French Kiss escrita por Lily Evans


Capítulo 3
02. Quanto mais louca for, mais interessante fica


Notas iniciais do capítulo

Hiiiii, pessoinhas!
Olha só o capítulo gigantão aqui! Hahaha
Um destaque especial a duas fofíssimas lindas que deixaram comentários fofíssimos lindos: a Duda Klassmann e a Agente Stark Barton (só nomes tops, aff). Obrigada pelo carinho de vocês, suas lindas!
Dessa vez, eu não posso deixar degustação do próximo capítulo por razões de que: eu vou reescrevê-lo. Não gosto dele como está. Hoje vocês lerão por amor mesmo, sem prêmios! Hahaha
Vejo-vos em breve, marujos. o/
Xx, Lily.



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Harry

O Brasil é um país incrível! Paisagens lindas, comida boa, hospitalidade total. E mulheres... Sensacionais. Pena que não são todas que falam inglês. Descobri o nome daquela estátua gigante sobre a montanha, no Rio de Janeiro: Cristo Redentor. Interessante. Soube que os brasileiros acreditam que ele protege a cidade. Pedi proteção quando passei pela cidade maravilhosa. Não custava tentar, né? São Paulo foi uma agradável caixinha de surpresas; uma verdadeira cidade cultural. Isso me lembrou Londres, me fez sentir saudades de casa. O grande diferencial é que, aqui, a chuva é um evento climático, não uma condição natural. Após três shows no Brasil, finalizamos nossa passagem pela América Latina com um total de dez shows realizados. Está na hora de voltar ao Reino Unido. Daqui a dois dias, entramos numa sequência de três shows em Dublin e, depois, voltamos à Inglaterra. Em seguida, a jornada ruma à Europa e finalizamos tudo com vários shows pelos Estados Unidos. É pouco tempo para muita coisa. Mas, sabe, no final das contas, sentirei falta do país tropical.

Hoje de manhã, eu e os rapazes fomos informados de que teríamos que nos esconder na hora de ir para o aeroporto, pois os fãs poderiam facilmente nos descobrir. Ouvindo às instruções, ri sozinho de uma piada interna. Era fato que nossas directioners nos encontrariam. Elas sempre nos encontram. Não importa onde estejamos, elas sempre dão um jeito de burlar a segurança do local para saber exatamente como estamos ou o que estamos fazendo. Nossas meninas são verdadeiras loucas. Mas já comentei o quanto eu aprecio a loucura?

Saindo do hotel em que ficamos hospedados nos últimos dias, fomos direto para o aeroporto internacional. Demoramos um pouco, já que os dois lugares eram separados por uma grande distância, mas deu tempo. Nossa partida estava prevista para a noite, mas, de algum modo, as meninas também descobriram isso e estavam espalhando essa informação nas redes sociais. Não daria certo, então, como medida de segurança, acabamos sendo transferidos para o voo da manhã.

Iríamos ao aeroporto num carro mais que simples, na intenção de não sermos notados em meio à multidão de pessoas que estaria lá. Mas Louis não achou que isso seria suficiente. Ele e Niall tiveram a brilhante ideia de usarmos disfarces. Zayn teve outra ideia espetacular. Uma vez, no início da nossa carreira, tiramos algumas fotos com bigodes e chapéus, brincando justamente com disfarces. Naquele dia, nos sentimos verdadeiros agentes secretos, algo como cópias de James Bond. E o que nosso querido bad boy pensou? Em fazermos algo parecido, é claro. Gênio. Ele, Niall e Louis conseguiram convencer Liam e eu a usarmos bugigangas como aquelas. Arrumando algo de improviso para nós, a equipe que ficou ao nosso lado durante todos esses dias nos trouxe verdadeiras brincadeiras. Bigodes, chapéus, bermudas, óculos e lenços. Não poderíamos estar mais fantasiados.

Enquanto nos dirigíamos ao nosso destino, ficamos tirando fotos com aquelas roupas. Estávamos muito engraçados. Combinamos que só postaríamos alguma daquelas fotos quando estivéssemos seguros em casa. O que significava: depois do fim da turnê. Como já mencionei, chegamos a tempo de entrar no voo. Mas isso não significa que não tenhamos passado por algumas complicações. Haviam realmente garotas no aeroporto, com certeza esperando pelo nosso voo. Mesmo que, tecnicamente, isso só fosse à noite. Acho incrível a disposição delas. Tivemos que entrar por um local isolado, o que resultou no fato de que eu não conheceria o ambiente em que me encontrava. Os meninos não estavam ligando muito para isso, eu acho. Eles riam e se divertiam por termos que agir como "foras da lei". Estávamos nos escondendo de tudo e de todos! Decidi me divertir com eles. Passando pelas alas internas do aeroporto, conseguimos ir para a pista de decolagem sem chamar muito a atenção. Mas, definitivamente, não tinha como passarmos despercebidos. Estávamos parecendo um grupo de hippies que ficava à parte do mundo, visto as roupas que usávamos. Era realmente engraçado.

Quando chegamos ao avião, estávamos rindo e já sem os disfarces. Não entraríamos no voo daquele jeito. As aeromoças nos pediram silêncio ao entrar e precisamos nos conter. Encontramos nossos lugares e nos sentamos. Eram duas fileiras de cadeiras reservadas para nós, quase no meio do avião, do lado esquerdo. Tínhamos um homem conosco, ajudando-nos enquanto saíamos do Brasil. Ele ficou na janela e Liam e Zayn se sentaram com ele. Na fileira de trás, Louis observava a pista, tendo-me ao seu lado. Niall ficou no corredor. O avião começou a andar e eu passei a me perguntar quando voltaríamos a esse país.

Mais alguns minutos e as instruções eram para que os aparelhos eletrônicos fossem desligados.

British Airways

21 de maio de 2014. Sobrevoando a cidade de Guarulhos, São Paulo, em direção a Londres, Inglaterra. 10h23 – horário de Brasília.

Estávamos no ar e o sol brilhava forte. Queria que ele aparecesse assim em Londres. Já com o celular ligado, eu tentava me distrair com algum joguinho que havia baixado. Niall se ocupava de escrever algo, acredito que uma música, quem sabe, e Louis continuava a observar o céu. Liam e Zayn conversavam. O voo, para mim, estava realmente tedioso. Guardei o celular no bolso frontal da calça, notando o quão baixa ela estava, mas já havia desistido de mantê-la próxima à cintura há muito tempo. Passei a reparar no que ocorria a minha volta. As coisas também não estavam muito interessantes por lá, até uma garota se levantar. Ela tinha o olhar perdido e os fones de ouvido muito altos. Ou eu estava maluco ou ela estava ouvindo Strong. A nossa Strong. Ela passou e foi em direção ao banheiro. Eu até poderia dizer que eu estava mesmo maluco, que era Niall ouvindo o nosso próprio CD – o que seria ainda mais estranho – e que aquela era apenas uma garota bonita, mas não tive dúvidas de que era ela ouvindo nossa música quando encontrou a porta do banheiro. O Mrs. Styles que pude ver atrás de sua jaqueta praticamente brilhava para meus olhos. Sim, ela era uma directioner.

Enquanto a esperava sair, formulei um jeito de abordá-la sem que ela, obviamente, tomasse um choque por ver, hm, seu ídolo. Sendo isso falta de modéstia ou não, o fato é que ela tinha meu sobrenome em sua jaqueta – e não acho que existam muitos Styles pelo mundo capazes de fazer uma garota querer ter esse sobrenome numa peça de roupa. Sem deixar de mencionar o "Mrs." de acompanhante. Mrs é algo utilizado para mulheres casadas. Quer dizer então que eu encontrei mais uma esposa que não conhecia? Interessante...

Assim que a porta se abriu, esperei que ela olhasse para os lados, procurando por algum de nós, mas ela apenas continuou sem trajeto de volta. Sério que ela não sabia que estávamos ali? Praticamente atrasamos o voo! Fiquei observando-a enquanto ela voltava à sua poltrona. Mrs Styles... Eu gostei disso. À medida que ela entrava em sua fileira, chamei os meninos rapidamente e expliquei-lhes sobre a garota. Liam, que sempre foi mais responsável que nós, deu-nos uma ideia que eu poderia quase classificar como louca, mas creio que divertida fosse um adjetivo mais adequado. Pelo menos neste caso.

Levantamo-nos e fomos os cinco até onde eu a havia visto se sentar. Ela estava dançando de olhos fechados e agora tinha os cabelos presos. Dirigindo-me ao único passageiro que a acompanhava, agradeci aos céus por ele entender inglês. Pedi em voz baixa que ele cedesse-me seu lugar e que pedisse aos passageiros da fileira da frente que fizessem o mesmo. Eram duas senhoras e mais um homem, todos pareciam ter meia-idade. O homem ao lado da garota foi muito simpático comigo e permitiu que eu ficasse em sua poltrona. Niall se sentou outra vez ao meu lado e esperamos que os garotos se acomodassem. Zayn ficou na cadeira na frente da menina, Louis na cadeira do meio, na minha frente, e Liam ao seu lado, no corredor. Todos os três se ajoelharam no banco e se viraram para trás. Começamos a olhar para a garota, que mexia os braços no ar. Ela era mesmo bonita. Os fones continuavam altos. "Happily?", inqueriu Niall sorrindo, sem usar a voz, apenas batendo com o indicador no ouvido, referindo-se à música. Caramba, até ele conseguiu ouvir? Ela vai ficar surda desse jeito. Zayn me cutucou e bateu com o dedo na própria boca, apontando depois para a menina. Ela mexia os lábios com a canção. Era mesmo Happily. Pedi para que os garotos se afastassem um pouco, empurrando o ar com as mãos. Sorri de canto e pude ver de soslaio quando Louis e Liam se entreolharam debochados. Eles estavam duvidando de mim?

Mandei que os garotos fizessem silêncio e engoli em seco. Tomei fôlego, coragem e adotei a expressão mais séria que eu poderia conseguir naquele instante. Os garotos perceberam claramente o que eu fiz e quase caíram na gargalhada, colocando as mãos sobre a boca para não fazer barulho. Meu sorriso escapou e foi impossível contê-lo novamente. Decidi prosseguir assim mesmo. Sem saber o que faria depois, apenas cutuquei a garota, chamando-a pelo único nome que eu a imaginava usando.

― Mrs Styles?

Minha digníssima nova esposa se virou, tirando o fone do lado direito. Ela não pronunciou sequer uma palavra perante minha pergunta. Literalmente. Olhando fixo nos meus olhos, ela parecia prender o ar. Não creio que o fizesse de propósito. Sua expressão era algo entre surpresa e perplexa. Ela não tirou os olhos de mim um instante.

― Harry, tenta de novo ― Zayn brincou.

Eu e os meninos olhamos para ele sorrindo. Será que ela está bem?

― Hey ― movi a mão em frente ao seu rosto ―, você entende o que eu falo? Ou será que devo ir embora?

Engraçado como certas perguntas despertam as pessoas. A garota chacoalhou a cabeça e soltou o ar que eu imaginara estar segurando. A leve perplexidade que eu vi antes em seu rosto agora se tornou evidente. Pensando bem, a surpresa também marcava grandemente sua expressão. Ela olhou de mim para o Zayn, depois foi até o Niall e, em seguida, encaminhou-se para Louis e Liam. Fez o caminho de volta. Eu e os rapazes nos entreolhamos confusos e debochados. Acho que não foi uma boa vir aqui...

― Oh my... ― Começou ela, um pouco alto, interrompendo-se logo depois, tampando a boca com as mãos. Tenho certeza que ela queria gritar. ― Oh my Gosh, oh my Gosh, oh my Gosh! ― Disse com a voz abafada.

― Shh!

Sinalizei para que ela não fizesse barulho. Seria chamar muito a atenção... Tudo bem, isso foi ridículo. Nós já estávamos chamando muito a atenção, afinal, era uma fileira inteira do avião virada para trás a fim de conhecer uma única garota. Era, na melhor das hipóteses, intrigante. Mas quem disse que a gente se importava? Estava sendo divertido. Sorri para a menina, esperando vê-la mais tranquila, mas acho que só piorei a situação. Ela arregalou os olhos, depois os fechou. Meu Deus, será que ela não estava bem mesmo? Ela puxou o ar com as mãos ainda na boca. Não seria mais fácil tirá-las dali?

― Você está bem? ― Perguntei-a lentamente.

Ela começou afirmando, balançando a cabeça de cima para baixo, mas logo passou a negar. Certo, ela estava realmente sem ação. Confesso que já não sabia o que fazer. As meninas costumam agarrar a gente, pedir foto, autógrafo, beijo... Perder a fala também, mas não completamente. Não como ela estava. Olhei na direção do Lou, pedindo com o olhar que ele me desse uma luz. Ele deu de ombros, segurando um sorriso sacana que dizia claramente "Se vira, dá seu jeito". Filho da mãe. Fitei novamente a garota. Levei as mãos até às dela, afastando-as de seu rosto devagar e segurando-as no ar. Fiquei surpreso ao ver que ela escondia um grande sorriso e não uma expressão de pânico. Aliás, sorriso lindo. Aliviado e mais relaxado, tentei finalmente sair do meu monólogo para iniciar um diálogo.

― Bem... Eu esperava poder saber o nome da garota que, hm...

Voltei meus olhos para baixo. Eu não sabia se deveria dizer "a garota que é casada comigo", afinal, poderiam ter outros Styles por aí, não? Antes que eu pudesse retomar minha fala, Niall se antecipou, debruçando-se sobre mim e estendendo-lhe a mão. A garota soltou a minha mão esquerda para cumprimentá-lo.

― Prazer, cunhada! É muito bom te conhecer.

Ele sorria de orelha a orelha. Eu não entendi. Qual era o plano?

― P-Prazer, Nialler... ― Ela conseguiu dizer. Nialler, é? Será que ela também se referia a mim por apelido?

Niall sorriu para ela. As mãos de ambos ainda pendiam ao meu redor. Olhei para a menina, esperando que ela continuasse e dissesse seu nome, mas a única coisa que vi foi ela se derretendo para o sorriso do meu companheiro. Que interessante. Tecnicamente, ela é casada comigo, mas está aí, toda boba pelo Niall. Muito legal.

― Então, dude, acho que a esposa é minha ― falei, separando os dois, segurando a mão dela.

Niall subiu as mãos em sinal de rendição.

― Me perdoe, bro, mas você estava tão sem atitude...

A cara de deboche dele me deixou surpreso. O que aconteceu com o irlandês, que eu perdi? Meio indignado pelo comentário besta de Niall, chacoalhei a cabeça levemente, tentando voltar minha concentração para onde realmente deveria estar. As bochechas da garota estavam mais vermelhas. O que aconteceu para ela corar?... Ah, é. Eu a chamei de esposa. Notei que ainda tinha a mão esquerda dela sobre a minha direita. Pensando bem... Estava decidido. Tomaria o controle da situação e saberia o nome dessa menina. Agora que comecei, vou terminar, ou não me chamo Harry Edward Styles.

― Ei, eu ainda quero saber seu nome ― disse sincero a ela, tentando fazer o maior charme possível. Ela não resistiria... Né?

― Elizabeth. Mas pode me chamar de...

― Lizzie ― cortei-a. ― Lizzie é lindo.

Ela pareceu ligeiramente curiosa. Tenho a impressão de que já estava ficando mais à vontade.

― Não era bem isso que eu ia dizer... ― Riu.

― Ah, não?

― Não... Mas não tem problema. Eu gosto de Lizzie também ― sorriu, desviando o olhar para baixo.

Acompanhei seu movimento, observando, então, outra coisa. Percebi que nossas mãos ainda estavam unidas sobre meu joelho. Soltei-a.

― Desculpe.

― O quê? Você está se desculpando por segurar minha mão? Por Deus, não faça isso! Eu é que deveria pedir desculpas por ser tão... ― Ela parou para pensar um pouco. ― Bem, eu fui no mínimo esquisita, né... Mas, pensem comigo, ― certo, ela parecia bem mais à vontade, e começo a achar que ela não tem nada a ver com a menina chocada de antes ― você está num avião e procura pelos seus ídolos, mas eles parecem ter tomado chá de sumiço; não estão aqui. Aí, quando você nem lembra mais o que está fazendo num avião, os caras por quem você é apaixonada simplesmente caem na sua frente como mágica e... ― Ela estava extremamente eufórica, mexendo as mãos para tudo quanto era lado, mas parou mais uma vez, agora mais pensativa. ― Espera, por que vocês vieram falar comigo?

― Porque você é uma directioner. Não é? ― Respondeu-lhe Liam.

― Sim, sou, mas, sei lá, por que o interesse? Digo, eu sou só mais uma passageira desse avião. Por que vocês vieram justamente a mim? Como sabiam que era eu a garota com quem deveriam falar? Quero dizer, que eu sou directioner? Não deveria ser eu a procurar vocês?

― A verdade é o Harry ficou alucinado depois que leu o sobrenome dele na sua jaqueta. ― Niall riu solto após me colocar numa situação tremendamente constrangedora. ― Aliás, ela é igual à que o Zayn costumava usar.

Coloquei a mão sobre o rosto e me sentei direito na poltrona, virado para frente, sem saber se metia a mão na cara do Niall ou se o jogava dali de cima. Ele ainda ia me pagar por todas essas vergonhas.

― Obrigado por me colocar como perseguidor de garotas, Niall. Você é um amigo incrível...

― Irmão, cara. Somos irmãos.

Ele e os outros riram. Acho que minha lista de pessoas para bater acaba de aumentar. A voz de Lizzie apareceu dentre as risadas.

― Minha nossa. Eu não acredito que estou vendo Harry Styles com vergonha de algo. Espera, eu não acredito que estou vendo Harry Styles! E toda a One Direction! Por favor, me digam que eu não estou sonhando... ― Sufocou um grito histérico. ― Eu preciso gravar esse momento, porque nem eu mesma vou acreditar em mim quando esse voo acabar!

Levantei a mão do rosto e pude vê-la tirar o celular do bolso com o sorriso mais aberto do mundo. Finalmente ela parecia uma fã normal. Teclou algumas vezes na tela.

― Vocês conseguem se juntar pra eu tirar uma foto? ― Ela sorria escancaradamente.

― É claro que podemos! ― Disse Louis, animado até demais, tomando a postura de um soldado. ― Vamos, rapazes. Temos uma missão! Por favor ― ele estendeu a mão na direção de Lizzie, pedindo o celular.

Assim que Louis recebeu o celular, Liam o tomou de sua mão.

― Deixa que eu tiro! ― Prontificou-se.

Unimo-nos à Lizzie. Na hora de fazer as poses, Zayn sorriu com a língua para fora, fazendo o símbolo do rock com a mão; Louis fez uma careta que me lembrou da época em que fazíamos os vídeos diários; Niall fechou um dos olhos e manteve o outro bem aberto, com sua boca formando quase um círculo; Liam fez cara de desconfiado, arqueando uma das sobrancelhas, também fazendo-me recordar de algumas fotos individuais que tiramos no início da nossa carreira. Eu, particularmente, sabia exatamente o que fazer. Sussurrei ao ouvido de Lizzie, já passando a mão por sua cintura:

― Posso?

Ela tremeu ao meu toque, mas concordou. Tentou sorrir o máximo que conseguia, mas eu sabia que estava nervosa. Encostei os lábios em sua bochecha. Ela jamais vai se esquecer disso, pensei. Liam conteve um sorriso ao ver pela câmera o que eu fiz. Rapidamente, fechei os olhos e, no instante seguinte, senti que os outros estavam se separando. A foto havia sido tirada. Dei o beijo no rosto de Lizzie e me separei dela, sorrindo enquanto via como ela estava sem jeito.

Selfie! ― Zayn falou com a voz esganiçada. Só faltou bater palminhas para parecer uma garota de verdade.

― Deixa eu ver como é que isso ficou! ― Louis falou alto, tomando o celular das mãos de Liam. ― Só tem duas pessoas bonitas nessa foto: Eu e Lizzie, é claro.

Liam deu um tapa na cabeça dele, que reclamou enquanto massageava onde foi acertado.

― Cai na real, dude ― completou sua ligeira agressão, rindo.

Peguei o celular para ver a foto. Estava muito legal, mas, se ela publicasse aquilo, eu teria grandes problemas. Quer dizer, nós todos teríamos, mas eu em especial, por causa do ciúme das nossas garotas ao ver-me com a boca no rosto de uma garota que não era nenhuma delas. Apesar de preocupado, tentei esquecer as possíveis consequências de uma divulgação indevida daquela foto e decidi me focar em como ela havia ficado. Sim, linda. Quer dizer, linda mesmo estava Elizabeth. Seu rosto parecia brilhar de alegria, assim como seus olhos. Por um momento, esqueci sobre a velocidade do tempo. Esqueci que ainda estávamos num avião. Senti como se estivesse encarando aquele celular há horas. Pensei na cara de abobado que eu provavelmente estava fazendo e sacudi a cabeça, tentando voltar à realidade. Olhei para Lizzie. Ela estava tão radiante quanto na foto. É, esse costuma ser o efeito que causamos... Sorri com o que vi, o que ocasionou um sorriso tímido da parte dela e uma série de olhares curiosos e cheios de segundos pensamentos por parte dos meninos. Ok... Mais um motivo para eu arrebentar a cara de cada um deles. Dirigi um olhar fulminante de um modo geral, o que os fez esconder seus sorrisos cúmplices. Antes que eu pudesse pensar em algo mais, o som de passos chegou aos meus ouvidos. Passos com barulho meio agudo...

― Pelo amor que vocês têm às suas vidas, sentem-se! ― Uma aeromoça parou ao nosso lado, já começando a nos repreender com a maior cara de espanto, preocupação e raiva. Senti vontade de dizer a ela que eu podia comprar aquele avião.

― Andressa? ― Lizzie arregalou os olhos enquanto perguntava por um nome aleatório em voz baixa.

― Elizabeth? ― A mulher perguntou surpresa. Ah, tá. O nome não era tão aleatório assim. ― Você está metida nisso?

Erm... Então... Está havendo algum problema?

Todos os problemas do mundo, mocinha! Vocês estão numa aeronave em pleno voo. Têm noção das barbaridades que estou ouvindo dos outros passageiros por causa da baderna que estão fazendo?

A única dificuldade que eu tinha em entender a situação ― a partir do momento em que Lizzie se revelou à tal de... Andressa? ― era que elas passaram a falar em português. Droga. Desse jeito eu não consigo me inteirar da conversa!

Queira nos desculpar. Não vai acontecer de novo.

Assim eu espero. Garotos ― ela voltara a falar em inglês, dirigindo-se a mim e aos outros com um ar de reprovação que parecia obra da Supernanny ―, espero que vocês sejam tão sensatos quanto sua amiga foi neste momento. ― Ela indicou Elizabeth com o olhar. Mas é claro que eu sabia que ela tinha sido sensata. Afinal, eu entendi tudo o que elas conversaram, não é mesmo? ― Creio que essa... Bagunça... ― Ela vagava entre um e outro. ― Não se repetirá. Não é mesmo?

― Sim, senhora. ― Respondemos em conjunto.

A tal de Andressa – que parecia não ter nem trinta anos físicos, mas uns oitenta mentais – sumiu do nosso lado; não sem antes, é claro, colocar Zayn, Louis e Liam sentados em seus devidos assentos – ou os assentos que, hm, "alugaram" – feito três crianças arteiras. Pude ver Louis mostrando a língua para a mulher assim que ela virou as costas. Olhei para meu lado esquerdo e estendi o celular para a dona, devolvendo-o antes que eu fosse pensar naquela foto mais uma vez. A ideia de que aquilo pudesse ser postado ainda me deixava preocupado...

― Bem... Você conhece aquela mulher? O que você falou que a fez ir embora? – Brinquei, tentando descontrair um pouco o clima de reprovação que a velhota tinha deixado ali.

Lizzie me olhou meio confusa, mas logo pareceu receber uma luz.

― Ah, é! Esqueci que vocês não entenderam o que nós falamos ― ela riu. ― Eu pedi desculpas em nome de todos nós e disse que não ocorreria novamente. De uma maneira formal, é claro, assim ela se convenceria mais rápido ― deu uma piscadinha traquina. Enquanto eu e os meninos murmurávamos um "Ah, tá", Elizabeth parou um instante, parecendo ponderar sobre algo. Voltei minha atenção a ela. ― Ai, meu Deus. Eu disse "nós". E esse "nós" se referiu a mim e a vocês, One Direction. Caralh... Caramba! Quando eu ia imaginar que ia me incluir numa frase com a One Direction?

O sorriso de Elizabeth foi de orelha a orelha mais uma vez e ela chacoalhou a cabeça, acho que pra ver se não estava sonhando. Ela era engraçada. Tudo bem que era meio comum as garotas ficarem perdidas quando nos encontravam, mas ela era... diferente. Não sei. Talvez o jeito como brincava conosco como se realmente nos conhecesse há décadas e não somente a loucura de fã. Fora que o jeito dela em si era engraçado. Num momento, ela estava brincando com a gente como se todos nós fôssemos velhos amigos; noutra hora voltava a ficar maravilhada. Será que ela mudava de humor fácil assim também? Chacoalhei a minha cabeça também. No final das contas, foi legal ter ido falar com ela... Mas teríamos que voltar para nossos lugares.

― Lizzie? ― Chamei-a, ela ainda meio alheia a tudo.

― Hã? Sim, diga ― ela pareceu tentar se concentrar, detendo sua atenção nos meus olhos e detive a minha nos dela.

― Temos que ir de volta para nossos lugares ― falei sereno e a expressão dela logo se transformou em decepção. Como se o sonho tivesse acabado ou como se ela tivesse sido brutalmente acordada por alguém.

― Ah... ― A tristeza clara em sua voz e em seu sorriso murcho. ― Claro. Eu entendo. Vocês precisam ir... ― Ela ficou perdida em pensamentos por alguns instantes, então logo me encarou novamente. ― Harry?

Apenas assenti, mas ela não prosseguiu.

― Pode falar, Lizzie ― sorri gentil e segurei suas mãos.

― Eu posso te pedir um favor?


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Notas finais do capítulo

Genteeee, confesso que eu amo esse capítulo! Eu sei que a linguagem não tem nada a ver com a de um garoto (garoto é diminutivo, ele já é um homem, né), mas eu gosto dessa forma. Não é nada "profissional", é amador mesmo, mas acho que essa é a maior essência do sentido "de fã para fãs". ❤ (Aqui deve ter um coraçãozinho. Caso desapareça: Nyah mau!) Deixo para escrever "profissionalmente" quando for a vez de escrever um livro, hahahaha. Espero que isso não incomode vocês, porque o Harry realmente parece mais uma menina. Desculpem, mas ele é narrado por uma menina! HAHAHAHA Enfim, esse é só um desabafo sem estética de formatação (?). Leiam, deixem seus reviews e divirtam-se!
Xx, Lily.



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