Hello, I Love You escrita por Queen Of Peace


Capítulo 8
I've Had The Time Of My Life


Notas iniciais do capítulo

demorou mais chegou!!!

gente, eu fiz uma playlist no youtube mesmo com todas as músicas que eu cito que eles ouvem na festa (sim, tem uma festa, engole esse spoiler)
vocês podem ouvir aqui https://www.youtube.com/playlist?list=PLJ1IIxHKvTDyEvOh94JVdHUXkN9ElBbA_
e ela ta na ordem certinha que toca na história, é só ouvir ♥
espero que vocês gostem tanto quanto eu gostei de escrever. Mil beijos



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Peeta Mellark

Os dias que se passaram após a audição para Cinna foram completamente insanos. O homem estava entusiasmado e não parava de repetir que a banda deles era incrível, e que aquela tinha sido uma de suas melhores descobertas. Todos estavam incrivelmente felizes, mesmo que a partida de Jim se aproximasse aos poucos. Ele acabou atrasando sua ida - outra vez - só pra ajudar os rapazes enquanto Cinna buscava por um novo baterista. Mas isso aconteceu tão rápido que logo todos estavam no aeroporto, carregando as malas de Jim.

— Vocês nem vão sentir minha falta — disse Jim, assim que pararam numa fila onde ele ficaria. — Nos falaremos sempre. Não darei oportunidade pra que consigam se esquecer de mim.

— Você é um grande idiota — Finnick disse, puxando o amigo pra um abraço rápido enquanto dava tapinhas em suas costas. — Eu ainda não acredito que você vai mesmo embora. Logo agora que estamos em nosso melhor momento. Nós vamos ficar famosos, você tem ideia disso?

— É claro que eu tenho. — Jim sorria, como se aquele fosse o melhor dia da vida dele. E talvez realmente fosse. — Mas esse é o sonho de vocês, não o meu. E eu vou sentir orgulho pra caralho quando ouvir a música de vocês no rádio, ou vê-los na televisão. Vou dizer pra todo mundo que são meus amigos e que fiz parte da banda.

— Vão te achar louco por ter nos abandonado justo agora — completou Cato, revirando os olhos.

Mas por mais que tentassem fazer Jim mudar de ideia, no final da tarde ele embarcou no avião que o levaria até o Canadá. Agora ela sua vez de viver seu sonho.

***

Com toda a correria daqueles dias, Peeta e Katniss mal conseguiam se falar. Ela estava ocupada com coisas da faculdade, e ele ocupado com coisas da banda. Trocavam telefonemas e mensagens sempre que podiam, e Peeta tentava muito não sentir a falta dela. Mas era difícil.

Katniss era o tipo de pessoa que possuía uma presença forte e muito característica. Ele se flagrava pensando e revivendo os poucos momentos que tiveram juntos, e desejava poder estar ao lado dela. Mas tudo estava tão complicado que eles nem ao menos sabiam quando poderiam se ver.

É claro que isso precisava acontecer o quanto antes. Por mais que ambos estivessem ocupados, Katniss sempre fazia questão de lembrar que Gale ainda era um problema. Ele ainda fazia perguntas sobre ela para Enzo e Rue, e a sombra da ameaça que havia feito a Peeta ainda pairava sobre eles. Por isso precisavam se ver. Precisavam estar juntos em público, principalmente num local onde Katniss fosse vista por seus amigos e os de Gale, e então eles fariam todo o resto do trabalho: Espalhar a história.

Era uma sexta-feira quando Peeta foi parado pelo pai a caminho do quarto. Ele acabara de voltar de um ensaio no estúdio de Cinna, e se sentia exausto. Só conseguia pensar em tomar um banho e cair em sua cama. Mas seu pai surgiu no meio do caminho, impedindo-o de subir as escadas até o seu quarto. Tinha uma expressão mal humorada e cruzou os braços antes de começar a falar.

— Precisamos conversar.

— Precisamos? — Peeta nem podia imaginar o que eles dois teriam pra conversar. Achava que tudo já havia sido resolvido depois da última grande conversa.

— Você disse que voltaria a estudar. Que arrumaria um emprego. Mas acredito que você não está correndo atrás de nenhuma dessas duas coisas. Eu já te disse que essa ideia de música não vai botar comida na sua mesa.

— Pai... — Peeta precisou reunir todas as suas forças pra não revirar os olhos ou bufar, qualquer coisa que tiraria seu pai do sério. — Nós vamos assinar um contrato com um gravadora importante. Nós temos um empresário. Estamos ensaiando por horas todos os dias pra gravarmos uma demo que seja boa o suficiente pra nos render bons lucros.

Seu pai não queria saber sobre nada daquilo. Ele ergueu a mão, silenciando Peeta e fechando os olhos momentaneamente.

— Moleque... Música não dá dinheiro. Você não é o maldito Bono Vox e sua bandinha não é o U2. Ninguém ganha a vida com música hoje em dia.

— Não ganha? — O loiro arqueou as sobrancelhas. Agora não poderia mais controlar os gestos e expressões que aborreceriam seu pai. — Acho que você não conhece muito sobre o mundo da música, então. Muitas bandas fazem sucesso por aí, e existe espaço pra todas elas. Todos ganham dinheiro e conseguem viver com muito conforto apenas com o dinheiro que ganham fazendo música. Você precisa aceitar. É isso o que eu escolhi pra minha vida. É o que eu gosto de fazer.

— Essa é a sua palavra final? — Seu pai parecia mais calmo do que ele jamais vira. Não estava vermelho, não parecia irritado ou prestes a explodir. Ele ouviu o filho em silêncio e logo em seguida soltou essa pergunta, como se estivesse perguntando sobre seu dia.

— É a minha palavra final — o loiro respondeu, rezando pra que aquilo colocasse um ponto final naquele assunto. E principalmente que significasse que seu pai não insistiria mais na ideia dele largar a banda.

— Pois bem. Você tem até segunda-feira pra sair de casa. Se vai viver de música, então pode começar a fazer isso agora. Ache um lugar pra ficar. Se sustente com o dinheiro que ganha com sua banda, e pague suas contas com ele também. Não quero mais você morando aqui. — E dito isso, ele deu as costas ao filho e saiu, deixando Peeta boquiaberto e nervoso.

Ele subiu as escadas pulando os degraus de dois em dois, nervoso demais pra continuar parado. O que ele faria agora? Não podia falar com sua mãe. Não queria que ela e seu pai brigassem outra vez por causa dele. Mas também não sabia o que fazer. Finnick ainda morava com os pais. Cato idem. Jim era o único que vivia sozinho e poderia abrigá-lo, mas agora ele estava longe demais para ajudá-lo.

Sentou-se na cama, fitando as paredes do quarto que estavam repletas de fotos e posters de bandas e filmes. Ele teria que tirar tudo aquilo dali. Nem sabia se seu pai deixaria ele levar seus móveis embora, mas duvidava que ele fosse deixar. Seria muito se ele o deixasse levar suas roupas.

Tentou se acalmar. Ele tinha até segunda-feira. Tinha mais três dias pra conseguir um lugar pra ficar. Ele poderia falar com Cinna. Talvez ele lhe arrumasse um apartamento ou uma casa, qualquer coisa iria servir. Mesmo que fosse apenas um quarto.


Katniss Everdeen

Ela estava tão nervosa que suas mãos suavam. Seu corpo inteiro suava e ela tinha medo de acabar se enrolando com sua coreografia e cair no chão. Ou pior: Errar a coreografia.

Aquele era o dia. O DIA. Ela precisava ser perfeita. Ela não podia errar um único movimento das mãos. Se conseguisse ser perfeita, o papel principal seria seu.

Todos os anos a universidade realizava um espetáculo de dança. Os estudantes de balé tinha seu show, e os de dança moderna o seu. As apresentações eram no mesmo dia, em horários diferentes, e todos tinham a sua oportunidade de brilhar sob os holofotes. O grupo de balé faria o Lago dos Cisnes. Tradicional. O que já era de se esperar deles. O de dança moderna faria uma releitura de Romeu e Julieta. Eles convidariam os alunos das turmas de música pra que pudessem tocar e cantar, e eles seriam os atores, que dançariam ao invés de recitar falas.

Katniss queria ser Julieta.

Sentia que aquela era a sua chance de fazer algo realmente bom. Podia imaginar o quão orgulhosa sua mãe ficaria quando soubesse que ela havia conseguido o papel. Podia pedir pra que Rue filmasse a apresentação e mandaria pra mãe por e-mail. Ela ia adorar. Era por sua causa que Katniss adorava Romeu e Julieta.

E além disso tudo ainda tinha Prim. Sua irmã perdida. Ainda não havia contado a sua mãe sobre a menina. Mas talvez ela até soubesse de sua existência. Só não sabia que Katniss e ela estavam se falando todos os dias. A garota era um doce. Era engraçada, inteligente, e dizia que queria ser enfermeira. Completamente diferente de Katniss.

— Katniss Everdeen! — A morena ouviu seu nome ser chamado pelo diretor do espetáculo e caminhou rapidamente até o meio do palco. O lugar estava praticamente vazio, tirando o diretor e outras duas pessoas que se sentavam ao seu lado na platéia. Isso só piorou seu nervosismo.

Rezava mentalmente, pedindo pra que Deus ou qualquer outra pessoa mandasse embora toda a tensão que pairava sobre ela. "Eu preciso ser perfeita", pensava, enquanto cruzava os dedos e se preparava pra iniciar sua dança.

***

— Os resultados vão sair na sexta-feira da próxima semana — Katniss informou a mãe. As duas estavam ao telefone. Já era a segunda ligação que Katniss fazia naquele dia. E as duas haviam sido para a mãe. — Eu espero conseguir ficar com Julieta.

Tinha esperanças de conseguir. Sua performance havia sido perfeita. E uma das meninas que estava assistindo até mesmo chegou a bater palmas, mas foi interrompida pelo olhar mal humorado que recebeu do diretor. Ele agradeceu a morena por sua apresentação e a dispensou. Simples assim. No final todos os candidatos foram avisados que o resultado saíria em uma semana. Ela mal podia conter sua ansiedade.

A próxima pessoa com quem falou foi Prim. A menina parecia estar sempre online, e a morena enviou-lhe uma mensagem contando como havia sido sua audição. A irmã mais nova sempre pedia todos os mínimos detalhes sobre a vida de Kat, e era até mesmo a favor de um relacionamento real entre a irmã e Peeta. "Ele fofo demais", ela dizia sempre que Katniss lhe contava algo sobre ele. "Não sei como você conseguia aturar aquele Gale". Aparentemente ninguém gostava do Gale.

Katniss se perguntava quando ela e a irmã iriam se conhecer pessoalmente. A menina morava em outro estado, praticamente do outro lado do país, e ela não podia pagar por passagens de avião nem mesmo pra ver sua mãe, quanto mais sua irmã perdida. E Prim era nova demais pra sair de casa. Provavelmente teria que viajar com os pais, e Katniss não sabia se queria encontrar seu pai depois de tudo o que havia acontecido entre eles. Mas a vontade de conhecer sua irmã era real e conseguia até mesmo fazê-la suportar a ideia de ver o pai se fosse necessário pra que pudesse conhecer Prim.

Elas já tinham conversado sobre aquilo algumas vezes. E faziam milhares de planos sobre o que fariam juntas. Prim queria conhecer o lugar onde Katniss estudava. Queria conhecer Rue, queria ver a irmã dançar, mas acima de tudo, a pequena estava louca pra conhecer Peeta.

— Quando eu ficar mais velha, posso namorar com ele, se você não quiser. — Era o que ela dizia.

Os amigos da faculdade dariam uma festa no sábado. Era uma festa temática, anos 80, e todos deveriam ir vestidos a caráter. Prim lhe sugeriu convidar Peeta. "Será uma ótima oportunidade pra vocês aparecerem juntos em público". E por isso naquela noite de sexta, Katniss pegou o celular enquanto se jogava na cama e discou o número de Peeta.

O rapaz atendeu logo no terceiro toque. Ela podia ouvir o sorriso em sua voz enquanto ele a saudava.

— É bom falar com você também — ela respondeu ao ouvi-lo dizer que era muito bom falar com ela. E realmente era. Peeta era um cara legal e simpático. Era muito fácil conversar com ele e estar ao seu lado.

— Você não vai acreditar no que aconteceu hoje. — Os dois falaram ao mesmo tempo e riram juntos enquanto Peeta lhe dizia pra falar primeiro. — Bem, eu fiz aquela audição... Não sei se vou conseguir o papel da Julieta, mas pelo menos eu tentei.

— Eu aposto que você vai conseguir. Eu nunca te vi dançar, mas tenho certeza que você é muito boa.

— Você pode vir assistir ao espetáculo... Se me derem um papel.

— Não seja tão pessimista, Katniss. Eu tenho certeza que vão te dar o papel de Julieta. E bem... Se você não conseguir, eu te levo pra dançar em algum lugar chique. — Ele deu uma risada e isso conseguiu contagiar a morena, que finalmente relaxou na cama.

— Então... Vai rolar uma festa amanhã da galera da faculdade. Seria muito legal se você fosse. Quer dizer, se a gente fosse junto.

Silêncio. Katniss apreensiva enquanto aguardava uma resposta. Ele aceitaria? Ele não aceitaria? No final das contas ele era seu namorado falso, então ela meio que esperava que ele fosse topar sair com ela nessas ocasiões. Mas também sabia que não podia cobrar nada dele. Peeta tinha seus próprios problemas, suas obrigações e compromissos. E ele andava tão ocupado com a banda. Não era justo da parte dela cobrar qualquer coisa dele. Muito menos ficar no seu pé pra que saíssem juntos como um casal de namorados. Ele já tinha feito muito por ela só por defendê-la de Gale.

— Eu adoraria ir, Katniss — ele respondeu por fim, fazendo-a sorrir. — Me diga quando e onde, e eu estarei lá.

— Eu vou te mandar uma mensagem com o endereço. E... Ah! A festa é temática. Anos 80. Capriche no visual.

Antes de dormir ela enviou uma mensagem a Peeta com o endereço da festa. Estava animada apesar de todos os motivos que tinha pra não estar. A festa, sua audição, a irmã e até mesmo Peeta. Esses eram motivos suficientes pra que ela tivesse um sorriso no rosto antes de pegar no sono.

***

Katniss se inspirou em um dos visuais que Madonna adotara nos anos 80. Sentiu-se muito bem com sua escolha de roupa, mas só foi ter certeza de que o visual lhe caía bem quando Rue apareceu em seu quarto e assoviou enquanto batia palmas ao vê-la. Ela sempre exagerava na hora de demonstrar sua aprovação.

— Uau, Kat! Você está mesmo uma gata. Gata de um jeito estranho dos anos 80, mas ainda assim está linda. — E deu uma risadinha enquanto entrava no quarto da amiga. — Se eu não te conhecesse bem poderia jurar que você está tentando impressionar alguém.

Katniss apenas rolou os olhos. Ela e Rue de fato se conheciam muito bem, e isso às vezes era um problema para Katniss, já que ela nunca conseguia esconder nada da amiga. Rue sempre sabia quando ela estava lhe contando a verdade ou mentindo.

— Eu até quero...

— AI. MEU. DEUS! — Rue gritou, interrompendo a amiga. — Não me diga que você finalmente resolveu dar uma chance real ao Peeta?!

— Pelo amor de Deus, Rue. Não. Não é nada disso. — A amiga parecia tão animada com aquela ideia que Katniss até se sentiu um pouco mal em quebrar suas esperanças. — Mas eu quero estar bonita ao lado dele. Os amigos de Gale estarão na festa. Talvez até ele resolva aparecer por lá. Quero que vejam e saibam que estou muito bem.

A amiga lhe deu um tapa estalado e dolorido no braço, fazendo-a gemer de dor.

— Você ficou maluca, Katniss? Pensei que esse rolo todo de você e o Peeta fingirem que estão juntos era justamente para afastar o Gale. E agora você me diz uma coisa dessa? Ainda mais depois do último encontro que vocês dois tiveram. Eu pensei que você fosse mais sensata.

Rue se sentia uma completa idiota por nunca ter percebido o verdadeiro caráter de Gale. Em sua mente ela tinha absoluta certeza de que Gale só havia usado Katniss. Mas ela nunca havia dito aquilo em voz alta. Nos meses que se sucederam ao término do namoro, Kat ficou sensível demais e chorava só de ouvir o nome do ex-namorado. Rue nunca teve a oportunidade de expressar sua verdadeira opinião sobre o rapaz. Mas nada a impedia de fazê-lo agora.

— Peeta é um cara incrível. É sério! Não adianta revirar esses olhos pra mim. — Katniss sempre revirava os olhos quando Rue tentava lhe dizer algo sério. — Me diga, que cara toparia fingir ser namorado de uma garota que ele mal conhece? E ainda mais enfrentar Gale do jeito que ele fez? Katniss, vocês nem se conhecem e ele já fez tudo isso por você. Será que você não consegue ver as boas oportunidades que a vida está te dando? Esquece o Gale. Tira ele da tua cabeça e da tua vida. Segue em frente. E sinceramente, quem melhor do que o Peeta pra te ajudar com isso?

A negra se levantou e apertou o ombro da Katniss, dando-lhe um sorriso pequeno.

— Pense no que eu te disse. — E saiu do quarto, deixando Katniss sozinha e frustrada.

Peeta era apenas um bom amigo, não era? Quer dizer, eles estavam se tornando amigos conforme o tempo passava. Eles se falavam todos os dias, mesmo que os encontros cara-a-cara estivessem sendo raros por causa das agendas cheias que ambos possuíam. E okay, tudo bem, ela admitia que o garoto era lindo com aqueles seus cabelos claros e sorriso encantador, mas era só isso. Ele era apenas um amigo bonito que ela tinha. Nada além disso.

Uma amiga da faculdade apareceu logo em seguida. Era ela quem daria carona a Katniss naquela noite. As duas se enfiaram no carro minúsculo da garota e correram até o local onde a festa aconteceria. Katniss olhou o celular quando uma nova mensagem chegou. Era Peeta informando que estava saindo do ensaio da banda e que logo chegaria na festa. Seu estomago se agitou ao ler a mensagem. Maldita Rue com suas opiniões que confundiam a cabeça de Katniss.

Assim que botou os pés dentro da casa onde a festa estava acontecendo, Katniss ouviu as batidas de Billie Jean. Aquilo só podia ser um bom sinal. Sua mãe era completamente apaixonada por essa música e as duas ouviam sempre no carro. Então Kat era apaixonada por essa música por tabela. Conhecia a letra de trás pra frente.

Ela e a amiga se separaram assim que entraram. A menina estava de olho em um rapaz que estava bem próximo a porta, e ela correu até ele, dedicando-lhe toda a sua atenção. Ao ver isso, Katniss só conseguia se perguntar se essa dessa forma que se comportava quando estavam com Gale. Aquilo era patético. Podia apostar que ela também se parecia patética.

Agitou a cabeça, expulsando aqueles pensamentos. Seguiria o conselho de Rue, pelo menos por aquela noite, e não pensaria em Gale e nem ficaria remoendo o passado de seu relacionamento com ele. Aquela era uma festa, afinal. Ela deveria curtir aquilo. Se divertir e beber com os amigos.

Ela se aproximou de uma mesa onde uma tigela cheia de ponche vermelho estava. Encheu um copo e começou a caminhar pelos cômodos, às vezes pedindo licença as pessoas pra que pudesse passar. Em cada cômodo parecia tocar uma música diferente, mas o som de Billie Jean ainda era o mais alto.

A casa tinha três andares. Ela já estivera ali antes, numa reunião com o pessoal do grupo de teatro. Sabia que o terceiro andar era um porão imenso com uma cama de casal antiga. Os donos da casa mantinham o porão e a cama limpos justamente pra esse tipo de ocasião: As festas. Sabia que seus pais não gostariam nem um pouco se achassem camisinhas usadas ou copos de cerveja em seu quarto.

A cozinha estava completamente abarrotada de pessoas que bebiam, fumavam e davam risadas. Ela podia contar nos dedos quantas pessoas ali não estavam bêbadas, pois eram as que não achavam graça de nada enquanto seus amigos morriam de rir.
De repente a melodia animada de Girls Just Wanna Have Fun encheu a casa. Ouviu gritos animados e de aprovação por toda a casa, principalmente pela cozinha, e uma menina ruiva passou dançando por ela e lhe estendeu um copo cheinho de cerveja. Ela sorriu em agradecimento, mas a menina já estava longe demais pra ver o gesto. Katniss mandou a cerveja gelada goela abaixo, agarrando outro copo cheio logo em seguida. Se queria parar de pensar em Gale, era melhor começar a beber pra que pudesse fazer isso com mais facilidade.

Viu a menina que havia lhe dado carona chegar na cozinha acompanhada do rapaz que gostava e mais outra menina que se pendurava nos braços dele. O garoto não dava atenção nenhuma à sua amiga, mas era todo sorrisos a outra que estava em seu braço. Será que a amiga não percebia como estava sendo boba por ficar seguindo-o por toda parte? Katniss pensou em dizer-lhe alguma coisa, mas os três saíram da cozinha com a mesma rapidez em que apareceram.

— Meu Deus, Katniss! — Ela ouviu aquela voz que a fez sorrir imediatamente.

O loiro a puxou pelos ombros no mesmo instante em que ela se virava para trás pra que pudesse vê-lo. Ela se atrapalhou com seus movimentos e acabou tropeçando pra cima dele. Os dois riram e ela foi logo se ajeitando, encostando-se na bancada cheia de copos vazios e cheios pela metade de cerveja.

— Madonna, ein? — Ele comentou, erguendo uma sobrancelha e dando um sorriso com o canto dos lábios que Katniss achou lindo. — Você ficou muito bem.

— Obrigada, Peeta. — Ela sorriu, sem graça. — Muito obrigada por vir. Mesmo. Seria um saco ficar aqui sozinha.

— Você não conhece ninguém que está aqui? — Sua surpresa ficou visível em sua voz.

— Conheço, mas... — Ela deu de ombros, como se isso explicasse tudo.

— Tudo bem. Eu fico feliz de ter vindo.

Um momento de silêncio se instalou entre os dois, mas foi interrompido por Katniss assim que ela ouviu a melodia de I Wanna Dance With Somebody.

— Eu amo essa música! — gritou, e agarrou o braço de Peeta, arrastando o loiro pra fora da cozinha.

Os dois foram parar na sala, onde um grupo enorme de pessoas já dançavam, animadíssimas ao som de Whitney. Quando se olhava ao redor, só se via pessoas vestidas como nos anos 80, e Katniss sentiu-se tão feliz por esse momento em particular. Uma música que amava estava tocando, as pessoas pareciam felizes e animadas, e as roupas eram incríveis. Ela não poderia esperar que a noite melhorasse.

Ela e Peeta dançaram juntos. Ou ao menos tentavam. Peeta não estava muito solto, provavelmente por não ter bebido nada até aquele instante. Mas Katniss resolveu o problema assim que uma menina baixinha passou com uma bandeja cheia de doses de tequila. Katniss pegou seis. Ela tomou três ao mesmo tempo em que Peeta tomava as suas três. Os dois gargalharam juntos e ela segurou suas mãos enquanto dançavam.

As bebidas não pararam por ali. Os dois foram embalados por Sweet Dreams enquanto deixavam a sala e voltavam até a cozinha, onde encheram seus copos com uma mistura colorida de bebidas que fizeram questão de tomar de uma só vez.

— Eu não quero nem imaginar a ressaca que terei amanhã — Peeta quase precisou gritar pra que pudesse se fazer ouvir sobre todo o som da música.

Katniss só riu. Eles com toda certeza teriam uma ressaca no dia seguinte. Mas naquele momento ela não conseguia se preocupar com isso.

Voltaram pra sala. Eles acharam um lugar vago no sofá e se espremeram ali. Estavam tão juntos que se Katniss levantasse um pouco a perna acabaria sentada no colo de Peeta. Nenhum dos dois reclamou da proximidade ou fez qualquer movimento pra se afastar.

— Obrigado por me convidar — Peeta agradeceu, quebrando o silêncio. — Você não faz ideia de como eu estava precisando fazer algo que não envolvesse a banda.

— Eu que agradeço por ter vindo.

Os dois sorriram. E Katniss ficou reparando bem no sorriso dele. E na forma como seus lábios se esticavam e exibiam um pouco dos dentes dele. Todo seu rosto se iluminava quando ele sorria.

— Você é muito bonito, sabia? — Never Gonna Give You Up tinha acabado de começar a tocar, e ela sorria pra ele.

— Obrigado? — Ele arqueou as sobrancelhas, mas riu da cara dela. — Acho que alguém está ficando bêbada.

— Vamos dançar.

E eles foram. Porque Peeta não conseguia negar nenhum pedido que ela lhe fizessem. Se colocaram entre as outras pessoas que dançavam e Katniss rodopiava ao redor dele, e Peeta às vezes só conseguia ter rápidos vislumbres do cabelo castanho de Katniss sob as luzes multicoloridas que iluminavam a sala.
E eles dançaram.
E beberam.
E dançaram.

E Katniss sentia-se tão feliz. Estava tonta e um pouco zonza e seus lábios pareciam inchados, mas ela sabia que aquilo sempre lhe acontecia quando bebia demais. Só não sabia se sua tontura era provocada por seu estado de felicidade ou pelo nível de álcool em seu corpo.

Peeta gritou quando ouviu uma música do Journey que ele amava, e ele e Katniss cantaram a música junto a todas as outras pessoas da sala que pareciam conhecer a letra tão bem quanto ele. Ele até mesmo tocava uma bateria imaginária junto com a música, o que Kat achou muito engraçado.

O loiro foi obrigado a imitar Katniss numa coreografia muito ridícula quando Dancing In The Dark começou a tocar. E o mesmo aconteceu com Like a Prayer e tantas outras músicas dançantes que Katniss parecia ter uma coreografia.

Estavam cansados, bêbados e suados quando ela o viu. Ele. O desgraçado que ela tinha se esforçado pra esquecer durante toda a noite.

Gale estava parado junto ao portal que separava a sala da sala de jantar. Ele tinha uma garrada de cerveja na mão e usava suas roupas normais. Nem ao menos tinha se dado o trabalho de escolher algo que se parecesse com vestimentas dos anos 80. E ele estava olhando diretamente pra ela. Vendo-a dançar com Peeta. E quando percebeu que ela tinha visto que ele estava ali, Gale apenas sorriu e acenou, erguendo sua cerveja. Ele não se aproximou e nem fez qualquer movimento indicando que saíria dali.

Segundos depois uma menina apareceu ao seu lado, tocou seu braço enquanto dizia algo em seu ouvido e os dois desapareceram.

O coração de Katniss batia com força sob o peito. Ela podia senti-lo. Ela quase podia ouvir os batimentos ensurdecendo-a.

Peeta não percebeu nada, e virou-se pra ela com mais duas doses de tequila, que ela fez questão de agarrar e beber. As duas.

— Ei, ei. Calma. Uma era pra mim. Mas tudo bem. — Ele sorriu e descartou os copos de plástico.

Katniss se sentia péssima. Bêbada e confusa. E então I've Had The Time Of My Life começou a tocar e Peeta deu uma gargalhada, segurando as mãos de Katniss e puxando-a pra dançar.

— Minha mãe me obrigou a assistir esse filme tantas vezes que eu sei a coreografia inteira dessa música.

Kat arqueou as sobrancelhas, mas acabou sorrindo.

— Eu duvido.

— Vou te mostrar então.

E os dois começaram a dançar. É claro que ela sabia aquela coreografia de trás pra frente. Já havia dançando-a tantas vezes que seria impossível errar um passo sequer. E Peeta, por incrível que pareça, também sabia todos os passos.
E não demorou muito pra que todos na sala abrissem espaço pros dois, deixando-os dançarem bem à vontade. As pessoas gritavam e batiam palmas enquanto eles dançavam, e ambos sorriam tanto que Katniss sentia suas bochechas doerem.

Ela já nem se lembrava mais de Gale.

Peeta ficava lindo dançando e cantando junto com a música. E as palavras de Rue ecoaram na cabeça de Kat junto com a música e a voz de Peeta que continuava cantando.

"Peeta é um cara incrível", dizia a voz de Rue em sua mente.

Peeta é um cara incrível.

E Peeta a puxava pra perto enquanto executavam a coreografia, e sorria pra ela.

Peeta é um cara incrível.

E o loiro sorria pra ela o tempo inteiro, e quando se aproximavam muito, ela podia sentir seu perfume. E era bom.

Peeta é um cara incrível.

"Now I've had the time of my life..."

Peeta é um cara incrível.

E era a hora que Katniss tinha que correr pra Peeta, pra que ele pudesse erguê-la. Ele estava esperando por isso, e continuava sorrindo pra ela.

Peeta é um cara incrível.

Ela correu pra ele, mas ao invés de pular pra cima dele, ela se jogou em seus braços e deu-lhe um beijo nos lábios.

"I've had the time of my life

No I never felt this way before

Yes I swear it's the truth

And I owe it all to you"

Peeta é um cara incrível.


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Notas finais do capítulo

E AI, GOSTARAM??????? essa é a roupa que eu imagino a Katniss vestindo http://i.ebayimg.com/00/s/ODAwWDYwMA==/z/o7AAAOSwibFUYPZt/$_57.JPG
mas ela tava mais bonita que a mulher da foto, bleh



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