Del-me? escrita por Mago de Oz


Capítulo 5
Dedução




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Eram apenas 10 horas da manhã e o departamento da polícia estava um caos. Os agentes corriam para lá e para cá, de uma sala a outra carregando pilhas de papéis e entregando-as de mão em mão aos outros funcionários. Televisões estavam ligadas por toda a sala exibindo telejornais do mundo todo. Estagiários seguiam seus treinadores tentando fazer o melhor possível para ajuda-los no meio daquela loucura. O barulho de pessoas trocando informações, falando ao telefone ou dando ordens aos seus subordinados estava quase que ensurdecedor comparado aos dias habituais. E em meio aquilo que mais parecia ser uma zona de guerra Nathan, e mais alguns dos funcionários da agência, estavam na sala do chefe do departamento, o Sr. Hindenburg. Ele estava muito nervoso naquele dia, mais ainda do que o de costume. Ele apoiava-se irritado em sua mesa enquanto falava:

– Mas será possível que ninguém tenha informações concretas a me dar sobre isso? – Dizia ele. – 12 presidentes mortos? 7 ministros?

– Senhor Hindenburg. – Disse uma das agentes - Nós acabamos de receber a confirmação que o presidente da Bolívia e da China também sofreram uma parada cardíaca.

– Ah, mas só pode ser brincadeira – disse ele jogando-se para trás em sua cadeira.

Todos ali estavam pasmos. Ninguém sabia o que estava acontecendo. Mais cedo, naquele mesmo dia, aproximadamente a umas 5 horas da madrugada Nathan havia sido despertado em sua cama pelo toque de emergência de seu celular. Era o pessoal do departamento. Ele não queria atender pois não fazia nem 3 horas que ele havia se deitado depois de ajudar com o que podia na organização do enterro do senador e seu filho. Mas essa era uma chamada de urgência e, sendo ele, um integrante da equipe de investigadores profissionais ele não poderia deixar de responder. Foi uma total surpresa quando ele chegou ao departamento e foi informado de que 4 presidentes haviam sofrido um ataque do coração e morrido em seguida. As mortes, estranhamente, haviam ocorrido quase que no mesmo instante, com apenas alguns minutos de diferença de uma para a outra. Desde então, o número de mortes não parava de subir conforme notícias iam chegando de outros países.

A confusão estava ocorrendo no mundo todo. Todas as agências de inteligência e forças policiais do mundo estavam sendo acionadas e trocando informações. FBI, CIA, Interpol, KGB e diversas outras agências poderosas preparavam suas defesas antiterrorismo e emitiam alertas de segurança máxima enquanto presidentes, governadores, lideres militares, ministros e pessoas de alta importância estavam sendo protegidas por suas forças armadas. Já surgiam até mesmo boatos de quais eram os países que estavam por trás do que estava acontecendo. A mídia era um frenesi total. Os telefones não paravam de tocar. Era de se esperar que todos os jornais do estado estivessem ligando para tentar obter mais informações. A população já começava a ficar por dentro conforme iam acordando e ligando suas Tvs nos jornais da manhã. O número de comentários e citações na internet, nas redes sociais em blogs estava amentando a uma velocidade assustadora.

– Sr. Hindenburg! – Disse uma mulher entrando na sala do chefe – O coronel está aguardando na linha. Ele quer que o senhor o atenda com urgência.

– De novo? – Disse ele – Droga! O homem não nos deixa trabalhar.

Ele fez um sinal dispensando o pessoal da sala. – Vão! E por favor continuem o trabalho. Quero respostas plausíveis do que está acontecendo.

Nathan deixou a sala com os outros agentes e voltou para sua mesa. Ele, assim como os outros, nem ao menos sabia o que deveria procurar. As mortes dos presidentes haviam começado perto das 2 da madrugada. Todas as informações que eles estavam recebendo eram de que os poderosos estavam morrendo de ataque cardíaco. Não havia ainda nenhum relato de explosões de bombas ou de ataques terroristas. Nem mesmo um sequer dos maiores grupos criminosos atuantes havia se manifestado alegando ser o autor das mortes.

Seria um ataque biológico? Nathan se lembrou de um estudo realizado em 1993 que simulava os efeitos devastadores que um ataque biológico com o uso de uma bactéria, o Antraz por exemplo, poderia causar. Com apenas 100 kg da bactéria pulverizados por um avião era possível que o país atacante, ou um grupo terrorista dizima-se 3 milhões de vidas. Se algo assim acontecesse era quase impossível impedir o início de uma 3 guerra mundial. Entretanto, não era esse o caso. Não eram milhares que estavam morrendo. Eram pessoas selecionadas estrategicamente. E pessoas muito poderosas. Que organização poderia ter tanto poder a ponto de conseguir passar por todo a segurança presidencial de diversos países sem deixar nenhum rastro?

– Pessoal, o presidente da Coréia do Norte acabou de ser dado como morto! Também próximo das duas da madrugada. – Disse um dos agentes, quase tendo que gritar em meio a balburdia.

Mais um? – Pensou Nathan. – Será possível que todos os líderes de nações estejam morrendo?

...

Dois dias se passaram e mais pessoas continuaram a morrer. O caos e o terror cresciam no mundo inteiro. Os meios de comunicação não puderam ser contidos e as notícias se espalharam rapidamente. Algumas das nações já estavam próximos da anarquia generalizada. Grupos de pessoas gritavam as ruas que a justiça divina estava chegando e que o julgamento final havia começado. O medo estava crescendo e já se ouvia boatos de declarações de guerra caso os atentados não cessassem.

Nathan! Nathan! – Alguém o chamava. Ele virou-se e viu Hindenburg chamando-o. Ele se levantou apressado e se dirigiu rapidamente para a sala do chefe.

– Pois não senhor – disse ele ao entrar.

– Nathan! Acabei de falar com o governador Tulios – disse o chefe - Ele está me requisitando para uma reunião no hotel bensberg. Vou precisar de sua presença lá.

– Sim senhor – respondeu - Posso lhe perguntar o motivo?

– O detetive Urik Belford da Inglaterra está vindo para cá.

Detetive Urik Belford? – Ele pensou.

– Sim, ele mesmo.

Urik Belford era um dos melhores investigadores do mundo, senão o melhor. Ele atuava em Londres junto com a agência de inteligência e investigação. O homem tinha ficado famoso depois de desvendar 28 dos 45 crimes mais famosos cometidos nos últimos 5 anos ao redor do mundo. Ele havia também sido o responsável pela prisão de 4 dos mais perigosos serial killers atuantes na Inglaterra. Quando algum pais passava dificuldades para a captura de um criminoso ou para a resolução de um caso aparentemente inexplicável eles recorriam aos serviços investigativos de Urik. Dizia-se que os preços pagos a agência de Londres pelos serviços investigativos prestados por ele eram exorbitantes. O Homem até o momento nunca havia falhado em prender o culpado. Ele não errava. E, entretanto, mesmo com toda sua fama, poucos o conheciam. O detetive jamais se mostrava em frente as câmeras, nem fazia questão de aparecer em reportagens de casos famosos que ele mesmo havia solucionado. Não aceitava receber as congratulações públicas da polícia nem dos governantes. Tudo isso fazia parte da estratégia da agência para manter seus detetives no anonimato. Urik era valioso demais para ser arriscado.

– O governador o chamou? – Continuou Nathan - Como ele conseguiu? Achei que nesse momento todos os países do mundo estariam requisitando os serviços de Urik.

– Ele não conseguiu. – Respondeu Hindenburg. O próprio detetive Urik entrou em contato com ele e informou que estava se dirigindo para cá.

– O que? – Disse Nathan - Por que?

– Não sabemos. Mas me parece que ele já está fazendo sua própria investigação e precisa da ajuda do nosso departamento. Ele também exige minha presença e eu vou precisar de seus conhecimentos em inglês para que possamos nos comunicar.

– Caramba – Pensou Nathan – o que seria tão importante para fazer o detetive Urik se deslocar de Londres até a sua cidade? Seria possível ele já ter descoberto o que estava ocorrendo e quem era o culpado?

– Entendo senhor. E quando será a reunião?

– Em dois dias. Eu lhe passarei mais informações assim que as receber. E Nathan – continuou Hindenburg – Acho que não preciso dizer que essa informação é confidencial não é?

...

Era uma tarde agradável de um dia de sol e os raios solares entravam pelas janelas da cafeteria Monmouth, uma das mais famosas de Londres e também, na opinião de Urik, a que servia o melhor café da região. A fumaça saia das bebidas em cima da mesa desenhando formas abstratas no ar e o cheiro era inebriantemente bom. A bonita garota que o acompanhava corou e sorriu envergonhada tentando timidamente esconder o rosto.

– Hehehe. Você acha mesmo? – Disse ela.

– Tenho quase certeza – disse ele enquanto bebia um gole do café.

– Hum. E você está certo. Mas, como conseguiu descobrir meu nome? Eu jamais te disse. Você não é um daqueles psicopatas que fica seguindo garotas, não é? – Disse ela rindo.

– Ora é claro que não Natalie. Está dizendo que tenho cara de louco?

– Não. Não mesmo. Você tem cara de... sei lá. Um vocalista de uma banda de rock? O cabelo preto e comprido e também a jeito que você se veste.

– O que tem a jeito que eu me visto? – Perguntou ele rindo.

– Não me leve a mal hehe. Eu gostei! É só que o seu casaco parece não se adequar ao seu tamanho e sua camisa também não. Parece que você é daquelas pessoas que se importa mais em se sentir confortável do que se sentir bonito.

– Hahaha. Acho que nisso você está certa, mas a verdade é que... – ele parou enquanto via pela vitrine um carro preto estacionando na rua – oh...ou.

– O que foi? – Perguntou a garota também olhando.

– O dever me chama moça – disse ele - Acho que vamos ter de nos despedir.

A garota ia dizer algo quando o homem que saiu do carro olhou para eles através das janelas e começou a caminhar em direção a cafeteria. A porta abriu-se acionando o pequeno sininho que indicava a entrada de um novo cliente.

– Boa tarde Luca – disse Urik ao elegante homem de terno e gravata- Não sabia que você também gostava de vir no Monmouth

– Senhor Belford. Por favor – disse o homem - Peço que me acompanhe. Estamos te procurando a horas. O sr. Isaac quer velo urgentemente.

– Acalme-se Luca, isso é jeito de se portar quando estamos na presença de uma moça tão bonita? – Disse ele indicando a garota – Deixe-me apresentar-lhe a Natalie ela é uma estudante de direito da faculdade aqui perto.

Luca virou-se para a garota e lhe deu a garota um rápido e impaciente sorriso - Podemos ir agora?

– Tudo bem, tudo bem – concordou Urik - Me desculpe Natalie eu tenho que ir ou meu amigo vai ter um ataque. Por favor, de isso de presente a sua irmã. Garanto que ela vai gostar.

Ele colocou um pacote de bolachas em cima da mesa enquanto se levantava e saia na companhia do homem.

– Urik, mas que droga foi essa? – Disse Luca assim que saíram - Todo mundo na agência está louco atrás de você. O sr. Isaac colocou 6 agentes a sua procura.

– Calma cara – disse Urik – eu apenas vim tomar um café e acabei conhecendo a garota. Por sinal, ela é bem legal, muito simpática. E está solteira heim! Acho que ela gosta de caras que fazem o estilo militar. Se quiser posso te apresentar a ela.

– Hahaha – disse Luca sarcasticamente – Já fez suas piadinhas, agora por favor vamos logo!

Luca se aproximou do carro preto e apertou o botão de alarme na chave destrancando as portas com um bipe. Ele sentou-se no banco e puxou o microfone do rádio:

– Aqui é o agente Luca. Eu encontrei o agente Urik. Estamos voltando. – Voltou-se para Urik - Vamos logo. Onde está seu carro?

– Está bem ali – disse Urik apontando para o carro estacionado próximo a loja.

– Você pegou o lamborghini? – Disse Luca espantado – Urik, você não entende o significado da palavra descrição?

– Luca, esses carros servem apenas para duas coisas: Velocidade e impressionar mulheres. Por acaso você já me viu correr?

– Olha, eu não vou discutir com você. Já desisti de me enraivecer com o seu estilo egocêntrico. Agora por favor, pare de me enrolar e entre no seu carro!

– Está bem. Está bem. Mas acho que deveríamos comprar algo para você comer antes de voltarmos. Seu mau humor só pode ser consequência da falta de comida. Eu diria falta de mulher, mas você foi tão rude com a garota lá atrás que acho que não é esse o caso.

Urik começou a caminhar em direção ao lamborghini, mas foi parado no caminho pela garota do café.

– Espere! Urik – disse a garota segurando seu braço – Eu nunca te disse que tinha uma irmã. Como você descobriu?

Urik olhou para a garota.

– Senhorita eu achei esse fio de cabelo – disse ele tirando um fio de cabelo que estava grudado na roupa dela – É loiro como o seu, e também muito parecido, mas é menor, do tamanho do cabelo de uma menina de uns 4 anos de idade mais ou menos. Também senti perfume de shampoo infantil em você. Não acredito que ela seja sua filha já que posso supor, pela falta de qualquer marca de aliança em seu dedo, que você não é e nem foi casada. Eu notei pequenos resquícios de biscoitos no seu casaco, bem em suas costas, na altura exata de uma criança pequena. Posso supor que você recebeu um abraço dela a poucos minutos quando a deixou em casa... e ela provavelmente estava comendo biscoitos.

A garota ficou boquiaberta.

– É.... só mais uma coisa Urik – disse.

Ela pegou um papel da bolsa e escreveu rapidamente o número de telefone.

– Pegue – disse ela entregando-lhe o papel. - Se quiser conversar um pouco mais quando tiver tempo, eu ficaria muito feliz de acompanha-lo.

– O prazer seria meu – disse Urik sorrindo.

Se despediu dela mais uma vez e quando a garota se foi ele virou-se para Luca sacudindo o papel.

– Olhe, o telefone hehehe. Se deu bem Luca. Pode ligar para ela agora.

Luca tirou o papel de suas mãos e o rasgou.

– Ei! – Disse Urik – Essa era a sua chance cara.

– Quer parar com essas brincadeiras? – Disse Luca - Sabe que não podemos ficar nos envolvendo com isso.

– Ok, ok – disse ele desistindo.

...

Alguns minutos depois Urik parava o lamborghin no estacionamento subterrâneo reservado aos funcionários da agência. Luca chegou logo depois e eles pegaram o elevador subindo até o andar da sala dos investigadores.

– Pelo amor de Deus Urik! – Dizia um Isaac histérico quando viu os dois entrando. – Onde você estava? Que brincadeira é essa? Na minha sala agora! Os dois!

Ele e Luca entraram. Urik deu a volta na mesa de Isaac e sentou-se na cadeira do próprio chefe. Deu um impulso com os pés fazendo-a girar.

– Chefe – disse Urik – Vejo que sua mulher gostou do novo colar que você deu para ela ontem.

– Mas..., mas como é que você? ... Ahh! Pode me explicar o que estava fazendo fora da sede? – Disse Isaac sentando-se na outra cadeira.

– Estava tomando um café – disse ele.

– Ele estava tomando um café em Monmouth, do outro lado da cidade. – Disse Luca.

– Urik! – Exclamou Isaac - Você sabe que não pode ficar se expondo dessa maneira na rua. Tem noção de todo o esforço que a agência faz para manter você anônimo? Por que simplesmente não foi a cafeteria do prédio?

– Aqui não existem mulheres. Achei que já estava na hora de tomar café com alguém que não cheirasse tão mal. Pergunte ao Luca, nós conhecemos uma moça.

– Chefe eu, hã... – Disse Luca.

– Chega, Urik! – Disse Isaac – Olha, quero que você me explique por que fez a compra de duas passagens para o outro lado do mundo. Posso saber por que ligou para o governador Tulios marcando uma reunião com ele e Hindenburg sem me informar nada?

– Estou cansado de Londres. – Disse ele abrindo a gaveta da escrivaninha de Isaac e encontrando um sanduiche. – Aqui é bonito e tudo o mais, mas acho que chove muito. E eu gostaria de visitar outro país.

– Agora? No meio de tudo isso? Com tanta gente morrendo? Não foi você mesmo que disse que esse poderia ser o seu maior caso? Urik, existem outras agências que estão contando com seus esforços. Elas sabem que você é a melhor chance de descobrir o que está acontecendo.

–Eu sei disso – disse ele mordendo um pedaço do lanche.

– E então? - Disse Isaac claramente impaciente.

– Senhores – disse Urik se levantando. – Vocês querem que a pessoa responsável por isso seja pega?

– Mas é claro.

– Pois bem, tenho quase certeza de quem está matando os figurões está localizado, bem aqui. -Disse ele apontando para um local do globo em cima da mesa.

– É por isso que preciso visitar Hindenburg o quanto antes.

– Mas por que aqui? – Perguntou Isaac indicando o local – Acha que o responsável se encontra lá?

– Eu não acho Sr. Isaac – Respondeu Urik – Eu deduzo.


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