A Maldição do Tigre - por Ren escrita por Lelis


Capítulo 4
Capítulo 3 - Livre


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Aí vai mais um capítulo.
Boa leitura.



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Nesses últimos dias eu me senti mais feliz do que nos últimos 300 anos.

Isso porque Kelsey vinha me ver todos os dias, sempre que tinha tempo. De manhã para cuidar de mim, e a tarde e noite para me fazer companhia. Todos os dias ela escrevia em seu diário, lia para mim ou apenas conversava comigo. E a cada dia eu me encantava mais com ela. Ela era tudo que eu sempre quis.

Estava esperando Kelsey, já estava na hora do meu café da manhã. Mas para minha surpresa e tristeza, quem veio foi Matt. Ele estava conversando com o pai (o Sr. Davis).

– ...então, ela foi embora. Disse que o trabalho aqui era muito pesado e pediu demissão - dizia Matt

– Que pena! Eu gostava do trabalho dela. - respondeu o Sr. Davis.

Eu fiquei angustiado. De quem eles estavam falando, quem foi embora? Não pode ter sido a Kelsey, ela não faria isso comigo.

Mas então, por que não foi ela que trouxe meu café da manhã?

Ela deve estar ocupada, só isso. Não iria embora sem se despedir de mim.

Ou iria?

Pare com isso, Ren! Você não sabe de quem eles estão falando, não adianta nada ficar assim angustiado.

Queria que o Sr. Davis e Matt continuassem conversando, para saber de quem eles falavam, mas eles começaram a fazer seus trabalhos e pararam de falar. Eu tinha que saber se era da minha Kelsey que eles estavam comentando.

O que vai ser de mim se ela foi embora?

CHEGA!!! Me repreendi.

Eu tenho que parar de pensar assim, fui treinado para manter a calma. Tenho que ficar calmo e pensar com clareza. Daqui a algumas horas ela vem me ver, a tarde, e vai ficar tudo bem.

Isso me acalmou. Um pouco. Agora eu só preciso esperar ela aparecer a tarde.

As horas não passavam, demorou uma eternidade para chegar o horário em que Kelsey vem me ver. Mas ela não veio.

Fiquei desanimado e a cada hora que passava, e Kelsey não aparecia, eu ficava mais angustiado. Ela não pode ter feito isso comigo.

Estava andando de um lado para o outro na jaula, quando vieram me buscar para a apresentação. Quando os dois funcionários se aproximaram eu rugi, tentando perguntar sobre Kelsey; eles se assustaram, mas me levaram ao palco.

Assim que desci da jaula, comecei a procurar Kelsey, andando em círculos e observando a platéia para saber se ela estava lá. Eu não estava achando-a. Andei de um lado para o outro, e nada de Kelsey. Então, finalmente, a encontrei.

Graças aos Deuses! Ela estava lá. Minha iadala não foi embora!

Meus olhos encontraram os dela e eu fiquei parado, sem conseguir desviar o olhar.

Ouvi o chicote do Sr. Davis várias vezes, mas eu não me importava. Só o que importa era que Kelsey estava ali. Matt a cutucou e ela olhou para ele, quebrando o nosso contato visual.

Depois de ver que ela estava lá e saber que não tinha ido embora, fiz a minha apresentação. Quando acabei, me levaram de volta ao galpão e meu domador veio me ver.

– Você esta estranho, Dhiren.

Ele me olhou, viu que eu não estava machucado e que já estava voltando ao normal.

– Acho que é só ansiedade, trate de se acalmar, Dhiren.

E saiu.

Fiquei esperando Kelsey. Ela estava demorando e comecei a ficar inquieto de novo.

E se ela realmente pediu demissão e só ficou para assistir o espetáculo pela última vez?

Estava andando pela minha jaula, quando a porta foi aberta e Kelsey entrou. Assim que a vi, me acalmei. Deitei e coloquei a cabeça nas patas, sempre a observando.

Ela se aproximou da minha jaula. Parecia preocupada. Então disse:

– Oi, Ren. O que está havendo com você hoje? Estou preocupada. Espero que não esteja ficando doente nem nada.

Ela esta preocupada comigo? Eu sei que ela gosta de mim, senão não viria todos os dias me ver, mas não sabia que se importava tanto comigo.

Kelsey foi se aproximando mais da minha jaula, até que estava encostada na grade. Ela estava tremendo, como se estivesse com medo, e para não assusta-la, fiquei imóvel, só a observando. Parecia que queria me tocar. Assim que pensei nisso, ela estendeu a mão devagar e com a ponta dos dedos tocou minha pata.

Suspirei. Não tem como descrever a sensação que senti quando Kelsey me tocou. Eu me senti alegre, eufórico, como se nada no mundo pudesse me fazer infeliz; toda a inquietação e angustia que senti hoje se desfizeram com esse simples toque, eu me senti completo.

Kelsey continuava a fazer carinho na minha pata, quando não aguentei mais, estiquei a cabeça e lambi sua mão. Ela retirou a mão da minha jaula.

– Ren! Você me assustou! Pensei que fosse arrancar meus dedos! - brigou comigo.

Como se eu fosse machucar você, iadala!

Se aproximando novamente, ela colocou a mão na jaula, mas dessa vez, antes que me tocasse, comecei a lamber sua mão, como se a estivesse beijando. Depois que me deixou lamber sua mão, ela a lavou e sentou no seu canto, dizendo:

– Obrigada por não me comer.

Eu bufei.

Já disse que não vou te machucar, rajkumari.

– O que gostaria de ler hoje? Que tal aquele poema de gato que lhe prometi? - perguntou - Muito bem, aqui vai.

( poema do gato)

Gostei do poema. Falava sobre a maldade dos homens com animais, sobre a liberdade dos gatos e como estes eram julgados por sua natureza.

Quando terminou o poema, Kelsey me olhou, parecia que estava com pena. Ela se aproximou para me acariciar de novo, e imediatamente comecei a beijar sua mão, quer dizer, lamber sua mão. Ela riu, e quando ficou séria, percebi que era hora de parar. Devagar, ela colocou a mão no meu rosto e começou a fazer carinho; quando coçou minha orelha, eu ronronei. Aquilo era tão bom! Sorrindo, ela me perguntou:

– Gosta disso, não é?

Cedo demais, ela retirou a mão, o que me deixou triste. Então Kelsey olhou nos meus olhos e disse, do nada:

– Queria que você fosse livre.

Quando disse aquilo, foi como se algo mudasse dentro de mim. Assim que Kelsey saiu do galpão, eu resolvi tentar uma coisa, algo que eu não tentava há muito tempo: me transformar em homem.

Eu consegui! Voltei a ser homem! Kelsey me libertou! Ela é a escolhida para quebrar minha maldição!

Estava dando pulos de alegria na jaula, quando percebi que tinha que avisar Kadam. Saí do galpão e fui para a rua; lá encontrei Matt. Inventei uma história de que tinha sido assaltado e precisava avisar meu patrão, então Matt ligou a cobrar para Kadam (que sempre me fazia decorar o seu número de telefone quando vinha me ver).

– Alô! - ouvi a voz de Kadam.

– Oi, Kadam. Tudo bem? - perguntei.

– Ren? É você mesmo? - perguntou Kadam, pelo seu tom de voz, estava chocado.

– Sou eu mesmo.

– Ren, como você conseguiu se transformar em homem? Aconteceu alguma coisa? Onde você está?

– Acho que encontrei a escolhida, Kadam. Ela se chama Kelsey, está trabalhando temporariamente no circo que estou. Consegui me transformar em homem depois que ela disse que queria que eu fosse livre, mas ainda não sei quanto tempo posso ficar nessa forma. Eu estou no Circo Maurizio, no Oregon.

– Estou indo para aí, Ren. Devo chegar em aproximadamente dois dias.

– Tudo bem. É bom ouvir sua voz de novo, Kadam.

– Digo o mesmo, Ren. Até mais.

E desligou.

Voltei correndo para minha jaula, antes que meu tempo como homem acabasse.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Comentem, por favor.
Beijos.



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