Del-me? escrita por Mago de Oz


Capítulo 2
Castigo




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O copo escorregou por entre seus dedos e caiu no chão esparramando o café para todo o lado na sala. Alguns dos respingos alcançaram suas pernas e escorreram para seus pés, mas Evelyn nem chegou a senti-los. Ela estava totalmente paralisada de medo, os pelos de seu corpo estavam completamente arrepiados, enquanto ela via horrorizada, o senador Richard se contorcendo no chão da sala. Seu grito de dor enchia todo o ambiente transformando o lugar em um cenário macabro de filme de terror. Ela tentou gritar, mas nenhum som saia de sua boca. Por um momento, sentiu sua visão embaçar e escurecer e seu corpo ficou quase que completamente, exaurido de energia. Era como se seu cérebro estava lhe pedindo para que se entregasse e desmaia-se ali mesmo.

Mas sua consciência se manteve ali teimosamente, fazendo-a ficar em pé enquanto seus olhos assistiam a cena macabra que se desenrolava a sua frente.

Logo, a adrenalina começou a fluir pelo seu corpo permitindo que ela retornasse ao seu estado normal. Ela virou-se e correu para fora da sala quase caindo no chão enquanto desesperada, procurava por ajuda. Ela alcançou ao corredor e gritou por alguém. Imediatamente, um dos seguranças da casa veio correndo. Evelyn abriu caminho para a sala e ele entrou.

– O que aconteceu? Foi um disparo? – Disse o segurança agachando-se com agilidade ao lado do senador.

– Eu... eu não... – Murmurou Evelyn sem conseguir saber o que dizer.

Não havia sangue, nem nenhuma indicação de que alguém tivesse disparado uma arma de fogo. As janelas estavam intactas e ninguém havia entrado na sala com exceção dela. O que teria acontecido ali? Ele teria tido um Ataque cardíaco? Ele simplesmente havia começado a ter um ataque, do nada.

O segurança levou a mão a orelha e apertou o botão de fala em seu microfone.

– Preciso de ajuda no escritório principal, o senador está sofrendo um ataque. Vamos precisar do helicóptero, agora!

Passaram-se poucos segundos e mais um dos seguranças entrou correndo no escritório. Ele também se ajoelhou ao lado do corpo e começou a checar os sinais vitais.

– Meu Deus! – Disse ele - Acho que ele está morto.

...

– Aqui querida, pegue um copo de agua.

– Obrigada – Evelyn pegou o copo das mãos da faxineira e bebeu dois goles. Olhou para o luxuoso relógio adornado pendurado na parede. Marcavam 16:15 da tarde.

– Eles estão demorando demais, já devíamos ter recebido alguma notícia – disse ela a mulher.

– Não se preocupe querida, o Sr. Richard foi levado para o hospital central, ela está nas mãos dos melhores médicos da cidade agora.

Evelyn assentiu. Levantou-se da poltrona e caminhou até o banheiro sob o olhar atento e preocupado da faxineira. Olhou-se no espelho. Estou horrível – pensou.

Seu cabelo estava todo bagunçado. Sua maquiagem havia borrado devido ao suor ou as lágrimas, ela não conseguia se lembrar se havia chorado em algum momento. A situação vivenciada por ela alguns minutos atrás tinha levado seu stress as alturas. Ela abriu a torneira e encheu as mãos de agua jogando-a em seu rosto em seguida.

Poderia aquilo tudo não passar apenas de um pesadelo? Quem sabe, em algum momento, ela acordaria em sua cama assustada percebendo aliviada que tudo não passava de um sonho. Então, ela se viraria para o lado, olharia para o relógio e com um susto, perceberia que já estava atrasada para o trabalho. Não, não... eu ainda estou aqui, isso é real.

Ela fechou a torneira e voltou para a sala. E assim que entrou, o celular em cima da mesa tocou. Ela o pegou e atendeu:

– Oi, Evelyn falando.

– Senhorita Evelyn, aqui é o Nicholas – disse o homem.

De imediato, Evelyn notou algo de estranho no modo como o homem falava. Alguma coisa estava errada.

– Nicholas, o que aconteceu? Como ele está?

– Senhorita, infelizmente, o médico confirmou. O Sr. Richard faleceu.

– Fa...Faleceu? Como assim?

– Parece que ele sofreu um ataque cárdico. Era mesmo o que temíamos senhorita. O médico nos disse que ele já estava morto quando chegamos ao hospital.

Não... Deus não – Então era verdade. Parecia até que o mundo fazia de sua vida uma constante peça teatral, uma tragédia. Era justo que o senador morresse as vésperas de sua eleição? Com todos os planos, toda a estratégia e todos os acordos com os poderosos já firmados? Mais uma vez, ela receberia um castigo por seus pecados? Mais uma vez ela teria de sofrer?

E então, a sua mente vieram imagens daquele dia, aquele maldito dia, que ficara cravado em sua mente como se fosse um parasita que a devorava aos poucos. O carro em chamas, o sangue, o barulho, os gritos, todas as imagens lhe passaram novamente pela cabeça.

– Não, espere. Tenho de me controlar. Sou eu quem preciso agir agora, ou vamos perder tudo, e eu serei novamente a culpada – pensou

Nicholas, me escute! Eu preciso que você retenha essa informação. Não podemos deixar que a morte do senador vire notícia, não ainda. Por favor, faça o possível para que isso não seja divulgado. Nós precisamos de mais tempo. Temos que decidir como anunciaremos isso sem causar prejuízos a campanha.

– Não se preocupe senhorita – disse o segurança - Vou me assegurar que o hospital mantenha isso em sigilo.

– Obrigada – e desligou o telefone.

Muito bem, agora era a hora. Ela precisava contatar e orientar toda a equipe de campanha do senador antes que eles cometessem alguma idiotice que pudesse por em risco o seu trabalho. Depois, teria de avisar os patrocinadores, que como ela acreditava, não ficariam nada felizes com a notícia.

Ela voltou-se para a faxineira:

– Marta, por favor. Vá buscar Gerald, preciso que ele marque uma reunião com a equipe.

– Sim, querida. Deixe comigo – disse a mulher enquanto se dirigia para a porta.

Evelyn moveu-se então para o seu escritório, que ficava ao lado do escritório do senador e sentou-se em sua cadeira. Já estava discando o número de um dos patrocinadores quando seu celular tocou novamente.

– Alô.

– Olá? Aqui é o Maicon, eu... eu não sei o que aconteceu. O Richard ele... ele está... morto.

– Maicon? Esse não era aquele cara estupido que estava a toda hora saindo por aí em baladas com o filho do Senador? Droga! Como é que esse idiota já sabia o que tinha acontecido?

Maicon, aqui é Evelyn, sou a secretária do Senador, nós já estamos com o senador no hospital, e estamos cuidando disso, não precisa se preocupar.

– Não, não moça... você não está me entendendo. Não estou falando do Senador Richard. Estou falando de Richard Alklim Labor jr. o filho do senador.


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