O reino de Touou desde sempre foi rígido. Mas surpreendentemente ele tinha vários contratos e alianças firmes espalhadas por aí. Talvez pelo dinheiro, já que era um reino cheio de riquezas. Mas vários duvidam que seja por causa da princesa.

Momoi Satsuki. Uma jovem dona de longos cabelos rosados tão macios quanto fios de seda. Olhos de mesma cor que fazem qualquer um se perder. Hipnotizado pela princesa! Dentes brancos e sorrisos perfeitos, mesmo que nem sempre os seus sorrisos alcançam os olhos, o seu verdadeiro sorriso é raro e brilhante, um sorriso puro que quem o viu gostaria de ver muito mais vezes, um sorriso viciante. Visivelmente um corpo com curvas nem tanto exageradas e nem tão pequenas.

Hoje ela estava completando os seus 18 anos. Obviamente teria um grande baile para tal comemoração assim como sempre teve, mas agora tinha mais um propósito tudo aquilo. Já estava na hora da princesa encontrar um noivo. Mesmo que a contragosto, o rei tinha que admitir aquilo.

Mas a princesa não queria se casar. Seu coração já havia escolhido o seu amor.

We were both young when I first saw you
I close my eyes and the flashback starts
I'm standing there, on a balcony in summer air
{ Nós éramos jovens quando te vi pela primeira vez
Fecho meus olhos e o flashback começa
Eu estou ali de pé, em uma varanda ao ar de verão }

Seu nome era Aomine Daiki. Príncipe do reino de Teiko, o reino rival de Touou. Se conheceram quando crianças, na época em que os reinos eram amigos. Satsuki estava na varanda de seu quarto. Apoiava os braços na batente e, entediada, observava o jardim que ficava de encontro com as fronteiras da floresta à frente. Teria voltado para dentro do quarto se um grupo de pessoas chamasse a sua atenção.

Notou o seu pai e mais dois estranhos. Um deles, uma criança. Devia ter o seu tamanho caso não fosse um pouco menor. Cabelos azulados levemente bagunçados e olhos azul-céu. Tinha a pele morena assim como o outro estranho que segurava a sua mão – julgou serem pai e filho. Seus olhares rapidamente se encontraram. O garoto abriu um pequeno sorriso ao ver que havia alguém de sua idade por ali.

Ao notar que os três estavam entrando no castelo novamente, correu até a porta do quarto. Saiu silenciosamente em passos curtos e apressados para o corredor. Acabou se amaldiçoando mentalmente em esbarrar numa criada, a fazendo derrubar a bandeja que levava causando um barulho irritante de metal se chocando contra mental. Assim, atraiu a atenção de seu pai que a chamou para descer. Se desculpou com a mulher antes de descer hesitante as escadas.

— Acho que você ainda se lembra dela, não? — Disse seu pai orgulhoso após chegar do seu lado.

Ela, envergonhada, se escondeu um pouco atrás das pernas do pai, deixando apenas metade de seu rosto visível aos dois convidados.

— Lembro sim. Já está tão grande, a última vez que a vi foi no batizado. — Abafou o riso, se abaixando um pouco para ficar de altura da mesma. — É um prazer revê-la, princesa.

Envergonhada, desviou o olhar do rosto dele enquanto apertava com força o tecido das vestes de seu pai.

— Por que não vai brincar com o Daiki? — Sugeriu seu pai amavelmente enquanto afagava a cabeça da pequena, dando um sorriso de canto fechado. — Os adultos devem conversar. — Deu um pequeno empurrão na mesma como incentivo, andando até um dos escritórios junto do mais velho.

Já os dois mais novos seguiram num silêncio constrangedor para o jardim novamente. Demorou um pouco para conseguirem chegar a algum assunto, mas rapidamente já estavam conversando de forma animada. Os sorrisos e risos eram constantes. Perguntavam coisas banais, mas não deixava de ser um momento legal. E esses momentos continuaram se repetindo até o reino de Teiko deixar Touou na mão numa guerra em que quase os destruiu. Assim, qualquer laço que entre esses reinos já existiu, se quebraram. Apenas um restou, e o mais importante.

See the lights, see the party, the ball gowns
See you make your way through the crowd
And say "hello", little did I know
{ Vejo as luzes, vejo a festa, os vestidos de gala
Veja você faz seu caminho na multidão
E dizer " olá ", eu mal sabia }

[...]

— Já estou indo. — Satsuki revirou os olhos. Já era a quinta vez que uma das empregadas a chamava, mas não eram elas que estavam indo escolher o futuro marido de modo tão superficial. Suspirou pesadamente enquanto se olhava um espelho que tinha no quarto. Se perguntava se ele estaria lá. Ele sempre esteve nos seus aniversários, mesmo depois da briga. Balançou a cabeça tentando esquecer esse pensamento e forçou um sorriso fechado. Deu as costas ao espelho e atravessou a porta.

Algumas pessoas andavam pelo hall do castelo ou apenas conversavam por lá por ser próximo da mesa de aperitivos. A maioria bebia algum vinho ou alguma cerveja, apesar de ainda estar no começo da festa.

— Finalmente, majestade. — Escutou alguns criados comentarem antes de um gesticular com a cabeça para ela segui-lo. Desceram as escadas e passaram calmamente pelo corredor. Seu olhar seguia erguido e um sorriso forçado estava perfeitamente desenhado em seus lábios como as mais belas porcelanas. Se encontraram com o rei que deu um apertado abraço na filha. Entendia que estava difícil eles se verem. Afinal, ele é um rei. Tem seus afazeres. Assim como ela, que é uma princesa.

— Não fique tão nervosa. Sei está se fingindo de calma. — Comentou por fim enquanto abafava um curto risinho com as mãos. Satsuki acabou rindo junto. E pensar que mesmo com a sua falta de presença ainda a conhecia perfeitamente.

— Não tem como, pai. — O respondeu dando os ombros, logo em seguida se virando para o resto do salão de baile. — Dessa noite não passa. Eu serei noiva e futura esposa de algum homem que nem conheço. Tampouco amo.

— Você sabe que não faço isso para o seu mal. É apenas...

— ... Para o futuro do reino. — Completou em uníssono ao mesmo. — Sei disso, sei disso. Apenas... Não consigo me conformar ainda.

That you were Romeo, you were throwing pebbles
And my daddy said "Stay away from Juliet"
And I was crying on the staircase
Begging you please don't go
{ Porque você era Romeu, você estava jogando perdas
E meu pai disse: "Fique longe de Julieta"
Mas você era tudo para mim
Eu estava implorando para não ires }

— Então não se conforme ainda. Vamos deixar esses detalhes para mais tarde. — Deu um sorriso de canto. — A festa é sua. Aproveite. Tem alguns conhecidos seus aqui.

Satsuki ergueu uma sobrancelha, meio incerta sobre isso. Mas pela insistência no olhar do rei acabou dando meia-volta e se dirigiu ao salão de baile. Já estava cheio. Havia muitas pessoas dançando. Não conhecia ou reconhecia nenhum rosto ali, pelo menos não no momento. Quando estava prestes a desistir de tentar encontrar alguém ali, sentiu duas mãos cobrirem seus olhos.

— Ki-chan! — Se animou. Kise Ryota era a única pessoa que fazia isso desde que se conheceram. Se perguntava se lhe faltava vergonha ou inteligência para fazer isso. Poderia ser facilmente entendido como um ladrão qualquer por algum dos guardas por não passar de um mero acompanhante a um dos príncipes que ela honestamente não conhecia até hoje. Pelo menos não pessoalmente.

— Faz tempo que não te vejo, Momoicchi! — Um enorme sorriso brotou em seu rosto. — Cada vez mais bonita. — Segurou a mão da menor acima da cabeça para fazê-la rodopiar. — O que faz sozinha?

— Ah, estava procurando alguém que conhecia aqui. — Disse tranquilamente. — Agora que finalmente achei, preciso falar com você. — Era notável que estava ansiosa apenas pelo olhar. Puxou o loiro com passos apressados a um dos cantos do salão para ter certeza que ninguém iria escutar o que não deve. — Ele já está aqui?

O maior logo entendeu a pergunta. Kise e Daiki também se conheciam e se tornaram bastante próximos depois que se tornou difícil os encontros de Satsuki com Daiki. Como ele simplesmente não podia deixar de lado o fato do amigo estar apaixonado, decidiu ajudar os dois como se fosse um cupido. Afinal, se havia dois idiotas naquela situação eram eles. Estava tão óbvio que se amavam, se fossem mais rápidos já até estariam juntos.

— Está te esperando no jardim. "No lugar onde nós conhecemos." — Especificou com uma imitação falha da voz do Aomine. Satsuki lhe agradeceu com um silencioso e rápido beijo na bochecha antes de andar apressadamente para o jardim.

And I said
Romeo, take me somewhere we can be alone
I'll be waiting, all there's left to do is run
You'll be the prince, and I'll be the princess
It's a love story, baby, just say yes
{ E eu disse
Romeu, me leve a um lugar onde possamos ficar sozinhos
Eu estarei esperando, tudo que resta lá a fazer é correr
Você será o príncipe, e eu serei a princesa
É uma história de amor baby, apenas diga sim }

— Onde ele está? — Se perguntou num tom frustrado. Já estava andando pelo área próxima à sua sacada em busca dele e não tinha encontrado nada. Era mesmo possível não conseguir encontrar um brutamontes como ele?

— Você é mesmo precipitada ao ponto de sair no começo da sua festa? — Perguntou uma voz atrás de si. Se antes já estava sorrindo, agora pressentia que suas bochechas iriam doer muito mais tarde. Se virou abruptamente e sentiu seu coração acelerar ao vê-lo. Estava o mesmo Dai-chan de sempre, ignorando as roupas que agora demonstravam um nítido luxo maior. Mas os cabelos continuavam bagunçados e os ombros continuavam discretamente caídos em forma de deboche.

— Se eu demorasse mais você iria ficar resmungando e falando que não fui pontual. — Bufou enquanto inflava levemente as bochechas. Mas isso nem demorou muito já que num piscar de olhos ela já havia se jogado nos braços no príncipe de Teiko. — Se for agora me visitar apenas no meu aniversário poderia ter avisado. Assim eu poderia ir te fazer uma surpresa então.

— Se eu viesse aqui todo dia, minhas visitas deixariam de ser as mais especiais. — Revirou os olhos antes de retribuir o abraço. Com uma das mãos, afagou os cabelos róseos da princesa enquanto apoiava o queixo em sua nuca. — Tudo bem, o que deu em você? — Perguntou com os olhos semicerrados após se separarem, vendo a mesma o encarar confusa. — Normalmente a primeira coisa que você me cobra é seu presente.

— Onde está meu presente?! — Perguntou eufórica após realmente se tocar que sempre fazia isso todos os anos. Daiki começou a se amaldiçoar por ter perguntado aquilo.

— Oe, se acalme esquilo, dessa vez ele veio em um pacote pequeno. — Estalou a língua observando-a pelo canto do olho começar a pular ao seu redor esperando impacientemente que ele retirasse o que quer que estivesse procurando nos bolsos. — Aqui. — Disse por fim, a entregando uma pequena caixa avermelhada.

Satsuki a pegou com os olhos brilhando. Os presentes de Daiki sempre lhe eram os melhores, não importa do o tamanho ou o preço. Talvez fosse parte de seu favoritismo por ele, mas isso não vem a questão. De lá de dentro, retirou um colar dourado. O pingente era um coração. Parecia ser simples, mas como foi dito, para ela são os melhores presentes.

— É lindo... Obrigada... — Disse com um pequeno sorrisinho satisfeito. — Pode colocar pra mim? — Perguntou amavelmente.

— Claro. — Respondeu prontamente com um instintivo sorriso de canto. Se aproximou da rosada e pegou educadamente o colar de suas mãos. Pediu para ela ficar de costas e colocou os seus cabelos sobre o ombro, colocando sem dificuldades o colar. — Agora eu ainda não dei todo o presente.

— Não? — Franziu o cenho confusa sentindo a curiosidade martelar a cabeça.

— Sabe, tem uma coisa que eu quero te falar a um tempo. — Segurou a sua mão delicadamente, começando a guiá-la pelo jardim. — Mas eu não sei bem como falar isso. — Suspirou pesadamente, se sentando ao lado dela num banco.

— Dai-chan. — Chamou a atenção do moreno. — Sou eu quem está aqui. Não precisa ficar nervoso.

Sem esperar mais tempo, Daiki a surpreendeu com um beijo. Puxou-a pela cintura e, tentativa de aprofunda-lo, o que não foi difícil quando ela envolveu o seu pescoço com os braços. O que antes foi apenas um selar de lábios, se tornou algo a mais após Daiki pedir passagem. Suas línguas dançavam numa perfeita sincronia. Como se fosse uma dança apenas deles. Era carinho, amor e o desejo pelo tempo perdido pela insensatez de ambos.

So I sneak out to the garden to see you
We keep quiet, cause we're dead if they knew
So close your eyes
Escape this town for a little while

{ Então eu escapei para o jardim para ver você

Nós ficamos quietos pois nos matariam se soubessem

Então feche os seus olhos

E escape dessa cidade um pouco}

"Maldito ar" suas mentes pensaram juntas após se separarem.

— Quando? — Perguntou Satsuki com as bochechas avermelhadas, sentindo seu coração cada vez mais acelerado.

— Desde o dia em que meu olhar se encontrou com o daquela garotinha tímida na sacada. — Com os dois dedos, ergueu um pouco o queixo da princesa que desviava o olhar para baixo. — Que droga, Satsuki. Por que não percebeu que eu te amo?

— Pergunto o mesmo. — Inflou as bochechas novamente, querendo começar a estapeia-lo. — E se fosse menos orgulhoso perceberia que eu também amo você. Baka.

— La touche — Deu um curto riso após revirar os olhos. — O que vai fazer em relação a esse noivado? — Viu Satsuki arregalar os olhos meio surpresa. — Satsu, mesmo com as poucas visitas eu sei muito bem o que acontece por aqui. Desembuche, o que vai fazer sobre isso?

— Eu... — Sua voz morreu no meio da fala. Deu um longo suspiro enquanto começava a olhar para o chão enquanto mordia o lábio inferior. — Eu não sei. Tentar falar com meu pai sobre você não adianta, e... — Antes que pudesse ser interrompida por si mesma, pode escutar um guarda chamar por seu nome.

— Tenho que ir. — Resmungou o maior, roubando um rápido selinho dos lábios da amada. — Não se preocupe, prometo voltar. Dessa vez não irei faltar. — Se apressou a dizer, antes de desaparecer no meio da floresta em ligação ao jardim.

Iria dizer ou até mesmo implorar para que ele não fosse, mas já era tarde demais por ele já ter ido embora e pelo guarda já a ter em seu campo de visão. Seu pai estava a chamando de acordo com o mesmo. Para não demonstrar uma aura melancólica disse com um adorável é encantadoramente falso sorriso que estava a caminho. Seus passos eram apressados e curtos. Disse um rápido "Olá" a alguns amigos que encontrou por ali e respondeu a pergunta mental de Kise com o olhar ao encontrá-lo. Poderia não ter acontecido nada oficial no jardim, mas aquilo já a fez acreditar que estavam juntos.

— Me chamou? — Perguntou ao entrar no escritório de seu pai.

— Ah, sim, sim! Que bom que chegou! — Disse alegremente ao ver a presença da filha. — Creio que você já conhecia o Akashi, não?

— É um prazer revê-la. — Disse formalmente num semblante neutro. Não se lembrava bem de onde, mas Satsuki sabia que já havia o encontrado em algum lugar. Talvez tenha sido em alguma negociação ou visita ao reino.

— Sim, já o conheci. Mas qual o por quê disso? — Perguntou receosa. Se seu coração antes acelerava como nunca, agora ele parecia falhar as batidas e perder a velocidade. Sua garganta parecia se fechar e seu coração pesar cada vez mais.

— Ele será nosso futuro rei. — Disse seu pai cheio de si.

Cause you were Romeo, I was a scarlet letter
And my daddy said "Stay away from Juliet"
But you were everything to me
I was begging you please don't go
{ Porque você era Romeu, eu era uma letra escarlate
E meu pai disse: "Fique longe de Julieta"
Mas você era tudo para mim
Eu estava implorando por favor não vá }

Satsuki já esperava se tornar comprometida hoje pelo seu pai, mas em questão de segundos deixou de estar preparada para algo que já havia começado a aceitar. Após a cena surpreendente se Daiki, aquilo tudo se tornou ainda mais impactante. Inventou uma desculpa qualquer para sair daquele lugar no meu instante. Falou não estar se sentindo bem no momento, fingiu estar com tontura. Assim, foi apressadamente até o seu quarto. Permitiu seu corpo desabar na cama antes das lágrimas grossas começarem a cair incondicionalmente por seu belo rosto.

Fechava os olhos cada vez com mais força enquanto apertava o colar contra o peito. Uma de suas mãos foi até o seus lábios, sentindo novamente a sensação de estar sendo beijada pelos lábios carnudos de Daiki. Queria poder voltar no tempo para se prender no melhor momento daquela noite. Se remexeu na cama em busca de conforto, mas apenas sentia o tecido molhado pelas lágrimas. Não queria se casar. Nunca quis, na verdade. Principalmente agora que descobriu ter os sentimentos de Daiki recíprocos aos seus.

Fungou alto em tentativa de parar de chorar. Felizmente conseguiu, e tentou manter os pensamentos positivos. Afinal, Daiki tinha prometido voltar. E ela acreditaria cegamente nele como sempre fez.

[...]

Romeo, save me, they're trying to tell me how to feel
This love is difficult, but it's real
Don't be afraid, we'll make it out of this mess
It's a love story, baby, just say yes
I got tired of waiting, wondering if you were ever coming around
My faith in you was fading when I met you
{ Romeu, salve-me, eles estão tentando me dizer como sentir
Esse amor é difícil, mas é real
Não tenha medo, nós vamos fazer isso e sair dessa bagunça
É uma história de amor, baby, apenas diga sim
Eu cansei de esperar, querendo saber se algum dia você voltaria
Minha fé em você estava fraquejando quando te conheci }

Passaram-se dias. Semanas. E ele ainda não havia retornado. Todas as tardes, Satsuki se sentava na sua sacada com esperança de vê-lo aparecer novamente. Admitia que essa esperança estava acabando e que ele provavelmente não voltaria, principalmente por já ter tido seu noivado anunciado.

As noites, chorava sozinha na sacada ainda na espera do amado até o seu estoque de lágrimas se acabar e o sono a fazer ter algum sossego durante a noite. Mas era apenas quando não tinha sonho algum, pois quando tinha era sempre relacionado a ele.

Nessa tarde, daria a última chance. Se ele não aparecesse, desistiria finalmente desse amor proibido que possivelmente consideraria impossível. Observava o horizonte com o olhar neutro e indescritível esperando algum sinal.

Uma.
Duas.
Três.
Quatro.
Cinco horas.

Romeo, save me, I've been feeling so alone
I keep waiting for you, but you never come
Is this in my head? I don't know what to think
{ E eu disse
Romeu, salve-me, tenho me sentido tão sozinha
Eu continuo esperando por você, mas você nunca vem
Isso está na minha cabeça? Não sei o que pensar }

O esperou até as cinco da tarde e nada. Soltou um suspiro entristecido junto de toda a sua dor e deu meia-volta para deitar-se um pouco. E teria feito isso, se não tivesse escutado alguém chamar seu nome. Ele chamar seu nome.

Ao se virar com as suas esperanças preenchidas novamente, sentiu seus olhos marejarem mais uma vez. Dessa vez não de tristeza. Mas de alegria. Lá estava Daiki, encima de um corcel negro. Seus cabelos bagunçados e diversos cortes espalhados pela região do peitoral e dos ombros, manchando levemente a sua camisa branca de sangue.

Com as mãos escondendo a sua boca que formava um perfeito "O" de surpresa, observou ele descer calmamente do cavalo. Se ajoelhou na grama baixa e recuperou um pouco do fôlego perdido. Novamente, retirou mais um pacote dos bolsos...

He knelt to the ground and pulled out a ring and said...
{ Ele se ajoelhou no chão e puxou um anel e disse... }

— Case-se comigo, Satsuki! — Gritou em plenos pulmões, sentindo o seu corpo se erguer com esforço. — Você não merece ficar sozinha, casada com alguém que não ama. — Acrescentou, dando um forte soco no chão com a mão livre. — Eu amo você.

Marry me, Juliet, you'll never have to be alone
I love you, and that's all I really know
I talked to your dad, go pick out a white dress
It's a love story, baby, just say yes
{ Case-se comigo Julieta, você nunca ficará sozinha
Eu amo você, e isso é tudo o que realmente sei
Eu falei com seu pai, vá pegar o vestido branco
É uma história de amor, baby, penas diga sim }

As lágrimas caíram devagar de seus olhos. Ainda não acreditava que estava realmente o vendo ali, ajoelhado embaixo de sua sacada, a pedindo em casamento. Para ser sua para sempre.

Com passos desajeitados, tortos, cambaleantes e apressados, correu para fora do castelo, indo em direção ao jardim. Assim como haviam se encontrado em seu aniversário, logo se jogou em seus braços. Mesmo ainda sentindo dor, retribuiu-o com todas as suas forças.

A verdade era que haviam descoberto que Daiki saia às escondidas de Teiko para visitar Satsuki. Como ele era príncipe, porém precisava de uma punição, ficou trancado no quarto como se fosse uma espécie de prisão. Sempre que saia dele, era acompanhado por no mínimo 4 guardas. Num golpe de sorte, um dos guardas acabou esquecendo uma adaga em seu quarto. Daiki pegou a adaga e enfrentou os quatro guardas ao sair apenas com ela. Mas pareciam não acabar mais após isso, sempre apareciam mais para tentar lhe impedir. Felizmente, Daiki era – e ainda é – o melhor guerreiro e lutador que Teiko já teve. Poderia ter enfrentado um exército inteiro, mas definitivamente não se lembrava e nem se importava com isso.

— Sim, sim, sim, sim! Claro que sim, mil vezes sim! — Disse apressadamente com a respiração descompassada. Seus rostos estavam muito próximos. Chegava ao ponto de seus narizes encostarem. Mas essa pouca distância acabou sendo quebrada pelos dois num beijo calmo e apaixonado.

E desde então, não se soube mais sobre Aomine Daiki e Satsuki Momoi. Os guardas acabaram ouvindo o pedido dele em casamento, mas ao chegarem no jardim já não tinha mais ninguém por lá. Alguns acreditam que eles acabaram sendo encontrados e mortos por traição. Mas outros acreditam que eles viveram felizes para sempre.

Cause we were both young when I first saw you
{ Porque nós éramos ambos jovens quando te vi pela primeira vez }