Capítulo Um – 1st Date

O coração batendo forte, os músculos se movimentando, o impacto dos pés com o chão, o corpo suado, e sua fiel companheira ao lado. Numa coleira. E latindo.

- Lola! – o homem parou a corrida. Phil olhou em volta e viu os cães ao redor, ele não achava que sua Golden estava na época reprodutiva, mas... o que ele podia dizer, ela era atraente. Ele se gabou internamente. Era veterinário afinal, claro que sua cadela seria a mais bonita. – espero que esses abutres... – ele encarou os cães. – cachorros – e suspirou – fiquem longe de você!

Dito isso voltou a correr, dessa vez com passadas mais curtas. Estava ficando cansado mais rápido. Estava ficando velho. Talvez ele devesse escutar Skye, sua sobrinha e “amarrar seu burro”. Deixar de ser um solteirão.

Claro, Phil ainda estava bem inteiro. Com os exercícios que fazia regularmente ele se garantia, mas de certa forma já não queria mais ficar de bar em bar, festa em festa, procurando uma companhia.

Parou sua corrida e sentou-se num dos poucos bancos vazios do parque. Era bom poder estar ali e olhar ao redor. Mesmo que morasse próximo, ele quase nunca ia ali. Usava mais a área de convívio do condomínio. Não era como se tivesse muito tempo também. Como veterinário, ele sempre tinha muito que fazer.

- Lola... – ele chamou. – temos que ir embora, eu sei que você gosta daqui, mas... – ele olhou pro lado do banco, onde sua fiel escudeira deveria estar e nada. – Lola?! – ele se exaltou levantando-se e olhando atrás da estrutura de metal. – merda! Lola?! – ele voltou a chamar e correu até uma árvore próxima, na esperança de encontrá-la.

***

Melinda com certeza era uma pessoa matinal. Sempre fora na verdade. Desde que começara a dar aulas numa academia de lutas, ela gostava de correr antes de seu turno começar. Porém, sua amiga Maria Hill, que dividia apartamento com ela, lhe avisou que a academia tinha ligado, dizendo que ela poderia tirar o dia de folga, graças ao ótimo trabalho que ela estava fazendo.

Melinda não poderia ter ficado mais feliz e por isso mesmo, fora correr um pouco no parque que ficava bem perto do prédio aonde morava.

Não prestava muita atenção ao redor até ver uma cadela correndo meio louca perto de si. Era uma Golden, ela pode reconhecer e tinha coleira e guia, provavelmente o dono a estaria procurando por agora, por isso, ela foi até o animal e chamou pra si. Quando pegou a coleira viu um nome gravado no pingente, que era o escudo do Capitão América, ela percebeu, “Lola”; e atrás um telefone.

Se ela tivesse com seu celular, ela teria ligado na mesma hora, porém, tinha deixado o aparelho em casa... claro que não! Maria tinha dito que levaria pro conserto por ela. Isso! Era isso!

- Vem! – ela chamou a cadela e pegou a guia da mesma. – vamos andar por ai e ver se encontramos seu dono. – ela saiu da grama onde se encontrava agachada e foi pra pista de asfalto do parque.

***

Phil estava mais suado do que em toda sua corrida pelo parque, já fazia quase vinte minutos que ele corria de um lado por outro, perguntando a quem ele encontrava se tinham visto uma cadela Golden solta por ai.

Quando estava quase colocando os bofos pra fora ele se sentou na calçada do parque e abaixou a cabeça. Colocou entre as pernas e respirou fundo. Ele precisava pensar no que fazer. E ter calma. Se alguém tivesse a encontrado, teria ligado. Mas, e se... ele balançou a cabeça tentando tirar aqueles pensamentos de si.

Foi quando ouviu um latido conhecido e olhou pra frente. Lá estava Lola, vindo correndo e de certa forma puxando uma mulher que parecia Chinesa com ela.

- Acho que a cadela é sua! – a mulher disse assim que viu o homem andar até ela e agachar pra cumprimentar a cadela. – assim que ela te viu correu! – ela soltou uma risada curta.

Só então Phil a encarou de verdade. E ele quase engasgou quando o fez.

Ela era tão linda.

Os cabelos eram castanhos escuros e estavam presos num rabo de cavalo no alto da cabeça. Usava uma daquelas calças de malhação pretas com uma blusa colada ao corpo da mesma cor. Tinha um sorriso simpático e acolhedor, os olhos eram levemente puxados, devia ser descendente de Asiáticos mesmo; ele poderia chutar chineses, mas não tinha certeza.

Ele se levantou rápido pra ficar da altura dela e quase se desequilibrou quando Lola pulou de pé nele.

Ele viu pelo canto dos olhos a moça rir baixo e sorriu com isso. O sorriso dela era maravilhoso.

- Eu nem sei como te agradecer! – ele exclamou e a encarou, tentando absorver mais coisas sobre as feições dela.

Ela deu de ombros e sorriu sincera. – Não precisa! – ela passou uma das mãos pelas costas de Lola. – ela foi bem comportada, estava correndo quando a vi, só não liguei por que meu celular foi pra assistência técnica hoje.

- Então, você andou pelo parque pra tentar achar o dono dela, eu no caso?! – ele ficou meio abobalhado. Poucas pessoas fariam isso. E por mais de um instante ele desejou que o celular estivesse com ela, se ela tivesse ligado, agora ele teria seu número.

- É... – ela meio que admitiu. – acho que foi isso!

- Eu nem sei como te agradecer! – ele exclamou e sorriu pra ela.

- Já disse, que foi um prazer, e não me custou nada. – ela olhou pra Lola e depois pra ele e voltou a sorrir.

Ele ainda a encarava com um sorrisinho besta e quase se engasgou de novo quando se lembrou de alguma coisa. – Como sou sem educação! – ele bateu na própria cabeça. – meu nome é Phil Coulson. – ele estendeu uma mão.

- Melinda May. – ela aceitou a mão.

Ele coçou os cabelos e voltou a falar: - Será que eu posso te agradecer devidamente? – ela ia protestar, mas ele a cortou antes de receber um “não”. – Lola significa muito pra mim e você a salvou, então... – ele tirou a carteira do bolso. – eu queria que você ficasse com meu telefone... – ele a entregou um cartão de visitas. – minha clínica não é tão longe daqui, você pode me ligar e posso te pagar um café pra agradecer devidamente.

Ela pegou o cartão e sorriu olhando pra Lola. – Tudo bem, mas eu não gosto de café1 – ela sorriu e ele deu uma risada discreta. Que fora hein Phil 1x0. – desculpa... – ela pediu e riu baixo. – eu só queria dizer que pode ser outra bebida, ou um drink, o que acha?

- Perfeito! – ele comentou e colocou a carteira de volta no bolso. – o que você quiser!

- Okay... – ela comentou e sorriu pra ele novamente. May olhou no relógio. – tenho que ir pra casa, minha amiga volta pro almoço e eu tenho mesmo que fazer alguma coisa!

- Tudo bem! – ele disse e sorriu pra ela. – posso te acompanhar até em casa se quiser...

- Não precisa, eu to bem! – ela disse a passou as mãos pelas orelhas da Lola. – cuidado com ela okay? Eu te ligo! – ela comentou se afastando dele.

- Eu vou esperar! – ele respondeu acenando. Phil ainda ficou a olhando até ela sumir de vista. – É Lola... – ele andava com a cadela ao seu lado. – acho que a procura acabou...