James Potter é feito de ações, ele acha. Ele tem toda essa forma de se analisar, dissertar sobre suas ações e se arrepender delas em algum ponto, enxergar algo mais nas entrelinhas. Mas a verdade é que ele age, é no momento. São as batidas do seu coração em sincronia com os movimentos de sua varinha. As veias em seu pulso seguem até o aperto em seus dedos. As ações de James Potter, bem, ele não se arrepende de todas elas, mesmo que deveria. É feito de suas ações, as boas e as más e as que lhe custaram tudo, mas as esquecer e as deixar de lado seria o deixar de lado, ignorar aquela parte dele. James tem muitos problemas por si só, ele não precisa de uma faceta para piorar as coisas. Ele é o que ele é, em nuances de cinza, sem a antiga percepção danosa de preto-e-branco.

Lily Evans é feita de escolhas, ela acha. Tem toda essa metáfora sobre caminhos e escolhas e as estradas que você leva na vida nela. As suas mãos tremem e a sua voz é falha, mas ela se sustenta responsável. Todos os seus erros e acertos se encontram próximos, e nem por um minuto ela se esquece deles. O caminho dela é traçado por todas as vezes que ela se depara com uma escolha. É Severus e é James, é Sirius e é Peter e é toda a vida dela estendida sobre uma pergaminho, Lily Evans acha. Ela fez escolhas boas e ela fez terríveis, mas as esquecer seria esquecer dela, rejeitar sua humanidade. Lily tem muitos problemas por si só, ela não precisa de uma faceta para piorar as coisas. Ela é o que ela é, os tons sombrios expostos e a luz em si aproveitada, sem a antiga percepção danosa de preto-e-branco.

Eles são feitos de suas escolhas e de suas ações e dos caminhos que levaram por sua vida. Pelo momento e pela mente feita. Eles são feitos de materiais diferentes em estações diferentes, o coração se parece idêntico mas um olhar atento constata que eles não tem nada em comum. E talvez seja por isso que deu certo.

Até que não deu. Foi uma escolha de James e uma ação de Lily e eles pareceram tão perfeitos e tão jovens e o sangue era metálico e os suspiros eram cheios, mas não deu certo e é assim que eles se lembram.

Ele não tinha que lutar aquela guerra. Não precisava, estava seguro e estava perfeito e James, honestamente, não devia nada. Ele era puro-sangue.

Ela não tinha que ficar naquela guerra. Não precisava, poderia ficar segura e se banir da comunidade bruxa e Lily, honestamente, não devia nada. Ela era nascida-trouxa.

Mas eles lutaram e eles se amaram e deu muito certo — Deus, deu tão certo. Até que não deu, com uma escolha (baseada em lealdade cega) e uma ação (baseada em amor incondicional).