Pov. Bella

Quanto tempo passou? Já perdi a conta dos dias, dos meses. Sinto falta de tudo, e de todos. Porque a mim? O quê que eu fiz de mal? Não percebo. Desde que me raptaram que não sei o que é ver a luz do dia, sentir o vento na cara. Só me apetece chorar, mas se me ouvissem iriam castigar, batendo-me ou não me darem de comer e beber. Como será que estão os meus pais? Eu sei que não desistiram de mim, mas por este andar ninguém me ira encontra. Já começo a perder a esperança.

– É horinha de acordar princesa – dizia um homem com voz de gozo

Eu apenas fazia de conta que dormia, mas eles sempre reparavam que fingia, já os meus pais diziam que era péssima a mentir.

– Vais continuar a fingir? Então parece que vais ficar sem comer uns bons dias.

O meu corpo comandou os meus olhos para abrirem, já não comia a um tempo.

– Toma lá, bem que precisavas de emagrecer.

Eu apenas pensava no porquê. Eu nunca fiz mal a ninguém, acho eu. Alem disso a única coisa que faziam comigo era manter-me presa, e se não fizesse o que eles queriam gritavam e batiam em mim.

Eu apenas me deixava estar calada e praticamente devorava a comida horrível que me tinha trazido. Enquanto eu comia, ele sentou-se a minha frente numa cadeira.

–Sabia que suspenderam as buscas no mês passado? – Perguntou ele com cara alegre

Eu apenas senti os meus olhos a ficarem embaciados.

–Não!- Gritei sem reparar

E só senti a mão dele no meu braço de maneira bruta.

– Ho rapariga fala baixo, pode ser que me farte das tuas faltas de educação e acabe contigo!

Naquele momento tive medo, eu amava a minha vida antes deste pesadelo. Quando irei voltar a sentir o abraço dos meus pais e dos meus amigos? Quando irei voltar a dançar?

Ele foi embora.

Já a algum tempo que não me tenho sentido bem, sinto-me fraca, doente, mas deve ser de comer mal, deve ser só fraqueza.

Passado horas reparei numa corrente de ar fria. Aproximei-me da porta e vinha dali! Ele tinha fechado mal a porta. Espreitei e consegui ver as estrelas, por momentos sorri, que saudades!

Procurei naquele sítio algo para forçar a porta, e consegui!

Depois disso comecei a fugir sem olhar para trás. Sinto os meus pés a pisarem a relva fria e molhada, o vento na minha cara e pela primeira vez em tempo senti a liberdade.

Mas de repente senti algo a perfurar-me o corpo, fazendo o meu corpo abrandar até cair de joelhos, toquei onde sentia dor e tinha sangue, e depois só senti os meus olhos fecharem.

Alguém que me salve!