Susan of Narnia escrita por SpaceSounds


Capítulo 6
Susana de Nárnia - parte I


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada para todos que estão acompanhando até agora. Você que tem deixado comentários principalmente. Não é a mesma coisa escrever sem depois saber o que os outros pensam. Porém, até você que não comentou, mas acompanhou, eu agradeço.

Boa leitura.



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Aquele cheiro era familiar. Aquela sensação de felicidade também, mas fazia tanto tempo... Era difícil dizer o que era, estava escuro. Susana abriu os olhos. O sol brilhava forte, mas não estava quente. Ela não estava em seu quarto, percebeu em seguida. Estava deitada de costas, numa coisa macia. Ao prestar mais atenção notou que era grama.

Susana levantou devagar para notar que nem mesmo vestia uma camisola. Agora usava um longo vestido que parecia algo próximo a que a rainha da Inglaterra vestiria. Não exatamente, mas era extremamente lindo.

— Não... – ela disse sorrindo. – N-não é possível...

Em pé e se ajeitando ela olhou ao redor. Estava numa floresta. Uma floresta que cheirava muito diferente. O vento era calmo, o sol quente e agradável. O céu extremamente azul, o mais bonito que ela já tinha visto.

— Está tudo tão diferente... – Susana começou a andar. – Mas faz tanto tempo que eu devo ter esquecido.

Andando um pouco mais ela reparou chegar à beirada de um precipício. Ela olhou ao redor e só conseguia ver mais floresta. Alguns rios. Mas ninguém. Nenhuma pessoa, animal... Nada.

— Estranho. – ela comentou pensando na ausência de pessoas e animais.

— Susana. – uma voz grave, contundente e gentil a chamou.

Ao virar-se completamente, lá estava o enorme e majestoso leão. Sua juba dourada brilhava contra a luz radiante do sol. Sua presença não só intimidava, mas confortava. E fez com que Susana caísse em prantos.

— Aslam... – ela ficou de joelhos e se prostrou. – Desculpe, desculpe-me. – ela começou a implorar.

— Levante-se, Susana.

— O que? – ela ficou confusa.

— Levante-se. – ele repetiu.

Aslam a olhou de maneira séria, no entanto não parecia estar com raiva. Susana ficou ainda mais confusa. Mas o obedeceu sem hesitar.

— Eu estava te esperando. – Aslam disse.

Susana estava confusa, já que Aslam não estava ali há poucos segundos. Como estaria esperando por ela? Além disso, ela não sabia que estava em bons termos com o leão.

— Mas... Eu não entendo. Por que me esperaria, Aslam?

— Pois eu sabia que você viria.

Parecia simples quando Aslam dizia, porém Susana pensou no que ele disse e notou que não parecia tão simples assim para ela.

— Mas Aslam, você disse que eu não voltaria a Nárnia. Nem eu, nem Pedro... Além disso, eu virei às costas para os meus irmãos, para Nárnia... Para você... Como eu posso estar de volta se...

— Você não voltou. – ele a corrigiu. – Você veio.

— Não voltei...? Mas eu... Eu estou em Nárnia, certo?

Aslam fez que não lentamente.

— Não na que você conheceu. E você está comigo aqui, pois você se reconciliou. Assim como quando Edmundo errou e pode voltar, eu perdoei você.

— Eu não entendo. - Susana finalmente secou suas lágrimas.

— Venha comigo. – ele virou-se e começou a andar na direção oposta ao precipício.

Susana ficou parada um tempo, perguntando-se o que estava acontecendo, mas logo começou a andar. Não queria ficar para trás. A presença de Aslam era muito boa.

Os dois entraram na floresta. Aslam guiava o caminho e Susana o seguia de maneira agitada.

— Aonde vamos?

— Você saberá quando for a hora.

Susana aceitou a resposta, porém ainda queria saber o que havia acontecido. Como ela poderia estar ali? E como ali não era Nárnia? Era tudo confuso e estranho demais.

— Diga-me, por favor... – ela pediu. – Como você me ouviu, Aslam?

— Eu lhe ouvi, pois você falou comigo.

— Eu não estava aqui quando falei com você.

— Eu tenho outro nome no seu mundo. – ele respondeu. – E você tinha esperança de que eu lhe ouviria. Senão, não pediria perdão para mim.

Os dois continuavam a andar.

— Sim... Você está certo.

Susana então se lembrou de quando ouviu a voz de Aslam em seu quarto.

— Eu estou aqui... Pois você me trouxe. – ela concluiu. – Naquela noite... Você disse que me esperava.

— Sim.

— Como?

— Eu sabia que você viria.

As respostas curtas e objetivas de Aslam normalmente irritariam Susana. Mas elas faziam sentido quando ele dizia. Era como se fosse simples e ela complicasse tudo.

Mais adentro na floresta Susana ficou um pouco inquieta. Tudo era mais colorido, mais vívido, mais bonito do que ela lembrava. Além disso, um cheiro maravilhoso de maçãs estava no ar. Porém ela não via nenhuma macieira.

— Aslam, o que aconteceu com Nárnia? – ela perguntou. – Parece... Muito melhor.

— Aqui não é Nárnia. – ele disse calmamente.

Os dois andavam há quase uma hora. Susana estava estranhando não se cansar nem mesmo sentir sede. Aslam seguia em silêncio e ela já começava a achar que estava o incomodando.

— Aslam... – ela disse baixo.

— Sim? – ele se virou para falar com ela pela primeira vez desde que entraram na floresta.

— Isso tudo é real, não é?

— É real, Susana.

— Então isso significa que eu vou voltar para minha vida... Casar-me com Dick, ser parte da família Showell...

— Não.

— Não...? Eu não entendo.

— Você entenderá. Há tempo para tudo.

Os dois voltaram a andar. Duas horas depois, ou pelo menos era o que Susana achava, ela viu um jovem de pele morena e cabelos escuros. Ele pegava maçãs de uma linda e cheirosa macieira. Ele não parecia notar a presença de Susana.

— Aslam! – ele sorriu ao ver o enorme leão. – Estávamos nos perguntando onde você estava.

Aslam aproximou-se do jovem. Susana permaneceu imóvel. Ele era um calormano. Era óbvio, mas era bonito. Tão bonito que Susana achava estranho... Nunca vira um calormano tão bonito. Na verdade, nunca vira um homem tão bonito. Normalmente Dick aos olhos de Susana era maravilhoso, mas ele nem chegava aos pés daquele jovem.

— Quem é ela? – o jovem finalmente percebeu Susana, que estava longe dos dois.

— Rainha Susana, de Nárnia.

Ele sorriu e seus olhos brilharam. Ele aproximou-se de Susana deixando Aslam para trás.

— Rainha Susana? Ouvi muito sobre a senhorita. Se me permite dizer, és muito mais bonita do que os outros podem descrever.

Susana ficou sem jeito, sorriu para ele.

— Qual o seu nome? – ela perguntou.

— Emeth.

— É gentileza sua dizer algo assim. Mas, quem tem lhe falado sobre mim? Até onde sei eu não era muito popular na Calormania. Não depois de um incidente com o filho do Tisroc.

Emeth a olhou calmamente com seus olhos castanhos e sorriu.

— Tudo isso já passou. – ele afirmou cheio de confiança.

— Vamos Susana, ainda há o que fazer. – Aslam a chamou.

Emeth se despediu beijando as costas da mão de Susana e ela seguiu Aslam.

Susana não sabia quem era Emeth, porém ele sabia quem ela era. Ele era um calormano que havia vivido muito depois da Era de Ouro de Nárnia (quando Susana e seus irmãos reinaram. Por esse motivo ele não sabia exatamente o que tinha acontecido com o filho do Tisroc e Susana). Ele tinha aversão a Nárnia e a Aslam antes de conhecer a verdade. Conhecer a rainha Susana foi algo maravilhoso para ele. Emeth só conhecia histórias de como ela era uma excelente arqueira, ótima em batalhas, mas preferia se ausentar de guerras e conflitos, já que não gostava de matar.

Susana seguia graciosamente o enorme leão. Os dois pararam perto de uma linda castanheira que ficava ao lado de um rio com águas cristalinas. Era tudo muito familiar a Susana. Mas tudo parecia maior, mais longe, mais... Era difícil de explicar.

Aslam sentou-se e Susana fez o mesmo.

— Por que paramos? – ela perguntou.

— Há coisas para lhe explicar. – a voz de Aslam soava séria. – Há muito tempo atrás você conheceu um lugar como esse.

— Sim... Parece que foi um sonho... Ou o sonho de um sonho.

— E agora aqui está você. Você mesma admitiu que virou as costas para mim. Ainda há culpa em seu coração.

Susana olhou para o chão, envergonhada. Ela não havia dito coisa alguma, mas era verdade. Ela sentira-se um pouco mal quando Emeth, o lindo calormano, simplesmente falou com ela. Era como se não merecesse. E estar na presença de Aslam fazia Susana ficar constrangida.

— Susana, não cabe a você dizer quem é digno ou não. – ele disse. – Se você está aqui é porque eu permiti. É porque você é digna aos meus olhos.

— Mas Aslam eu me sinto tão mal... Eu virei às costas para você. Você que salvou Edmundo da Feiticeira Branca, você que ajudou Pedro contra os lobos, você que nos fez reis e rainhas... Como você pode me perdoar? – lágrimas rolaram pelo rosto de Susana sem parar.

— Assim como você mesma citou, eu perdoei Edmundo. Todo erro aos meus olhos é igual. Não há grandes ou pequenos erros. E assim como Edmundo se arrependeu e teve a chance de se redimir aqui está você.

Aslam então acariciou Susana com sua cabeça. Ela o abraçou. Depois Aslam lambeu a testa de Susana e levantou-se.

— Susana de Nárnia, receba o perdão. – ele disse de maneira contundente.

Susana levantou-se e Aslam soprou sua face.

— Agora vamos. – um sorriso se formou nos olhos de Aslam. – Ainda há muito que fazer.

E Aslam saiu correndo como uma flecha. Tão rápido que Susana quase o perdeu de vista, mas começou a correr também. Era mais fácil do que parecia. Talvez fosse o fato de que ela não usava salto alto como costumava. Ou talvez fosse o ar de Nárnia, que sempre lhe fez sentir mais disposta.

Mas... Aqui não é Nárnia. Ela pensou apertando o passo.


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Notas finais do capítulo

O que você acha que aconteceu com Susana? Gostou? Comente! Mais uma vez, ler o que você tem para dizer é sempre interessantíssimo para mim. Fique a vontade para ser sincero(a).



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