Pov. Charlie

Faz um mês que a minha filha desapareceu, a polícia suspeita que tenha sido rapto. Também nunca pensei em algo diferente, a minha Bella era feliz e sempre teve tudo, pelo menos eu acho.

Ainda me lembro do dia em que desapareceu, era um dia cinzento de inverno, chovia torrencialmente. Ela todos os dias ao fim da escola ia ter ao meu escritório, e de seguida sempre íamos comer ao café da baixa. E naquele dia foi diferente, ela nunca apareceu e nunca mais ninguém a viu.

Passado umas horas eu e René, a minha esposa, fomos a procura dela. Fomos a escola perguntar e a notícia que nos deram foi que ela nem tinha ido as aulas, o que nos assustou bastante porque a nossa filha não era do estilo de faltar. De imediato contactamos a polícia. A noite chegou e o pior chegou.

A polícia ligou, com más notícias.

-Senhor Swan, infelizmente tenho de lhe informar que o carro da sua filha foi encontrado… com gotas de sangue que levaremos agora para o laboratório para saber se pertence a sua filha. - Disse o polícia

-Mas sabem de algo? Alguém viu algo? – Perguntei

-Infelizmente não há testemunhas.

No dia seguinte recebemos a notícia que o sangue pertencia a Bella, e foi como se uma parte de nós morresse. A polícia acredita que a causa do rapto terá sido o facto de eu ser advogado, que é bastante comum pessoas que sintam rancor, clientes ou até mesmo rivais dos clientes, e que recorram a este tipo de coisas. Nunca mais soubemos nada, não houve pedido de resgate nem nada, apenas silencio.

Entretanto já passaram dois meses. Muita coisa aconteceu neste espaço de tempo.

Conseguimos ver o quanto Bella era admirada e querida pelos colegas da escola, participaram nas buscas, fizeram pedidos online para quem a visse nos contacta-se, fizeram panfletos e ajudaram-nos.

E perguntam o que a minha filha de tão especial. Ela simplesmente herdou a beleza da mãe, mas a cada ano a beleza se tornava algo mais saliente. Até havia quem disse-se que era uma das raparigas mais lindas que tinham visto. Era adorável. Com a sua pele branquinha que parecia uma boneca de porcelana, as suas bochechas rosadas, com sardas espalhadas pelo nariz e os seus olhos verdes que nem esmeraldas, e por fim o seu cabelo longo castanho chocolate. Mas nem tudo é físico, ela simplesmente é simpática, carinhosa, fiel.

E o que mais gostava de fazer era dançar, e a grande felicidade dela tinha sido quando a convidaram para frequentar uma das melhores escolas de dança da Europa, em Inglaterra.

A cada dia que passa a esperança enfraquece, mas eu farei tudo para voltar a ter a minha menina nos meus braços.