Chansung ouve a campainha e corre para a porta com o gato nos braços.

– Ainda bem que vieram, entrem.

Os dois entram fechando a porta. Minjun mal tinha falado para Wooyoung desde a hora de almoço e o loiro já começava a ficar triste.

– Para que querias que viéssemos? – Pergunta Minjun sem grandes cerimonias, sentando-se no sofá e ligando a televisão.

Wooyoung fez cara feia para a atitude do namorado. Agarra no gato que Chansung tinha ao colo e vai para o quarto que anteriormente pertencia a Junho e agora era uma espécie de quarto de visitas.

– Estás mesmo chateado. – O mais novo ia sentar-se ao lado do convidado mas a campainha acaba por tocar fazendo-o recuar.

Ao abrir a porta dá de caras com a pessoa que menos esperava ver ali.

– Hn… Nichkhun não é? – Murmura.

– Fui arrastado. – Resmunga o rapaz.

Por trás dele aparece Taecyeon com um enorme sorriso na cara. Chansung cerra os olhos e fecha a porta violentamente deixando-os na rua.

– Quem era?

– Publicidade. – Mente voltando para junto do amigo.

Ia começar a falar mas novamente é interrompido. Desta vez a porta abre-se.

– É má educação deixares as pessoas na rua. – Resmunga Junho acabando de entrar com os outros dois.

– Que estás aqui a fazer?!

– Vi o Minjun e o Wooyoung passarem. – Sorri. – Onde está o Woo?

– No teu quarto. – Responde Chansung.

– Espera. Se não os conhecias como sabem onde vives? – Pergunta Minjun a olhar para Taecyeon que já tinha ido à cozinha buscar um copo de água.

– Eu salvei-o de arruinar a sua carreira com um vigarista. – Responde orgulhoso.

– E antes disso atropelou-me e fugiu. – Riposta ironicamente.

Minjun arregalou os olhos olhando para o amigo.

– Então é por isso que conseguiste voltar a tocar! – Exclama Minjun enquanto Junho lhe saltava para cima tentando tapar-lhe a boca em vão.

– Como assim? – Pergunta Taecyeon.

– Saiam. – Responde o mais novo secamente dirigindo-se para o quarto. -Jeonggamie! – Chama o gato antes de fechar a porta.

– Tens tanta sorte por estares vivo… - Diz Minjun a Taecyeon que continuava sem perceber o que se tinha passado.

– É melhor irem andando. Eu falo com ele. – Sugere Junho levando a mão aos cabelos.

– Falar do quê? – Questiona Nichkhun.

– Do irmão. – Responde Wooyoung que tinha voltado para a sala, porém ainda amuado.

– Não sabia que tinha irmãos.

– Já não tem Taec… - Diz Minjun a olhar para a porta onde Chansung estava. – Morreu há três anos atropelado. Foi atropelamento e fuga, se a pessoa não tivesse fugido ele ainda podia estar vivo.

Nichkhun e Taecyeon trocam olhares fixando em seguida a porta do quarto de Chansung.

– Depois disso ele deixou de ir às aulas e começou a reprovar. – Continua Junho. – Como eu vivia com ele obriguei-o a ir a um psicólogo mas não ajudou muito, apenas disseram que uma vivência aterradora, talvez volta-se a pô-lo normal.

– Então é por isso que ele me odeia? – Era mais uma pergunt retórica as o cantor não pôde deixar de se sentir mal pelo novato.

T&C

Abriu ligeiramente a ranhura da porta certificando-se que já não estava ninguém em casa. Secou as últimas lágrimas e foi para a cozinha a abraçar fortemente o gato como se fosse um peluche. O gato não parecia muito feliz pelos movimentos bruscos que fazia para se tentar soltar.

– Já estava a ficar preocupado. – Um vulto mexe-se no sofá fazendo Chansung gritar e largar o animal que foge para outra divisão da casa.

– Eu disse para saírem. – Resmunga o rapaz sem grandes vontades para conversas.

– Eles contaram-me sobre o teu irmão e eu fiquei preocupado… - Taecyeon levanta-se aproximando-se do mais novo. – Estás bem?

– Ótimo. Podes ir embora. – Murmura sarcasticamente virando-lhe costas para ir para a cozinha.

Taecyeon agarra-lhe o braço fazendo-o virar-se de novo para si.

– Não me mintas. – Olha-o fixamente nos olhos.

– Não sei o que eles andaram a dizer-te mas podes ir embora. Não preciso que tomem conta de mim.

– Oh claro. – Diz olhando para a casa toda desarrumada.

– Se tens problemas com a minha casa podes ir embora.

– Eu não tenho problemas com a tua casa – enquanto falava Chansung solta o braço e volta a virar costas. – Tenho é problemas contigo.

Taecyeon volta a agarrar no braço do mais novo para o puxar mas desta vez prende-o num abraço.

– Qual é a ideia?! – Resmunga tentando soltar-se. Só nessa altura Taecyeon conseguiu ver os olhos vermelhos do rapaz que mostravam que tinha estado a chorar.

O mais velho sente um aperto no coração ao ver aquele rosto magoado. Afasta ligeiramente os braços com intenção de o soltar, mas algo mais forte que ele o fez voltar a agarrar no rapaz beijando-o.

Chansung fica sem reação. Estava a ser beijado por um rapaz e nem conseguia pensar em nada. Não retribuía nem fugia. Estava simplesmente parado, fora de si.

O mais velho agarra nos ombros de Chansung afastando-o bruscamente e sai a correr da casa do novato sem dizer nada.

T&C

Passaram-se dois dias e Chansung não tinha voltado à agência, nem às aulas e muito menos ao café de Junho. Taecyeon ia trabalhar todos os dias, mas como fazia os possíveis para evitar o rapaz não tinha dado pela sua falta.

Por outro lado Wooyoung tinha-se juntado à banda de Taecyeon e Nichkhun. Continuava sem falar com Minjun e como agora vivia em dormitórios com os dois rapazes já não o via. Nem sabia se o namorado ainda trabalhava ali e se ainda eram namorados.

– Taecyeon. – Chama JYP aproximando-se do rapaz. – Um dos aprendizes anda desaparecido e os colegas dele disseram que te davas bem com ele.

– Quem?

– Hwang Chansung. Não aparece há dois dias e não conseguimos contactar com ele. Logo agora que estava prestes a ser promovido… Sabes o que se passa?

O rapaz mordeu o lábio inferior lembrando-se dos lábios de Chansung. Tinha quase a certeza que ele não sai de casa por culpa daquele beijo irracional.

– Eu vou procura-lo esteja descansado. – Respondeu saindo do edifício.

Antes de ir para casa de Chansung foi buscar Wooyoung e em seguida foi para o café onde Junho trabalhava.

– Porque é que eu vim mesmo? – Questiona o loiro saindo do carro.

– Vais pedir as chaves da casa do Chansung ao Junho e depois dás-mas.

– Porque não vais lá tu.

– Ele não mas ia dar.

– Então porque não tocas à campainha?

– Por favor Woo! Ele está desaparecido e a culpa é minha, preciso de falar com ele. – Respondeu quase a desesperar.

Não sabia bem o que ia dizer ao mais novo, mas tinha de o fazer voltar a trabalhar. Não se ia sentir bem se tivesse arruinado a vida do miúdo ainda por mais havia o beijo… Aquele beijo não lhe saia da cabeça. A razão por que ele o beijou e porque sentia a falta dos lábios de um homem eram todas perguntas que não lhe saiam da cabeça.

Wooyoung não perguntou mais nada e entrou no café saindo pouco tempo depois com as chaves. Mal as deu ao rapaz ele correu para o apartamento de Chansung. Uma parte de si tinha medo que ele tivesse cometido uma loucura por causa do irmão.

Meteu as chaves na fechadura e abriu a porta. Sem se importar em voltar a fechar a porta, entrou casa dentro a chamar pelo rapaz. Havia lixo por todo o lado incluindo caixas de fast-food, bebidas e cascas de banana. Devia ser a única coisa saudável que aquele rapaz comia.

Taecyeon entrou no quarto de Chansung e deu por ele a dormir na cama de bóxeres com o gato em cima do seu pescoço. Suspirou de alívio ao ver que o rapaz estava a respirar.

Não sabia bem o que estava ali a fazer. Era certo que o chefe é que lhe tinha pedido para ir, mas ele podia ter pedido a um dos amigos dele que fossem lá. Porque tinha ido pessoalmente?

Não teve coragem de acordar o rapaz. Voltou para a sala e fechou a porta que tinha deixado aberta, tirando as chaves da fechadura. Olhou à volta e debaixo de um monte de roupa encontrou o sofá. Estava a pensar em sentar-se lá mas ia ser pior se ficasse à espera que ele acordasse.

Voltou para o quarto e começou a chama-lo. Nada, nem um movimento, nem o gato tinha acordado. O mais velho coçou a cabeça e aproximou-se da cama. Ia com intenções de o empurrar para ver se ele acordava mas ao ver o corpo despido não teve coragem de lhe tocar. Em vez disso tirou-lhe o gato de cima o que estranhamente o fez acordar repentinamente.

– Desculpa invadir-te a casa… Outra vez. – Murmura tentando desviar o olhar dos abdominais do mais novo e fixando-o no chão.

Chansung não responde. Apenas fica sentado à espera que ele falasse.

– Porque não tens ido trabalhar? O chefe é que me pediu para vir ver de ti…

O mais novo voltou a não responder.

– Ele disse que te ia promover em breve.

Novamente não obtém resposta o que obriga Taecyeon a olhar para o rapaz.

Chansung olhava seriamente para Taecyeon fazendo-o engolir em seco.

– Precisas de alguma coisa…? – Pergunta a medo. – Tens fome?

Finalmente Chansung responde mas não com palavras. Limita-se a negar com a cabeça.

– Ouve se estás assim por causa do beijo daquele dia… - Taecyeon não consegue acabar a frase e novamente vê-se obrigado a fintar o chão. – Eu vou andando…

Quando ia para sair Chansung puxa-lhe a manga da camisola fazendo-o parar. O mais velho tem um déjà vu daquela cena mas quem segurava o outro era ele. Quando se vira para Chansung têm um caderno escrito na sua direção.

Chansung solta a camisola do mais velho deixando-o ler o que está no caderno.

– “Fiquei sem voz e por isso não tenho saído de casa.” – Lê em voz alta.

Taecyeon olha para o rapaz de cima a baixa e mostra um sorriso reprovador.

– A andares assim despido com um frio destes é normal que fiques afónico.

O rapaz volta a escrever no caderno.

– “Não foi por isso que fiquei assim…”

O rapaz olhou novamente para o rosto do mais novo e rapidamente percebeu o motivo.

– Passas-te a noite a chorar?

O mais novo vira a cara em resposta.

– Eu vou arranjar-te um chá. É melhor vestires-te para não te constipares.

Ao contrário do que pensava não foi posto na rua. Apenas recebeu um pequeno sorriso confirmativo do mais novo.

Talvez não fosse tão odiado como pensava. E só teve essa confirmação quando o rapaz lhe ofereceu uma banana quando tirou uma para si.

T&C

O loiro, já farto de esperar, volta para o café de Junho para se entreter.

– Então já conseguiste falar com ele? – Pergunta o rapaz ao ver Wooyoung voltar.

– Com quem?

– Com o Chansung. Não estava em casa?

– Ah isso… - O rapaz ri-se tentando pensar numa forma de não denunciar o amigo.

– Então…?

– Ele não estava em casa. Eu fico com as chaves e depois devolvo-as está bem?

– Está a mentir.

O loiro fica paralisado ao ouvir aquela voz.

– Que fazes aqui…?

– O Minjun Hyung trabalha aqui desde que foste para o grupo do Taecyeon. Não sabias? – Responde Junho.

– Não… - Murmura olhando para o chão. – Foste despedido…?

– Não. Eu é que quis sair.

– Hn… Estás bem…? - O loiro murmura algumas coisas sempre com olhar fixo no chão.

O mais velho não pôde evitar sorrir com o atrapalho de Wooyoung. Era impossível ficar chateado com ele.

– Eu vou… ali e… acho que esta a chover. – Disse Junho deixando os rapazes sozinhos.

Os jovens trocaram olhares rápidos ficando o resto do tempo em silêncio. Nenhum sabia o que dizer. Nem sabiam ao certo o que se tinha passado para terem ficado assim.

– Então… - Começou Minjun.

– Então…

– A seguir queres ir almoçar?

– Tenho ensaio…

– Hn. – Murmurou olhando para o lado. – Eu tenho de ajudar o Junho…

Wooyoung assentiu com a cabeça sempre a olhar para o chão. Quando o mais velho se afastou e aproximou de uma mesa que nem estava a pedir nada, Junho percebeu que algo não estava certo e aproximou-se do loiro que já se preparava para ir embora.

– Espera! Antes de ires podes ajudar-me com uma coisa? – Chama Junho.

– O quê?

– Preciso de ir buscar umas caixas lá abaixo à despensa. Vais lá por mim? Não posso deixar o café sozinho e o Hyung não pode.

Wooyoung concordou. Depois de receber as indicações do amigo, abriu uma porta por detrás do balcão e desceu as escadas que dariam à despensa.

– Ei Hyung! Preciso de ajuda! – Junho chamou o amigo que logo correu até ele. – Ajuda-me a tirar umas caixas da despensa é urgente!

O rapaz suspirou.

– Só isso?

– Vá rápido! – Junho abriu a porta da despensa empurrando para lá o rapaz que por pouco não cai escadas abaixo.

– EI! – Grita Minjun batendo na porta que logo se fecha.

– Não encontro nenhuma caixa com pastilhas de chocolate… Minjun? – Wooyoung sai de trás de umas prateleiras.

– Pastilhas de chocolate…? – Repete o rapaz começando a descer as escadas. – A sério que acreditas-te?

– Acreditar no quê? – Murmura o rapaz voltando a olhar para o chão.

– Ainda não percebeste que estamos aqui presos? – O mais novo olha finalmente para Minjun de olhos arregalados. – O Junho trancou-nos aqui.

– E as pastilhas?

– Woo… Não existe pastilhas de chocolate!

– Ele disse que eram novas e…

– Foi para te fazer entrar. – Explica o mais novo. – Acreditas sempre em tudo o que te dizem.

Wooyoung volta para trás da estante sentando-se numas caixas que lá estavam.

– Se te ofenderes com tudo o que dizem não duras muito tempo como famoso.

– Só me ofende por seres tu a dize-lo! – Grita irritado.

Minjun fica um tempo calado o olhar para todos os cantos da despensa.

– Porque não queres vir para a banda? – Pergunta Wooyoung pondo fim ao silêncio.

– Não quero ser reconhecido.

O loiro aproxima-se mais de Minjun que olhava para todos os cantos menos para ele.

– Porquê?

– Porque…

Wooyoung segura a cara do mais velho fazendo-o olhar para ele. Os olhos do mais novo estavam sérios e prendiam o olhar de Minjun como ímans.

– Porque…? – Insiste Wooyoung.

– Porque se for conhecido não posso estar contigo!

Wooyoung não responde.

– Não é tão “estranho” se o manager andar sempre com o artista. Se for outro famoso as pessoas falam…

– Se pertencermos ao mesmo grupo vivemos juntos. É melhor do que estar como estamos… Não é?

– As pessoas vão falar e…

– Somos amigos há muito tempo. Ninguém vai dizer nada.

Minjun ri baixinho. Agarra nas mãos do loiro recebendo um sorriso reluzente seguido por um abraço.

A porta é aberta lentamente sem os dois rapazes repararem.

– Antes de me matarem, eu preciso de pão aqui para cima então… - Pede Junho ao ver que estava a interromper.

Minjun separa-se de Wooyoung e agarra num saco de pão atirando-o para o moço. O saco acerta na cabeça de Junho que fica a tentar agarra-lo para ele não cair. Parecia que fazia malabarismo com o saco de uma mão para a outra mas no final lá o apanha e sai fechando a porta bruscamente.

Wooyoung puxa a camisola de Minjun para voltar a abraçar o mais velho.

– Talvez compense entrar no grupo. – Diz Minjun sorrindo.

Wooyoung sorri alegremente apertando mais o abraço. O mais velho afasta-se ligeiramente para voltar a respirar mas logo se aproxima roubando o beijo ao mais novo.

T&C

Chansung entra no grande edifício azul claro, impressionantemente não estava atrasado. Começa a andar em direção à sala de ensaios mas logo para e dá meia volta. Tinha sido promovido e ia conhecer a sua nova banda hoje.

Não sabia bem como aquilo tinha acontecido. Não era dos melhores alunos na agência apesar das suas notas da Arting provarem o contrário, já para não falar que chegava sempre atrasado.

Subiu mais dois andares do que o que estava habituado, a sala onde costumava ensaiar e ter as aulas era no piso de entrada então nunca tinha subido os outros andares. Apenas quando chegou lá acima é que reparou na existência do elevador que dava mesmo à frente da sala combinada. Levou a mão na testa e recompôs-se batendo na porta esperando a permissão para entrar.

– Chansung!

O rapaz nem tempo de se virar para ver quem é pois sente logo o corpo saltar-lhe para cima.

– Wooyoung! – Exclama Chansung animado. – Que fazes aqui?

– Eu e o Minjun vamos ter ensaio com o grupo. – Diz animado saindo das costas do rapaz e aproximando-se do namorado.

– E tu? – Pergunta o mais velho. – As tuas aulas não eram lá em baixo?

– Ah sim mas eu…

Nem tem tempo de acabar a frase, JYP dá-lhe a permissão para entrar.

O mais novo engole em seco e mete a mão na maçaneta abrindo a porta e entrando de seguida. A sala ainda estava vazia o que deixava o rapaz aliviado, ao menos não se tinha atrasado no primeiro dia e causado má impressão.

Wooyoung e Minjun entram atrás dele cumprimentando o chefe e sentando-se numas cadeiras. O novato olha para os dois rapazes sem perceber. De repente sente uma mão despentear-lhe os cabelos e depara-se com Taecyeon que lhe pergunta se está perdido. Nichkhun entra logo de seguida fechando a porta atrás de si e encarando o mais novo.

– És o novo membro? – Pergunta Wooyoung animado.

– Bem se já se conhecem escusamos de perder tempo com as apresentações não é? – Diz JYP fazendo sinal para que se sentassem.

No início é tudo muito estranho para Chansung. Tinha-se perdido em pensamentos, e não eram pensamentos felizes… Pensava em como o irmão ia adorar estar ali com ele. Desde pequenos que falavam que iam formar uma banda e ser reconhecidos mundialmente. Tinham apenas dois anos de diferença, Chansung era o mais velho, a pouca diferença de idade fez com que fossem muito chegados desde sempre. Tinham os mesmos amigos, os mesmos hobbies e os mesmos sonhos. Foi pelo irmão que Chansung entrou para aArting, ele preferia uma escola normal e só depois entrar numa agência, mas o irmão tinha insistido e ele acabou por se inscrever.

O rosto do rapaz estava com um sorriso triste e um olhar vago enquanto estava perdido em pensamentos. Minjun tinha reparado e ia para lhe dar um leve pontapé por baixo da mesa para o acordar do transe mas Taec foi mais rápido e agarrou a mão do rapaz. Chansung tinha as mãos em cima das pernas e ao sentir o toque assusta-se quase saltando da cadeira.

– Se não gostavas do nome que sugeri só precisavas de dizer… - Resmunga Wooyoung que tinha acabado de sugerir um nome para o grupo.

– Não leves a mal mas eu não quero estar numa banda chamada “Os Pintainhos”. – Diz Nichk sendo apoiado por todos.

– 3PM. – Sugere Chansung.

O quê?

– É a hora dos nossos ensaios. Podia ser o nome da banda. – Responde rindo.

– E os nossos fãs iam chamar-se “avozinhos”? Porque é a essa hora que as pessoas com mais de trinta anos vão para a cama. – Responde Wooyoung.

– Eu tenho quarenta e um. – Diz JYP.

Todos na sala calam-se mas logo começam a rir quando o chefe se desmancha em gargalhadas.

– O nome está bom mas acho que os fãs não iam gostar de ter essa alcunha. – Finaliza JYP.

A reunião prolongou-se por mais algumas horas e nesse tempo falaram sobre diversos assuntos mas continuaram sem ter nome para os fãs.

Quando acabou combinaram todos ir lanchar e a casa de Chansung foi a vítima. Ainda tinha de fazer as malas para se mudar para o dormitório e os rapazes prometeram ajuda-lo.

Ao abrir a porta de casa o gato que o esperava aninha-se nas suas pernas como normalmente fazia.

– Ele vai viver connosco? – Pergunta Taecyeon pegando no gato cinzento e entrando dentro de casa.

– Sim. O que querem comer? – Sem esperar resposta foi para a cozinha.

Chansung ficava sempre muito estranho quando falava com Taecyeon e ultimamente ainda estava pior. Parecia que o estava a evitar mas depois andavam de mãos dadas. Não fazia sentido e nem ele próprio se percebia.

– Precisas de ajuda? – Pergunta Wooyoung.

– Não! – Minjun grita chamando a atenção dos restantes, incluindo do gato que lhe mia.

– Eu não cozinho assim tão mal…

– Ouve. Tu sabes que eu te amo mas… deixa-me ser eu a cozinhar e vivemos mais tempo combinado?

Nichkhun olha para os rapazes que trocavam caricias um pouco admirado. Já tinha ouvido falar sobre eles mas não tinha acreditado que era mesmo real. Não tinha nada contra, apenas estava admirado.

Ouve-se uns barulhos vindos da cozinha e o gato que estava ao colo de Taecyeon começa a miar enquanto corre para um dos quartos.

Chansung grita que está tudo bem mas Taecyeon levanta-se para ver o que tinha acontecido.

– Está tudo bem?

Chansung sai detrás da bancada com uns vidros partidos nas mãos.

– Sim.

As respostas para o mais velho eram sempre muito diretas e sem espaços para abrir novas conversas.

Chansung mete os cacos do copo partido no lixo e volta a preparar os lanches.

– Aleijaste-te?

– Porque é que sempre que vens cá perguntas se estou ferido? – Reclama o mais novo.

– Porque tu és um perigo.

– Tu é que és um perigo. Mas um perigo na estrada!

Vira a cara zangada para Taecyeon mas imediatamente se arrepende. O mais velho olhava-o tristemente. Chan nunca tinha visto aquela cara tão triste nele. Fazia-o sentir-se culpado e consecutivamente triste.

Aproximou-se da fruteira e tirou uma banana entregando-a a Taecyeon sem dizer nada. Apenas agarrou no tabuleiro com o lanche e voltou para a sala.

O Nichkhun tinha “fugido” para o quarto para brincar com Jeonggam. Se continuasse na sala ficava a fazer de vela e se fosse para a cozinha ia ser igual. Estava seriamente a pensar em recrutar mais um membro para a banda e já tinha uma leve ideia de quem seria…

T&C

– DESLIGA A MERDA DO DESPERTADOR MINJUN!

Todas as manhãs naquela casa começavam daquela maneira. Normalmente era o novo membro que gritava, mas às vezes variavam. Nesta manhã tinha sido Chansung a gritar, o que fez o gato fugir. Os rapazes foram-se levantando aos poucos. Hoje tinham o seu primeiro concerto com a banda já formada. Passaram de um duo para um grupo de seis.

Nos últimos meses, Junho tinha entrado para a banda a pedido dos cinco rapazes. A ideia inicial foi de Nichk e logo todos apoiaram. Junho tinha passado pelos treinos mas como se tinha licenciado na Arting foi mais rápido a acabar. Era a única pessoa que tinha conseguido acabar os treinos no recorde de meses. Esse facto ajudou a espalhar o nome da banda.

– Chansung, já que estás de pé traz-me cereais. – Pede Wooyoung enroscando-se novamente nos lençóis.

– Eu quero leite. – Acrescenta Nichkhun imitando o loiro.

Os restantes membros pediram todos os seus pequenos-almoços deixando o rapaz a fazer de empregado.

– Eu ajudo-te. – Ofereceu-se Junho levantando-se.

Taecyeon rapidamente se sentou e ficou a observar os dois rapazes a conversar. Levantou-se rapidamente e foi ter com eles.

– Dá-me qualquer coisa para comer. – Pediu Taecyeon metendo-se no meio dos dois rapazes.

Chansung estava ensonado mas o seu rosto pareceu ficar chateado com a presença do rapper.

Agarrou num casco de bananas e deu-o para as mãos saindo da cozinha.

– OH MEU DEUS! – Gritou Junho.

– Que foi?

– Ele é muito tímido. Só dá bananas quando se quer confessar a alguém. E tu recebeste um casco inteiro! – Exclama o rapaz boquiaberto.

Taecyeon relembra o beijo que roubou do mais novo e a banana que lhe tinha dado tempos depois quando tiveram o primeiro encontro da banda.

– Então é por isso que não me falas normalmente? – Taecyeon tinha seguido o rapaz para o quarto. – Nem toda a gente associa uma banana a uma declaração de amor…

O mais novo encara o rapaz corado. Em pensamentos considerava na melhor forma de matar o Junho a seguir. Só ele estava presente quando ele se declarou a uma rapariga na escola primária com a fruta.

Mas não teve muito tempo para pensar nisso. Antes que pode-se dizer alguma coisa já tinha os lábios do mais velho colados aos seus e desta vez respondeu com grande amor e desejo.

– Nada mal, para um amador… - Murmura Taecyeon fascinado com os encantos escondidos do rapaz.

Fim~