O Amor e o Destino escrita por Armamudi


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

O amor é realmente sublime, misterioso, mágico! Mas o mais importante, se amar e reconhecer o amor em si é fundamental para entender as reviravoltas e desmandos que o amor nos proporciona. Ele não pode ser domado, manipulado, e sim compartilhado. Como diz Utada Hikaru em sua música " First Love" :

"Você está sempre dentro do meu coração
E sempre existirá um lugar só seu
Eu espero que eu tenha um lugar em
Seu coração também
Agora e para sempre você ainda é o único
Agora ainda é uma canção triste
Até que eu cante uma nova canção"

Boa leitura a todos!



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Capítulo 4

E o ano começou e com ele as velhas rotinas (trabalho, faculdade, academia, casa), mas pelo menos com um aditivo: o calor veio de lascar!

Ouvindo Someday da Koda Kumi no celular enquanto ia para o trabalho, o ônibus como sempre apinhado de gente, quase perdi o ponto de parada. Corri para a porta do ônibus na tentativa do motorista não fechar a mesma e eu ter que descer no ponto da frente e ter que voltar quase dois quilômetros pra trás! Mas ainda bem que dera certo e consegui chegar no trabalho ainda faltando uns dez minutos pra começar o expediente. Na entrada do primeiro andar do call center, notei que havia um círculo com aproximadamente oito pessoas vestidas socialmente e entre ele pude ver um gerente de operações e o coordenador da área de treinamento de pessoal conversando. Como não quis pagar de curioso, peguei meu caminho e fui pro trabalho.

Já era março, e assim a faculdade começou bombando com novatos entrando para o curso, vindos de diversas cidades e estados do Brasil. Na academia uma surpresa: consegui aumentar alguns centímetros em alguns grupos musculares, o que compensou o grande esforço que eu estava fazendo há meses, tomando suplementos. Já o rapaz do livro que pegava o mesmo ônibus que o meu, desde o ano anterior que não mais o via no meu ônibus de volta pra casa. Alguns dias eu tentava sair mais cedo ou esperava passar uns dois ou três ônibus depois do meu, na esperança de vê-lo novamente. Mas nada dele aparecer.

Será que ele se mudara de bairro? Podia ser uma possibilidade, bem como dele também ter até se mudado para outra cidade!

Bom era melhor eu esquecer de tentar reencontrá-lo, pois afinal se passara quase um ano desde a última vez que o vira, e diga-se de passagem foi bem desinteressado pela parte dele. Melhor eu pensar em arrumar um outro cara pra ter algo de relacionamento. Sei lá, eu ia nas baladas GLS aqui da cidade em boates, festas privadas, barzinhos temáticos e era sempre as mesmas pessoas, com suas mesmas roupas de balada, com seus jeitos arrogantes (da grande parte deles). Conheci alguns caras legais nas baladas, mas eram superficiais demais, do tipo “maria vai com as outras”, fazendo o que todo mundo fazia sabe?

Na academia tinha vários caras bonitos, corpos sarados e tal, mas pelo menos os que malhavam comigo eram todos héteros, com namoradas ou pegando uma dúzia de mulheres! Fala sério, eu já estava pensando seriamente em repensar minha condição sexual e me alistar no grupo dos héteros pra ter alguém do lado viu.

Abril chegou e no trabalho tinham anunciado uma grande expansão da empresa, que estava terminando de equipar dois andares acima do que eu trabalhava pra abrigar mais de mil novos funcionários. As filas na área de RH da empresa dava voltas de pessoas sendo contratadas todos os dias, entrando com currículo nas mãos e saindo com uniformes, crachás, e carteira assinada. É, o call center estava a todo vapor em Uberlândia. Estava faltando menos de duas semanas pra acabar o mês, quando num dia me esbarrei com o Thiago nos corredores do trabalho, e ele já veio todo alvoroçado até a minha direção me intimando:

– O amigo, no sábado a noite vamos fazer uma sessão cinema lá em casa e é pra você ir de qualquer maneira ein! O João já me mandou te avisar que se você não for, ele vai na sua casa te sequestrar!

– Bom, com um pedido tão atencioso desses, como é que eu posso recusar? Demos gargalhadas da situação, e daí ele me deu um abraço e novamente confirmou o evento enquanto se afastava apressado.

Subi as escadas do corredor pra chegar na área de convivência onde grande parte dos funcionários iam pra descansar no horário de intervalo, e pra isso, tinha que subir um andar pra chegar nas catracas que davam acesso ao estacionamento. Coloquei meu fone de ouvido, e escutando uma melodia da Utada Hikaru, chamada Final Distance, comecei a subir as escadas pra chegar na saída do andar. Lá fora, o sol começava a descer por volta das 17:30 no céu, e os raios amarelados refletiam no pequeno lago artificial. Passei pela catraca e havia poucas pessoas sentadas naquele horário, pois a maioria tirava o intervalo mais cedo, o que era ótimo pra não ter ninguém pra atrapalhar o momento.

Quando passei pelas portas de vidro que davam acesso à parte externa eu não pude acreditar no que eu via: o rapaz do ônibus, sentado em um dos bancos, sozinho, com sua mochila nas costas, o livro da série nas mãos e usando o uniforme da empresa! Fiquei estático, olhando pra ele por uns vinte segundos sem desviar os olhos, na intenção de que aquela imagem era real, que ele estava ali, bem à minha frente. Caminhei meu desajeitado na direção dele, e quando me aproximei, ele distraidamente olhou pra mim, e num gesto de cordialidade sorriu e disse:

– Opa tudo bem? Seus olhos escuros por trás dos óculos, brilhavam por causa do reflexo do sol que batia num dos pilares brancos da enorme estrutura de ferro onde se encontravam os bancos pra descanso. A única coisa que saiu de minha boca foi uma frase que depois fiquei dias pensando nela.

– Você é o rapaz que pegava o ônibus comigo e lê a série do Game of Thrones! Meus olhos estavam rasos de lágrimas ao vê-lo. O som da sua voz era inesquecível para os meus ouvidos, e mesmo se estivesse passado vários anos, jamais esqueceria. Uma voz de garoto acanhado, introspectivo, desconfiado. A voz daquele que em minha mente e coração estava destinada pra ser do cara que eu iria amar pro resto da vida.


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