Salvador - Brasil
Era quase seis horas da manhã, e Arthur já estava varrendo a varanda que dava para o quintal. Mas seu pensamento não estava em recolher as folhas secas que caíam da velha árvore. Ele pensava em Rick.

Já fazia 3 semanas que seu filho havia ido para o Acampamento, e, até agora, ele não havia dado sinal de vida.

Só de pensar que ele foi para um outro país, Arthur se arrepiava. E o que era pior: ele estava sabendo de seu sangue, e levando consigo nada mais que um sátiro, um carro, roupas e seu arco. "Completamente imune a ataque de monstros" - Arthur ironizou para si mesmo.

E porque ele não mandava notícias? A viagem havia sido tranquila? E como era esse Acampamento? Ele estava se enturmando?

Estava muito focado, quando ouviu uma voz dentro da casa.

–- Rick? Rick!

A voz era inconfundível, e Arthur largou a vassoura no mesmo instante. Afinal, Thaemi havia acabado de chegar.

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Thaemi pegou as chaves dentro da bolsa e abriu a porta da frente. Largou sua bolsa em cima do sofá e entrou correndo pela casa, vasculhando cada canto.

–- Rick? Rick! - ela chamava.

Ela foi até o quarto de Rick, e acendeu a lâmpada. Chamou mais uma vez, mas o quarto estava vazio.

Ela ouviu passos, e se virou. Era Arthur, e ela não conteve um suspiro de decepção.

–- Thaemi! - Ele disse, com um largo sorriso no rosto - Quando você chegou?

–- Onde está o Rick? - ela interrompeu - Ele não está aqui! Onde ele está?

–- Thaemi... - Arthur hesitou antes de continuar - ele está no Acampamento.

–- O quê!? Você contou!?

–- Sim... Pelo menos, em parte. Ele sabe que é um semideus, só não sabe de quem é filho.

–- Por que você não me esperou, Arthur? Você me prometeu que íamos contar juntos!

–- Eu não pude esperar! - Ele rebateu, tenso - O sátiro precisava leva-lo, e eu não sabia quando você viria.

Thaemi pegou a sua bolsa e foi em direção à porta da frente.

–- Onde você vai? - Arthur perguntou a seguindo.

–- Eu preciso contar pra ele. Eu vou encontrá-lo no Acampamento.

–- Eu vou com você. - Arthur disse, e Thaemi negou com a cabeça.

–- Não. Você não pode. Só os meio- sangues podem entrar no Acampamento.

Arthur suspirou.

–- E como você pretende entrar?

Thaemi se virou e olhou fixamente para ele, com a sua melhor cara de "Fala sério". Arthur levantou as mãos.

–- Desculpa. Eu esqueci. Mesmo depois de tantos anos, eu ainda não consigo acreditar.

Thaemi não respondeu. Saiu da casa, enquanto Arthur a seguia com o olhar, encostado na porta e de braços cruzados.

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Acampamento Meio-Sangue
O sol acabava de nascer no Acampamento Meio-Sangue. A maioria dos semideuses saíram de seus chalés para ir em direção ao Pavilhão.

Rick continuou deitado. As meninas se levantando e conversando o acordaram, mas ele não se deu ao trabalho de levantar logo.

Dormira bem pouco. Estava muito cansado, mas aquele sonho o desestabilizou. E não foi um sonho normal, já que ele ainda conseguia se lembrar de cada detalhe.

Ele ficou deitado até a trombeta matinal tocar. Lavou o rosto e desceu para o café da manhã.

Ele tomou o café lentamente. Quando terminou, se dirigiu ao lago e se sentou na grama.

Estava com a mente longe, até que viu alguém se sentar ao seu lado. "Grover" ele pensou, ao ver as pernas de bode.

–- Hey Rick! - Grover disse, dando um soquinho em seu braço, e Rick retribuiu - Tá tudo bem?

–- Sim.

–- Você parece cansado.

–- É que eu não dormi direito essa noite. - Rick respondeu, jogando uma pedrinha no lago.

–- Ah. E quanto ao carro? Eu ouvi dizer que roubaram ele...

–- Não. O que roubaram foi a chave. Mas eu encontrei.

–- Que bom. - Grover concluiu - E seu arco?

–- Está no mesmo lugar.

–- Você ainda pode levar pro Arsenal...

–- Relaxe, Grover! Ele está seguro.

–- Se você diz.

Os dois riram e logo ficaram em silêncio. Mas não durou muito, porque avistaram que começou um alvoroço ao redor do Pinheiro. Vários campistas corriam até lá, e muitos com cara de surpresa.

–- O que está acontecendo? - Grover disse, se levantando.

–- Vamos lá ver! - Rick respondeu, também se levantando. E os dois saíram correndo até o local.

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Uma confusão geral se formara em volta do Pinheiro. Todos, do alto da colina, olhavam para baixo, vendo quem estava subindo.

Rick e Grover entraram no meio do mar de gente, e se espremeram até conseguirem chegar na frente. Rick procurou algum conhecido e viu Clarisse. Foi até ela.

–- O que está acontecendo? - Rick perguntou pra ela.

–- Hey, novato. Parece que as Caçadoras vão passar mais uma temporada aqui.

–- Não é possível! - Grover, do seu outro lado, gritou.

Rick olhou pra baixo e viu uma loira, que subia na frente, guiando um grupo com cerca de 20 jovens, todas com aljavas nas costas.

Todos reconheciam as jovens, mas quem Rick reconheceu foi a loira.

–- Ártemis! - Gritou uma menina, de cabelos curtos e pretos e olhos surpreendentemente azuis.

–- Ártemis? Aquela garota disse Ártemis? - Rick repetiu para Grover, e ele assentiu.

–- Sim, Thalia tem razão. Aquela é Ártemis, e suas caçadoras. - Grover explicou - Mas o que vieram fazer aqui?

Rick olhava aquela cena totalmente confuso. Ele conhecia aquela moça loira, mas não com o nome pelo qual a tal Thalia a chamara. Para ele, aquela mulher se chamava Thaemi, e era sua tia.

Ele deu alguns passos pra trás, e se misturou entre os outros semideuses.

A suposta Ártemis chegou ao topo, junto com suas caçadoras, e passou os olhos na multidão, a procura de algo. Ou alguém...

–- Porque a senhora nos trouxe aqui? Eu pensei que iríamos a Caçada! - Uma das caçadoras perguntou.

Ártemis apenas negou com a cabeça.

–- Não, Zöe. Eu que vou a Caçada. Você e suas irmãs ficarão aqui no Acampamento.

–- Mas, minha senhora...

–- Zöe, por favor. Eu já decidi. - Ela falou com aquele tom doce e ao mesmo tempo repreensivo, que Rick tanto conhecia.

–- O que faz aqui, Ártemis? - Gritou Dionísio, que se aproximava empurrando alguns adolescentes para poder passar - E porquê está com essa forma?

–- Vim trazer as minhas Caçadoras, Dionísio. Eu preciso que elas fiquem aqui por algum tempo.

–- Bem, desde que elas não me causem mais problemas do que essas... belezas me causam diariamente... E nem machuquem um deles sem motivo algum... Não que me preocupe, mas você imagina o problema com o pai e tudo mais...

–- Eu estou segura de que elas não lhe darão trabalho, Dionísio.

–- Vamos só ver.

–- Não escute Dionísio, Ártemis - Desta vez foi Quíron que disse, também se aproximando - Pode ir despreocupada.

–- Obrigada Quíron. Mas antes de ir, preciso dar dois avisos. Não só as minhas caçadoras, mas a todos aqui.

Ela procurou novamente em volta, e desta vez encontrou Rick. Ela olhou pra ele e sorriu levemente. Rick se encolheu um pouco.

–- Primeiro - Ártemis continuou, ainda olhando para Rick - As Caçadoras que se juntarem a mim não são mais proibidas de se relacionarem com homens, desde que seja com o amor verdadeiro. Afrodite estará responsável por essa parte. Porém, caso isso aconteça, terão que abandonar a caçada.

–- Não querendo ser rude, minha senhora, mais porquê essa mudança?

Ártemis desviou o olhar dos olhos de Zöe.

–- Por que eu não posso cobrar de vocês algo que nem eu mesma consegui cumprir.

–- O que a senhora quer dizer com isso? - Zöe rebateu, fazendo a pergunta que todos ali queriam saber. Ela imaginava, mas simplesmente não podia acreditar.

–- Eu...me apaixonei. E mais que isso... Eu tenho um filho.

Nesse momento, as chamas da fogueira do Pavilhão subiram, e o fogo pôde ser visto do lugar onde estavam. Todos olharam em direção a Rick, que tinha um brilho perolado em volta de seu corpo, e uma meia-lua prateada circulando a sua cabeça.

–- Que foi? - Rick perguntou. Não entendia o porque de todos estarem olhando pra ele. Ele olhou então pra seus braços, e se assustou ao ver o brilho os rodeando.

–- Quando um semideus é reconhecido pelo seu pai, um dos símbolos dele aparece acima da cabeça. A lua é um símbolo de Ártemis. Isso quer dizer que você é filho dela - Grover disse, enquanto apontava para a deusa, que estava esperando a reação de Rick.

–- Aquela mulher não é deusa! Ela é a minha tia Thaemi.

–- E como você explica o fato dela ter passado da barreira mágica? - Clarisse perguntou.

–- Ela... - Ele começou, mas não conseguia uma explicação para aquilo. Simplesmente, não podia acreditar que uma das pessoas que ele mais confiava e amava mentiu esse tempo todo.

–- Eles estão certos Rick. Eu realmente sou a deusa Ártemis... E sua mãe.

–- Mas...

–- Em uma das minhas caçadas encontrei seu pai, e me apaixonei. Depois de um tempo você nasceu e...

Rick não ouviu mas nada. Deu as costas e correu em direção aos chalés. Estava decidido a voltar pra casa.

Ártemis rapidamente se transformou em uma raposa e passou correndo por entre os semideuses, indo em direção a Rick. Parou bem em frente a ele, e voltou a sua forma humana de Thaemi.

–- Rick, tenta me entender por favor!

–- Não! Tenta a senhora me entender! - Rick gritou, com os olhos cheios de lágrimas - Quando eu era menor, quantas vezes a senhora me viu chorar porque todos me envergonhavam por não ter mãe? E eu nem sabia explicar se ela tinha me abandonado ou estava morta, por que o pai não falava nada sobre ela comigo. E adivinha? Ela estava comigo o tempo todo, fingindo ser outra pessoa!

–- Eu não podia lhe contar Rick. - ela rebateu docemente - Você estaria em perigo se soubesse.

Ela pegou no braço dele, mas ele se soltou, rude.

–- Estamos quites então, porque eu simplesmente não consigo aceitar.

Rick saiu pisando forte. Ninguém teria coragem de se colocar a frente do seu caminho.

Ártemis ia mais uma vez atrás dele, mas ela não contava que Grover e Quíron estavam bem atrás dela. Quíron segurou em seu braço e a impediu de ir.

–- Deixe que nós falamos com ele, Ártemis - ele disse - Enquanto isso, explique essa historia para as caçadoras.

Ártemis concordou. Ela olhou para a direção em que Rick havia ido, mas ele já tinha saído de seu campo visual. Então, ela se virou e foi ao encontro do grupo de caçadoras.

Trailer da fanfic : https://www.youtube.com/watch?v=1Nchv5brgnA