverá nenhum outro gangster como ele – agora foi minha vez de rir debochado.

— E o quê isso deu a ele? Um tiro no meio da testa? Ótima recompensa por ser o melhor.

O velho se ofendeu, realmente falar de seu queridinho filho o irritava. Sim, eu sei que estou a falar de meu pai, mas eu não sinto nada por ele, ele fez coisas horrorosas, eu o vi fazer coisas horrorosas, ele me ensinou coisas horrendas. Sua morte foi uma benção. Será que faço errado odiar tanto alguém? Ainda mais sendo meu pai… Provavelmente sim.

— Chega, James! Chega! – ele se levantou e chegou perto de mim – Você só poderá ter contato com ela depois de ter feito o que lhe mandei, se não…

— Me chantagear por algo que fiz te deixa feliz, não deixa?

— É por uma boa causa – ele acendeu outro cigarro.

O encarei pela última vez e saí de sua casa. Essa situação era extremamente ridícula, eu queria era matar esse velho desgraçado e ir correndo ao encontro de Lana, abraçá-la, beijá-la, levá-la pra cama… Abraçar meu filho. Meu filho… Suspirei e entrei no carro.

**

Lá está ela, bela e radiante. Me parece um pouco mais madura, me parece um pouco mais forte, preparada para o que vier.

O sol bate em seus cabelos castanhos e os fazem ficar numa tonalidade quase ruiva, ela está ainda mais bela… Só de pensar que se eu sair desse carro e andar alguns metros poderei tocá-la, mas não posso, suspiro forte e acendo um cigarro.

Ela está sentada num banco de um pequeno parque infantil, onde há várias crianças, uma delas é meu filho, George. Naquele buraco onde me puseram somente tive um dia feliz, quando recebi a notícia de que meu filho havia nascido.

George foi correndo em direção a Lana para mostrar-lhe algo, ela sorriu e ele também, e eu impulsivamente sorri também. Ele parecia alegre e gesticulava bastante, a puxava para que fosse ver o quê quer que fosse que ele tenha feito, mas ela preferiu ficar ali sentada.

Meu filho voltou para a algazarra de crianças e Lana ficou ali, sentada naquele banco de madeira, ela parecia-me triste, logo já sei pelo quê. Vejo ela suspirar e eu também acabo suspirando. Queria tanto correr até ela, mas não vou, não posso. Não quero que ela se machuque por minha causa, preciso resolver toda essa porcaria em que fui colocado e sim depois, correr até ela.

Jogo o cigarro quase no fim pela janela e dou partida no carro, o quanto antes eu fizer isso, o quanto antes estarei livre para estar com Lana.

Espero que ela me perdoe por magoá-la mais uma vez, parece que sempre levo a tristeza para ela, mas isso vai mudar, quando tudo isso acabar, iremos embora, para bem longe de todo meu passado.

— Em breve voltarei, eu prometo, meu amor – me afastei do pequeno parque.


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Notas finais do capítulo

Obg a quem lê.



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