A Garota da Porta escrita por EdDuh


Capítulo 2
Depois do Livro


Notas iniciais do capítulo

Bem... Aos que aguardavam a continuação da história. Está aí.
Espero realmente que gostem.

Aproveitem a leitura.



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― E foi assim que eu cheguei aqui... – disse a anciã.

― Assim como? Desculpa, me perdi na parte em que você falava sobre um urso azul com bolinhas roxas.

― Que menina mais desatenta. – resmungou a anciã. ― Presta atenção que só vou contar mais uma vez. Tenho muito o que fazer aqui na oficina e essa poeira toda não vai ser varrida como se minha vassoura fizesse o trabalho todo.

Nesse momento, a jovem princesa guerreira olhou de relance para trás e pode ver ainda a vassoura movimentando-se, segundo antes de cair, imóvel, ao chão.

― Onde você parou de prestar atenção mesmo? – a anciã indagou, voltando, em seguida, a contar sua história.

***

O esperado fim de semana chegou e fui visitar minha tia, muito empolgada porque saberia mais sobre aquele livro. Será que enfim eu poderia encontrar Sully e Wazowski? Chegando lá, não demorei muito em conversa. Abri minha mochila, peguei o livro e joguei-o sobre minha tia:

― Me conte tudo o que você sabe sobre isso. Sem rodeios.

― Oi, Boo. É muito bom te ver também. Quanto tempo, hein mocinha?

― Tia... sem enrolação, preciso que você me conte como posso conseguir realizar um desejo com esse livro...

― Muito bem, Mary. Você já deve ter se dado conta de que este não é um livro comum, não é?

― Sim, sim... outro dia, enquanto eu pensava em viajar até Mons... Ah, você não ia acreditar, vamos pular essa parte.

― Acho que já sei porque você quer tanto assim descobrir como usar esse livro. Você acredita que ele poderia lhe levar para outro mundo. Não é?

― Então, você acredita em mim? - disse Boo, radiante por enfim encontrar alguém para quem pudesse contar o que se lembrava de sua visita à Monstrópolis.

― Sim, minha querida. Acredito em você. Aliás, eu também já estive em outro lugar. Mas, isso não é o foco aqui. Não é?

― Aaaaahhh. Agora fiquei curiosa... Pode contar. HUMPF. – Boo fez uma careta engraçada, como criança quando faz birra.

― Não acho que seja necessário. Vamos focar em lhe ajudar a reencontrar quem quer que você esteja procurando. Certo?

― Muito bem. Então vamos ao que interessa, tia...

Aquele final de semana foi muito empolgante. Boo e sua tia ficavam até altas horas conversando sobre o que havia escrito naquele livro. Ficavam experimentando poções diferentes, encantos básicos e a cada hora que passava Boo ficava mais interessada em encontrar seus amigos.

― Tia. Como é que posso reencontrar meus amigos? Já estou pronta? – o fim de semana foi bem produtivo, mas já era hora de voltar pra casa. Sozinha, Mary teria que descobrir os segredos mais ocultos daquele livro para então poder realizar seu desejo.

― Querida. Não tenha pressa. Tudo acontece a seu tempo. O momento do reencontro vai chegar.

― Ma... ma... mas eu queria encontrá-los logo, tia.

― Mary, a paciência é uma virtude muito importante em tudo que fazemos. Você não planta uma flor hoje e espere que ela floresça amanhã.

― Tudo bem. Acho que entendi. Muito obrigado tia. Irei estudar mais o livro, assim eu terei mais chances de sucesso.

A jovem então se despediu de sua tia, com o coração alegre em saber que em breve iria reencontrar os amigos e, desta vez, indo pelo lado de cá.

O resto do ano passou muito rápido. Mary se aplicou bastante no estudo do livro e outros conhecimentos necessários para realizar magias mais efetivas. Química, Física e até um pouco de Alquimia Antiga entraram em suas pesquisas na internet. Sua mãe já começava se preocupar, pois Boo saia cada vez menos com os amigos e parecia ligar menos ainda para a escola.

― Mary, querida. Está na hora de ir para a escola. É seu último ano. Não queira reprovar.

― Tudo bem, mãe. Já estou indo. – bem, não exatamente. Já que a garota passara a noite estudando uma magia nova e queria dominá-la antes de ir para a escola, pois teria uma surpresinha para uma certa garota que a importunava por ainda acreditar em monstros.

Quando ela percebeu, já estava atrasada para a primeira aula. Desceu correndo e deu uma mordida na panqueca que sua mãe fez, tomou um gole de achocolatado e partiu em disparada para a escola.

Chegando lá, esperou o intervalo para poder usar a magia que tinha aprendido. Era considerada uma magia simples, mas, para Boo era algo grandioso, por se tratar de magia recém-aprendida. Quando o sinal bateu, Boo sabia o que tinha que fazer e assim foi feito. Deu uma boa lição naquela patricinha mimada.

Quando todos saiam para o refeitório, Mary usou a magia recém-aprendida para assustar a garota. Pincéis vieram voando da sala e rodearam a menina, que ficou desesperada com a situação, acreditando serem fantasmas.

Mary, mais afastada do tumulto que se formou, ria sem parar. Em seguida, os pincéis começaram a rabiscar algo na parede em frente a garota. Eram desenhos de duas formas bem conhecidas de Boo, Mike e Sully. Em baixo dos desenhos os pincéis escreveram: NÓS SOMOS REAIS E VAMOS ATÉ VOCÊ. Nesse momento, a patricinha correu desesperada, enquanto os pincéis voltavam a rodeá-la e ela tentava de todo jeito se livrar deles. Ao se afastarem muito de Boo os pincéis caíram inertes. Ela teria que praticar mais se quisesse que a magia tivesse um alcance maior. Mas, para começo de conversa estava muito bom.

No resto do ano Mary pregou mais algumas peças dentro de sala. Nada muito extravagante, só pra praticar sua magia mesmo. E então, para comemorar o último dia de aula, Boo preparou uma magia surpreendente. Seria sua despedida daquele colégio.

Bateu o sinal, todos entraram em suas salas normalmente e Mary olhava em seu relógio a todo instante. A magia que ela havia preparado tinha sido colocada no sistema de ventilação da escola, uma substância que quando inalada, revelava “o monstro interior” de cada um. Boo estava ansiosíssima para ver uma Escola de Monstros.

Então, quando a substância estava espalhada por toda a escola, Boo completou a magia. A primeira vítima foi um garoto da sala dela. Suas orelhas começaram a ficar como as de um rato, seu focinho apareceu e ele sem entender porque todo mundo ria dele. Em seguida, outros monstros foram surgindo na sala o sorriso foi sendo substituído por medo e então o pânico se instalou na escola.

Os corredores estavam cheios de alunos monstros correndo e gritando, a escola começou a “se transformar” em uma porção de Monstrópolis. Dentre as formas que surgiram, Boo reconheceu Randall; um carangueijo gordo que ela não sabia o nome e vários outros monstros que ela tinha visto em sua visita ao outro lado da porta. O que aquilo tudo tinha a ver com Monstrópolis em si? Nem ela sabia explicar, porém, aquelas formas aparecerem após um feitiço de transformação poderia ser a resposta para o que ela tanto queria.

Todos se perguntavam porque Boo não tinha se transformado também... Ela sumiu antes que mais mons, digo, pessoas começassem a cerca-la com perguntas. Ela chegou em casa tranquilamente e sua mãe ficou sem entender, pois acabara de receber uma ligação dizendo que havia ocorrido um incidente na escola e alguns alunos estavam “diferentes” e que eles iriam procurar providências para resolver a situação, porém, Boo estava completamente normal. Sua mãe foi querer saber o porquê.

― Muito bem, mocinha. Acho bom começar a se explicar. Você tem agido muito estranho desde que foi visitar sua tia.

― Mãe, não há nada que se preocupar. Está tudo certo...

― Tudo certo não. Me ligaram da escola dizendo que um incidente havia acontecido e...

― Ah, o incidente. – Boo interrompeu sua mãe. ― Bem, se serve para lhe acalmar, fui eu quem causou o tal incidente.

― COMO ASSIM? Você não pode estar falando sério. Pare com essa brincadeira sem graça, Mary.

― Não é brincadeira, quer dizer, foi brincadeira. – Boo completou em gargalhadas. ― Foi só pra marcar o último dia de aula. Nada grave.

― Agora me explique o que você fez. Isso não está me cheirando bem.

― Exatamente, mãe. Foi pelo cheiro que tudo aconteceu, melhor dizendo, foi o aroma do feitiço que “libertou” o monstro de cada um.

― FEITIÇO? Você só pode estar brincando. Tenho certeza. Nós destr... – a mãe de Boo ficou pensativa por um tempo.

***

― Edna. Você não pode mais brincar com isso. Já causou muito estrago.

― Você não entende, Marta. Podemos conseguir tudo o que quisermos com esse livro. Pode ser a nossa salvação.

― Não, Edna. Não podemos fazer isso. Você sabe que é errado.

― Ela tem razão, Edna. Temos que parar com isso agora.

Edna era a irmã mais velha das três, em seguida vinha a tia de Boo, Marta; sua mãe, Leonor era a mais nova.

― Eu não vou parar, não me impeçam. – Edna começou a conjurar um feitiço diferente, nunca visto antes. O ambiente escureceu, um redemoinho se formou e os móveis começaram a rodopiar pela sala.

― Para agora, Edna. Por favor, não queremos lhe fazer nenhum mal. – Leonor, a mais nova, estava ficando com medo daquela situação. Ela sabia que poderia não terminar muito bem.

― Edna, é sua última chance. Pare agora ou iremos ter que pôr um fim nisto.

― Vocês não entendem? As possibilidades que esse feitiço abre? Irmãzinhas tolas. Não me detenham. – o redemoinho cessou, os móveis caíram o ambiente clareou novamente e tudo parecia normal. As duas mais novas se entreolharam e não viram nada diferente.

― Vocês estão bem, irmãzinhas? Sentiram medo?

― Edna, você não deveria ter feito isso. Não sem entender o feitiço por completo. Haviam palavras que você não conseguiu traduzir.

― Não importa. Pelo visto deu tudo certo. Estamos todas inteiras, não estamos?

Bem, se serve de consolo, podemos dizer que deu quase tudo certo. Uma palavra em especial servia como advertência para o uso daquele feitiço e os procedimentos para que ele pudesse ser facilmente revertido. Essa parte, Edna ignorou, pois pensou que fosse algo a ver com cancelar o feitiço. Porém, ela se enganou profundamente e seu engano custou muito caro.

― Então, acho que já acabamos. Fiquem aí, choramingando. Preciso conferir se o feitiço está completo.

Edna disse isso e foi em direção a porta e saiu do quarto. Suas irmãs foram em seguida, mas estranharam o fato de não verem nem rastro de Edna, que saíra segundos antes.

― O que está acontecendo aqui? EDNA? EEEEDNAAA? Vamos, não banque a engraçadinha. Apareça. – Marta parecia temerosa e sabia, no fundo, que algo tinha dado errado, mas não queria espantar Eleonor.

― Edna? Você está aí? Edna? Apareça. Isso não tem nenhum pingo de graça.

As duas se entreolharam novamente, deram um passo atrás, abriram e fecharam a porta... Nada aconteceu.

― Marta, não me diga que o feitiço deu errado...

― Na verdade, Eleonor, deu muito certo.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?

Volto em breve com mais.



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